sábado, 11 de março de 2023


 Religião abre crise ao cobrar apoio a Bolsonaro e golpe

A União do Vegetal entrou em uma crise interna após a cobrança de mestres da religião por apoio dos integrantes ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e até por participação em atos golpistas contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A religião é conhecida pelo ritual do chá de ayahuasca e pela defesa de princípios como a paz e preservação das florestas.

O incômodo com o discurso político desses líderes fez o caso chegar, inclusive, à Justiça. Integrantes da União pediram a proibição temporária do uso do chá, bebida com efeitos psicodélicos, para investigar a sua utilização de forma descontextualizada, com doutrinação ideológica a favor de atos antidemocráticos pela cúpula do grupo.

No Brasil, o uso da ayahuasca é permitido apenas em rituais religiosos. A reportagem conversou com membros e ex-membros da União do Vegetal, sob reserva, que apontam que a instituição vem se bolsonarizando desde 2018, mas que atingiu o ápice durante e logo após as eleições do ano passado.

Procurada, a UDV afirmou que é apartidária, não professa ideologias políticas e não teve preferências por candidatos a presidente da República. Diz, ainda, que chegou a afastar dirigentes que cometeram excessos.

Houve afastamento de pessoas que defenderam atos golpistas, mas também de quem criticou em público a entidade pelo proselitismo de mestres a favor de Bolsonaro.

Um dos expoentes da religião é o empresário Luís Felipe Belmonte, um dos organizadores da tentativa frustrada de criar a Aliança pelo Brasil, partido que pretendia abrigar os apoiadores de Bolsonaro.

Antes do segundo turno das eleições, um dos principais líderes da União do Vegetal, Raimundo Monteiro, 88, o mestre Monteiro, enviou uma mensagem a integrantes da religião afirmando que havia duas agendas políticas antagônicas no Brasil.

Em menção indireta aos dois candidatos à Presidência, respectivamente Bolsonaro e Lula, disse que uma das agendas defendia "valores cristãos, sustentados pela União do Vegetal", como "a família tradicional –homem, mulher e filhos", enquanto a outra propunha "pautas incompatíveis com os mais elementares fundamentos morais e espirituais de nossa doutrina".

"Não se trata aqui de cercear os direitos de cidadania dos nossos filiados, mas de lembrá-los que, acima das ideologias (sejam elas quais forem) e dos interesses políticos, estão os princípios morais e espirituais da doutrina da União do Vegetal", orientou Monteiro.

Arrematou o comunicado dizendo que para ficar no "caminho da retidão" é necessário seguir a "doutrinação reta" do mestre, "sem dela divergir em qualquer circunstância e sob qualquer pretexto, seja na vida particular, seja na vida pública".

Após as eleições, Monteiro apareceu em fotos em meio aos atos em frente ao quartel-general do Exército em Campo Grande (MS), em manifestações de teor golpista.

Conhecido por ter relação próxima com José Gabriel da Costa, o mestre Gabriel (1922-1971), fundador da União do Vegetal, Monteiro é tido como um dos mestres mais respeitados da religião e tratado no site da entidade como "um zeloso guardião dos tesouros da UDV".

A mensagem não foi repassada oficialmente pela UDV, e o mestre Monteiro anunciou que iria parar de participar das reuniões do conselho da cúpula religiosa.

Ele não foi o único a se manifestar favoravelmente aos atos golpistas. Outros mestres e integrantes também se expressaram nesse sentido em grupos da UDV.

Um integrante da cúpula da religião na Bahia gravou vídeos em atos golpistas afirmando que Bolsonaro vinha mandando mensagens cifradas para os seus seguidores no sentido de que não deixaria a Presidência —segundo a reportagem apurou, ele foi afastado pela UDV.

 A escalada de apoio a Bolsonaro e aos golpistas causou reações de adeptos da religião. Em uma carta aberta, membros criticaram a "manifestação de apoio, por parte de pessoas da alta hierarquia da União, a posicionamentos políticos" que consideram contrários ao do mestre Gabriel.

Afirmaram que "longe dos discursos superficiais de direita e de esquerda", não se alinhavam a discursos de ódio ou de preconceitos contra as minorias, à defesa da ditadura militar e à liberação de armas de fogo —bandeiras da gestão Bolsonaro.

"Como hoasqueiros [consumidores de ayahuasca], que bebem o Vegetal, composto de duas plantas nativas da floresta Amazônica e que compreendem a natureza como sagrada, temos nos sensibilizados bastante com a questão ambiental. A desregulamentação das políticas ambientais, anunciada desde a época de campanha, está sendo colocada em prática", afirmaram.

Em vídeos, outros integrantes da União do Vegetal também reagiram à defesa de políticos. "Nunca tinha visto entrar a política dentro da nossa religião", disse um deles, Agamenon Honório, em um vídeo, citando eleições desde a de Fernando Collor, em 1989.

"Depois da eleição de Bolsonaro é que começaram a entrar ideologias partidárias na UDV", afirmou. "Dirigentes da União do Vegetal tentam impor a sua opinião perante os membros, inclusive em sessões."

