Rússia deve milagre
econômico à abordagem de 'sanções com esteroides' do Ocidente
Apesar das sanções
Ocidentais contra Moscou, no contexto da operação militar especial russa na
Ucrânia, o analista Paul Goncharoff disse à Sputnik que as medidas adotadas
conduziram o país para o sucesso econômico apresentado pelo presidente russo
Vladimir Putin.
De acordo com o
analista financeiro veterano Paul Goncharoff, ao comentar os números
econômicos listados
pelo presidente russo Vladimir Putin em sua entrevista coletiva de fim de ano,
a Rússia obteve resultados exitosos muito em função da política de sanções
unilaterais adotadas pelo Ocidente contra Moscou.
"O esforço
amplamente bem-sucedido para desenvolver boas relações econômicas dentro do
BRICS se tornou uma prioridade, e a expansão do BRICS e o uso de moedas
soberanas fora do dólar americano e do euro iluminaram a necessidade e o desejo
de muitos governos soberanos de sair da 'esfera de influência' do G7 e de seus
sistemas de pagamentos", explicou Goncharoff.
Para o analista, na
medida em que os países do G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados
Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) tentaram sufocar
a economia russa através
de suas
sanções —
que em grande medida interromperam fluxos de capitais e relações comerciais
de toda natureza — Moscou tratou de diversificar
suas parcerias e
em tempo hábil redirecionou o fluxo de produção para outros parceiros.
Em parte, tal redirecionamento
de mercado para
os países-membros do BRICS se refletiu não apenas nos resultados econômicos da
Rússia, mas em um fortalecimento da agenda política de Moscou que
visa a ampliação de uma agenda
multilateral.
No final das
contas, o BRICS e outros países em desenvolvimento expressaram conjuntamente
insatisfação com a abordagem de cenoura e vara do Ocidente à diplomacia, notou
o observador. Quanto a Moscou, "ficou claro que o Ocidente tinha pouco a
oferecer à Rússia que fosse realmente necessário, e o custo geopolítico e
econômico era simplesmente alto demais".
Segundo o analista,
a Rússia conseguiu sobreviver e prosperar apesar de ser "o país mais
sancionado da história" graças a uma série de decisões oportunas
estimulando a agricultura, a tecnologia e a substituição de importações
industriais reorientando o comércio e abandonando
o dólar como
meio de troca.
¨ Orbán diz aos líderes da UE que não decidiu se apoiará
extensão das sanções contra a Rússia
O primeiro-ministro
da Hungria, Viktor Orbán, disse aos líderes da União Europeia (UE) que tomará
uma decisão sobre apoiar ou não a extensão das sanções contra a Rússia após a
posse do presidente norte-americano Donald Trump, em 20 de janeiro, informou a
agência Bloomberg.
A UE impôs 15 rodadas de
sanções contra a Rússia, que precisam ser renovadas a cada seis meses. A
próxima discussão está prevista para o final de janeiro, 11 dias após Trump
tomar posse.
Segundo a agência,
até agora, a extensão das sanções era uma formalidade, mas o procedimento exige
o apoio unânime dos 27 Estados-membros da UE, e Orbán tem a capacidade de
vetar a decisão.
Anteriormente, o
ministro das Relações Exteriores da Hungria, Péter Szijjártó, afirmou, após
reunião no conselho europeu, que a Hungria conseguiu excluir do 15º pacote de
sanções da UE o patriarca Kirill, o representante permanente da Rússia na Organização
das Nações Unidas (ONU), o Comitê Olímpico Russo e dois clubes de futebol do
país. O ministro destacou que, caso sejam impostas sanções contra figuras
religiosas, "a última chance de paz será perdida".
A Rússia também
enfatizou repetidamente que o país conseguirá lidar com a pressão das sanções,
que o Ocidente começou a impor há vários anos e continua a intensificar. O
vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry
Medvedev,
lembrou que os países não reconhecem o fracasso das medidas retaliatórias
contra Moscou.
O presidente
da Rússia, Vladimir Putin, chegou a declarar que a política de contenção e
enfraquecimento do país é uma estratégia de longo prazo do Ocidente e que as
sanções causaram um sério impacto em toda a economia global. Segundo ele,
o objetivo principal do Ocidente é piorar a vida de milhões de pessoas.
