O que são zoonoses.
5 pontos para entender esta doença
As doenças zoonóticas são um
tipo de infecção que se origina em animais e pode ser transmitida aos
seres humanos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define as zoonoses
como enfermidades causadas por patógenos, que podem ser bactérias, vírus,
parasitas ou agentes não convencionais, que passam dos animais para os seres
humanos.
Esses patógenos
podem ser transmitidos tanto por meio do contato direto com animais,
como indiretamente por meio de alimentos, água ou meio ambiente. A
transmissão de doenças zoonóticas é uma preocupação global de saúde
pública.
De acordo com a
OMS, a relação constante entre humanos e animais em ambientes agrícolas,
domésticos e naturais facilita a circulação desses patógenos, colocando
em risco tanto a saúde humana quanto a
produção e o comércio de produtos de origem animal.
<><> As
principais características das doenças zoonóticas
As zoonoses, explica a
Organização Mundial da Saúde, representam uma parte importante das doenças
infecciosas, inclusive muitas das que foram descobertas recentemente.
Algumas infecções,
como o HIV, originaram-se
como zoonoses e, com o tempo, evoluíram para se tornarem exclusivas
dos seres humanos. Outras doenças zoonóticas, como o ebola e a
salmonelose, podem causar surtos recorrentes, enquanto infecções como
a Covid-19 demonstraram seu potencial para desencadear pandemias
globais.
<><> Os
cinco pontos-chaves para entender as doenças zoonóticas
A transmissão
de doenças zoonóticas envolve vários fatores e pode ocorrer de
diversas maneiras. Para entender melhor sua dinâmica e prevenção, é necessário
analisar alguns pontos-chave sobre os quais especialistas e instituições, como
a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e os Centros de Controle e
Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, concordam.
>> 1. Os
fatores que impulsionam a disseminação de zoonoses
A interação
constante entre humanos e animais na vida cotidiana, bem como o
aumento do comércio e do movimento de pessoas e animais, contribuíram para
a disseminação de zoonoses.
A OPAS observa
que fatores como a expansão da agricultura e a destruição
do habitat,
juntamente com a mudança climática, também facilitam a transmissão
dessas doenças em regiões onde o ambiente é vulnerável. Além do impacto
sobre a saúde pública, as zoonoses geram perdas econômicas
significativas devido aos seus efeitos sobre a produção de alimentos e os
setores agrícola e pecuário.
>> 2. Uma
abordagem integrada para prevenir as zoonoses
Como muitas
zoonoses podem ser prevenidas pelo controle das fontes animais, a OPAS enfatiza
a importância de uma abordagem integrada. Isso implica a implementação de
soluções intersetoriais que abordem as causas básicas e considerem os
vínculos entre a saúde humana, animal e ambiental.
Esse modelo,
conhecido como “One health”(“Uma saúde”), exige a cooperação de equipes
especializadas em saúde pública, saúde animal
e proteção ambiental. A colaboração entre esses setores possibilita a prevenção
de surtos e a redução do impacto das zoonoses de forma mais eficiente.
>> 3. As
principais vias de transmissão de doenças zoonóticas
O CDC enfatiza
que os germes zoonóticos podem chegar às pessoas por meio de várias
formas de contato. As rotas mais comuns são:
Contato
direto: quando uma pessoa entra em contato com fluidos de um animal
infectado, através de saliva, sangue ou fezes. Isso pode ocorrer
ao acariciar um bicho de estimação ou se
um animal morder ou arranhar alguém.
# Contato indireto:
ocorre ao tocar em superfícies ou áreas onde os animais vivem ou
estiveram, como currais, celeiros ou até mesmo tigelas de
comida para animais de estimação.
# Transmissão por
vetores: alguns insetos, como carrapatos e mosquitos, atuam como
vetores, transmitindo os germes de um animal infectado para uma pessoa.
# Transmissão por
alimentos: ocorre quando as pessoas consomem alimentos contaminados,
como leite não pasteurizado, carne mal cozida ou frutas e vegetais que foram
expostos a fezes de animais infectados.
# Transmissão pela
água: beber ou entrar em contato com água contaminada com dejetos de
animais é outra forma comum de infecção.
>> 4. Quem
corre mais risco de contrair doenças graves
Embora qualquer
pessoa possa contrair uma doença zoonótica, alguns grupos são mais
vulneráveis e podem sofrer consequências mais graves em caso de
infecção.
O CDC observa que
esses grupos de risco incluem crianças com menos de 5 anos de
idade; adultos com mais de 65 anos; pessoas com sistema imunológico
debilitado;
e gestantes.
Esta parte da
população deve tomar precauções extras para reduzir o risco de
exposição e, em caso de infecção, devem receber atendimento médico
imediato para evitar complicações.
>> 5. Medidas
para evitar a transmissão de zoonoses
A prevenção de
zoonoses envolve a implementação de boas práticas em casa, no
trabalho e na comunidade.
