sábado, 11 de março de 2023


 Partido de Bolsonaro fez compras com cartão corporativo da Presidência

Gastos de alimentação e higiene do Partido Liberal foram pagos com cartão corporativo da presidência durante ato de campanha de Jair Bolsonaro, em Teresina (PI). As notas no valor total de R$ 987,40 foram emitidas em nome da legenda, em 14 de outubro de 2022, um dia antes do então candidato chegar à capital piauiense.

Jair Bolsonaro estava acompanhado do senador Magno Malta, que também teve a hospedagem paga com o cartão. Recém eleito, Malta é um fiel aliado do ex-presidente e é quem comanda o Partido Liberal no Espírito Santo.

De acordo com descrição da nota fiscal, o político ficou hospedado junto à comitiva presidencial no Hotel de Trânsito dos Oficiais, que pertence ao Exército. Foram 14 diárias pagas com dinheiro vivo sacado com o cartão corporativo. A pernoite de Magno Malta custou R$75,42 aos cofres públicos. 

No ato de campanha em Teresina, além das notas em nome do PL, identificamos outra nota no valor de R$ 19 mil para a compra de 300 kits lanches executivos, no valor de R$ 35 cada, e 100 refeições, de R$ 50 cada. O cartão presidencial também foi usado para bancar hospedagens, que somam R$ 20,5 mil.  

As notas fiscais de gastos do cartão corporativo estão sendo analisadas pela Agência Pública em parceria com a Fiquem Sabendo, agência de dados especializada no acesso a informações públicas.

Bolsonaro esteve em Teresina (PI) na manhã do dia 15 de outubro, para compromissos de campanha, após ser derrotado no primeiro turno por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Durante o ato com apoiadores no Centro de Convenções Atlantic City, ele chamou seu adversário de “ladrão sem caráter”. O ex-presidente estava acompanhado do ex-ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, da ex-deputada federal Iracema Portela (PP-PI) e do senador Magno Malta.

        gasto com diária do senador Magno Malta no Hotel do Exército

        gasto com alimentação em Teresina

        detalhamento de gasto com alimentação em Teresina

        nota emitida em nome do PL com alimentação

        nota emitida em nome do PL com itens de higiene pessoal

        detalhamento nota emitida em nome do PL com alimentação

        detalhamento nota emitida em nome do PL com itens de higiene pessoal

No dia 14 de outubro, a Distribuição de Alimentos Vanguarda, em Teresina, emitiu uma nota de R$ 81 para o PL, pela compra de sabonetes. A compra foi feita às 18h do dia 13, no supermercado Carvalho Super. Minutos antes, neste mesmo dia, R$ 897,40 foram pagos no cartão corporativo para comprar alimentos, como refrigerantes, carnes, catchup, maionese, milho verde, pimenta desidratada e queijos. A nota da compra foi emitida em nome do PL.

Durante este evento de campanha no Piauí, onde discursou para apoiadores, Bolsonaro usou a sigla CPX, de comunidades do Rio, para atacar Lula. Ele também desacreditou os institutos de pesquisas e previu 70 milhões de votos, o que não aconteceu.

Tentamos contato com a assessoria de imprensa do Partido Liberal, mas não obtivemos retorno até o fechamento da reportagem. Não conseguimos contato com o senador Magno Malta. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

Conforme revelado pelo portal Uol, o cartão corporativo foi usado para pagar ao menos R$ 697 mil em despesas de viagens de campanha de Bolsonaro, entre agosto e novembro. De acordo com o site, “a lei prevê que o partido ou a coligação deve ressarcir a União em gastos de transporte pessoal do candidato e sua comitiva durante o período eleitoral, em um prazo de dez dias, mas nada fala sobre os demais gastos”. A reportagem do Uol destaca ainda que a prestação de contas eleitoral do PL aponta ressarcimento à União de R$ 4,8 milhões referentes a transporte e deslocamento de Bolsonaro em 48 eventos eleitorais. No entanto, o ex-presidente teve ao menos 80 agendas no período da campanha.

Os gastos de campanha não podem ser pagos com o cartão corporativo, explica Thiago Dias, professor de Administração Pública da UFRN. “Não pode misturar. As contas de campanha têm que ser pagas com o recurso e com a conta específica da coligação do candidato”. Dias ressalta que o uso do cartão corporativo seria justificado caso a visita de Bolsonaro em Teresina estivesse “associada a algum evento oficial na condição de presidente”. No entanto, na agenda do ex-presidente não há registro de compromissos oficiais da presidência no dia 15.

Os gastos do cartão corporativo foram postos sob sigilo no governo Bolsonaro, junto com outras informações como os registros de entradas no Palácio do Planalto, que ainda estão sendo revistas pela atual gestão. Os dados obtidos pela Agência Pública por meio de Lei de Acesso à Informação (LAI) mostram que, durante os quatro anos do último governo, o cartão corporativo bancou hospedagem militar na praia, eventos com pastores e Marchas para Jesus e mais de R$ 62 mil em uma única lanchonete, durante uma motociata em São Paulo, em abril do ano passado.

