ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS: Governo
monitora riscos de novos ataques no dia 8 de janeiro
O ministro interino do Ministério da Justiça,
Ricardo Cappelli, afirmou, ontem, que "no momento, não há
preocupações" com a segurança da solenidade marcada pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) para relembrar os atos antidemocráticos de 8 de
janeiro, em Brasília, quando as sedes dos Três Poderes foram vandalizadas por
milhares de simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas urnas,
dois meses antes, pelo atual presidente. Para marcar a passagem de um ano dos
ataques, a Presidência da República organiza um grande evento, de caráter
simbólico, que deve contar com a participação de membros do Congresso Nacional
e do Supremo Tribunal Federal (STF).
O governo planeja uma série de atos para relembrar
o que aconteceu e repudiar as ações de extremistas que atacaram o Supremo, o
Congresso Nacional e o Palácio do Planalto. A mensagem a ser passada é que a
democracia resistiu a uma tentativa de golpe por parte de radicais que não
aceitaram o resultado das eleições.
Cappelli se reuniu com os chefes de segurança dos
Três Poderes para falar sobre o evento. Aos jornalistas, declarou que foi uma
ação de planejamento e que não há nada, no momento, que represente risco de
novos ataques. "Foi uma reunião de integração, de troca de informações,
uma vez que haverá um ato histórico em 8 de janeiro, um ato de celebração com
autoridades de todo o Brasil. Não há nada que gere preocupações, neste momento.
Até agora, não há sinal de nada fora do normal", disse Cappelli.
Em janeiro deste ano, uma série de falhas na
segurança que, de acordo com a Polícia Federal, incluiu atos e omissões
intencionais, permitiu que extremistas ocupassem a Esplanada dos Ministérios e,
de lá, seguissem para a Praça dos Três Poderes, onde invadiram e depredaram os
prédios públicos. De acordo com informações obtidas pela reportagem, apesar das
declarações de Cappelli, o Ministério da Justiça e as forças de segurança estão
monitorando a situação diariamente e já identificaram a convocação de atos com
intenções hostis em vários estados, inclusive no DF. Mas, até o momento, o grau
de adesão às convocações tem sido baixo, bem menor do que a mobilização que se
deu no ano passado.
Um dos movimentos que está gerando preocupação é
uma eventual paralisação dos caminhoneiros — uma das categorias profissionais
que mais deu apoio ao governo Bolsonaro e patrocinou bloqueio de rodovias logo
após as eleições de 2022. Cappelli destacou que manifestações não são vedadas,
mas o que se monitora é a possibilidade de ataques. "O Brasil é um país
livre, democrático. Manifestações democráticas são sempre bem-vindas e
absolutamente naturais. O que a gente tem monitorado são ameaças e ataques às
instituições democráticas", declarou.
"Festa democrática"
O ministro interino está confiante de que o evento
se dará em clima de "festa democrática". "Teremos um ato
histórico no dia 8 de janeiro, uma iniciativa do presidente Lula que foi
abraçada pelos chefes de todos os Poderes. Um ato de festa, de celebração
democrática. E a gente está aqui cuidando da questão da segurança",
completou.
A Executivo concentra a organização do evento, por
dotar de mais verba para esse tipo de ato e, também, por representar, de
maneira mais direta, a escolha dos eleitores que foram às urnas em 5 de outubro
de 2022. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, estava em Brasília,
em janeiro, no dia do quebra-quebra. Ele afirmou ter ocorrido "um apagão
geral" na segurança pública local e que, na ocasião, não teve informações
suficientes para entender o que estava acontecendo.
Ibaneis chegou a ser afastado do cargo pelo
ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, logo após os ataques.
Na ocasião, assumiu o comando do Palácio do Buriti a vice-governadora, Celina
Leão. O chefe do Executivo de Brasília retornou ao cargo em março, com
autorização da Suprema Corte. No próximo dia 8, ele não deve participar do
evento em memória dos atentados. Ele está de férias em Miami, nos Estados
Unidos, onde deve ficar até o dia 15. Nesse caso, Celina Leão deverá
representá-lo na celebração convocada por Lula.
Vitória
da democracia no Brasil: ato em 8 de janeiro terá esquema reforçado de
segurança
Para marcar um ano do ataque realizado por
apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) às sedes dos três Poderes, em
Brasília, o governo federal anunciou um ato em prol da democracia no dia 8 de
janeiro de 2024.
Dias após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
tomar posse em Brasília, quando, pela primeira vez na história, não recebeu a
faixa presidencial do antecessor, a democracia brasileira foi colocada à prova.
Os atos não ficaram restritos aos polêmicos
acampamentos próximo às unidades das Forças Armadas promovidos por apoiadores
do ex-presidente Bolsonaro após as eleições — que inclusive pediam intervenção
militar por conta da vitória do petista —, quando centenas de ônibus chegaram a
Brasília para o que seria uma manifestação pacífica no dia 8 de janeiro de
2023.
