Em livro-bomba,
Luciano Bivar denuncia traição de Rueda e esquema pesado de corrupção no União
Brasil
O empresário e deputado
federal Luciano Bivar (União Brasil-PE), fundador do Partido Social Liberal
(PSL) e ex-presidente do União Brasil, lançou neste mês o livro “Democracia acima de tudo”, onde relata sua aliança e seu rompimento com o ex-presidente Jair
Bolsonaro e faz denúncias severas sobre traições internas e um grande esquema
de corrupção que envolve figuras de destaque no partido. As alegações de Bivar
ganham ainda mais relevância à luz da recente ação da Polícia Federal (PF)
contra o empresário José Marcos Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”,
apontando para um mega esquema de corrupção que pode implodir o próprio União
Brasil.
No último capítulo,
intitulado “A traição aos ideais partidários ainda é um dos males de nossa
cultura”, Bivar deixa claro que foi traído por Antônio Rueda, atual presidente
do União Brasil, e expõe a desilusão com a liderança do partido após a fusão do
PSL com o Democratas, que resultou na criação do União Brasil. “Presidi eu o
maior partido independente do Congresso Nacional, com nossas linhas próprias
nos campos econômico, social e moral. Mal sabia eu que a metástase tirânica estaria
incrustada em nosso próprio partido, através do fisiologismo obscuro e
deplorável – o pior de todos os males, porque corrompe e distorce a verdade.
Isso atinge, permeia pessoas: indivíduos que coordenam e dirigem instituições,
inclusive as político-partidárias, confundem as ideias, enganam os incautos e
professam o caos”, escreveu.
Bivar detalha como Antônio
Rueda, seu ex-braço-direito, assumiu o comando do União Brasil após um golpe
interno que teria sido orquestrado por figuras como o governador de Goiás,
Ronaldo Caiado, o senador Davi Alcolumbre, cotado para presidir o Senado, e o
ex-prefeito de Salvador, ACM Neto – todos possíveis alvos de uma delação
premiada do “rei do lixo”.
Segundo Bivar, esses líderes
formaram uma aliança para destituí-lo do cargo. Um dos objetivos seria
extorquir o orçamento público por meio do esquema das emendas parlamentares que
agora está vindo a público. “A Câmara dos Deputados, através do seu presidente,
defende a Casa como instituição, enquanto o grupelho se junta por mero
oportunismo, objetivando extorquir o orçamento público", aponta Bivar.
No livro, ele também lamenta
não ter sido capaz de frear a traição de Rueda, cujo nome não é citado por
Bivar na obra. “Diante de tudo isso, penitencio-me pela miopia de ter rechaçado
as denúncias de pessoas amigas e os fatos que, durante tantos anos, acusavam-no
de ser um alpinista social, despido de qualquer valor moral. O que é pior: eu
insistia em não acreditar”, escreve. “Com a traição dentro de um partido que
nós todos criamos, que a ressonância desta reflexão chegue a tempo àqueles que
detêm o discernimento e a coragem de enfrentar a hiena interesseira e
fisiológica.”
Ontem, no Brasil 247, o jornalista Joaquim de Carvalho destacou algumas declarações de Bivar, que falou diretamente de
Miami, na Flórida, onde passa férias com a família. “Essa milícia do Rio de
Janeiro é trombadinha perto do que políticos da cúpula do partido fazem”,
afirmou. “Acho que não houve um esquema de corrupção tão grande quanto este do
União Brasil”
A Operação Overclean da
Polícia Federal investiga contratos de recolhimento de lixo em estados como
Amapá, Bahia, Tocantins, Rio de Janeiro e Goiás, que estão envolvidos em
superfaturamentos e práticas criminosas. No relatório da PF, o Estado de Amapá,
de Davi Alcolumbre, é mencionado dez vezes no contexto de contratos suspeitos,
assim como Bahia e Goiás, estados de ACM Neto e Ronaldo Caiado. A publicação de
“Democracia acima de tudo” ocorre em um momento crítico para o cenário político
brasileiro, onde as denúncias de Bivar e as ações da PF podem ter consequências
significativas para o futuro do União Brasil e suas próximas etapas eleitorais.
Uma das possibilidades é uma delação premiada do “rei do lixo", que
poderia praticamente implodir o partido.