¨ Eslováquia diz que vetará possíveis sanções da UE ao
setor nuclear da Rússia
O primeiro-ministro
da Eslováquia, Robert Fico, afirma que o fornecimento de energia elétrica no
país depende "significativamente" de usinas nucleares que têm origem
russa. A declaração foi feita durante a cúpula da União Europeia (UE) em
Bruxelas nesta quinta-feira (19).
Robert Fico
declarou que bloqueará possíveis
restrições da UE ao
setor nuclear da Rússia.
"Durante meu
discurso, disse que vetarei qualquer sanção que venha a ser proposta no futuro
contra a Rússia, caso afete programas nucleares para fins pacíficos",
afirmou Fico em uma coletiva de imprensa no término da cúpula da UE em
Bruxelas.
O chefe de governo
eslovaco destacou que o fornecimento de energia elétrica no país depende
significativamente do funcionamento de suas duas usinas nucleares.
"Nossas usinas
nucleares são de origem russa, gostem ou não. A cooperação
com a Rússia nesse
campo é de longa data, e sanções que ameacem nosso programa nuclear seriam
inaceitáveis", enfatizou.
A Eslováquia
possui duas usinas nucleares construídas com assistência russa.
A UE intensificou
sua "guerra econômica" contra a Rússia
após o início,
em fevereiro de 2022, da operação militar russa destinada a conter os
bombardeios ucranianos contra populações civis de Donetsk e Lugansk — dois
territórios que se separaram da Ucrânia em 2014 e se tornaram parte
da Rússia depois de um plebiscito em setembro de 2022.
Segundo o governo
russo, os objetivos
da operação militar são
interromper "o genocídio das populações de Donetsk e Lugansk cometido pelo
regime ucraniano" e mitigar os riscos à segurança
nacional representados pelo avanço da Organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN) rumo ao leste.
As tropas
ucranianas recebem apoio militar da OTAN, organização composta por 32 países
e liderada
pelos Estados Unidos.
Em maio passado,
Robert Fico, conhecido por suas críticas à aliança pelo envio de armas à
Ucrânia, foi alvo de uma tentativa de assassinato.
¨ Putin mostrou que tem o controle da situação no
conflito na Ucrânia, diz professor dos EUA
O presidente russo
Vladimir Putin mostrou que é dono da situação no conflito com a Ucrânia ao
declarar que Moscou está pronta para um duelo de mísseis com os sistemas
ocidentais de defesa aérea, disse o professor e especialista em relações
internacionais John Mearsheimer, em entrevista ao canal de YouTube Judging
Freedom.
A conferência anual
com Vladimir Putin de ontem (19) não deixou sem atenção o avançado
míssil balístico russo de alcance intermédio Oreshnik. Em particular, o
chefe de Estado russo esclareceu que ele próprio esteve envolvido na tomada da
decisão de desenvolver o míssil e observou que o adversário não tem qualquer
chance de derrubar ou destruir o Oreshnik.
Neste
contexto, Putin desafiou o Ocidente para um duelo de mísseis, caso duvide
das capacidades da nova arma russa. O presidente sugeriu que os especialistas
ocidentais escolhessem um alvo para ser destruído em Kiev, concentrar lá meios
de defesa antiaérea da OTAN e tentar interceptar o ataque.
"Ele é dono da
situação e sabe que temos grandes
problemas na Ucrânia.
Ele sabe que o míssil Oreshnik vai alcançar o alvo, não importa o quê. E é por
isso que ele nos pode picar", frisou o
especialista.
Mearsheimer
enfatizou que a Rússia está em uma posição muito forte para as negociações com
o Ocidente devido aos seus
sucessos no campo de batalha na Ucrânia. Na sua opinião, o
presidente eleito dos EUA, Donald Trump terá pela frente um difícil processo de
negociação com o líder russo.
¨ Putin aumenta pressão sobre líderes ocidentais em
relação à Ucrânia, veem analistas
Nesta quinta-feira
(19) o presidente da Rússia, Vladimir Putin, realizou a sua conferência anual
Linha Direta, na qual respondeu a perguntas da população russa e de jornalistas
nacionais e estrangeiros. À Sputnik Brasil, especialistas em geopolítica russa
comentaram as falas de Putin.