 

       Presidência gastou quase R$ 100 mil do cartão corporativo em viagem para casamento de Eduardo Bolsonaro

 

A Presidência da República gastou R$ 98.975 com o cartão corporativo na viagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e familiares para o casamento do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), ou 03, como é chamado pelo pai, no Rio de Janeiro, em maio de 2019. O gasto é de hospedagem de toda a comitiva e alimentação de militares.

As despesas foram pagas pelo Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF), chamado de cartão corporativo por ser usado para pagamento de despesas do governo. Além de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, integraram a comitiva oficial a filha do casal, Laura; a filha mais velha de Michelle, Letícia; o filho 04 de Bolsonaro, Jair Renan; o deputado federal Helio Lopes (PL-RJ); a intérprete de Libras Elizângela Ramos, e outras duas pessoas.

Só do escalão avançado (Escav) e das comitivas da viagem presidencial, viajaram 61 servidores. O ex-presidente partiu de Brasília no dia 24 de maio e retornou no dia 26, mas a equipe do Escav chegou ao Rio ainda no dia 20 para organizar a chegada de Bolsonaro, como de costume nas viagens presidenciais.

O maior gasto da viagem foi com a alimentação de militares envolvidos na segurança da área onde o então presidente estaria: R$ 55,5 mil em 1.850 lanches. A refeição consistia em uma maçã, dois sanduíches frios, uma água com gás, um refrigerante e uma água sem gás. Confira abaixo o quantitativo:

1.850 maçãs – R$ 2,99 (unidade) – R$ 5.531,50 (total)

1.850 refrigerantes 350 ml – R$ 5,90 (unidade) – R$ 10.915 (total)

3.700 mistos frios – R$ 7,80 (unidade) – R$ 28.860 (total)

1.850 águas sem gás – R$ 3,90 (unidade) – R$ 7.215 (total)

1.850 barras de cereais – R$ 1,61 (unidade) – R$ 2.978 (total)

Além deste gasto, o cartão corporativo foi usado para pagar R$ 32.775 no Hotel Mercure de Copacabana para a hospedagem de 49 pessoas (diárias de R$ 345). Outros R$ 10.150 foram desembolsados no Hotel Laghetto Stilo Barra, para a hospedagem de 28 pessoas do escalão avançado (diárias de R$ 290).

Os dados foram obtidos pelo Metrópoles diretamente na Diretoria de Planejamento, Orçamento, Finanças e Contabilidade (DIROF), onde estão as notas fiscais oriundas de gastos do governo com o referido cartão. Os documentos eram sigilosos, mas tiveram o sigilo levantado no início da atual gestão.

As informações puderam ser acessadas depois que a Fiquem Sabendo, agência de dados especializada na Lei de Acesso à Informação (LAI), entrou com um recurso a um pedido via LAI para que fosse concedido o acesso a todas as notas fiscais, e não apenas aos dados dos gastos com o cartão.

Cada nota fiscal de gasto com Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF) integra um processo que, até o início do ano, era reservado. O responsável pelo pagamento da despesa é intitulado “ecônomo”. No prédio da Dirof, que fica em Brasília, a reportagem pôde olhar alguns processos, sob supervisão de servidores do local, após marcar uma visita.

        O que diz Bolsonaro

Em meados de janeiro, foram divulgados os gastos com cartão corporativo do governo federal desde 2003. Após a publicação de diversas reportagens, como sobre o uso do cartão em motociatas, Bolsonaro se posicionou diante de apoiadores na Flórida, nos Estados Unidos, onde está desde o fim do ano passado.

Na ocasião, voltou a dizer que nunca usou o cartão para nada. “Vocês sabem quanto eu gastei ou saquei do meu cartão particular durante quatro anos? Alguém tem ideia? Zero. Estou com os extratos aqui. Nunca paguei um picolé. Eu podia sacar até R$ 17 mil por mês, daria 3 mil dólares, para despesas sem prestação de contas. Nunca gastei um centavo”, afirmou.

        Saques no cartão corporativo

No último dia 20 de janeiro, a coluna de Rodrigo Rangel, no Metrópoles, mostrou que um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) identificou que saques dos cartões corporativos da Presidência abasteceram uma espécie de “caixa 2” do Palácio do Planalto. O caixa era controlado tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, o “coronel Cid”, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que usava recursos para pagar despesas pessoais da família.

Na ocasião, Bolsonaro negou irregularidades, afirmando que “nunca foram feitos saques do cartão corporativo pessoal”.

 

       Mourão gastou ao menos R$ 3,8 milhões no cartão corporativo

 

O ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), agora senador pelo Rio Grande do Sul, gastou R$ 3,8 milhões no cartão corporativo da Presidência da República, durante os quatros anos de mandato do governo Jair Bolsonaro (2019 - 2022). Os dados foram disponibilizados através da Lei de Acesso à Informação (LAI) à Agência Fiquem Sabendo.