¨ Bivar diz
que Rei do Lixo é parte do esquema de corrupção que envolve Caiado, Alcolumbre
e ACM Neto
O ex-presidente nacional do
União Brasil, Luciano Bivar, disse que o escândalo em torno dos contratos
celebrados pelo chamado Rei do Lixo com prefeituras deve revelar um mega
esquema de corrupção, de proporções nunca vistas no Brasil.
“Essa milícia do Rio de
Janeiro é trombadinha perto do que políticos da cúpula do partido fazem ”,
disse ele ao Brasil 247, diretamente de Miami, Flórida, para onde viajou com a
família.
“Acho que não houve um
esquema de corrupção tão grande quanto este do União Brasil”, acrescentou
Bivar. Ele conhece bem os personagens dessa trama descoberta pela Polícia
Federal, na Operação Overclean.
Bivar foi presidente do
União Brasil até que sofreu um golpe interno do partido, que teve como
beneficiário Antônio Rueda, seu ex-braço direito, mas que teria sido
arquitetado pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o senador Davi Alcolumbre
e o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto.
Os três são justamente os
suspeitos de serem os pilares políticos do empresário José Marcos Moura, o “Rei
do Lixo”, integrante do Diretório Nacional do União Brasil. No relatório da
Polícia Federal, o Amapá, Estado de Davi Alcolumbre, é citado dez vezes, no
contexto de contratos de recolhimento de lixo superfaturados.
Bahia e Goiás, Estados de
ACM Neto e Ronaldo Caiado, também aparecem no relatório.
“Após a instauração do
inquérito policial e o deferimento de medidas de afastamento de sigilo
telefônico, telemático, fiscal, bancário e de captação ambiental, decretadas no
interesse das apurações empreendidas no âmbito do IPL n. 2023.01059 – SR/PF/BA
(1007020-14.2024.4.01.3300), foram colhidos elementos importantes de
materialidade e autoria de práticas criminosas acima listadas, com abrangência
em outros municípios do Estado da Bahia, do Tocantins, Amapá Rio de Janeiro e Goiás”,
destaca a investigação da PF.
No livro que acaba de
publicar, “Democracia Acima de Tudo”, Bivar conta que seu afastamento da
presidência do União Brasil ocorreu em razão da recusa em apoiar a candidatura
de Jair Bolsonaro à reeleição, o que o colocou na linha de tiro de figuras
importantes do partido, entre os quais Caiado, Davi Alcolumbre e ACM Neto.
Publicamente, eles faziam
jogo dúbio, mas, internamente, não queriam a candidatura de Soraya Thronicke a
presidente, para deixar espaço ao voto em Bolsonaro no primeiro turno.
Por trás desse apoio velado,
estaria o mega esquema de corrupção viabilizado com o chamado orçamento
secreto, que dificultava o rastreamento dos recursos enviados a prefeituras e
usados para pagamento dos contratos celebrados com o Rei do Lixo.
Bivar diz que seus advogados
estudam hoje entrar na Justiça para pedir a destituição de Antonio Rueda, que
atuaria no contato com prefeituras em favor das empresas de recolhimento de
lixo. “Por enquanto, só apareceu a ponta do iceberg”, afirmou.
¨ “Rei do Lixo”: deputado cobra punição
rigorosa de envolvidos em desvio de emendas
O deputado federal General Girão (PL-RN) cobrou
investigação e punição rigorosa aos envolvidos no suposto esquema operado pelo
empresário Marcos Moura.
Conhecido como “Rei do Lixo“, o empresário foi preso na semana passada
e solto nesta quinta-feira (19).
Durante o discurso no plenário da Câmara, Girão fez
críticas à corrupção no Brasil sem citar nomes, associando o caso a outro
episódio histórico. A suspeita é de um desvio na ordem de R$ 1,4 bilhão por
meio de desvio de emendas e fraude de licitações.
“O rei do lixo tem um cofre. Lembram do cofre do
Adhemar de Barros lá em São Paulo? É um absurdo, mais um cofre na história do
Brasil que está envolvendo realmente muitas autoridades, inclusive parece que
temos parlamentares aqui envolvidos também”, afirmou o deputado do PL.
Adhemar de Barros foi governador de São Paulo em duas
ocasiões. Em 1969, quando ele já não governava o estado, um grupo armado roubou
2,4 milhões de dólares de um cofre em sua casa, dinheiro considerado fruto de
corrupção.
