quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Luís Felipe Miguel: Financiadores do assassinato político

O agronegócio brasileiro é mesmo um grande sucesso – de marketing. Criou o slogan “o agro é pop” e fez todo mundo acreditar que ele é o motor da economia brasileira. Na verdade, ele corresponde a apenas 7% do PIB brasileiro e infla sua participação colocando na conta todos os insumos que usa, equipamentos etc.

O retorno para o país em termos de impostos é irrisório, já que seu mercado principal está no exterior e suas exportações são isentas de tributação. São os pequenos proprietários, da agricultura familiar, que produzem 70% do alimento que nós comemos.

Entre a mecanização, por um lado, e a superexploração da mão-de-obra, incluindo condições análogas à escravidão, por outro, gera bem poucos empregos decentes.

Na mídia, é de rigueur dizer que o agronegócio brasileiro é um grande parceiro da conservação ambiental, não importa que todas as evidências mostrem o contrário.

Na verdade, o sucesso do agro brasileiro começa com o estranho desaparecimento da palavra “latifúndio” do nosso vocabulário. Parece que o latifúndio acabou. Mas o fato é que 15.686 propriedades rurais, 0,3% do total, somam 25% das terras do país.

O dinheiro que economiza nos impostos o agro gasta financiando campanhas e comprando políticos. Sua bancada no Congresso é imbatível. A “Frente Parlamentar da Agropecuária”, isto é, a bancada ruralista, conta com quase dois terços dos deputados federais e mais de 60% dos senadores.

Como um pingo de gente na população pode ter tanta força parlamentar? A resposta é simples. Vou dar uma dica pra vocês: começa com “di” e termina com “nheiro”.

Daí a isenção tributária para a carne foi aprovada por 477 votos a favor e apenas três contra, apesar do óbvio impacto ambiental da medida. Daí o Brasil é campeão mundial de veneno na comida. Tem até um bizarro projeto que retira da Anvisa e passa para o Congresso a atribuição de liberar o uso de classes de agrotóxicos.

Enquanto isso, a Contag, que representa 15 milhões de trabalhadores rurais (pequenos proprietários e assalariados agrícolas), comemorou que em 2022 conseguiu eleger cinco deputados federais e um senador, com outros 11 parlamentares considerados aliados…

Essa disparidade na representação é uma das (muitas) evidências de que o capitalismo mutila a democracia.

Pois o “pessoal do agro” não está satisfeito, mesmo com todo o poder que tem. Eles querem resistência zero. Um governo que fala em direito do trabalhador ou que combate trabalho escravo já é ruim demais.

Bom é ditadura. Por isso, segundo consta, foi o “pessoal do agro” que mandou grana para o general Braga Netto pôr na rua o plano de matar Lula, Alckmin e Moraes.

A gente quer saber o nome desses financiadores do assassinato político. E o que vai acontecer com eles.

Prisão e expropriação de suas empresas é o mínimo.

¨      PGR prepara fatiamento de denúncias e Bolsonaro deve ser julgado em 2025

A Procuradoria-Geral da República (PGR) prepara uma estratégia de fatiamento das denúncias contra os 40 indiciados no inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado, envolvendo figuras como Jair Bolsonaro (PL), os ex-ministros e generais Walter Braga Netto e Augusto Heleno, e outros 37 envolvidos.

O objetivo, segundo a coluna da jornalista Vera Rosa, do jornal O Estado de S. Paulo, é dividir as acusações com base nos diferentes "núcleos" da organização criminosa, facilitando a instrução do processo e agilizando o julgamento. Embora a estratégia do Ministério Público Federal não utilize os nomes atribuídos pela Polícia Federal (PF), ela visa acelerar o trâmite do caso.

A acusação, que envolve planos para assassinar o presidente Lula (PT), o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, está prevista para ser apresentada ao Supremo até março de 2025. Caso o cronograma seja cumprido, a possível condenação de Bolsonaro deve ocorrer ainda em 2025, antes das eleições de 2026.

No relatório final das investigações, a Polícia Federal identificou seis núcleos de atuação ligados ao golpe: Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral; Incitação de Militares ao Golpe; Jurídico; Operacional de Apoio às Ações Golpistas; Inteligência Paralela; e Operações Coercitivas. Alguns dos militares indiciados, como o tenente-coronel Mauro Cid, estão ligados a múltiplos núcleos e já colaboraram com a Justiça, sendo considerados peças-chave para o esclarecimento dos fatos.

