Se Jesus nasceu judeu, por que ele foi batizado por João Batista?
Jesus nasceu no seio duma família judaica, em que
tudo que era “hebreu” lhe foi ensinado. Era letrado, circuncidado, praticava os
rituais judeus, e sabia muito bem as escrituras, e a Lei judaica (Halacka).
Ao contrário do que muita gente pensa, o judaísmo é
muito variado, com muitos tipos de “seitas” e com correntes amplamente
diferentes, especialmente na altura de Jesus, em que era muito comum haver
“falsos profetas”, ou simplesmente pessoas interessadas nas mais variadas
correntes judaicas.
Acontece que o baptismo não era uma tradição comum
no judaísmo, nem o é hoje. Há sim rituais de purificação, chamados de “távila”
que acontecem mais para certos rituais como casamentos.
Acontece que Jesus era apocalíptico, isto é,
acreditava que o fim estava próximo dos tempos de então. João Baptista, era uma
das principais figuras dos Apocalípticos, os Essénios, em que dizia que o fim
está próximo, mas também que o Messias virá. Jesus e outros milhares de judeus
eram também apocalípticos, e era meio que moda ser apocalíptico em então.
Para João Baptista, o baptismo, significava um
baptismo de arrependimento dos pecados, com o fim de serem recebidos pelo
Messias.
Todavia, após esse ritual, nota-se que Jesus
distanciou-se cada vez mais de João Baptista.
João Baptista era claramente apocalíptico, mas era
essencialmente a favor da Lei judaica, chamada de Halacka, em que só aqueles
que cumprirem os requisitos dessa lei podem ser salvos. Também João Baptista
parecia bastante mais interessado em altas figuras do judaísmo, do que Jesus,
que em geral se focava muito mais nos desfavorecidos e em geral os menos sabiam
sobre a lei Judaica ou tradições judaicas ou tudo que seja mais intelectual.
Lembre-se que os Judeus são o “povo do livro”, mas
acima de tudo são o “povo da interpretação do livro”. Isto é, o foco na
opinião, na interpretação dá azo a que haja sempre muita discussão, e a figura
do rabi não é um intermediário de Deus, e sim o que seria hoje equivalente a um
catedrático universitário.
Jesus, entendia exatamente o contrário. Que não é
pela Lei que se salva, e sim através da retidão de comportamento, de qualquer
pessoa, independentemente da lei judaica, já que para Jesus, Deus não era acima
de tudo um legislador. Deus não queria muito saber da Lei, e para Jesus a Lei é
algo humano, e não divino. Ou seja, Deus não tem interesse nenhum se tu és
circuncidado ou cumpres qualquer tipo de exquisitisse da lei, e sim se tu és
realmente bom, e ajudas o próximo.
Para Jesus, Deus era acima de tudo amor, assim como
para alguns outros profetas como Isaías ou Daniel, e por isso, o trabalho de
Jesus foi mostrar que a Halacka não tem sentido, ou pelo menos não deve ser
interpretada de forma literal. Algo que claro, João Baptista não concordava
nada.
O facto da Halacka não ser assim interpretada, faz
com que Jesus também possa ser considerado o Messias, porque pela Halacka ele
jamais poderia sê-lo.
Por que Jesus se distanciou tanto da lei judaica?
Os hebreus desde há muitos séculos foram romanizados, e mesmo as próprias
sinagogas são um produto romano-judaico. Enquanto que o foco dos judeus eram
particular e criar leis particulares, que só servissem aquele povo, os romanos
e gregos estavam interessados no que é absolutamente universal. Havia muitos
conflitos, mas também muita troca cultural positiva, entre os quais a
arquitectura. As sinagogas são muito parecidas a templos romanos.
Jesus provavelmente foi contagiado pela
“interpretação romana da lei”, e por isso, interpretou a Halacka como um
advogado romano, e não como um rabi convencional do seu tempo. Todavia, vários
profetas tendiam a interpretar a Halacka de uma forma mais próxima do que Jesus
dizia. Jesus aliás vivia muito perto de aldeias de língua grega, e parece que
ele sabia falar também grego, exatamente porque em alguns contextos ele usava
palavras e expressões gregas, que não têm muito sentido se forem ditas em
aramaico ou hebraico.
Ao invés da lei, para Jesus, preferir-se-ia um amor
ao próximo, uma rectidão de valores, e ser-se puro. Basicamente, Jesus aboliu a
lei judaica. Ele usou o baptismo como um símbolo de purificação e como exemplo
para os demais.
