"Rei
do lixo" escondia escritura de imóvel negociado com Elmar Nascimento, diz
PF
A investigação da Polícia
Federal envolvendo o empresário Marcos Moura, conhecido como "rei do
lixo", revelou um suposto esquema complexo de ocultação de bens e vastas
transações, apontado como uma possível "nova Lava Jato" devido ao
alcance nacional.
Segundo informações do
jornalista Caio Junqueira, da CNN Brasil, Moura,
preso desde a semana passada, guardava em um cofre uma escritura de compra e venda
de um imóvel de luxo no condomínio Porto Trapiche Residence, em Salvador-BA,
para o deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA), em uma transação
mediada por empresas usadas para dificultar o rastreamento de bens.
A PF informou em documento
que o empresário utilizava a empresa Patrimonial Moura Ltda., administrada por
sua filha Bárbara Carvalho de Moura Abreu, para ocultar bens obtidos de
práticas criminosas.
O suposto esquema atinge
diversos estados e envolve figuras influentes, como o ex-prefeito ACM Neto e o
senador Davi Alcolumbre, com indícios de manipulação em processos licitatórios
e contratos públicos. Enquanto Moura tenta deixar a prisão com apoio de
advogados renomados, a desembargadora Daniele Maranhão decidirá sobre sua
liberdade.
¨ Preso pela
PF, "Rei do Lixo” mantinha conexão direta com Alcolumbre
A secretária de Educação do
Amapá, Sandra Casimiro, viajou para Brasília no dia 20 de março de 2024 para um
encontro com o senador Davi Alcolumbre (União-AP). A viagem ocorreu na data
marcada pelo empresário José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, que
mantinha contato direto com o gabinete de Alcolumbre, por meio da assessora
parlamentar Ana Paula Magalhães de Albuquerque Lima. As mensagens foram obtidas
e são investigadas pela Polícia Federal (PF), conforme apurou a CNN Brasil.
Segundo a PF, Moura é
apontado como chefe de uma organização criminosa responsável pelo desvio de
emendas parlamentares, manipulação de contratos e fraudes em licitações
públicas. O suposto esquema envolveria pagamento de propinas a autoridades
políticas, embora nenhum nome tenha sido formalmente acusado até o momento.
Viagem
autorizada e registrada - A viagem de Sandra Casimiro
foi autorizada oficialmente pelo governo do Amapá e registrada no Diário
Oficial com data retroativa de 22 de março de 2024. O documento menciona que a
viagem ocorreu a convite do senador Alcolumbre, cotado para assumir a
presidência do Senado em 2025: “homologar o deslocamento de Sandra Maria
Martins Cardoso Casimiro, secretária de Estado da Educação, da sede de suas
atribuições, Macapá-AP, até a cidade de Brasília-DF, a fim de participar de
reunião, em atendimento ao convite do senador Davi Alcolumbre, no dia 20 de
março de 2024”.
As mensagens interceptadas
pela PF revelam um possível alinhamento prévio para a reunião. Em 14 de março,
seis dias antes do encontro, Marcos Moura enviou uma mensagem para Alex
Parente, também preso na operação Overclean, afirmando: “a agenda com a sec. de
Educação será quarta 18h".
Investigadores interpretaram
o conteúdo como uma tentativa de agendar uma reunião para consolidar interesses
comerciais envolvendo contratos públicos. Três dias antes, Alex Parente já
orientava seu irmão e sócio, Pedro Parente, sobre entregas de projetos para
Moura: “Amapá está pronto.”
Suspeitas
de direcionamento de contratos - O relatório da
PF aponta indícios de que documentos preparatórios para contratos públicos do
governo do Amapá foram elaborados por empresários investigados, sugerindo
fraudes licitatórias. Segundo o documento, “permitir que uma entidade privada
prepare documentos-chave de um processo licitatório enseja no direcionamento do
contrato, mediante fraude no procedimento de contratação, com posterior desvio
de recursos públicos em benefício próprio ou de terceiros".
A prática comprometeria a
integridade das contratações públicas e subverteria o uso dos recursos destinados
ao interesse coletivo.
Procurada pela CNN, a
assessoria do governo do Amapá confirmou a viagem de Sandra Casimiro para uma
agenda institucional com Alcolumbre: “a Secretaria de Comunicação do Estado do
Amapá informa que a secretária de Educação, Sandra Casimiro, conforme Decreto
n° 2377 de 22 de março de 2024, cumpriu agenda institucional em Brasília, com o
coordenador da Bancada Federal, senador Davi Alcolumbre".
