Dono da Folha se
escondeu na sede do jornal com medo de morrer, durante a ditadura
O que era uma
"lenda urbana" entre militantes de esquerda é fato
confirmado pela pesquisa realizada por seis acadêmicos que durante dois
anos se debruçaram sobre as relações do Grupo Folha com a ditadura militar
(1964-1985): Octávio Frias de Oliveira, um dos pioneiros do Grupo Folha,
escondeu-se em um apartamento privativo na sede do jornal, na alameda Barão de
Limeira, centro de São Paulo, com medo de ser "justiçado" pela
ALN, a Ação Libertadora Nacional.
Os pesquisadores
escreveram o livro A Serviço da Repressão, Grupo Folha e
Violações de Direitos Humanos na Ditadura, recém-lançado pela editora Mórula,
que servirá de base para um documentário que será lançado em janeiro, dirigido
por Chaim Litewski, o mesmo do documentário Cidadão Boilesen.
Escrito por Ana
Paula Goulart Ribeiro, Amanda Romanelli, André Bonsanto, Flora Daemon, Joëlle
Rouchou e Lucas Pedretti, o livro investigou vários aspectos da relação dos
sócios Frias de Oliveira e o empresário Carlos Caldeira Filho com os golpistas
de 1964 e a ditadura que durou 21 anos.
A dupla comprou o
título da falida Folha de S. Paulo em 1962 e Caldeira seguiu na sociedade até
1992, antes se elegendo prefeito de Santos pelo partido auxiliar do regime, a
Aliança Renovadora Nacional (ARENA).
·
Emboscada
e morte
O livro traz
revelações importantes, como a confirmação da presença de veículos da Folha em
uma emboscada onde morreram três integrantes da ALN.
Eventualmente, o
grupo de resistência armada queimou três veículos da Folha em dois episódios
distintos, contou à Fórum, em entrevista, a jornalista e
historiadora Ana Paula Goulart Ribeiro, professora da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, uma das autoras do livro:
Todos os militantes
[da ALN] sabiam que onde tinha um carro da Folha de São Paulo era suspeito, era
uma informação que circulava em toda a militância e num determinado
momento a ALN faz uma ação contra os carros da Folha [que foram
queimados] justamente para denunciar que estavam sendo usados pela
repressão.
Octávio Frias de
Oliveira reagiu com um editorial de primeira página com o título de
"Banditismo".
A ALN respondeu em
seu próprio periódico, com uma ameaça de "justiçamento".
O dono da Folha,
então, ficou escondido na própria sede do diário:
A partir desse
momento ele [Frias] muda para um um apartamento que tinha dentro do
jornal, que tinha sido construído pelo Caldeira, e ele e o Caldeira e suas
famílias passam a ser escoltados justamente pelos agentes da repressão.
Então, os funcionários lá do DOI-Codi passam a acompanhá-los. Não só eles
mudam para morar no jornal, mas passam a ser acompanhados pela segurança
pessoal, que é feita pelos agentes da ditadura durante um tempo.
·
Folha
empregou agentes da repressão
Um detalhe até
então pouco conhecido é que a Folha empregou em sua alta hierarquia ao
menos dois policiais diretamente ligados à repressão
(a Fórum publicará detalhes em breve, como parte desta série de
reportagens).
À época funcionava
em São Paulo o maior centro de torturas da ditadura militar,
o Destacamento de Operações de Informações -- Centro de Operações de
Defesa Interna (DOI-Codi), subordinado ao Exército.
Ele nasceu na
Operação Bandeirantes, uma "fase de testes" financiada por
empresários paulistas. Lá operou o único agente da repressão já condenado por
torturar, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.
O livro foi
resultado de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre o
Ministério Público Federal e a Volkswagen, violadora dos Direitos Humanos no
Brasil durante a ditadura militar.
O TAC originou
financiamento para investigar outras empresas, como o Grupo Folha.
Como resultado da
pesquisa, o MPF abriu um inquérito. Os herdeiros de Octávio Frias de
Oliveira se negaram a dar entrevista sobre o tema aos autores.
O jornal considera
que já fez e publicou sua própria investigação interna, comandada pelo herdeiro
Octávio Frias Filho, já falecido, em que a empresa se afasta de qualquer tipo
de dolo.
Ana Paula explica:
Existe um inquérito
já aberto no Ministério Público Federal contra o Grupo Folha [como resultado da
pesquisa que originou o livro]. E eu acho isso muito importante. Eu acho uma
pena, realmente, a Folha não rever criticamente o seu lugar no passado. Eu acho
que isso não seria nada absurdo. Outras empresas de comunicação no mundo,
inclusive, já estão fazendo isso, revendo o seu lugar no passado. Eu acho que
isso só fortaleceria, inclusive, a própria Folha, fortaleceria a sua
contribuição -- como ela gosta de dizer -- no papel de "um
jornal a serviço da democracia".
