Silêncio do PL sobre joias visa abafar crise conjugal, já que Michelle 'desconhecia' estojos
Ex-primeira-dama
foi taxativa ao dizer dentro do PL que desconhecia existência de estojo e de
joias que teriam sido um presente para ela, e que estava tendo seu nome jogado
em um escândalo, visto que Bolsonaro queria ficar com as joias sem ela saber.
Nos
últimos dias, a mídia brasileira está em torno do caso das joias recebidas como
presente da Arábia Saudita pelo governo Bolsonaro as quais, o então
ex-presidente, tentou com que entrassem no Brasil sem ter que as declarar para
a alfândega.
As
peças preciosas, que têm um valor de R$ 16,5 milhões, seriam um presente para a
ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Entretanto, um silêncio é notório: a não
manifestação do Partido Liberal (PL), sigla tanto de Bolsonaro quanto de
Michelle, sobre o caso.
De
acordo com o G1, na verdade, o partido está tentando abafar uma grave crise
conjugal entre os dois, visto que eles acreditam que Bolsonaro, e não Michelle,
ia ficar com as joias e que ela nunca saberia do patrimônio.
Na
semana passada, quando o caso veio à tona, a ex-primeira-dama negou nas redes
sociais ser dona das joias e postou nas redes sociais a frase: "Quer dizer
que 'eu tenho tudo isso' e não estava sabendo? Meu Deus! Vocês vão longe mesmo
hein?! Estou rindo da falta de cabimento dessa impressa [sic] vexatória".
Mas
o que teria ligado o sinal vermelho mesmo para o PL, foi o fato de Michelle ter
sido incisiva ao dizer que não sabia de joia alguma, ou seja, que está tendo
seu nome usado em um escândalo, relata a mídia.
No
atual momento, Michelle ocupa um lugar de destaque na sigla depois que alcançou
notoriedade pública durante a campanha eleitoral de Bolsonaro. No mês passado,
ela inaugurou luxuoso gabinete no prédio do partido em Brasília, e ficou com
cargo de comando do "PL Mulher".
Conheça a verdade sobre as joias do casal
Bolsonaro, e ela o libertará
Em
2002, quando Lula se elegeu presidente da República pela primeira vez, a
esquerda imaginou que o tivesse cavalgado, quando fora o contrário – foi ele
que a cavalgou. Lula mesmo o disse em reunir-se com a cúpula do PT no dia
seguinte à eleição:
“Só
quem teve votos aqui fomos eu e José Alencar [o vice]”.
E
voltou a advertir o PT na primeira reunião ministerial depois da posse:
“Toda
vez que fui pela esquerda me dei mal”.
Em
2018, quando Lula estava preso e Bolsonaro se elegeu presidente, os militares
imaginaram tê-lo cavalgado. Fora o contrário. A diferença é que Bolsonaro
jamais disse que os cavalgou. Tratou-os com reverência, mas fazendo o que quis.
Lula
não fez mal ao PT e ao resto da esquerda que se tornaram mais realistas. Mas
Bolsonaro fez muito mal aos militares que permitiram que ele lhes fizesse muito
mal. Uma mão lavou a outra, embora, ao cabo, os dois lados tenham saído
perdendo.
O
escândalo das joias presenteadas pela ditadura saudita ao casal Bolsonaro é
mais um exemplo da associação pérfida entre os fardados e aquele que o Exército
havia vomitado de suas fileiras por indisciplina e conduta antiética no
passado.
Mar
de almirante é uma expressão usada pelos navegantes quando o mar está calmo,
sem ondas, resplandecente. Almirante é a mais alta patente na Marinha. Por isso
o nome.
O
almirante Bento Albuquerque era ministro das Minas e Energia de Bolsonaro
quando visitou a Arábia Saudita em outubro de 2021. Quando ele esteve por lá,
Bolsonaro, aqui, almoçou com o embaixador da Arábia Saudita no Brasil.
Albuquerque
foi portador do presente em joias no valor equivalente a 16,5 milhões de reais
enviado pelo governo saudita para o casal Bolsonaro – um relógio, um colar, um
anel e um par de brincos de diamante. O relógio era para Bolsonaro.