As recomendações da
Organização Pan-Americana da Saúde incluem evitar o contato direto
com animais selvagens, certificar-se
de consumir alimentos bem cozidos e tratados, manter a higiene
adequada ao redor de animais de estimação e usar medidas de proteção
contra insetos, como repelentes.
¨ 5 doenças que os animais transmitem aos humanos – uma
delas mata praticamente 100% dos infectados
Uma preocupação
constante de saúde pública são as doenças transmitidas aos humanos pelos
animais. Dengue, febre amarela,
malária e doença de
Chagas são
alguns dos exemplos mais conhecidos e que ainda afetam milhões de pessoas.
Além dessas
doenças, há diversas outras com os mais diferentes sintomas e formas de
transmissão também transmitidas por animais. Por mais que não causem pandemias atualmente,
elas exigem atenção das autoridades e da população em geral.
Confira, abaixo,
informações sobre cinco doenças transmitidas
por animais aos humanos:
<><> 1.
Doenças transmitidas por animais: a peste
Conhecida como “peste negra” ou apenas
“peste”, essa doença foi a responsável por uma pandemia que matou cerca de 25 milhões
de pessoas na Europa entre 1347 e 1351, de acordo com a Encyclopædia
Britannica, plataforma de dados voltada para a educação no Reino Unido.
A peste
possui três formas clínicas diferentes: bubônica (mais comum),
septicêmica (forma rara) e pneumônica (forma mais grave e perigosa), segundo o
Ministério da Saúde.
Causada pela bactéria Yersinia
pestis,
a doença é transmitida aos humanos por meio da picada de pulgas
infectadas que podem estar presentes em ratos. Os sintomas incluem febre alta,
calafrios e formação de bubão pestoso (uma espécie de nódulo) pelo corpo.
<><> 2.
Raiva, uma das mais mortais doenças transmitidas por animais
A raiva mata
praticamente 100% dos seres que a contraem e é causada por um vírus da
família Rabhdoviridae, segundo informa o Instituto Butantan, entidade
brasileira de pesquisa sediada na cidade de São Paulo.
A transmissão da
doença para humanos se dá por meio de mordidas, lambidas e arranhaduras de
animais infectados, como cães, gatos, morcegos,
macacos, bois e cavalos.
Os sintomas são bem
variados: vão de mal-estar a aumento de salivação, paralisia e confusão mental
até atingir o coma e a morte cerebral. A melhor prevenção é manter em dia a
vacinação dos animais contra a raiva.
<><> 3.
Toxoplasmose, enfermidade advinda dos felinos
Uma das zoonoses
(doenças transmitidas por animais aos humanos)
mais comuns no mundo, segundo o Ministério da Saúde, é a toxoplasmose.
O agente causador
dessa infecção é o protozoário Toxoplasma Gondii, que pode ser encontrado
nas fezes de gatos e outros
felinos.
O ministério
esclarece, no entanto, que “o contato com gatos e felinos não
causa a doença”. Por isso, é importante saber exatamente como se dá a
contaminação: “o risco está no contato com as fezes contaminadas, no consumo de
água contaminada, alimentos mal lavados ou mal cozidos”.
A maioria das
pessoas infectadas pela primeira vez não apresenta sintomas, mas a doença pode
trazer sequelas e complicações em alguns casos específicos.
Um exemplo são os
indivíduos com sistema imunológico comprometido, como os que possuem HIV (vírus
da imunodeficiência humana), por exemplo, ou que passaram por algum tipo
de transplante.
<><> 4.
A leishmaniose vem da picada de mosquitos
Causada por
protozoários do gênero Leishmania, a leishmaniose é transmitida pelos
flebótomos, insetos que se alimentam de sangue e são mais
conhecidos pelo nome de “mosquito-palha”.
A doença possui
dois tipos diferentes: leishmaniose tegumentar ou cutânea (caracterizada por
feridas na pele) e leishmaniose
visceral (afeta órgãos internos, principalmente o fígado, baço e a medula
óssea), explica o Ministério da Saúde brasileiro.
As medidas
recomendadas para a prevenção da doença são o controle dos vetores (ou seja, os
flebótomos), uso de repelentes, dedetização, entre outras ações.
<><> 5.
Hantavirose, uma doença transmitida por roedores silvestres
A hantavirose, causada
por um vírus da família Hantaviridae, é uma doença que se manifesta de
diversas formas. Na fase inicial, causa sintomas como febre, dor de cabeça e
dor abdominal.
Já na fase
cardiopulmonar, as pessoas infectadas podem sofrer de tosse seca, pressão
baixa, dificuldade de respirar e aceleração
dos batimentos cardíacos.
A transmissão da
hantavirose se dá por meio do contato de humanos com roedores silvestres
infectados – mordida, saliva, urina e
fezes desses animais. A maioria das pessoas necessita de assistência hospitalar
e a letalidade média é de 46,5%, informa o Ministério da Saúde.
A prevenção é
evitar, justamente, o contato com roedores, cuidando da limpeza do ambiente e
dando destino adequado ao lixo e ao
entulho.
Fonte: National
Geographic Brasil
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