quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Paracetamol pode trazer riscos para pessoas acima dos 65 anos, diz estudo

Tomar doses repetidas de paracetamol pode aumentar o risco de complicações gastrointestinais, cardiovasculares e renais em pessoas com 65 anos ou mais. A informação é de um novo estudo liderado por especialistas da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, e publicado na revista científica Arthritis Care and Research no final de novembro.

trabalho sugere que é necessário cautela no uso de doses repetidas do medicamento para tratar condições que envolvem dor crônica, como a osteoartrite, em idosos.

 “Devido à sua segurança percebida, o paracetamol tem sido recomendado há muito tempo como o tratamento medicamentoso de primeira linha para osteoartrite por muitas diretrizes de tratamento, especialmente em pessoas mais velhas que apresentam maior risco de complicações relacionadas a medicamentos”, afirma Weiya Zhang, do Centro de Pesquisa Biomédica do NIHR, na Faculdade de Medicina da Universidade de Nottingham, líder do estudo, em comunicado.

Para chegar às conclusões, o estudo analisou dados de pacientes com 65 anos ou mais, que estavam registrados no Clinical Practice Research Datalink-Gold, e que passaram por atendimento clínico por pelo menos um ano entre 1998 e 2018.

Os pesquisadores analisaram os registros de 180.483 pacientes que receberam prescrição de paracetamol repetidamente (duas ou mais prescrições em seis meses) durante o estudo. Os dados de saúde foram, então, comparados aos de 402.478 pessoas da mesma idade que nunca receberam prescrição de paracetamol repetidamente.

Segundo o estudo, o uso prolongado de paracetamol foi associado a um risco aumentado de úlceras peptídicas, insuficiência cardíacahipertensão e doença renal crônica.

Apesar disso, vale ressaltar que o uso de paracetamol em tratamento para qualquer condição ou dor crônica deve ser analisado por um médico especialista e de confiança, e que os resultados do estudo são preliminares — ou seja, mais pesquisas são necessárias para confirmar os achados.

“Embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar nossas descobertas, dado seu efeito mínimo de alívio da dor, o uso de paracetamol como analgésico de primeira linha para condições de longo prazo, como osteoartrite em idosos, precisa ser cuidadosamente considerado”, afirma Zhang.

 

¨      Mais de 50% dos brasileiros vão ao médico apenas quando têm problemas graves

Uma pesquisa mostrou que mais de 50% dos entrevistados buscam atendimento médico somente quando apresentam algum incômodo ou problema grave de saúde. O levantamento foi realizado pelo Grupo Bradesco Seguros, em parceria com o Instituto de Pesquisa Locomotiva, e tem como foco avaliar aspectos relacionados à longevidade dos brasileiros.

De acordo com a pesquisa, os cuidados preventivos com a saúde são ainda piores entre os homens: 60% dos respondentes só buscam atendimento médico quando apresentam sintomas ou quadros de saúde graves. Apenas 43% dos entrevistados realizam consultas periódicas e preventivas.

No entanto, somente 40% estão satisfeitos com o seu acesso à saúde, um dado que chega a 60% entre os mais ricos, demonstrando uma falta de satisfação geral do público em relação ao atendimento médico.

Os dados foram obtidos através de uma metodologia chamada Indicador de Longevidade Pessoal (ILP), lançada pelo grupo também na segunda-feira, que analisa diferentes aspectos da saúde física e mental, além de interações sociais, que contribuem para a longevidade.

Para o levantamento, 1.058 pessoas testaram o ILP, através de um questionário on-line realizado entre os dias 6 e 13 de março de 2024. Os respondentes eram maiores de 18 anos e eram pessoas de diferentes gêneros, idades, regiões e rendas.

Em uma escala de 0 a 100, que avalia parâmetros desde saúde física e mental a interações sociais e educação financeira, a média da população brasileira no ILP foi de 64 pontos.

