Paracetamol
pode trazer riscos para pessoas acima dos 65 anos, diz estudo
Tomar doses
repetidas de paracetamol pode aumentar o risco de complicações
gastrointestinais, cardiovasculares e renais em pessoas com 65 anos ou mais. A
informação é de um novo estudo liderado por especialistas da Universidade de
Nottingham, na Inglaterra, e publicado na revista científica Arthritis Care and
Research no final de novembro.
O trabalho sugere que é
necessário cautela no uso de doses repetidas do medicamento para tratar
condições que envolvem dor crônica, como a osteoartrite, em idosos.
“Devido à sua segurança percebida, o
paracetamol tem sido recomendado há muito tempo como o tratamento medicamentoso
de primeira linha para osteoartrite por muitas diretrizes de tratamento,
especialmente em pessoas mais velhas que apresentam maior risco de complicações
relacionadas a medicamentos”, afirma Weiya Zhang, do Centro de Pesquisa
Biomédica do NIHR, na Faculdade de Medicina da Universidade de Nottingham,
líder do estudo, em comunicado.
Para chegar às
conclusões, o estudo analisou dados de pacientes com 65 anos ou mais, que
estavam registrados no Clinical Practice Research Datalink-Gold, e que passaram
por atendimento clínico por pelo menos um ano entre 1998 e 2018.
Os pesquisadores
analisaram os registros de 180.483 pacientes que receberam prescrição de paracetamol repetidamente
(duas ou mais prescrições em seis meses) durante o estudo. Os dados de saúde
foram, então, comparados aos de 402.478 pessoas da mesma idade que nunca
receberam prescrição de paracetamol repetidamente.
Segundo o estudo, o
uso prolongado de paracetamol foi associado a um risco aumentado de úlceras
peptídicas, insuficiência
cardíaca, hipertensão e doença
renal crônica.
Apesar disso, vale
ressaltar que o uso de paracetamol em tratamento para qualquer condição ou dor
crônica deve ser analisado por um médico especialista e de confiança, e que os
resultados do estudo são preliminares — ou seja, mais pesquisas são necessárias
para confirmar os achados.
“Embora mais
pesquisas sejam necessárias para confirmar nossas descobertas, dado seu efeito
mínimo de alívio da dor, o uso de paracetamol como analgésico de primeira linha
para condições de longo prazo, como osteoartrite em idosos, precisa ser
cuidadosamente considerado”, afirma Zhang.
¨ Mais de 50% dos brasileiros vão ao médico apenas quando
têm problemas graves
Uma pesquisa
mostrou que mais de 50% dos entrevistados buscam atendimento médico somente
quando apresentam algum incômodo ou problema grave de saúde. O levantamento foi
realizado pelo Grupo Bradesco Seguros, em parceria com o Instituto de Pesquisa
Locomotiva, e tem como foco avaliar aspectos relacionados
à longevidade dos brasileiros.
De acordo com a
pesquisa, os cuidados preventivos com a saúde são ainda piores entre os
homens: 60% dos respondentes só buscam atendimento médico quando
apresentam sintomas ou quadros de saúde graves. Apenas 43% dos entrevistados
realizam consultas
periódicas e preventivas.
No entanto, somente
40% estão satisfeitos com o seu acesso à saúde, um dado que chega a 60% entre
os mais ricos, demonstrando uma falta de satisfação geral do público em relação
ao atendimento médico.
Os dados foram
obtidos através de uma metodologia chamada Indicador de Longevidade
Pessoal (ILP), lançada pelo grupo também na segunda-feira, que analisa
diferentes aspectos da saúde física e mental, além de interações sociais, que
contribuem para a longevidade.
Para o
levantamento, 1.058 pessoas testaram o ILP, através de um questionário on-line
realizado entre os dias 6 e 13 de março de 2024. Os respondentes eram maiores
de 18 anos e eram pessoas de diferentes gêneros, idades, regiões e rendas.
Em uma escala de 0
a 100, que avalia parâmetros desde saúde física e mental a interações sociais e
educação financeira, a média da população brasileira no ILP foi de 64 pontos.