A reportagem destaca que embora haja especulações em Brasília sobre a prisão iminente de Bolsonaro, ministros do STF não consideram necessário decretar sua prisão neste momento. Eles afirmam que tal medida só seria adotada caso Bolsonaro tentasse obstruir as investigações, como fez o ex-ministro Braga Netto, atualmente preso.

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, após uma reunião com Lula nesta terça-feira (17), também admitiu que a situação envolvendo militares tem gerado constrangimento, reforçando a necessidade de julgamento rápido e justo para os envolvidos. O julgamento será conduzido pela Primeira Turma do STF, conhecida como a “câmara de gás”, com o ministro Alexandre de Moraes como relator. "Nós desejamos que todos esses que estão envolvidos respondam à Justiça", afirmou Múcio.

¨      Sem férias de Gonet e Moraes, cresce expectativa pela denúncia de envolvidos em trama golpista

Durante o período de recesso do Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, decidiu que continuará trabalhando normalmente, em janeiro, sem seguir as férias coletivas tradicionais da Corte. A decisão, segundo a coluna da jornalista Andréia Sadi, do g1, é estratégica para garantir que o inquérito que indiciou Jair Bolsonaro (PL) por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado receba a devida atenção, especialmente considerando o caráter prioritário do caso na Procuradoria-Geral da República (PGR).

A expectativa é de que Gonet, junto à sua equipe, tome providências, incluindo a possível apresentação de uma denúncia contra Bolsonaro e outros 39 indiciados, ainda em janeiro. De acordo com um auxiliar do procurador-geral ouvido pela reportagem, essa possibilidade ganhou força após a prisão do general Walter Braga Netto no último sábado (14), o que acelerou o ritmo do processo. A legislação prevê que casos com investigados presos sejam tratados com maior urgência.

O relator do caso no STF, o ministro Alexandre de Moraes, também decidiu manter seu trabalho durante o recesso, seguindo a prática iniciada em 2019, quando passou a enviar um ofício à presidência do tribunal informando sua disposição para trabalhar no período de férias. Isso garante que, caso a PGR faça alguma manifestação no processo, Moraes, como responsável pela investigação, estará disponível para analisá-la.

O recesso no Supremo terá início no dia 20 de dezembro e se estenderá até 6 de janeiro, seguido das férias coletivas até o fim do mês. As atividades normais da Corte serão retomadas apenas em fevereiro, com a abertura do Ano Judiciário. A expectativa de muitos ministros é que o julgamento do processo sobre a tentativa de golpe ocorra em 2025. 

Uma vez que a PGR apresente sua acusação, haverá prazo para as defesas se manifestarem, antes de a Primeira Turma do STF, composta por Moraes, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino, decidir sobre o recebimento da denúncia. Apenas após essa fase os indiciados se tornarão réus e passarão a responder a uma ação penal.

¨      Maioria dos brasileiros acredita que Bolsonaro tentou dar golpe em Lula, diz Datafolha

Pesquisa Datafolha, divulgada nesta quarta-feira (18) pela Folha de S. Paulo, revela que 52% dos brasileiros acreditam que Jair Bolsonaro(PL) tentou dar um golpe de Estado para se manter no poder após sua derrota no segundo turno da eleição presidencial de 2022 para o presidente Lula (PT). 

O levantamento, que ouviu 2.002 eleitores entre os dias 12 e 13 de dezembro e possui margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos, mostrou uma divisão clara entre os segmentos sociais, com a maior parte dos que pensam assim sendo os menos instruídos (59%), os mais pobres (60%) e nordestinos (64%). Por outro lado, entre os mais ricos (49%), os moradores do Sul (50%) e os evangélicos (52%), o ex-mandatário é mais isentado da hipótese de tentativa de golpe.

O resultado está alinhado com a pesquisa realizada anteriormente, em março de 2024, quando 55% dos entrevistados também acreditavam na possibilidade de um golpe, embora o número tenha diminuído ligeiramente agora, enquanto aqueles que discordam permaneceram na casa dos 39%.