Se
as joias, como diz agora Albuquerque, eram um presente oficial de um governo
para o outro, por que ele pediu a um ajudante de ordem que as trouxessem em uma
sacola de mão? E por que não informou à alfândega de Guarulhos que era um
presente oficial?
A
Receita Federal desmentiu a versão apresentada por Albuquerque, Bolsonaro e
aliados de que as joias enviadas pelos sauditas seriam para o patrimônio
público da Presidência. Por que não a informaram a esse respeito? Ora, porque
eram para o casal.
Por
meio de nota, a Receita afirmou que a incorporação ao patrimônio da União exige
pedido de autoridade competente, com justificativa da necessidade e adequação
da medida:
“Não
cabe incorporação de bem por interesse pessoal de quem quer que seja, apenas em
caso de efetivo interesse público. […] Todo viajante que traga ao país bens
pertencentes a terceiros deve declará-los na chegada, independentemente de
valor”.
Não
havendo regularização, o bem é tratado como pertencente ao portador e, não
havendo pagamento do tributo e multa, é aplicada a pena de perdimento, cabendo
recursos cujo prazo, no caso das joias do casal Bolsonaro, encerrou-se em julho
de 2022.
Embora
encerrado o prazo, Bolsonaro tentou reaver as joias até o último dia no cargo.
Moveu meio mundo – a Receita e os ministérios de Albuquerque, da Economia e o
Itamaraty. Por fim, mandou um militar buscá-las em um avião da FAB. Sem
sucesso.
As
joias poderiam ter sido leiloadas, e 40% do recurso arrecadado seria destinado
à seguridade social, e o resto ao Tesouro. Mas elas não foram porque passaram a
ser tratadas como prova de crime. Mais um crime de Bolsonaro e dos seus
cúmplices.
Bolha bolsonarista ignora fatos e adota
versões
Só
se fala nas joias que o governo de Jair Bolsonaro (PL) tentou, por diversas
vezes, liberar da apreensão pela Receita Federal? Não nas redes da militância
bolsonarista.
Os
assuntos políticos do momento repercutem de maneiras distintas para cada lado
da militância. Da mesma forma que a bolha da esquerda prefere não falar muito
nas denúncias contra ministros do governo Lula (PT), a oposição bolsonarista
resiste a engajar o caso das joias enviadas como presente da Arábia Saudita
para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Quando
falam no assunto, porém, os bolsonaristas adotam a versão de que nada houve de
irregular no enredo dos presentes, que, no total, valem R$ 16,5 milhões. Para
os defensores do legado de Bolsonaro, os artigos seriam incorporados ao
patrimônio público como acervo da Presidência da República.
O
principal produtor de explicações sobre o caso das joias é o ex-chefe da
Secretaria de Comunicação do Planalto no governo Bolsonaro Fabio Wajngarten,
que vem divulgando desde a última sexta (3/3) documentos para atestar a tese de
que elas não seriam destinadas ao acervo pessoal dos ex-ocupantes do Palácio da
Alvorada. As postagens dele têm sido propagadas por outros influenciadores
bolsonaristas e pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do
ex-presidente.
Wajngarten
tem tido bastante trabalho, porém, pois a cada dia surgem mais evidências de
que houve esforço incomum de vários órgãos do governo para reaver os presentes
apreendidos.
Com
a abertura de investigações, da própria Receita e também da Polícia Federal,
sobre o que se passou desde que as joias foram interceptadas com um servidor
federal que tentou passar pela alfândega sem declará-las, em 26 de outubro de
2021, a tendência é de que os bolsonaristas sejam obrigados a falar mais no
assunto.
Outra
tática de agentes políticos bolsonaristas para desqualificar as denúncias
relativas às joias é classificá-las como uma tentativa da esquerda de abafar
temas que estariam causando desgaste ao governo Lula. “O objetivo é fazer uma
cortina de fumaça para o povo não ver o aumento da gasolina, o aumento do
desemprego, as besteiras que o Lula está fazendo”, afirmou o deputado federal e
youtuber Gustavo Gayer (PL-GO) em vídeo divulgado em suas redes.