80% das pessoas se
interessam por longevidade, mas apenas 38% sabem exatamente seu significado
Apesar de apenas
46% avaliarem o tema como uma prioridade pessoal, 8 em cada 10 pessoas têm
interesse em adquirir mais conhecimento sobre longevidade. Porém, apenas 38%
declaram saber exatamente seu significado. Segundo o levantamento, os mais
velhos (acima de 50 anos) são os que adquiriram pontuação mais alta no ILP
relacionada às atitudes que contribuem para a longevidade.
“Sabemos que ainda
existe um grande caminho para o brasileiro seguir quando o assunto é
longevidade e planejamento de vida, por isso o ILP se torna ainda mais
relevante, ao proporcionar uma visão holística de qualidade de vida e sua
manutenção com o passar da idade”, afirma Regina Macedo, superintendente de
Comunicação do Grupo Bradesco Seguros.
O levantamento
também mostrou que o brasileiro, em geral, tem uma perspectiva positiva sobre
os cuidados com a saúde física. Porém, apesar de reconhecer que ações e hábitos
contribuem para a longevidade, a maioria não se preocupa com fatores como, por
exemplo, a alimentação.
De acordo com o
estudo, 75% dos brasileiros dizem comer ao menos 1 porção de doces ou
industrializados diariamente. Além disso, menos de 1/3 come três ou mais
porções de frutas, legumes ou verduras por dia. A porcentagem é ainda menor
entre os mais jovens (18 a 19 anos): 9%.
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Jovens têm os piores índices de longevidade, segundo o estudo
Segundo o estudo, a
sociedade ainda não atribui aos idosos conceitos como vida social ativa, com
80% dos respondentes associando-os a conceitos conservadores. Por outro lado,
71% declararam que as pessoas mais velhas são fontes de inspiração e 89%
concordam que elas têm muito a ensinar aos mais jovens.
Segundo o
levantamento, 52% dos mais jovens também só buscam atendimento médico ao
apresentarem algum sintoma incômodo. Além disso, esse público apresentou os
piores resultados no subindicador de saúde mental, ao lado das mulheres e dos
mais pobres. Para somar, 19% deles não estão satisfeitos com suas interações
sociais, aspecto
fundamental para a longevidade.
“Hoje,
infelizmente, os jovens estão passando por um período que acredito não ter
precedência na história. Isso inclui muito estímulo, exposição, apelo
midiático, pressão por performance que, nem sempre, é construtiva. Esse
ambiente altamente competitivo faz com que eles se sintam perdidos”, afirma
Alexandre Kalache, médico-gerontólogo e presidente do Centro Internacional da
Longevidade (ILC-Brazil), à CNN.
“Os jovens de agora
não sabem qual será o seu curso de vida. Eles só sabem que precisam aprender
sem parar, que seu emprego pode mudar a qualquer momento, e que a reserva
financeira com a conclusão da sua vida laboral é incerta”, acrescenta.
Brasil não está
preparado para o envelhecimento da população, diz especialista
A expectativa de
vida vem crescendo a cada ano no Brasil. Segundo estimativa do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a esperança de vida do brasileiro
ao nascer passou a ser de 76,4 anos em 2023. Para 2070, a expectativa é de que
37,8% dos habitantes do país sejam idosos, ou seja, mais do que o dobro
atualmente.
Apesar das
estatísticas, o Brasil não está preparado para o envelhecimento, do ponto de
vista de Kalache. “As ações sociais e as políticas públicas ainda precisam de
ajustes urgentes. Apesar de termos um estatuto do idoso exemplar, com mais de
20 anos, ele é pouco posto em prática e, talvez, isso explique o preconceito
contra a idade na nossa sociedade”, afirma.
“As lideranças
envelhecidas que temos nunca se enxergam como velhos, com o velho sendo sempre
o outro. Além disso, não temos um ecossistema que facilite que o jovem e o
idoso possam conviver de maneira mais próxima”, acrescenta. “Enquanto esse cenário
não mudar, pouco se falará sobre o envelhecimento, como se isso não fosse um
tema transversal, com repercussões não só na saúde, bem-estar social ou
previdência, mas para tudo.”
Fonte: CNN Brasil
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