As principais despesas de Mourão estão relacionadas a alimentação, hospedagens e viagens.

Embora a planilha de despesas de Mourão tenha sido divulgada, o valor gasto pelo ex-vice-presidente deve ser um pouco acima de R$ 3,8 milhões. Isso porque, de acordo com a Vice-Presidência, não há dados detalhados estruturados anteriores ao ano de 2019.

"Foi somente no final do primeiro semestre de mandato de Hamilton Mourão que o órgão adotou um sistema eletrônico para organizar os dados das despesas com o cartão de pagamentos", informou a Agência Fiquem Sabendo.

Conforme a Vice-Presidência, o órgão possui informações detalhadas sobre os gastos, desde o ano de 2005, em meio físico. Para conferir os gastos anteriores a 2019, é necessário ir pessoalmente.

De acordo com um levantamento do jornal O Estado de S. Paulo, seis empresas receberam mais de R$ 100 mil cada do ex-vice-presidente ao longo dos quatro anos de governo.

        Mercadinho La Palma: R$ 311.498,83;

        Pão de Açúcar: R$ 282.421,49;

        Super Adega: R$ 264.391,34;

        Big Box: R$ 241.197,16;

        Atlântica Hotéis: R$ 204.080,15;

        International Meal Company: R$ 102.071,53.

        Saiba detalhes dos R$ 3,8 milhões gastos por Mourão no cartão corporativo

Ex-vice-presidente da República, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) gastou R$ 3,8 milhões com o cartão corporativo ao longo dos quatros anos de mandato. A relação das despesas do político foi divulgada nesta segunda-feira (13/2) pela agência Fiquem Sabendo, que solicitou a lista com base na Lei de Acesso à Informação (LAI).

No ano passado, Mourão gastou R$ 1,6 milhão com o cartão corporativo. Em 2019, ano do primeiro mandato dele como vice do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o militar gastou R$ 427,2 mil.

<< Gastos por ano de mandato:

        2019 - R$ 427.237,13

        2020 - R$ 700.729,49

        2021 - R$ 1.140.300,71

        2022 - R$ 1.626.623,78

<< Comida alto padrão

Com comida, o então vice-presidente gastou, nos quatro anos de governo, R$ 1.614.333,26. Entre as despesas estão pagamentos de restaurantes no Brasil e no exterior. Há ainda o pagamento de serviços de refeições de alto padrão em aviões, como o emprenho de aproximadamente R$ 9 mil para a empresa italiana "Villa degli Angeli Inflight Catering", e com bebidas, com pagamento de R$ 264.391,34, durante o mandato, o para o estabelecimento Super Adega.

Há ainda despesas em peixarias, com o gasto e aproximadamente R$ 4 mil em apenas uma compra, e pagamentos no mercado La Palma, um conhecido estabelecimento com produtos de alto padrão, onde Mourão gastou R$ 311.498,83 em quatro anos.

Hoteis

A  segunda maior despesa do mandato de Mourão como vice-presidente foi uma hospedagem que custou R$ 38.100,50. Ele ficou no hotel InterContinental São Paulo, na região da avenida Paulista, em setembro do ano passado. Em segundo lugar aparece outra hospedagem em novembro de 2021, dessa vez no Atlântica Hotels International, em Belém (PA). O valor da despesa foi de R$ 31.096.

<< Veja os cinco maiores valores por tipo de despesas:

        Alimentação: R$ 1.614.333,26

        Hospedagens: R$ 1.488.625,47

        Serviços de apoio técnico, administrativo e operacional: R$ 331.704,77

        Serviços médicos, odontológicos e laboratoriais: R$ 113.080,88

        Material para manutenção de bens imóveis: R$ 68.869,97

<< Temer

Os gatos de R$ 3,8 milhões de Mourão configuram um aumento no montante empenhado por seu antecessor no cargo de vice-presidente, Michel Temer. Os dados obtido pela agência "Fiquem Sabendo" mostram que, entre os anos 2013 e 2016, o gasto total de Temer foi de R$ 3.465.743,62. O vice de Dilma Rousseff sempre manteve seus pagamentos anuais abaixo do total de R$ 1 milhão. A maior despesa de Temer foi em 2016, quando gastou R$ 670 mil.

Embora a planilha de despesas de Mourão tenha sido divulgada, o valor total gasto pelo ex-vice-presidente deve ser um pouco acima de R$ 3,8 milhões. Isso porque, de acordo com a Vice-Presidência, não há dados detalhados estruturados anteriores ao ano de 2019.

"Foi somente no final do primeiro semestre de mandato de Hamilton Mourão que o órgão adotou um sistema eletrônico para organizar os dados das despesas com o cartão de pagamentos", informou a Agência Fiquem Sabendo.

 

Fonte: Por Alice Maciel, Yolanda Pires, Mariama Correia, da Agencia Pública/Metrópoles/em.com

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