Ataques e precarização do bolsonarista Tarcísio seguem o caminho de
Alckmin quando era governador
Por mais de 20 anos os governos PSDB, muitos destes
com Alckmin à frente de São Paulo, atacaram brutalmente a educação, que sofreu
com processo de sucateamento e precarização do ensino. Seus governos tiveram
como regra manobrar o orçamento para diminuir o repasse para o ensino superior.
As reitorias e burocracias universitárias apoiadas por Alckmin, assim como as
de Tarcísio que hoje dirigem a USP, estiveram à frente de diversas perseguições
à organização sindical dos trabalhadores e estudantes. Tendo sido no período do
Governo de Alckmin, em que a reitoria de Zago e Vahan, tentaram processar e
demitir dois diretores sindicais negros, Marcello Pablito Santos e Zelito, por
lutarem junto aos estudantes por cotas raciais na universidade. Para tentar
realizar uma demissão política, a reitoria chegou ao absurdo de defender que
Marcello Pablito sequer era negro, portanto não se tratava de uma perseguição
racista. Mas como toda a comunidade USP sabe, Pablito é um histórico ativista
do movimento negro de São Paulo e fundador da secretaria de negras e negros do
Sintusp.
Nesse período, a sede do Sindicato dos
trabalhadores da USP (Sintusp) foi duramente atacada por essa gestão, sendo
retirada do local que ocupava há mais de 50 anos. Durante o período de Zago foi
aprovado, sob bombas, o projeto chamado pela comunidade USP de PEC fim da USP,
que se baseava em supostos parâmetros de sustentabilidade das contas da USP,
que como consequência prática não teve nada de sustentável para os
trabalhadores e mulheres, pois avançou na terceirização, congelou as
contratações, arrochou os salários e resultou no fechamento das creches da USP.
Também durante a gestão Zago foi desvinculado o HRAC, hospital de Bauru que era
responsável por atendes trabalhadores de todo o país para tratamentos especializados.
Foi nesse período, durante um governo Alckmin, que os trabalhadores para
resistirem ao desmonte dos hospitais e centros de saúde da USP, protagonizaram
a greve mais longa da universidade, resistindo durante 4 meses a todo tipo de
ataque por parte do governo tucano.
Também essa gestão perseguiu os trabalhadores que
lutaram contra o arrocho salarial em 2016, impondo o desconto dos dias parados,
mesmo com ordem judicial contrária ao desconto. A vitória judicial dos
trabalhadores não foi suficiente para a reitoria pagar os dias descontados (62
dias) e os trabalhadores seguiram sem seus salários. Zago e Vahan implementaram
o projeto KOBAN, que aprofundou o convênio com a Polícia Militar. O resultado
foi o aumento da repressão a estudantes e trabalhadores sem a diminuição do
número de roubos e furtos. A reitoria de Zago e Vahan marcharam a todo o vapor
contra as unidades de saúde. Deram início ao processo de desvinculação do
Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais de Bauru, mesmo com toda a
comunidade usp contrária e mobilizada, para entregar a uma fundação que
pertencia à parte da burocracia universitária. Além disso, também avançou
fortemente no sucateamento do Hospital Universitários e dos Centros
Saúde-Escola. O objetivo é entregar essas unidades para fundações privadas,
como já acontece com o Hospital das Clínicas. É este o legado das reitorias de
Alckmin. E hoje a reitoria de Carlos Gilberto Carlotti Junior, apesar de se
dizer oposição a Tarcísio, na prática dá continuidade ao processo de sucateamento
e privatização dentro da USP, chegando até a firmar acordos com o governo
estadual de extrema direita.
Como parte do projeto neoliberal e racista da
reitoria, a USP foi a última universidade do país e aprovar cotas estudantis e
em relação às cotas a funcionários e professores, ela só se manifestou após ser
questionada pela própria legalidade, que prevê em lei um percentual de cotas
étnico-raciais para a contratação nos concursos.
Esse projeto neoliberal que hoje é levado à frente
por Tarcísio em São Paulo e na USP, é levado a frente também pelo Governo
Lula-Alckmin, que é responsável por aprovar duros ataques aos trabalhadores
como é o Arcabouço Fiscal, e por golpear a educação ao manter intacta a reforma
do Novo Ensino Médio, dando espaço para os tubarões da educação privada dentro
do MEC. No Estado de SP a ofensiva neoliberal é grande e vai em direção aos
serviços públicos como Metrô, CTPM e Sabesp. O que vem sendo respondido pelos
trabalhadores com luta, e chamado uma forte greve unitária para o dia 03/10,
onde os estudantes da USP devem se somar para lutar contra os ataques de
Tarcísio mas também pela revogação do Novo Ensino Médio e contra o novo teto de
gastos de Lula.
Parte dessa batalha deve ser levada a frente também
pelos professores estaduais, pais e alunos, unindo-se na defesa da educação
pública contra todos os ataques que os governos realizam. Para isso a
importante exigência feita pela Subsede de Santo André da APEOESP, em que se
realize uma forte paralisação junto com os setores em luta no dia 03/10,
diferente do que a direção do sindicato que tem Bebel a frente vem defendendo.
Bebel essa que no ano passado votou pelo aumento do salário de Tarcísio, e hoje
procura separar as lutas dos professores do estado dos estudantes universitários,
trabalhadores do Metrô, CTPM, Sabesp, etc.
