quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

O que são zoonoses. 5 pontos para entender esta doença

As doenças zoonóticas são um tipo de infecção que se origina em animais e pode ser transmitida aos seres humanos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define as zoonoses como enfermidades causadas por patógenos, que podem ser bactérias, vírus, parasitas ou agentes não convencionais, que passam dos animais para os seres humanos.

Esses patógenos podem ser transmitidos tanto por meio do contato direto com animais, como indiretamente por meio de alimentos, água ou meio ambiente. A transmissão de doenças zoonóticas é uma preocupação global de saúde pública. 

De acordo com a OMS, a relação constante entre humanos e animais em ambientes agrícolas, domésticos e naturais facilita a circulação desses patógenos, colocando em risco tanto a saúde humana quanto a produção e o comércio de produtos de origem animal. 

<><> As principais características das doenças zoonóticas

As zoonoses, explica a Organização Mundial da Saúde, representam uma parte importante das doenças infecciosas, inclusive muitas das que foram descobertas recentemente.

Algumas infecções, como o HIV, originaram-se como zoonoses e, com o tempo, evoluíram para se tornarem exclusivas dos seres humanos. Outras doenças zoonóticas, como o ebola e a salmonelose, podem causar surtos recorrentes, enquanto infecções como a Covid-19 demonstraram seu potencial para desencadear pandemias globais.

<><> Os cinco pontos-chaves para entender as doenças zoonóticas

A transmissão de doenças zoonóticas envolve vários fatores e pode ocorrer de diversas maneiras. Para entender melhor sua dinâmica e prevenção, é necessário analisar alguns pontos-chave sobre os quais especialistas e instituições, como a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, concordam.

>> 1. Os fatores que impulsionam a disseminação de zoonoses

A interação constante entre humanos e animais na vida cotidiana, bem como o aumento do comércio e do movimento de pessoas e animais, contribuíram para a disseminação de zoonoses. 

A OPAS observa que fatores como a expansão da agricultura e a destruição do habitat, juntamente com a mudança climática, também facilitam a transmissão dessas doenças em regiões onde o ambiente é vulnerável. Além do impacto sobre a saúde pública, as zoonoses geram perdas econômicas significativas devido aos seus efeitos sobre a produção de alimentos e os setores agrícola e pecuário.

>> 2. Uma abordagem integrada para prevenir as zoonoses

Como muitas zoonoses podem ser prevenidas pelo controle das fontes animais, a OPAS enfatiza a importância de uma abordagem integrada. Isso implica a implementação de soluções intersetoriais que abordem as causas básicas e considerem os vínculos entre a saúde humana, animal e ambiental. 

Esse modelo, conhecido como “One health”(“Uma saúde”), exige a cooperação de equipes especializadas em saúde pública, saúde animal e proteção ambiental. A colaboração entre esses setores possibilita a prevenção de surtos e a redução do impacto das zoonoses de forma mais eficiente.

>> 3. As principais vias de transmissão de doenças zoonóticas

O CDC enfatiza que os germes zoonóticos podem chegar às pessoas por meio de várias formas de contato. As rotas mais comuns são:

Contato direto: quando uma pessoa entra em contato com fluidos de um animal infectado, através de saliva, sangue ou fezes. Isso pode ocorrer ao acariciar um bicho de estimação ou se um animal morder ou arranhar alguém.

# Contato indireto: ocorre ao tocar em superfícies ou áreas onde os animais vivem ou estiveram, como currais, celeiros ou até mesmo tigelas de comida para animais de estimação.

# Transmissão por vetores: alguns insetos, como carrapatos e mosquitos, atuam como vetores, transmitindo os germes de um animal infectado para uma pessoa.

# Transmissão por alimentos: ocorre quando as pessoas consomem alimentos contaminados, como leite não pasteurizado, carne mal cozida ou frutas e vegetais que foram expostos a fezes de animais infectados.

# Transmissão pela água: beber ou entrar em contato com água contaminada com dejetos de animais é outra forma comum de infecção.

>> 4. Quem corre mais risco de contrair doenças graves

Embora qualquer pessoa possa contrair uma doença zoonótica, alguns grupos são mais vulneráveis e podem sofrer consequências mais graves em caso de infecção. 

O CDC observa que esses grupos de risco incluem crianças com menos de 5 anos de idade; adultos com mais de 65 anos; pessoas com sistema imunológico debilitado; e gestantes.

Esta parte da população deve tomar precauções extras para reduzir o risco de exposição e, em caso de infecção, devem receber atendimento médico imediato para evitar complicações.

>> 5. Medidas para evitar a transmissão de zoonoses

A prevenção de zoonoses envolve a implementação de boas práticas em casa, no trabalho e na comunidade. 