“Está
documentado que essas joias não iam para a Michelle. Iam para o acervo (do
Estado brasileiro), e a imprensa está fingindo que não está vendo”, alegou.
Corrupção passiva: PF vai apurar se
governo Bolsonaro ofereceu contrapartida a sauditas por joias
A
Polícia Federal vai investigar se o governo brasileiro ofereceu algum tipo de
contrapartida comercial à Arábia Saudita no caso das joias de R$ 16,5 milhões
dadas como presente ao então presidente Jair Bolsonaro e à então primeira-dama,
Michelle Bolsonaro, em 2021.
Se
esse tipo de negociação for identificado, o caso pode ser enquadrado como
corrupção passiva.
Nessa
apuração, a PF deve analisar negócios fechados durante o governo Bolsonaro com
investidores sauditas e com o próprio governo do país árabe. Os investigadores
vão verificar se há indícios de vantagens fora dos padrões de mercado.
Um
eventual benefício dado pelo governo brasileiro aos sauditas nesses contratos
pode ser enquadrado como uma "retribuição" pelo presente encaminhado
a Bolsonaro e à ex-primeira-dama.
A
investigação na PF foi aberta a pedido do ministro da Justiça, Flávio Dino, e
também vai checar também se houve alguma ilegalidade na entrada das joias no
país.
A
apuração tratará das duas caixas que entraram no Brasil, trazidas por uma
comitiva do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. O pacote com
joias para Michelle foi apreendido. O outro, que seria destinado ao próprio
Jair Bolsonaro, chegou às mãos do governo.
O
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira (6) que ninguém
ganha presente no valor de R$ 16,5 milhões – valor atribuído às joias da marca
Chopard enviadas a Michelle Bolsonaro e retidas pela Receita Federal (órgão,
hoje, subordinado a Haddad).
A
PF suspeita que a intenção do ex-presidente era de ficar com as joias, e não
repassar ao acervo público, como ele e sua equipe têm divulgado.
O
motivo para essa suspeita é bem evidente: Bolsonaro insistiu em retirar as
joias dos cofres da Receita na véspera de viajar para os Estados Unidos. O
ex-presidente deixou o Brasil antes da posse do presidente Lula, não participou
da transferência do cargo e não voltou ao país desde então.
Segundo
investigadores, se as joias iriam para o acervo, não faria sentido a tentativa
de liberar os presentes ao fim do mandato. Tentativa essa, aliás, que envolveu
o ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e o então secretário da Receita
Julio Cesar Vieira Gomes.
• Polícia Federal deve ouvir Bolsonaro,
Michelle e Bento Albuquerque sobre caso das joias
A
Polícia Federal deve ouvir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a ex-primeira
dama Michelle Bolsonaro e o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque
sobre as tentativas de liberação das joias avaliadas em mais de R$ 16 milhões
da Arábia Saudita retidas pela Polícia Federal em 2021.
Duas
fontes da PF ouvidas pelo blog, uma de São Paulo e outra de Brasília, disseram
que a polícia quer "ouvir todos os envolvidos no caso".
Ainda
há dúvida de como essas pessoas seriam ouvidas, qual a condição delas: se como
testemunhas ou já como suspeitas.
Caso
sejam ouvidas como testemunhas, você não pode mentir. A lei diz que você não
pode prestar falso testemunho. Ou seja, tem que falar a verdade. No caso de ser
ouvidas como suspeitos, não precisa produzir provas contra você mesmo.
Ao
blog, a PF disse que é papel dela ouvir todos os envolvidos, incluindo
Bolsonaro, Michelle e Albuquerque porque se não faz isso, pode prevaricar.
Bolsonaro
está nos Estados Unidos. Para ser ouvido, ele não é obrigado a voltar ao
Brasil. Nesses casos, ele pode ser ouvido por meio de uma carta rogatória, que
é o instrumento para a PF ouvir pessoas no exterior. Essa carta é enviada ao
país onde ele está.
Fonte:
Sputnik Brasil/Metrópoles/g1
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