80% das pessoas se interessam por longevidade, mas apenas 38% sabem exatamente seu significado

Apesar de apenas 46% avaliarem o tema como uma prioridade pessoal, 8 em cada 10 pessoas têm interesse em adquirir mais conhecimento sobre longevidade. Porém, apenas 38% declaram saber exatamente seu significado. Segundo o levantamento, os mais velhos (acima de 50 anos) são os que adquiriram pontuação mais alta no ILP relacionada às atitudes que contribuem para a longevidade.

“Sabemos que ainda existe um grande caminho para o brasileiro seguir quando o assunto é longevidade e planejamento de vida, por isso o ILP se torna ainda mais relevante, ao proporcionar uma visão holística de qualidade de vida e sua manutenção com o passar da idade”, afirma Regina Macedo, superintendente de Comunicação do Grupo Bradesco Seguros.

O levantamento também mostrou que o brasileiro, em geral, tem uma perspectiva positiva sobre os cuidados com a saúde física. Porém, apesar de reconhecer que ações e hábitos contribuem para a longevidade, a maioria não se preocupa com fatores como, por exemplo, a alimentação.

De acordo com o estudo, 75% dos brasileiros dizem comer ao menos 1 porção de doces ou industrializados diariamente. Além disso, menos de 1/3 come três ou mais porções de frutas, legumes ou verduras por dia. A porcentagem é ainda menor entre os mais jovens (18 a 19 anos): 9%.

<><> Jovens têm os piores índices de longevidade, segundo o estudo

Segundo o estudo, a sociedade ainda não atribui aos idosos conceitos como vida social ativa, com 80% dos respondentes associando-os a conceitos conservadores. Por outro lado, 71% declararam que as pessoas mais velhas são fontes de inspiração e 89% concordam que elas têm muito a ensinar aos mais jovens.

Segundo o levantamento, 52% dos mais jovens também só buscam atendimento médico ao apresentarem algum sintoma incômodo. Além disso, esse público apresentou os piores resultados no subindicador de saúde mental, ao lado das mulheres e dos mais pobres. Para somar, 19% deles não estão satisfeitos com suas interações sociais, aspecto fundamental para a longevidade.

“Hoje, infelizmente, os jovens estão passando por um período que acredito não ter precedência na história. Isso inclui muito estímulo, exposição, apelo midiático, pressão por performance que, nem sempre, é construtiva. Esse ambiente altamente competitivo faz com que eles se sintam perdidos”, afirma Alexandre Kalache, médico-gerontólogo e presidente do Centro Internacional da Longevidade (ILC-Brazil), à CNN.

“Os jovens de agora não sabem qual será o seu curso de vida. Eles só sabem que precisam aprender sem parar, que seu emprego pode mudar a qualquer momento, e que a reserva financeira com a conclusão da sua vida laboral é incerta”, acrescenta.

Brasil não está preparado para o envelhecimento da população, diz especialista

A expectativa de vida vem crescendo a cada ano no Brasil. Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a esperança de vida do brasileiro ao nascer passou a ser de 76,4 anos em 2023. Para 2070, a expectativa é de que 37,8% dos habitantes do país sejam idosos, ou seja, mais do que o dobro atualmente.

Apesar das estatísticas, o Brasil não está preparado para o envelhecimento, do ponto de vista de Kalache. “As ações sociais e as políticas públicas ainda precisam de ajustes urgentes. Apesar de termos um estatuto do idoso exemplar, com mais de 20 anos, ele é pouco posto em prática e, talvez, isso explique o preconceito contra a idade na nossa sociedade”, afirma.

“As lideranças envelhecidas que temos nunca se enxergam como velhos, com o velho sendo sempre o outro. Além disso, não temos um ecossistema que facilite que o jovem e o idoso possam conviver de maneira mais próxima”, acrescenta. “Enquanto esse cenário não mudar, pouco se falará sobre o envelhecimento, como se isso não fosse um tema transversal, com repercussões não só na saúde, bem-estar social ou previdência, mas para tudo.”

 

Fonte: CNN Brasil

 

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