Agamenon, que afirma ser integrante da União do Vegetal há 34 anos, foi afastado após ter publicado o vídeo.

Em uma entrevista ao canal Daniel Gontijo, do YouTube, um ex-integrante da União do Vegetal, Armando Grisi, também fez uma série de críticas a pessoas na cúpula da religião, que estariam "fomentando a desordem" ao defender a reunião de pessoas em frente a quartéis.

Em uma ação popular apresentada ao STF (Supremo Tribunal Federal) em 10 de janeiro, um ex-membro da UDV, Alexandre de Oliveira Rodrigues, pediu a "proibição em caráter temporário do uso do chá para investigar a possível utilização descontextualizada do chá ayahuasca".

O relator do processo, ministro Ricardo Lewandowski, afirmou que o caso deve ser decidido pelo TJ-DFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios) e enviou os autos para a corte. Ainda não há uma decisão do tribunal.

        União do Vegetal afirma que afastou dirigentes e que é apartidária

Procurada pela reportagem, a União do Vegetal disse em nota que é uma instituição religiosa apartidária, que não "professa ideologias políticas e não teve preferência ou indicação por qualquer candidatura à Presidência da República nas eleições passadas". "As expressões de preferências políticas de alguns de seus associados não representam a UDV, sendo apenas manifestações de caráter estritamente pessoais", diz nota da instituição, assinada por seu presidente, Tadeo Feijão.

A UDV apresentou uma carta circular de dezembro do ano passado ressaltando que a religião é apartidária.

A nota diz que a religião "não permite manifestações políticas em seu âmbito, tendo tomado providências nos casos em que foram verificados excessos, inclusive com afastamento de membros integrantes da direção".

Afirma ainda que a ação popular é "uma iniciativa sem fundamento e sem nenhuma base probatória".

"A UDV conta, entre seus mais de 22 mil associados, com pessoas com filiação a diversos partidos políticos. Desde a origem da instituição, militantes e parlamentares identificados como de esquerda, direita e centro convivem fraternalmente em seu seio religioso."

 

       Bolsonaro posta mentiras nas redes e pede a apoiadores que ‘compartilhem a verdade'

 

Desde que deixou o cargo de presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) vem compartilhando nas redes sociais os seus feitos à frente do cargo. Embora não seja mais chefe do Executivo federal, o ex-presidente segue elogiando seu próprio governo e pedindo para que apoiadores “compartilhem a verdade”.

O pedido foi feito pelo Instagram junto a uma lista de feitos do governo bolsonarista.

No texto, Bolsonaro afirma que deixou o Brasil de volta às 10 maiores economias do mundo; com o maior número de brasileiros com trabalho na história; com uma das gasolinas mais baratas do mundo; com o menor número de homicídios em duas décadas; com o recorde redução de impostos e com o menor desemprego desde 2015, mesmo com pandemia e guerra no passado em situação normal o país naufragava sob o comando do PT).

Ele também afirma que com ele, o Brasil virou o 6° principal destino de investimentos no mundo, teve o melhor governo digital das América e bateu recordes de apreensão de drogas e de redução de assassinatos.

Apesar das falas do ex-presidente, “a verdade” não é esta. Dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) coligidos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontam que o Brasil não ficou mais entre as 10 maiores economias do planeta.

Durante o governo Bolsonaro, o país despencou no ranking econômico global e ficou, ao final de 2020, em 12º lugar, atrás de Canadá (que assumiu a nona colocação), Coreia do Sul e Rússia.

Em 2019, primeiro ano de Bolsonaro no poder, o Brasil já havia caído da 8ª para a 9ª posição entre as 10 maiores economias do mundo, atrás de EUA, China, Japão, Alemanha, Índia, Reino Unido, França e Itália.

 

       Bolsonaro sabia de fome do povo Yanomami e mesmo assim cortou doações de alimentos

 

O governo Bolsonaro sabia da fome que se alastrou no território Yanomami, em Roraima, e mesmo assim mandou cortar as doações de alimentos destinadas aos indígenas. É o que apontam ofícios da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena, vinculada ao Ministério da Saúde) enviados entre junho de 2021 e março de 2022 aos ministérios da Cidadania e Justiça e Segurança Pública.

Os ofícios apontam a tramitação de ao menos três alertas sobre a gravidade da situação. Entre os alertas estaria a indicação dos impactos negativos decorrentes do corte da ADA (Ação de Distribuição de Alimentos a Grupos Populacionais tradicionais), que poderia gerar uma verdadeira epidemia de subnutrição no território.

O ofício enviado em 30 de junho de 2021, ao Ministério da Justiça, detalhou o “quadro de déficit nutricional” na Dsei Yanomami (Distrito Sanitário Especial Indígena) e apontou, com todas as letras, que seria fundamental a manutenção das ações de distribuição de alimentos para evitar uma calamidade.