Qual foi o ato do dia 8 de janeiro?
Diante da inércia das próprias forças de segurança
do Distrito Federal, partes das sedes dos Poderes Legislativo, Judiciário e
Executivo foram vandalizadas por milhares de manifestantes, com a destruição
inclusive de objetos históricos do país. Para marcar a vitória da democracia
frente à invasão, o governo federal marcou para o dia 8 de janeiro de 2024 um
evento que terá a participação de Lula, do presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG), e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Por conta do ato, um esquema de segurança especial
será montado e apresentado até o dia 4 de janeiro, anunciou nesta terça-feira
(26) o governo. O principal objetivo será viabilizar a integração das forças e
a troca de informações sobre o evento, o que não aconteceu no ataque do início
deste ano.
O secretário-executivo do Ministério da Justiça,
Ricardo Cappelli, participou de um encontro com representantes das polícias
Federal (PF) e Rodoviária Federal (PRF), além de membros do Gabinete de
Segurança Institucional (GSI) e chefes de segurança da Câmara, do Senado e do
Supremo Tribunal Federal (STF). Conforme o dirigente, será apresentado um plano
de ações que definirá o papel de cada um.
Cappelli garantiu à Agência Brasil que desde a data
são monitoradas quaisquer ameaças de "ataque às instituições
democráticas" e que não há motivos para preocupação. "Mas o trabalho
[preventivo, de prontidão e de monitoramento] é fundamental para que tudo corra
bem", disse.
Além disso, "qualquer movimentação atípica
relacionada a atos que ameacem os Poderes" também é alvo do trabalho da
PRF e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). "As
manifestações são sempre bem-vindas e próprias da democracia. O que vamos
monitorar são iniciativas que atentem contra os Poderes constituídos",
acrescentou o secretário.
Presença de autoridades
Também estarão presentes no evento governadores,
parlamentares, ministros e presidentes de tribunais estaduais e assembleias
legislativas. A ocasião ainda pode marcar a entrega do cargo do ministro da
Defesa, José Mucio, e ser um dos últimos atos do ministro Flávio Dino, cujo
nome foi aprovado no STF.
Novas
ameaças de morte a Lula surgem após Nikolas Ferreira incitar seguidores
Após o Ministério da Justiça afirmar que
investigará um dos seguidores de Nikolas Ferreira (PL-MG) que convocou uma
"vaquinha" para "pagar um mercenário com um rifle de
precisão" sugerindo o assassinato de Lula, ao menos duas novas ameaças de
morte ao presidente foram feitas na publicação em que o deputado bolsonarista
incita o ódio.
Na publicação, Nikolas Ferreira usa um print de
reportagem do Estadão que diz que "Lula confirma virada do ano em 'praia
privativa' controlada pelas Forças Armadas" para destilar ódio lançando
uma ironia: "O pai dos pobres, popular e amado pelo povo".
A postagem na rede X, antigo Twitter, às 15h23
desta terça-feira (26) incitou os seguidores, que começaram os ataques ao
presidente. Mesmo após o ministro interino da Justiça, Ricardo Cappelli,
anunciar que determinou à Polícia Federal que investigue o caso, as ameaças
continuaram.
Mestre em Geopolítica e influenciador na rede,
Vinicius Betiol registrou ao menos duas dessas ameaças.
"Que oportunidade pros drones de Israel
fazerem uma visitinha na tal praia", escreveu seguidor Armindo Blodorn -
@ArmindoBlo52330 - em nova ameaça.
Em outros comentários na rede, o perfil já teria
sugerido "colocar uma bomba" sob a mesa onde Lula se reuniu com
ministros do Supremo Tribunal Federal. Em outra, defendeu o enforcamento e
assassinato de ministros da corte.
Em outro comentário no post de Nikolas Ferreira, o
seguidor Daniel pop - @Daniel_pop8 - fez nova ameaça dizendo "matar um
bandido que nem o Lula não é crime, é legítima defesa".
"O extremista continua e nada do X derrubar a
conta dele. Está mais do que na hora de termos uma legislação para criar
obrigações de segurança que as plataformas precisem seguir", afirmou
Betiol ao denunciar a nova ameaça.
Em outro comentário em publicação do pastor
Alexandre Gonçalves, o mesmo Daniel pop ameaçou: "mas na Bíblia diz que
pode matar um ladrão que veio ti (SIC) roubar, então pode fuzilar o Lula de
boa" - veja os tuites com as denúncias ao final da reportagem.