As recomendações da Organização Pan-Americana da Saúde incluem evitar o contato direto com animais selvagens, certificar-se de consumir alimentos bem cozidos e tratados, manter a higiene adequada ao redor de animais de estimação e usar medidas de proteção contra insetos, como repelentes. 

 

¨      5 doenças que os animais transmitem aos humanos – uma delas mata praticamente 100% dos infectados

Uma preocupação constante de saúde pública são as doenças transmitidas aos humanos pelos animais. Dengue, febre amarela, malária e doença de Chagas são alguns dos exemplos mais conhecidos e que ainda afetam milhões de pessoas.

Além dessas doenças, há diversas outras com os mais diferentes sintomas e formas de transmissão também transmitidas por animais. Por mais que não causem pandemias atualmente, elas exigem atenção das autoridades e da população em geral.

Confira, abaixo, informações sobre cinco doenças transmitidas por animais aos humanos:

<><> 1. Doenças transmitidas por animais: a peste

Conhecida como “peste negra” ou apenas “peste”, essa doença foi a responsável por uma pandemia que matou cerca de 25 milhões de pessoas na Europa entre 1347 e 1351, de acordo com a Encyclopædia Britannica, plataforma de dados voltada para a educação no Reino Unido.

 A peste possui três formas clínicas diferentes: bubônica (mais comum), septicêmica (forma rara) e pneumônica (forma mais grave e perigosa), segundo o Ministério da Saúde.

Causada pela bactéria Yersinia pestis, a doença é transmitida aos humanos por meio da picada de pulgas infectadas que podem estar presentes em ratos. Os sintomas incluem febre alta, calafrios e formação de bubão pestoso (uma espécie de nódulo) pelo corpo.

<><> 2. Raiva, uma das mais mortais doenças transmitidas por animais

raiva mata praticamente 100% dos seres que a contraem e é causada por um vírus da família Rabhdoviridae, segundo informa o Instituto Butantan, entidade brasileira de pesquisa sediada na cidade de São Paulo.

A transmissão da doença para humanos se dá por meio de mordidas, lambidas e arranhaduras de animais infectados, como cães, gatos, morcegos, macacos, bois e cavalos. 

Os sintomas são bem variados: vão de mal-estar a aumento de salivação, paralisia e confusão mental até atingir o coma e a morte cerebral. A melhor prevenção é manter em dia a vacinação dos animais contra a raiva.

<><> 3. Toxoplasmose, enfermidade advinda dos felinos

Uma das zoonoses (doenças transmitidas por animais aos humanos) mais comuns no mundo, segundo o Ministério da Saúde, é a toxoplasmose. 

O agente causador dessa infecção é o protozoário Toxoplasma Gondii, que pode ser encontrado nas fezes de gatos e outros felinos. 

O ministério esclarece, no entanto, que “o contato com gatos e felinos não causa a doença”. Por isso, é importante saber exatamente como se dá a contaminação: “o risco está no contato com as fezes contaminadas, no consumo de água contaminada, alimentos mal lavados ou mal cozidos”.

A maioria das pessoas infectadas pela primeira vez não apresenta sintomas, mas a doença pode trazer sequelas e complicações em alguns casos específicos.

Um exemplo são os indivíduos com sistema imunológico comprometido, como os que possuem HIV (vírus da imunodeficiência humana), por exemplo, ou que passaram por algum tipo de transplante.

<><> 4. A leishmaniose vem da picada de mosquitos

Causada por protozoários do gênero Leishmania, a leishmaniose é transmitida pelos flebótomos, insetos que se alimentam de sangue e são mais conhecidos pelo nome de “mosquito-palha”.

A doença possui dois tipos diferentes: leishmaniose tegumentar ou cutânea (caracterizada por feridas na pele) e  leishmaniose visceral (afeta órgãos internos, principalmente o fígado, baço e a medula óssea), explica o Ministério da Saúde brasileiro.

 As medidas recomendadas para a prevenção da doença são o controle dos vetores (ou seja, os flebótomos), uso de repelentes, dedetização, entre outras ações. 

<><> 5. Hantavirose, uma doença transmitida por roedores silvestres

A hantavirose, causada por um vírus da família Hantaviridae, é uma doença que se manifesta de diversas formas. Na fase inicial, causa sintomas como febre, dor de cabeça e dor abdominal. 

Já na fase cardiopulmonar, as pessoas infectadas podem sofrer de tosse seca, pressão baixa, dificuldade de respirar e aceleração dos batimentos cardíacos. 

A transmissão da hantavirose se dá por meio do contato de humanos com roedores silvestres infectados – mordida, saliva, urina e fezes desses animais. A maioria das pessoas necessita de assistência hospitalar e a letalidade média é de 46,5%, informa o Ministério da Saúde.

A prevenção é evitar, justamente, o contato com roedores, cuidando da limpeza do ambiente e dando destino adequado ao lixo e ao entulho. 

 

Fonte: National Geographic Brasil 

 

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