Luís Felipe Miguel:
Financiadores do assassinato político
O agronegócio brasileiro é mesmo um grande sucesso – de marketing. Criou
o slogan “o agro é pop” e fez todo mundo acreditar que ele é o motor da
economia brasileira. Na verdade, ele corresponde a apenas 7% do PIB brasileiro
e infla sua participação colocando na conta todos os insumos que usa,
equipamentos etc.
O retorno para o país em termos de impostos é irrisório, já que seu mercado
principal está no exterior e suas exportações são isentas de tributação. São os
pequenos proprietários, da agricultura familiar, que produzem 70% do alimento
que nós comemos.
Entre a mecanização, por um lado, e a superexploração da mão-de-obra,
incluindo condições análogas à escravidão, por outro, gera bem poucos empregos
decentes.
Na mídia, é de rigueur dizer que o agronegócio
brasileiro é um grande parceiro da conservação ambiental, não importa que todas
as evidências mostrem o contrário.
Na verdade, o sucesso do agro brasileiro começa com o estranho
desaparecimento da palavra “latifúndio” do nosso vocabulário. Parece que o
latifúndio acabou. Mas o fato é que 15.686 propriedades rurais, 0,3% do total,
somam 25% das terras do país.
O dinheiro que economiza nos impostos o agro gasta financiando campanhas
e comprando políticos. Sua bancada no Congresso é imbatível. A “Frente
Parlamentar da Agropecuária”, isto é, a bancada ruralista, conta com quase dois
terços dos deputados federais e mais de 60% dos senadores.
Como um pingo de gente na população pode ter tanta força parlamentar? A
resposta é simples. Vou dar uma dica pra vocês: começa com “di” e termina com
“nheiro”.
Daí a isenção tributária para a carne foi aprovada por 477 votos a favor
e apenas três contra, apesar do óbvio impacto ambiental da medida. Daí o Brasil
é campeão mundial de veneno na comida. Tem até um bizarro projeto que retira da
Anvisa e passa para o Congresso a atribuição de liberar o uso de classes de
agrotóxicos.
Enquanto isso, a Contag, que representa 15 milhões de trabalhadores
rurais (pequenos proprietários e assalariados agrícolas), comemorou que em 2022
conseguiu eleger cinco deputados federais e um senador, com outros 11
parlamentares considerados aliados…
Essa disparidade na representação é uma das (muitas) evidências de que o
capitalismo mutila a democracia.
Pois o “pessoal do agro” não está satisfeito, mesmo com todo o poder que
tem. Eles querem resistência zero. Um governo que fala em direito do
trabalhador ou que combate trabalho escravo já é ruim demais.
Bom é ditadura. Por isso, segundo consta, foi o “pessoal do agro” que
mandou grana para o general Braga Netto pôr na rua o plano de matar Lula,
Alckmin e Moraes.
A gente quer saber o nome desses financiadores do assassinato político.
E o que vai acontecer com eles.
Prisão e expropriação de suas empresas é o mínimo.
¨ PGR prepara
fatiamento de denúncias e Bolsonaro deve ser julgado em 2025
A Procuradoria-Geral da
República (PGR) prepara uma estratégia de fatiamento das denúncias contra os 40
indiciados no inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado, envolvendo
figuras como Jair Bolsonaro (PL), os ex-ministros e generais Walter Braga Netto
e Augusto Heleno, e outros 37 envolvidos.
O objetivo, segundo a coluna
da jornalista Vera Rosa, do jornal O Estado de S. Paulo, é dividir as
acusações com base nos diferentes "núcleos" da organização criminosa,
facilitando a instrução do processo e agilizando o julgamento. Embora a
estratégia do Ministério Público Federal não utilize os nomes atribuídos pela
Polícia Federal (PF), ela visa acelerar o trâmite do caso.
A acusação, que envolve
planos para assassinar o presidente Lula (PT), o vice-presidente, Geraldo
Alckmin (PSB), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de
Moraes, está prevista para ser apresentada ao Supremo até março de 2025. Caso o
cronograma seja cumprido, a possível condenação de Bolsonaro deve ocorrer ainda
em 2025, antes das eleições de 2026.
No relatório final das
investigações, a Polícia Federal identificou seis núcleos de atuação ligados ao
golpe: Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral; Incitação de Militares ao
Golpe; Jurídico; Operacional de Apoio às Ações Golpistas; Inteligência
Paralela; e Operações Coercitivas. Alguns dos militares indiciados, como o
tenente-coronel Mauro Cid, estão ligados a múltiplos núcleos e já colaboraram com
a Justiça, sendo considerados peças-chave para o esclarecimento dos fatos.