A assessoria do senador, por
sua vez, não se manifestou. Em declarações anteriores, Alcolumbre afirmou que
sua agenda inclui receber demandas de estados e municípios, como parte de sua
atuação parlamentar.
As investigações continuam
sob sigilo, enquanto a PF apura se houve conluio entre agentes públicos e
empresários para desviar recursos destinados a contratos governamentais no
estado do Amapá.
¨ Planilha do
"Rei do Lixo" aponta fraude de R$ 824,5 milhões em licitações de 12
estados
Investigação da Polícia
Federal (PF) segue desvendando detalhes de um esquema de fraudes em licitações
envolvendo recursos públicos destinados por emendas parlamentares. Segundo Caio
Junqueira, da CNN Brasil, uma planilha
apreendida com o empresário Marcos Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”,
aponta o envolvimento de 12 estados e indica valores desviados que ultrapassam
R$ 824,5 milhões.
São Paulo lidera a lista com
R$ 245 milhões, seguido pelo Rio de Janeiro, com R$ 89,6 milhões. As
prefeituras das capitais desses estados também figuram entre as maiores
beneficiárias do esquema, com R$ 71,1 milhões destinados à cidade de São Paulo
e R$ 49,3 milhões ao município do Rio de Janeiro.
Outros estados citados na
planilha são Maranhão (R$ 39,3 milhões), Pernambuco (R$ 36 milhões), Goiás (R$
35,2 milhões), Pará (R$ 34 milhões), Mato Grosso (R$ 26,1 milhões), Piauí (R$
25,6 milhões), Paraíba (R$ 25,4 milhões), Amazonas (R$ 18,8 milhões), Tocantins
(R$ 9,5 milhões) e Amapá (R$ 6,9 milhões). Cidades como Niterói, Caxias, Campos
e São João de Meriti (RJ), além de Bragança Paulista, Guarujá, Piracicaba e São
Carlos (SP), também são mencionadas.
A
estrutura do esquema - A planilha está organizada
em cinco seções principais: Estado/Cidades, “Responsáveis”, Planilha/Valor,
Projeto e Adesão/Ata. De acordo com os investigadores, os contratos
fraudulentos parecem estar ligados ao partido União Brasil, no qual Marcos
Moura ocupa um cargo no diretório nacional, indicado pelo ex-prefeito de
Salvador ACM Neto.
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Relação direta com o empresário
O nome “MM”, supostamente
uma referência a Marcos Moura, aparece vinculado diretamente a contratos em
estados como Amazonas, Rio de Janeiro e Goiás. Segundo o relatório da PF, uma
análise preliminar revelou a citação a 'MM', identificando-se como referência a
Marcos Moura, também mencionado como 'Amigo M' em outras ocasiões.
Somente os contratos
associados ao empresário somam mais de R$ 200 milhões. A PF acredita que a
documentação reforça evidências já apresentadas ao Judiciário e expande o
alcance das investigações.
¨ "Rei
do Lixo" operava em 17 estados e mantinha planilhas com nomes e contratos
suspeitos
Uma investigação conduzida
pela Polícia Federal (PF) expôs um esquema de fraudes milionárias envolvendo o
empresário José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do Lixo” na Bahia. Preso
na Operação Overclean no último dia 10, Moura mantinha uma rede de contratos
fraudulentos de coleta de lixo e obras públicas que se estendia por 17 estados
brasileiros, com forte influência de políticos do União Brasil, informa Malu
Gaspar, do jornal O Globo.
A apreensão de R$ 1,5 milhão
em espécie e 50 páginas de planilhas detalhando contratos, valores e nomes de
gestores públicos em diversos municípios reforçou as suspeitas de desvio de
verbas públicas. A PF estima que o grupo tenha movimentado R$ 1,4 bilhão nos
últimos quatro anos, sendo R$ 800 milhões apenas em 2024. Estados como Bahia,
Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro estão entre os principais alvos
das investigações.
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Conexão política e influência no União Brasil
José Marcos de Moura ocupa
um posto relevante na executiva nacional do União Brasil e é apontado como
próximo ao ex-prefeito de Salvador ACM Neto e ao presidente do partido, Antônio
Rueda. Documentos revelaram que Moura compartilha a propriedade de um avião com
a irmã de ACM Neto, Renata de Magalhães Correia, e com o ex-prefeito João
Gualberto, consolidando sua presença nos círculos mais influentes do carlismo
baiano.
As investigações apontam que
Moura se beneficiava de contratos milionários com prefeituras governadas por
aliados políticos. Sua empresa, a MM Limpeza Urbana, mantém contratos que somam
mais de R$ 1,3 bilhão apenas com a prefeitura de Salvador, sendo responsável
por serviços de coleta de lixo, dedetização e obras públicas.