¨ Metaleiro nazista que vendia discos com apologia a
Hitler é alvo da Polícia Federal
A Polícia Federal
paranaense, em operação denominada "Trilha do Ódio", deflagrou
uma ação contra a propagação de material ideológico nazista em plataformas
digitais. O alvo da operação era uma pessoa que comercializava álbuns musicais
do gênero Black Metal nazista, cujo nome é uma clara alusão ao partido liderado
por Adolf Hitler no século 20.
Em cumprimento a
ordem judicial, agentes da Polícia Federal realizaram buscas e apreensões no
município de Almirante Tamandaré. A identidade do investigado permanece sob
sigilo.
A Polícia Federal
localizou e apreendeu um vasto acervo de objetos que fazem apologia ao nazismo,
tais como discos de NSBM, bandeiras e vestimentas de grupos neonazistas. As
investigações indicam que o suspeito é um dos maiores distribuidores de discos
de Black Metal Nazista em território nacional. O material apreendido será
periciado.
De acordo com as
investigações, o suspeito se valia das redes sociais para ampliar o alcance da
venda de seus materiais.
"As
investigações foram iniciadas após a identificação de um perfil em redes
sociais que disseminava conteúdo de apologia ao nazismo, incitação ao ódio e
discriminação contra a comunidade judaica", afirmou a PF, em nota.
Conforme a Polícia
Federal, as ações do investigado configuram o crime previsto no artigo 20
da Lei nº 7.716/1989, que penaliza a
prática de discriminação racial. A pena para esse delito é de reclusão de um a
três anos, cumulada com multa.
¨ Mulher que levou coroa de flores à casa de Lula
celebrou morte de Dona Marisa em 2017
Maria Cristina de
Araújo Rocha, a bolsonarista de 77 anos que foi presa por injúria
racial na
quarta-feira (18) ao xingar um segurança de "macaco" após deixar
uma coroa de flores fúnebres em frente à residência do
presidente Luiz
Inácio Lula da Silva em
São Paulo, é reincidente em casos do tipo.
Em fevereiro de
2017, a idosa de extrema direita foi ao Hospital Sírio-Libanês, onde a ex-primeira-dama Dona
Marisa Letícia estava
internada, para comemorar a morte da então companheira de Lula.
Naquele dia, o hospital havia acabado de anunciar que Marisa tinha sofrido
morte cerebral.
A bolsonarista foi
hostilizada por apoiadores de Lula e Marisa que estavam reunidos no hospital em
vigília pela ex-primeira-dama. Maria Cristina foi retirada do local por
seguranças. Antes, a extremista já havia feito um "protesto" em
frente à unidade de saúde para pedir que Dona Marisa se tratasse no Sistema
Único de Saúde (SUS).
À época o fato foi
repercutido pelo portal UOL, que veiculou um vídeo do momento em que Maria
Cristina de Araújo Rocha é hostilizada após comemorar a morte de Dona Marisa e
retirada do local.
<><> Filha
de militar
A bolsonarista Maria
Cristina de Araújo Rocha, de 77 anos, foi presa por injúria
racial, nesta quarta-feira (18), em frente à residência de Lula (PT). Ela
chamou um agente da segurança da Presidência da República de “macaco”.
A antipetista, que
é filha de militar, levou uma coroa de flores à residência do
presidente para ironizar o problema de saúde que ele teve, felizmente
superado.
Ela chegou ao local
em um carro com uma foto do ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF), Alexandre de Moraes, atrás de grades. Junto à montagem, desenhos
de uma caveira e de uma ratazana.
A mulher é figura
frequente em manifestações da extrema direita, pois integra um
pseudo-movimento chamado de “Ativistas Independentes”. Em 2020, levou um
taco de beisebol para um ato na Avenida Paulista, e foi retirada do
local, pela Polícia Militar, por se tratar de uma manifestação pacífica
pela manutenção da democracia.
Maria Cristina
também aparece em várias fotos, nas redes sociais, ao lado de políticos
representantes da extrema direita, como Carla Zambelli (PL), Fernando
Holiday (PL) e Kim Kataguiri (União Brasil).
Por ser filha de
militar, o general do Exército Virgílio da Silva Rocha, ela
recebe pensão mensal de R$ 14,5 mil. Tem o costuma de se gabar da amizade
próxima do pai com o general do Exército, Eduardo Villas Bôas, com quem posta
fotos, de acordo com reportagem do G1.
<><> Pensionista
desde 2009
A representante da
extrema direita recebe pensão mensal desde 2009 e, atualmente, está na casa de
R$ 14,5 brutos, podendo variar. Em junho de 2024, por exemplo, ganhou R$
17 mil líquidos por causa de uma gratificação.
Maria Cristina faz
parte de uma lista de 30 mulheres parentes de militares, que tiveram
a situação regularizada judicialmente, em dezembro de 2010, quando o
Tribunal de Contas da União (TCU) publicou um acórdão considerando legal a
concessão do benefício.
Fonte: Fórum
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