Ø Além de Metrô, CPTM e SABESP, Tarcísio quer entregar unidades
socioeducativas (CASA) para a privatização
Na esteira dos ataques privatistas contra o Metrô,
a CPTM e a SABESP, o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos)
avança na concessão das unidades socioeducativas de adolescentes em privação de
liberdade à Parceria Público Privada (PPP). Conhecidas como Fundação CASA
(Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente), as unidades
prestam assistência para reintegração de jovens de 12 a 21 anos em todo o
Estado.
O ataque foi publicado no Diário Oficial desta
terça (19) em mais um flanco das privatizações contra os serviços públicos de
São Paulo feitas pelo governador bolsonarista Tarcísio. A decisão foi realizada
em acordo com o presidente da Fundação CASA João Veríssimo, gestão contra a
qual trabalhadores das unidades socioeducativas denunciam casos de assédio e
perseguição, além da terceirização dos setores de lavanderia, segurança
patrimonial e transporte, segundo o Sindicato da Socioeducação de SP (Sitsesp).
Medidas como estas acontecem como consequência do
facilitamento e fomento das PPP comemorado como vitória do governo Lula-Alckmin
na comemoração de 6 meses de governo em 2023. O presídio privado de Erechim, no
Rio Grande do Sul, selecionado como piloto pelo Governo Federal em parceria com
o governo estadual de Eduardo Leite (PSDB), está com edital aberto onde
oferecem R$233,01 por pessoa presa ao dia.
Trata-se da transformação do racismo institucional
tão expresso no sistema judiciário e penal do país em lucratividade para
empresas, aprofundando o encarceramento em massa como uma ferramenta de repasse
de dinheiro público ao setor privado. Quanto vale a vida dos cerca de 5 mil jovens
internados nas mais de 100 unidades da Fundação CASA? Frente à sanguinária
operação policial na Baixada Santista que em 40 dias deixou 28 mortos,
incluindo adolescentes, e 958 presos segundo o balanço divulgado pelo
secretário Guilherme Derrite, se vê que para os governos, as polícias e o
judiciário, as vidas de jovens, em maioria negros, valem apenas para o lucro.
Assim como acontece no desmonte do Metrô, CPTM e
SABESP, Tarcísio tem como objetivo “reduzir os gastos de pessoal”, a forma
atenuada de defender a retirada de direitos e a precarização da vida de
centenas de trabalhadores para atacar o direito da população pobre a usufruir
serviços públicos de qualidade. O exemplo gráfico desta situação se expressa na
empresa Acciona, denunciada por condições bárbaras de trabalho em uma forte
greve dos trabalhadores de obra da linha 6 do Metrô, e que é a mesma empresa
cotada por Tarcísio para gerir a SABESP com a privatização.
É preciso construir uma greve unificada das
categorias contra os ataques de Tarcísio, das terceirizações às privatizações,
de forma a confiar apenas nas forças dos trabalhadores em cada local de
trabalho, de forma independente dos governos estaduais e do governo
Lula-Alckmin, com a inspiração e o apoio da efervescente greve de estudantes da
USP em defesa da educação.
Ø Governo Lula avança na privatização de presídios em parceria com os
governos estaduais
O Governo Lula-Alckmin anuncia como conquista de
seus primeiros 6 meses de governo a "desestatização do sistema
prisional" (que nada mais é do que a privatização dos presídios em
parcerias com Governos Estaduais através de Parcerias Público Privadas). O
Estado pagará por dia para essas empresas de acordo com o número de presos
encarcerados, o BNDES irá investir na construção de novos presídios, e o
Tesouro cederá isenções fiscais milionárias via via decreto, além disso os
presídios privatizados poderão explorar a mão de obra dos presos como bem
entenderem para gerar aí também outros lucros patronais. Trata-se um cópia do
sistema norte-americano criticado pelo movimento negro e por intelectuais.
Esse descalabro, defendido antes pelo governo
Bolsonaro, sem sucesso em aplicá-lo, vem a público hoje sob Lula sem nenhuma
crítica de Sílvio Almeida, escancarando seu comprometimento com as politicas do
governo mesmo quando evidentemente reforçarão o racismo.
Trata-se de colocar o encarceramento em massa como
uma ferramenta de repasse de dinheiro público ao setor privado. Lucrar com o
racismo tão expresso no sistema judicial e penal do país.
Mais e mais negros e pobres são presos cada ano,
uma boa parte sem sequer julgamento. Lula quer que isso vire um grande mercado
para os capitalistas. É a transformação do racismo institucional diretamente em
lucro. Ou seja, se trata de uma privatização para que empresários amigos lucrem
com o racismo.
E quanto vale a vida de um jovem negro preso por
dia? O presídio privado de Erechim, no RS, uma parceria do governo estadual de
Leite, está com edital aberto onde oferecem R$233,01 por cabeça presa ao dia.
Essa absurda empreitada de Lula deve ser respondida
pelos setores da esquerda com um forte programa de combate ao racismo,
levantando a necessidade da legalização de todas as drogas, libertação de todos
detidos sem julgamento, direito a julgamento com juris populares com maioria
negra e pobre, como a maioria dos presos do país. Esse combate deve avançar
também ao combate às assassinas operações policiais e batalhões especiais rumo
ao fim das polícias.
Fonte: Esquerda Diário
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