• Investigação
Interino no comando do Ministério da Justiça
durante as férias de Flávio Dino - que deixa a pasta no dia 8 de janeiro para
assumir uma cadeira no STF -, Ricardo Cappelli anunciou a investigação do
primeiro perfil, identificado como André Luiz (@Andre_Luiz_021), que fez as
ameaças.
"Estou encaminhando hoje à Polícia Federal
determinação para que apure ameaça feita ao presidente @LulaOficial nas redes sociais fazendo alusão a
"rifle de precisão" e "vaquinha para tal". As redes sociais
não são e não serão um terreno de incentivo a crimes contra as
autoridades", afirmou Cappelli na mesma rede.
Após a repercussão do caso, o usuário identificado
como André Luiz admite que errou, mas debochou da decisão do Ministério da
Justiça de investigá-lo. "Diante dos últimos ocorridos, podemos chegar a
uma conclusão: eu errei? Sim! Eu contrataria um mercenário para eliminar um
Presidente da República? Não, afinal, gastaria o dinheiro em outra coisa".
Michelle
Bolsonaro faz dobradinha com Nikolas Ferreira em ataque contra presidente Lula
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que
recentemente foi vetada pelo PL, seu partido, de disputar o Senado no Paraná,
fez uma dobradinha com o deputado federal Nikolas Ferreira e lançou ataques à
honra do presidente Lula.
Michelle Bolsonaro replicou uma publicação de
Ferreira no X (antigo Twitter), onde ele debocha do fato de o presidente passar
o recesso de ano novo em uma praia privada cuidada pelas Forças Armadas.
Cabe lembrar que tal publicação de Nikolas Ferreira
virou caso da Polícia Federal, pois um dos seguidores do deputado sugeriu uma
"vaquinha" para contratar um mercenário e matar o presidente da
República.
Em outra publicação, Michelle Bolsonaro mostra seu
"espírito natalino" e cristão e usa a data para insinuar que o
presidente Lula é um ladrão e incita os cidadãos a chamarem a polícia caso se
deparem com o mandatário.
Moro
xinga Lula de "estúpido" em análise do primeiro ano de governo
Cada vez mais próximo da cassação de seu mandato,
Sergio Moro (União-PR) parafraseou uma frase cunhada pelo estrategista da
campanha de Bill Clinton à presidência dos EUA em 1992, James Carlile, para
xingar Lula em artigo publicado no jornal paranaense Gazeta do Povo nesta
quarta-feira (27).
No texto, intitulado "São as instituições,
estúpido", Moro adequa a frase de Carlile - "É a Economia,
estúpido" - dizendo que foi "o mote de campanha de Bill Clinton em
sua disputa com George Bush nas eleições de 1992" para atacar o
presidente.
Em um esforço hercúleo, o senador inicia o texto
fazendo "a ressalva necessária de que sou um parlamentar da oposição,
então a tendência não é a de um olhar generoso", mas logo em seguida
admite que "até há alguns dados positivos, como um crescimento razoável,
próximo a 3%, e uma inflação relativamente controlada, de cerca de 4,5%".
Moro, que deixou a toga logo após influenciar nas
eleições de 2018 para assumir o Ministério da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) -
de onde saiu escorraçado e só reatou com o ex-presidente no segundo turno de
2022 -, centra seus ataques em uma ilusória "deterioração institucional e
que ela terá as suas consequências na esfera econômica".
Na "análise", Moro ignora a própria
análise das agências de risco, que elevaram a nota do Brasil justamente pelo
ambiente democrático reconstruído após quatro anos de terror e caos do
bolsonarismo.
Desnorteado, Moro chega a citar como exemplo a
aprovação da Reforma Tributária e, em contrassenso, diz que "há uma
razoável dúvida se essa reforma tão esperada terá mesmo o efeito de simplificar
o sistema tributário".
O senador, que assumiu a política partidária ao
deixar o governo Bolsonaro após anos de politicalha na 13ª Vara Federal de
Curitiba, ainda atacou Lula por "nomear seu advogado pessoal para uma vaga
no Supremo Tribunal Federal", ignorando o trato feito com o ex-presidente
para ganhar uma vaga na corte.
Moro ainda joga baixo, ignorando os dados da
Justiça e Segurança Pública ao dizer que "o Ministério da Justiça e
Segurança Pública ficou mais conhecido por ter recebido em suas instalações a
esposa de liderança do tráfico de drogas do que por qualquer outra
medida", ecoando a fake news divulgada pelo Estadão.
"Por isso, não se engane com alguns sinais não
tão negativos neste primeiro ano. A deterioração institucional, infelizmente,
cobrará, a seu tempo, o seu preço", conclui Moro, que em breve deve deixar
o Senado pelos trambiques feitos durante a pré-campanha eleitoral em 2022.
Fonte: Correio Braziliense/Fórum/Sputnik Brasi
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