Em novo ofício, enviado aos ministérios da Justiça e da Cidadania, em primeiro de fevereiro de 2022, a Sesai fez novo alerta sobre a subnutrição, apontou que o povo yanomami teria sido retirado da ADA e pediu o apoio das pastas para rearticular a distribuição do alimento. Sem resposta, a Sesai enviou novo ofício em 23 de março de 2022 reiterando a situação de calamidade do povo yanomami e solicitando a discussão da questão em reunião ministerial

“Diante da situação do quadro de déficit nutricional demonstrado no relatório supracitado, ressalta-se a importância da manutenção das ações de Distribuição de Alimentos, com objetivo de minimizar emergencialmente as situações de vulnerabilidade alimentar da população indígena yanomami”, diz o ofício de primeiro de fevereiro de 2022.

A ONG Missão Evangélica Caiuá, que recebeu R$ 872 milhões do governo Bolsonaro para gerir a Dsei Yanomami, confirma a falta de alimentos. “O governo tem realizado a doação, mas infelizmente para os indígenas chega apenas o arroz, quando chega”, diz a instituição em documento.

Já é de conhecimento público que a chegada de dezenas de milhares de garimpeiros ao território yanomami criou sérias dificuldades para a reprodução social do povo indígena, sobretudo ao se apossar de vastas áreas de floresta nas quais os indígenas produzem sua alimentação mediante caça, coleta e plantio de roçados. Também a poluição gerada pelo garimpo contaminou as águas da região, afetando a pesca yanomami.

Há uma suspeita de genocídio investigada pela Polícia Federal (PF) a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), na qual o principal suspeito é o próprio governo Bolsonaro. A PF investiga ações e omissões de agentes públicos que possam ter favorecido o garimpo ilegal na região em detrimento do bem-estar do povo yanomami. As investigações correm em sigilo.

 

       Bolsonarista convicta, Regina Duarte insiste em divulgar fake news já desmentidas

 

A ex-global Regina Duarte continua ativa na propagação de fake News e com a divulgação de mentiras sobre o processo eleitoral e contestando novamente a vacinação contra a Covid-19.

Em uma das publicações em suas redes sociais, a atriz compartilhou o mesmo vídeo com dizeres quase idênticos à postagem que levou Jair Bolsonaro (PL) a ser incluído no rol de investigados sobre os atos terroristas do dia 8 de janeiro.

No vídeo, o procurador de Mato Grosso do Sul Felipe Marcelo Gimenez diz que "Lula não foi eleito pelo povo, Lula foi escolhido pelo serviço eleitoral". Gimenez está sendo investigado pela Corregedoria da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) pela declaração. Na publicação, Regina Duarte também destaca a frase "Lula não foi eleito pelo povo, ele foi escolhido e eleito pelo STF e TSE".

O vídeo e a frase publicados - e apagados - por Bolsonaro na rede fizeram com que o Supremo Tribunal Federal (STF) incluísse o ex-presidente na investigação que apura os atos terroristas promovidos por apoiadores que invadiram e depredaram a sede da própria corte, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto.

        Antivacinação

Em outra publicação, duas horas depois, Regina Duarte divulgou uma fake news sobre a vacina bivalente contra a Covid BA.4/BA.5 da Pfizer, que começou a ser distribuída no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e deve estar disponível nos postos de saúde a partir do próximo dia 27.

"Eu me preocupo com que sejamos sujeitos à obrigatoriedade de tomar mais uma vacina. Então já não ficou provado que vacinas não impedem contágio

nem consequências maléficas. aos nossos organismos ?! Prefiro a LIBERDADE de confiar em estimulantes e revigorastes da capacidade de minha defesa, ou seja: da capacidade IMUNOlogica do meu organismo", escreveu a atriz junto ao vídeo que, comprovadamente, se trata de uma fake news.

Nas imagens, o médico bolsonarista Roberto Zeballos, um conhecido propagador de mentiras sobre as vacinas, diz que a vacina bivante não passou por testes clínicos (com humanos) antes de ser aprovada pela agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês).

A fake news já foi desmentida pelo infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), que aponta que as afirmações do médico sobre a vacina bivalente induzem ao erro e não retratam o rigor científico com que o imunizante foi analisado e aprovado.

Segundo ele, a vacina segue um protocolo normal no meio científico e a agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) usou três fontes de dados para analisar o novo imunizante: dados da vacina monovalente (primeira versão do imunizante); de um estudo clínico (com humanos) da bivalente BA.1; e de estudos pré-clínicos da versão BA.4/BA.5.

"Há uma tendência de fazer atualização das vacinas, como fazemos a da gripe, sem ser necessário um estudo clínico. Você não fica fazendo estudo a cada ano de vacina de gripe porque ela já é consolidada, já conhecemos sua segurança", afirmou em entrevista ao G1.

Em outra publicação no Instagram, Regina Duarte divulgou imagens do discurso de Jair Bolsonaro para uma diminuta plateria de fiéis na igreja evangélica Church Of All Nations, em Boca Raton, na Flórida, neste sábado (11) e inventou uma nova história.

"AGORA ! Ao Vivo , sendo homenageado lá nos States", disse a atriz sobre a participação do ex-presidente no culto um dia depois que Lula encontrou Joe Biden na Casa Branca.

 

Fonte: em.com/Fórum

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