A entrevista, como
era de se esperar, tocou nos temas da operação especial na Ucrânia, da economia
russa, da amizade com a China e do desenvolvimento do Oreshnik.
O presidente Putin
destacou que a crise
econômica que atinge a Alemanha se deve ao fato de que ela abandonou
sua soberania em detrimento dos interesses geopolíticos dos Estados
Unidos, movimento contrário daquele feito pela Rússia, que desde antes do
início da operação especial buscou manter sua independência.
Esse é um dos
motivos, diz Giovana Branco, doutoranda em ciência política na
Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora de política externa russa, pelos
quais a economia russa foi capaz de sobrepujar as
inúmeras rodadas de sanções aplicadas pelo Ocidente.
"As sanções que
foram aplicadas à Rússia desde o início do conflito com a Ucrânia foram
sem precedentes. A exclusão da Rússia do sistema SWIFT, por exemplo, foi algo
que a gente nunca tinha visto", comenta Branco.
"O que as
economias ocidentais não compreenderam […] é que a economia russa já
estava preparada para esse momento e que não está isolada, embora essa seja uma
narrativa bastante presente."
Pelo contrário: no
ano passado, a Rússia ultrapassou a Alemanha, e, neste ano, o Japão,
tornando-se a quarta maior economia do mundo. Seu ritmo de crescimento é o
maior da Europa, destacou Putin.
Ao tentar isolar a
Rússia das economias europeias, o país eurasiático conseguiu com sucesso
reorientar sua economia para o leste, "fazendo parcerias mais
profundas com a China e os países da Ásia Central, além da Índia", afirma
a pesquisadora de geopolítica russa.
A união Rússia,
China e Índia é um projeto antigo da diplomacia russa, declarada pela primeira
vez pelo estadista russo Yevgeny Primakov. Essa parceira, em especial
entre a China e a Rússia, "tem alterado drasticamente o sistema
internacional", destaca Branco.
Durante a coletiva,
Vladimir Putin lembrou que a Rússia e a China foram os países mais devastados
ao fim da Segunda Guerra Mundial. Hoje a amizade sino-russa está em seu maior
nível histórico, sublinhou o presidente, com os países coordenando suas ações
na arena internacional.
Há anos esses
países se incomodam com a falta de espaço que lhes era dada na mesa de decisões
internacionais, lembra a pesquisadora da USP. "O que nós observamos hoje
são duas potências que têm bastante consciência do seu status
internacional e buscam ativamente não apenas seguir as regras liberais dos
sistemas ocidentais, mas também propor novas ordens internacionais."
"Estamos
falando de dois países que propõem uma nova visão de mundo, não necessariamente
uma antiocidental em sua origem, mas uma que adiciona
o interesse de outras potências e adiciona a percepção de que os
Estados Unidos não são mais capazes de liderar os interesses globais."
Nathana Garcez,
doutoranda em relações internacionais pelo Programa de Pós-Graduação San Tiago
Dantas, afirma que o potencial de impacto das relações sino-russas é sem
precedentes, uma vez que "remodela a geopolítica mundial".
Ambos os países
possuem uma "grande capacidade de influência nos seus espaços
próximos", sendo líderes econômicos e militares. "São duas das
maiores potências a nível global", detalha.
Nesse sentido, a
fala de Garcez vai ao encontro da declaração de Putin sobre suas Forças
Armadas. Segundo o presidente russo, tanto seu Exército quanto seu
complexo industrial-militar possuem a maior prontidão de combate do mundo.
Por outro lado,
argumenta Putin, os países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN) encontram
dificuldades de fornecer armamentos e munições à Ucrânia.
Em outra fala, o
presidente da Rússia elogiou o sistema de mísseis Oreshnik, desenvolvido
inteiramente com tecnologia pós-soviética. "Não
existem sistemas de defesa aérea que o atinjam", declarou.
Putin também lançou
um desafio ao Ocidente: um duelo entre o Oreshnik e os sistemas de defesa de
mísseis ocidentais. "Deixe-os identificar algum alvo em Kiev,
concentrar todas as suas forças de defesa aérea e de mísseis lá, e nós
atacaremos lá com o Oreshnik e veremos o que acontece."