É bom realçar que foi a partir desse momento, que
Jesus se interessou mais por assuntos mais "religiosos" e é como um
começar da sua verdadeira aventura mais conectada ao sagrado.
Hoje a doutrina cristã, diz que Jesus nasceu sem
pecados e só foi como exemplo, mas isso não passa de óbvia propaganda sem
sentido nenhum, em que sequer Jesus nunca o disse, nem os seus próprios
apóstolos nem ninguém próximo a ele. Nem tampouco é lógico, sendo que Jesus era
humano e várias são as passagens de seus pecados. O facto de Jesus cometer
pecados, como qualquer homem só o torna mais divino. E é preciso notar que a
sagrada trindade é muito posterior a Jesus, e óbvio que pode encaixar na
doutrina cristã de hoje, mas em termos lógicos não tem sentido dizer que Jesus
era sem pecado, especialmente porque isso nunca foi sequer entendido no tempo
de então.
Jesus era um homem como os outros, mas para uns
fez-se Deus, em correspondência com o universo. O baptismo supostamente ajudou
a essa purificação. É bom afirmar que Jesus só parece se ter interessado em
assuntos mais "religiosos" já bem tarde na vida, mesmo que o seu
interesse em criança era notório.
Se
Jesus é filho de Deus, então ele não é Deus certo?
A crença de que Deus e o Filho de Deus (Jesus
Cristo) são a mesma pessoa é uma doutrina central do cristianismo trinitário,
que é a perspectiva teológica predominante em muitas denominações cristãs. Essa
doutrina é conhecida como a doutrina da Trindade. No entanto, é importante
notar que nem todos os grupos cristãos compartilham essa crença, e existem
algumas variações nas crenças cristãs em relação à natureza de Deus e Jesus.
A doutrina da Trindade afirma que Deus é uma única
substância ou essência divina que existe em três pessoas distintas: Deus Pai,
Deus Filho (Jesus Cristo) e Deus Espírito Santo. Essas três pessoas são
consideradas coiguais e coeternas, compartilhando a mesma natureza divina. Isso
significa que, embora eles sejam distintos em suas funções e relações, eles são
um só Deus em essência.
A crença na Trindade baseia-se em uma interpretação
das escrituras cristãs, incluindo o Antigo e o Novo Testamento, que, em várias
passagens, sugerem a divindade de Jesus Cristo e sua relação com Deus Pai e o
Espírito Santo. Além disso, ao longo da história do cristianismo, teólogos e
líderes religiosos elaboraram essa doutrina para compreender a complexidade das
relações divinas.
Vale ressaltar que outras correntes do
cristianismo, como o Unitarismo, contestam a doutrina da Trindade, argumentando
que Deus é uma única pessoa e que Jesus é uma entidade separada, mas não divina
da mesma forma que o Pai. Essas diferenças doutrinárias têm sido uma fonte de
debate e divergência dentro do cristianismo ao longo dos séculos.
Em resumo, os cristãos que acreditam na doutrina da
Trindade consideram Deus e o Filho de Deus como a mesma essência divina em três
pessoas distintas, enquanto outras perspectivas cristãs divergem dessa
interpretação. A crença na Trindade é uma questão complexa e profundamente
enraizada na teologia cristã.
Por
que há inúmeras interpretações da Bíblia se a palavra escrita é a mesma?
Porque o autor do texto está muito longe de nós no
tempo e na distância.
Eles tinham um senso comum diferente do senso comum
moderno, a mulher era propriedade do homem, a escravidão era normal, guerras
eram normais, e você podia matar quem você quisesse dentro da tua casa.
Algumas coisas que eles escreveram não servem mais
para nós, algumas coisas que eles deixaram de escrever porque era óbvio para
eles, agora é um mistério para nós. Algumas coisas que eles explicam a gente
fica sem saber porque, e tem coisas que a explicação não cola.
Tudo isso dá margem para mal-entendidos.
Eu falei da barreira linguística? Palavras que tem
mais de um significado, ou pior, palavras em que só foram escritas as
consoantes porque era óbvio para quem escreveu quais eram e onde ficavam as
vogais, mas a gente não sabe. E expressões idiomáticas que a gente acha que não
são, e vice-versa.
Um exercício muito interessante para fazer é tentar
traduzir um texto bíblico do pergaminho utilizado e comparar com a tradução
"oficial".
Fonte: Quora
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