A reportagem destaca que
embora haja especulações em Brasília sobre a prisão iminente de Bolsonaro,
ministros do STF não consideram necessário decretar sua prisão neste momento. Eles
afirmam que tal medida só seria adotada caso Bolsonaro tentasse obstruir as
investigações, como fez o ex-ministro Braga Netto, atualmente preso.
O ministro da Defesa, José
Múcio Monteiro, após uma reunião com Lula nesta terça-feira (17), também admitiu
que a situação envolvendo militares tem gerado constrangimento, reforçando a
necessidade de julgamento rápido e justo para os envolvidos. O julgamento será
conduzido pela Primeira Turma do STF, conhecida como a “câmara de gás”, com o
ministro Alexandre de Moraes como relator. "Nós desejamos que todos esses
que estão envolvidos respondam à Justiça", afirmou Múcio.
¨ Sem férias
de Gonet e Moraes, cresce expectativa pela denúncia de envolvidos em trama
golpista
Durante o período de recesso
do Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Paulo
Gonet, decidiu que continuará trabalhando normalmente, em janeiro, sem seguir
as férias coletivas tradicionais da Corte. A decisão, segundo a coluna da
jornalista Andréia Sadi, do g1, é estratégica para garantir que o
inquérito que indiciou Jair Bolsonaro (PL) por envolvimento em uma tentativa de
golpe de Estado receba a devida atenção, especialmente considerando o caráter
prioritário do caso na Procuradoria-Geral da República (PGR).
A expectativa é de que
Gonet, junto à sua equipe, tome providências, incluindo a possível apresentação
de uma denúncia contra Bolsonaro e outros 39 indiciados, ainda em janeiro. De
acordo com um auxiliar do procurador-geral ouvido pela reportagem, essa
possibilidade ganhou força após a prisão do general Walter Braga Netto no
último sábado (14), o que acelerou o ritmo do processo. A legislação prevê que
casos com investigados presos sejam tratados com maior urgência.
O relator do caso no STF, o
ministro Alexandre de Moraes, também decidiu manter seu trabalho durante o
recesso, seguindo a prática iniciada em 2019, quando passou a enviar um ofício
à presidência do tribunal informando sua disposição para trabalhar no período
de férias. Isso garante que, caso a PGR faça alguma manifestação no processo,
Moraes, como responsável pela investigação, estará disponível para analisá-la.
O recesso no Supremo terá
início no dia 20 de dezembro e se estenderá até 6 de janeiro, seguido das
férias coletivas até o fim do mês. As atividades normais da Corte serão
retomadas apenas em fevereiro, com a abertura do Ano Judiciário. A expectativa
de muitos ministros é que o julgamento do processo sobre a tentativa de golpe
ocorra em 2025.
Uma vez que a PGR apresente
sua acusação, haverá prazo para as defesas se manifestarem, antes de a Primeira
Turma do STF, composta por Moraes, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Luiz Fux e
Flávio Dino, decidir sobre o recebimento da denúncia. Apenas após essa fase os
indiciados se tornarão réus e passarão a responder a uma ação penal.
¨ Maioria dos
brasileiros acredita que Bolsonaro tentou dar golpe em Lula, diz Datafolha
Pesquisa Datafolha,
divulgada nesta quarta-feira (18) pela Folha de S. Paulo, revela que 52% dos
brasileiros acreditam que Jair Bolsonaro(PL) tentou dar um golpe de Estado para
se manter no poder após sua derrota no segundo turno da eleição presidencial de
2022 para o presidente Lula (PT).
O levantamento, que ouviu
2.002 eleitores entre os dias 12 e 13 de dezembro e possui margem de erro de dois
pontos percentuais para mais ou menos, mostrou uma divisão clara entre os
segmentos sociais, com a maior parte dos que pensam assim sendo os menos
instruídos (59%), os mais pobres (60%) e nordestinos (64%). Por outro lado,
entre os mais ricos (49%), os moradores do Sul (50%) e os evangélicos (52%), o
ex-mandatário é mais isentado da hipótese de tentativa de golpe.
O resultado está alinhado
com a pesquisa realizada anteriormente, em março de 2024, quando 55% dos
entrevistados também acreditavam na possibilidade de um golpe, embora o número
tenha diminuído ligeiramente agora, enquanto aqueles que discordam permaneceram
na casa dos 39%.