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Esquema de fraudes e lavagem de dinheiro
De acordo com a PF, as
empresas de Moura faziam parte de um esquema que fraudava licitações e lavava
dinheiro através de contratos superfaturados. Licitações envolvendo emendas
parlamentares destinadas ao Departamento Nacional de Obras contra a Seca
(DNOCS) também estão sob análise.
Uma das fraudes mais
emblemáticas ocorreu em Juazeiro (BA), onde mensagens obtidas pelos
investigadores mostram Ana Paula Magalhães, chefe de gabinete do senador Davi
Alcolumbre (União Brasil-AP), articulando a liberação de uma emenda de R$ 14
milhões para uma obra destinada à Allpha Pavimentações, ligada ao esquema.
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Prisões e bloqueio de bens
Além de Moura, outras 15
pessoas foram presas preventivamente. A Justiça ordenou o bloqueio de R$ 162
milhões em bens ligados aos investigados. Os investigadores também monitoraram
a tentativa de ocultação de provas antes das prisões. Moura teria fretado uma
aeronave para transportar documentos e dinheiro a Brasília, o que precipitou a
operação da PF.
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Impacto político e desdobramentos
A operação abalou o cenário
político baiano. Embora os contratos da empresa de Moura com a prefeitura de
Salvador não sejam diretamente investigados, sua proximidade com figuras de
destaque do União Brasil, como ACM Neto, gerou constrangimento ao partido.
Correligionários temem que novas fases da operação tragam à tona mais nomes e contratos
suspeitos.
Fontes ligadas à
investigação acreditam que a extensão do esquema pode ser ainda maior,
considerando os contratos assinados desde 2018, quando o consórcio liderado
pela empresa de Moura assumiu serviços estratégicos em Salvador.
¨ Possíveis delações
do caso “Rei do Lixo” aterrorizam Brasília
As notícias sobre
propostas de delação premiada da Polícia Federal ao empresário Marcos Moura,
conhecido como “Rei do Lixo” da Bahia, e a
outros presos na Operação Overclean têm
aterrorizado alguns gabinetes em Brasília.
A coluna apurou que
Marcos Moura prestou depoimento à PF na segunda-feira (16/12), em Salvador, no
âmbito da Operação
Overclean,
que investiga suposto esquema de desvio de recursos públicos e fraudes em
licitações.
Durante o
depoimento, o delegado da Polícia Federal responsável pela
oitiva chegou a ofertar a possibilidade de colaboração para o empresário. O
“Rei do Lixo”, no entanto, recusou a oferta inicialmente, segundo aliados.
O empresário foi
preso em 10 de dezembro e, desde então, está no Centro de Observação Penal da
Penitenciária Lemos Brito. Fontes da PF não descartam, porém, que Marcos Moura
venha a mudar de ideia sobre delação premiada.
A avaliação entre
os investigadores é de que uma eventual colaboração do “Rei do Lixo” e de
outros envolvidos na Operação Overclean teria potencial de tornar a
investigação uma espécie de “nova Lava Jato”, atingindo políticos graúdos.
<><> Defesas
refutam colaboração nesse momento
Além de Marcos
Moura, a PF fez proposta de colaboração ao vereador eleito Francisco Nascimento
(União-BA), que também está preso. Francisquinho, como é conhecido, é primo do
líder do União Brasil na Câmara, deputado Elmar Nascimento (BA).
A oferta foi feita
ao vereador eleito durante depoimento na segunda-feira (16/12). Francisquinho,
contudo, também recusou a proposta e se manteve em silêncio durante toda a
oitiva, conforme a coluna noticiou mais cedo.
Advogados do
vereador eleito e do Rei
do Lixo refutam qualquer possibilidade de delação nesse
momento. Eles avaliam que a investigação precisa ser completamente conhecida e
que o caso ainda é recente para acordos de colaboração.
<><> Prefeitura
de Salvador em “pânico”
A
prisão de Marcos Moura também provocou pânico na Prefeitura de Salvador, comandada
atualmente por Bruno Reis (União Brasil). Membros do alto escalão da gestão
Reis se dizem apreensivos e temem que a investigação chegue ao prefeito.
Marcos Moura é dono
da MM Consultoria Construções e Serviços, empresa investigada na operação e que
possui contratos bilionários com a gestão da capital baiana e com prefeituras
administradas pelo União Brasil.
O empresário também
tem relação com outros caciques do partido, ao qual ele próprio é filiado.
Entre eles, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto e o senador Davi Alcolumbre
(AP), provável próximo presidente do Senado.
Fonte: Brasil
247/Metrópoles
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