O ex-mandatário, que se encontra inelegível até 2030 por conta de sua campanha contra as urnas eletrônicas, foi indiciado no inquérito que apura uma suposta trama golpista para permanecer no poder após a derrota no pleito presidencial de 2022 . Bolsonaro nega envolvimento, alegando ser vítima de uma perseguição política e afirmando que as conversas para manter seu governo eram apenas discussões sem maiores consequências. No entanto, a Polícia Federal discorda e há uma expectativa crescente de que o Ministério Público o denuncie, possivelmente levando a um julgamento em 2025.

Além disso, o cerco em torno de Bolsonaro se intensificou com a prisão de seu ex-candidato a vice, o general da reserva Walter Braga Netto, por envolvimento no caso. A percepção pública sobre os riscos de um golpe também foi questionada e, nesta linha, 68% dos entrevistados afirmaram que houve risco de golpe nos meses finais de 2022, sendo 43% dos participantes a consideraram um grande perigo.

A pesquisa também questionou a reação da população frente às investigações sobre um plano de assassinato envolvendo Lula, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito que apura a intentona golpista. Embora 63% dos entrevistados afirmem estar a par do caso, a opinião sobre a participação de Bolsonaro na trama mostrou uma polarização ainda mais acentuada. Entre os que estavam informados sobre o caso, 50% acreditam que Bolsonaro estava envolvido, enquanto 40% pensam o contrário. Já entre aqueles que não tinham conhecimento do caso, a maioria (54%) acredita na inocência de Bolsonaro.

¨      Datafolha: eleitores de Lula confiam nas instituições, enquanto bolsonaristas acreditam em empresas e Forças Armadas

Pesquisa realizada pelo Datafolha e divulgada pela Folha de S. Paulo expôs um contraste profundo nas bases de apoio do presidente Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Eleitores do atual presidente têm mais confiança nas instituições públicas, enquanto os apoiadores do ex-mandatário depositam sua fé em empresas privadas e nas Forças Armadas. O levantamento entrevistou 2.002 pessoas em 113 municípios brasileiros nos dias 12 e 13 deste mês, com margem de erro de dois pontos percentuais.

Entre os que votaram em Lula, 87% afirmaram confiar na Presidência da República. O Ministério Público (82%), a imprensa (81%), o Poder Judiciário (81%) e o Supremo Tribunal Federal (79%) também são amplamente respeitados por este grupo.

Em sentido inverso, os bolsonaristas mostram confiança quase exclusiva nas grandes empresas (81%) e nos militares (77%). Outras instituições, como o Ministério Público (65%), a imprensa (60%) e o Judiciário (59%), aparecem com índices mais modestos. Apenas 36% afirmaram confiar no STF, que frequentemente é alvo de ataques desse eleitorado.

O Datafolha destacou que a confiança nas Forças Armadas está em seu nível mais baixo desde 2017, mas ainda permanece como a instituição mais respeitada entre os brasileiros, com 74% de aprovação geral.

<><> Preocupações e desempenho do governo

A pesquisa também revelou as principais preocupações dos brasileiros. Tanto apoiadores de Lula quanto bolsonaristas colocaram a saúde como o maior problema do país, sendo mencionada espontaneamente por 24% dos eleitores de Lula e 19% dos apoiadores de Bolsonaro. A violência ocupa o segundo lugar, com 13% e 12%, respectivamente.

Entretanto, os focos de preocupação divergem a partir desse ponto. Eleitores de Lula priorizam desemprego e fome, enquanto os de Bolsonaro enfatizam questões econômicas e corrupção.

<><> Avaliação do governo Lula

Um terço dos eleitores de Lula acredita que ele fez menos pelo país do que o esperado. Entre os que votaram em Bolsonaro, a insatisfação salta para 81%. Por outro lado, 37% dos apoiadores do petista consideram que ele fez o que se esperava, e 28% acreditam que ele superou as expectativas.

Quando questionados sobre a gestão até agora, 66% dos eleitores de Lula avaliam o governo como bom ou ótimo, enquanto 27% o consideram regular. Apenas 7% apontam a gestão como ruim ou péssima.

Em contraste, 68% dos eleitores de Bolsonaro avaliam o governo como ruim ou péssimo, 23% como regular e apenas 8% como bom ou ótimo.

 

Fonte: A Terra é Redonda/Brasil 247

 

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