O ex-mandatário, que se
encontra inelegível até 2030 por conta de sua campanha contra as urnas
eletrônicas, foi indiciado no inquérito que apura uma suposta trama golpista
para permanecer no poder após a derrota no pleito presidencial de 2022 .
Bolsonaro nega envolvimento, alegando ser vítima de uma perseguição política e
afirmando que as conversas para manter seu governo eram apenas discussões sem
maiores consequências. No entanto, a Polícia Federal discorda e há uma
expectativa crescente de que o Ministério Público o denuncie, possivelmente
levando a um julgamento em 2025.
Além disso, o cerco em torno
de Bolsonaro se intensificou com a prisão de seu ex-candidato a vice, o general
da reserva Walter Braga Netto, por envolvimento no caso. A percepção pública
sobre os riscos de um golpe também foi questionada e, nesta linha, 68% dos
entrevistados afirmaram que houve risco de golpe nos meses finais de 2022,
sendo 43% dos participantes a consideraram um grande perigo.
A pesquisa também questionou
a reação da população frente às investigações sobre um plano de assassinato
envolvendo Lula, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes,
responsável pelo inquérito que apura a intentona golpista. Embora 63% dos
entrevistados afirmem estar a par do caso, a opinião sobre a participação de
Bolsonaro na trama mostrou uma polarização ainda mais acentuada. Entre os que
estavam informados sobre o caso, 50% acreditam que Bolsonaro estava envolvido,
enquanto 40% pensam o contrário. Já entre aqueles que não tinham conhecimento
do caso, a maioria (54%) acredita na inocência de Bolsonaro.
¨ Datafolha:
eleitores de Lula confiam nas instituições, enquanto bolsonaristas acreditam em
empresas e Forças Armadas
Pesquisa realizada pelo
Datafolha e divulgada pela Folha de S. Paulo expôs um contraste
profundo nas bases de apoio do presidente Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
Eleitores do atual presidente têm mais confiança nas instituições públicas,
enquanto os apoiadores do ex-mandatário depositam sua fé em empresas privadas e
nas Forças Armadas. O levantamento entrevistou 2.002 pessoas em 113 municípios
brasileiros nos dias 12 e 13 deste mês, com margem de erro de dois pontos percentuais.
Entre os que votaram em
Lula, 87% afirmaram confiar na Presidência da República. O Ministério Público
(82%), a imprensa (81%), o Poder Judiciário (81%) e o Supremo Tribunal Federal
(79%) também são amplamente respeitados por este grupo.
Em sentido inverso, os
bolsonaristas mostram confiança quase exclusiva nas grandes empresas (81%) e
nos militares (77%). Outras instituições, como o Ministério Público (65%), a
imprensa (60%) e o Judiciário (59%), aparecem com índices mais modestos. Apenas
36% afirmaram confiar no STF, que frequentemente é alvo de ataques desse
eleitorado.
O Datafolha destacou que a
confiança nas Forças Armadas está em seu nível mais baixo desde 2017, mas ainda
permanece como a instituição mais respeitada entre os brasileiros, com 74% de
aprovação geral.
<><> Preocupações
e desempenho do governo
A pesquisa também revelou as
principais preocupações dos brasileiros. Tanto apoiadores de Lula quanto
bolsonaristas colocaram a saúde como o maior problema do país, sendo mencionada
espontaneamente por 24% dos eleitores de Lula e 19% dos apoiadores de
Bolsonaro. A violência ocupa o segundo lugar, com 13% e 12%, respectivamente.
Entretanto, os focos de
preocupação divergem a partir desse ponto. Eleitores de Lula priorizam
desemprego e fome, enquanto os de Bolsonaro enfatizam questões econômicas e
corrupção.
<><> Avaliação
do governo Lula
Um terço dos eleitores de
Lula acredita que ele fez menos pelo país do que o esperado. Entre os que
votaram em Bolsonaro, a insatisfação salta para 81%. Por outro lado, 37% dos
apoiadores do petista consideram que ele fez o que se esperava, e 28% acreditam
que ele superou as expectativas.
Quando questionados sobre a
gestão até agora, 66% dos eleitores de Lula avaliam o governo como bom ou
ótimo, enquanto 27% o consideram regular. Apenas 7% apontam a gestão como ruim
ou péssima.
Em contraste, 68% dos
eleitores de Bolsonaro avaliam o governo como ruim ou péssimo, 23% como regular
e apenas 8% como bom ou ótimo.
Fonte: A Terra é
Redonda/Brasil 247
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