Conforme apurado pela CNN,
Moura guardava em um cofre uma escritura de compra e venda de um imóvel de luxo
de uma empresa da filha dele para o líder do União Brasil na Câmara dos
Deputados, Elmar Nascimento (BA).
O empresário Marcos Moura integra a cúpula do União e é próximo
do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto. Outro nome da legenda Brasil relacionado
ao caso é o do senador Davi
Alcolumbre,
do Amapá.
O suposto esquema de fraudes envolveria pelo menos 12
estados, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro. A Polícia Federal (PF) localizou uma planilha que detalha as operações do grupo.
¨ Doze estados aparecem em planilha do
“Rei do Lixo”
Uma planilha apreendida pela Polícia Federal (PF) com o
empresário Marcos Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”, mostra que o esquema
de fraude em licitações com recursos de emendas parlamentares tinha alcance
nacional e chegava a pelo menos 12 estados e R$ 824,5 milhões em valores.
O estado de São Paulo aparece no topo da lista com um
valor de R$ 245 milhões, seguido pelo estado do Rio de Janeiro, com R$ 89,6
milhões. A Prefeitura de São Paulo aparece com R$ 71,1 milhões e a do Rio com
R$ 49,3 milhões.
Pela planilha, não é possível saber se os valores
mencionados se referem a contratos assinados ou que apenas estavam no radar do
grupo investigado pela PF. O esquema envolve supostas fraudes em licitações
públicas e o uso de recursos das emendas parlamentares para pagar esses
contratos.
Na sequência, por ordem de valores, aparecem os
seguintes estados: Maranhão (R$ 39,3 milhões), Pernambuco (R$ 36 milhões),
Goiás educação (R$ 35,2 milhões), Pará (R$ 34 milhões), Mato Grosso (R$ 26,1
milhões), Piauí (R$ 25,6 milhões), Paraíba (R$ 25,4 milhões), Amazonas (R$ 18,8
milhões), Tocantins (R$ 9,5 milhões) e Amapá (R$ 6,9 milhões).
Além da capital paulista e fluminense, aparecem cidades
desses estados como Niterói, Caxias, Campos e São João do Meriti (RJ); e
Bragança Paulista, Guarujá, São Carlos Piracicaba e São Carlos (SP).
A planilha é dividida em cinco pontos:
- Estado/cidades
- “Responsáveis”
- Planilha/Valor
- Projeto
- Adesão/Ata
Todas as localidades têm relação direta ou indireta com
o partido União Brasil. O “Rei do Lixo” integra o diretório nacional do
partido, tendo sido indicado para o posto pelo ex-prefeito de Salvador ACM
Neto. Como a CNN mostrou, a PF vê potencial no caso de uma nova Lava Jato.
A planilha apreendida mostra esse alcance nacional do
esquema, que se baseava no desvio de recursos de emendas parlamentares em
Brasília. Estados e prefeituras com orçamentos grandes, como São Paulo e Rio de
Janeiro, lideram a lista de valores na planilha.
“Entre os documentos apreendidos, destacou-se uma
planilha encontrada em posição de destaque, que chamou a atenção da equipe de
abordagem. O documento apresentava uma relação detalhada de valores, entidades,
pessoas vinculadas e possíveis contratos”, diz o documento da PF.
Ela destaca que em alguns desses estados e municípios
era o próprio Rei do Lixo que tratava do assunto. “Um ponto que merece atenção
especial é a menção a “MM”, possivelmente referindo-se a Marcos Moura. (…) Uma
análise preliminar revelou a citação a “MM”, identificando-se como referência a
Marcos Moura, também mencionado como “Amigo M” em outras ocasiões, conforme
detalhado na Representação anteriormente apresentada. Os contratos associados a
Marcos Moura totalizam mais de R$ 200 milhões”, detalha a PF.
A planilha menciona “MM” com referência a “Amazonas”,
“Estado Rio de Janeiro”, “Prefeitura Rio de Janeiro”, “Goiás Educação” e
Amapá”.
Para os investigadores, “a planilha agora analisada
reforça e corrobora as evidências já submetidas a este juízo, consolidando o
vínculo de Moura com as atividades ilícitas investigadas”.
Fonte:
Brasil 247/CNN Brasil
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