Para
Garcez, as falas de Putin "jogam pressão" sobre as potências
ocidentais em um contexto em que a Rússia alcança ganhos territoriais
constantes em Donbass e em que novos pacotes de ajuda militar seguem sendo
aprovados pelos países-membros da OTAN, além do aumento de ataques terroristas
por Kiev.
De fato, ambas as
especialistas afirmam que a estreia do Oreshnik é uma nova etapa no cenário
militar mundial, não só por sua eficiência bélica, mas por poder ser utilizado
com ogivas nucleares.
"É um passo
além do discurso", comenta Branco. "A partir do momento que a Rússia
utiliza esse sistema, ela mostra ao sistema internacional que ela não só detém
esses armamentos, como está disposta a utilizá-los."
¨ Putin pede que
espionagem estrangeira na Rússia seja interceptada
O presidente russo
Vladimir Putin apelou às agências de inteligência e segurança do país para
interceptarem as atividades de serviços de espionagem estrangeiros na Rússia.
"O trabalho
dos serviços de inteligência estrangeiros deve ser interrompido
operacionalmente e aqueles que organizam sabotagens e atos terroristas devem
ser combatidos ativamente", disse o presidente em uma mensagem de
felicitações ao dia dos agentes de inteligência e segurança da Rússia,
celebrado amanhã (20).
Em particular,
Putin observou que o Serviço Federal de Segurança (FSB, na sigla em russo) deve
coordenar o seu trabalho com unidades do Exército e outras estruturas de
segurança.
O presidente
sublinhou também
que a contraespionagem militar deve agir de forma precisa e sistemática,
especialmente na área da operação militar contra as tropas ucranianas.
O chefe de Estado
indicou ainda que as agências de segurança têm de facilitar o
funcionamento ininterrupto das instituições do Estado, prevenir
a espionagem industrial
nas empresas de defesa e em tudo o que esteja relacionado com armas avançadas.
Putin também
declarou que aqueles que semeiam o ódio racial e a intolerância religiosa,
aqueles que tentam
desestabilizar o país e
enfraquecê-lo a partir de dentro devem responder com todo o peso da lei.
"A principal
tarefa continua sendo a luta contra o terrorismo. Peço a todas as agências,
especialmente ao FSB, que trabalhem arduamente nesta área e mobilizem toda a
experiência acumulada", enfatizou.
¨ Rússia acredita que propostas do futuro governo dos EUA
não são oficiais, diz vice-chanceler russo
O futuro enviado
especial dos EUA para a Ucrânia, Keith Kellogg, não fez qualquer pedido de
contato a Rússia, disse o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia,
Sergei Ryabkov.
"Não, ele não
se manifestou. Nós, é claro, monitoramos tudo o que é publicado, dito e postado
nas redes sociais por pessoas que possam vir a ocupar cargos de
responsabilidade no próximo governo
dos EUA. Mas
esses sinais não têm status ou qualquer caráter oficial", disse Ryabkov à
imprensa.
De acordo com ele,
para "analisar algo na prática, é necessário o respectivo contato"
por parte dos EUA.
Também Ryabkov
acrescentou que a Rússia declarou sua posição publicamente muitas vezes:
na forma de propostas, na forma de iniciativas específicas.
"O governo dos
EUA está bem ciente disso, todos os nossos adversários e vizinhos europeus,
nossos aliados estão envolvidos nessa questão, a maioria global está de olho,
incluindo países que estão apresentando suas próprias propostas", ressaltou
o vice-ministro.
Segundo suas
palavras, as ideias russas sobre a
solução do conflito ucraniano "vêm da vida, das realidades,
refletem nossa determinação inabalável de defender nossos interesses
fundamentais, incluindo os interesses de segurança".
"Não podemos
nos desviar dessa linha", concluiu.
Anteriormente, a
agência Reuters informou que o
candidato ao cargo de enviado especial para a Ucrânia, escolhido pelo
presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, Keith
Kellogg, visitará Kiev e várias capitais europeias no início de
janeiro do ano seguinte.
Fonte: Sputnik
Brasil
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