VIRALIZA VÍDEO QUE COMPARA MILEI A BOLSONARO:
“MENTIROSO PROFISSIONAL”
Viralizou nas redes
sociais um vídeo que compara o candidato a presidente da Argentina Javier Milei, de extrema-direita, com o ex-presidente brasileiro Jair
Bolsonaro (PL). Na peça, sem identificação de autoria, o rosto de Bolsonaro se
converte no do argentino. O narrador, então, adverte:
“Este homem se diz um
patriota, mas odeia todos em seu país. Este homem conta piada para parecer
engraçado, mas só sabe rir da desgraça dos outros. Este homem diz que é contra
a corrupção, mas é um mentiroso profissional. Disseram que com este homem tudo
seria diferente, mas tudo mudou para pior. Este homem não é o que você pensa.
No Brasil, este homem foi eleito e foi um pesadelo. A Argentina não precisa
passar por isso. Nestas eleições, não se engane. Argentina, diga-me como se
sente”.
Milei tem sido comparado
ao ex-presidente brasileiro pelo seu discurso radical e virou a principal
aposta da direita para retomar o espaço perdido nos últimos quatro anos na América do
Sul. Em 2019, partidos de
direita comandavam dez dos 12 países da região. Hoje, apenas três. O próprio
Bolsonaro gravou vídeo dizendo torcer muito pela eleição do colega para
derrotar a esquerda.
Em um cenário caótico e
de desespero, a Argentina flerta com a ultradireita e o discurso radical contra
políticos tradicionais e corre o risco de se isolar na América do Sul. A eventual vitória do candidato de extrema-direita Javier Milei, com suas propostas controversas para salvar a economia, inclusive
ameaça de rompimento comercial com o Brasil, tende a deixar o país com poucos
parceiros na região. Sua eleição, no entanto, é vista como boia de salvação por
direitistas na estratégia de retomar o protagonismo regional.
O interesse do Brasil no
assunto é grande. Nesta semana um grupo de 69 deputados aliados de Bolsonaro enviou
uma carta a Milei, defendendo sua eleição
como sinal de “esperança” e “renovação” da direita. Poucos dias atrás, o
ex-presidente brasileiro fez o mesmo. “Estou torcendo muito por você”, disse
ele ao colega argentino em um vídeo. “Não podemos continuar com a esquerda”,
acrescentou.
Durante as eleições
primárias, em agosto, Javier Milei, da coalizão La Libertad Avanza, destacou-se
ao aparecer em primeiro lugar, seguido por Patricia Bullrich, do partido Juntos
por el Cambio, e Sérgio Massa, do Unión pela Pátria, ministro da Economia e
candidato do atual presidente, Alberto Fernández.
Ø IMPASSE EM ELEIÇÃO NA ARGENTINA PREJUDICA
MILEI, APONTAM ESPECIALISTAS
Contrariando as principais projeções e o resultado das prévias, o candidato
de extrema-direita Javier Milei terminou o primeiro turno para as eleições presidenciais da Argentina em segundo lugar. Nem ele e nem seu concorrente, o
governista Sergio Massa, contam com um cenário certeiro de resultado para o segundo turno.
Esse aparente empate, conforme contam especialistas consultados pelo Congresso
em Foco, pende em maior ou menor grau de forma desfavorável a Milei.
O cientista político
Bruno Marcondes, que compareceu em Buenos Aires em julho para estudar a
ascensão de Javier Milei, avalia que o candidato, que concorre pelo partido La
Libertad Avanza (LLA), pode ter chegado ao limite de seu capital eleitoral. “Se
observarmos os resultados das primárias, Milei chegou a 30,04% dos votos, e
agora bateu 30,01%. Ou seja: não cresceu. Ele talvez tenha esse teto do
eleitorado de pouco mais de 30%”, apontou.
A outra possibilidade
para explicar o saldo do primeiro turno, que garantiu 36,68% de votos para
Massa, pode ter sido o esforço intenso do campo peronista após as primárias
para retomar a vantagem eleitoral. “Houve uma movimentação intensa por parte do
governo e por forças de esquerda para colocar no imaginário do público o medo
Milei. Repercutiu muito na imprensa e nas redes sociais o possível estrago que
ele poderia trazer ao país, o que pode ter resultado na sua estagnação”,
explicou Marcondes.
Numericamente, Massa
começa em vantagem: além de concluir o primeiro turno em primeiro lugar, ele
tende a receber o apoio de outros candidatos peronistas e de centro-esquerda,
com a expectativa de iniciar a disputa com cerca de 40% dos votos. Os votos
restantes para que qualquer um dos dois vença, porém, estão nas mãos de
Patrícia Bullrich, de centro-direita, que recebeu 23,83% de votos. A posição
dela e de seus eleitores segue incerta, adeptos à corrente iniciada pelo
ex-presidente Maurício Macri, pode pender para qualquer um dos lados.
·
Efeito Bolsonaro
Bruno Marcondes é
otimista com relação às tendências do segundo turno, acreditando em uma
probabilidade maior de vitória para Massa. Essa posição não é compartilhada por
Alejandra Pascual, professora de Direito Internacional na Universidade de
Brasília graduada pela Universidade de Buenos Aires e pós-doutora em filosofia
política latinoamericana pela Universidade Nacional Autônoma do México. Para
ela, ainda é cedo para verificar o resultado do impasse, mas não deixam de
existir fatores favoráveis para o candidato governista.
Ao longo das últimas
semanas antes da eleição, a família Bolsonaro procurou participar de forma
ativa em apoio à candidatura de Milei. Eduardo Bolsonaro (PL-SP) chegou a comparecer na Argentina para apoiar o candidato.
Tanto Marcondes quanto Alejandra avaliam que dificilmente esse apoio chegou a surtir
impacto no resultado das urnas, mas a jurista ressalta que a participação
desastrosa do filho do ex-presidente brasileiro na mídia argentina abre uma
oportunidade para Sergio Massa.
Ela relembra que, ao
longo da apuração das urnas, Eduardo Bolsonaro prestou uma entrevista para um
dos principais canais de televisão argentinos. Ao desviar o tema para discursar
em defesa da legalização do armamento civil, foi interrompido pelos
jornalistas, que o criticaram abertamente ao vivo. O vídeo viralizou dentro e
fora da Argentina.
“Essa declaração do
Eduardo Bolsonaro em favor das armas sem dúvida alguma vai influenciar no
segundo turno. Não é só por ter defendido essa pauta, mas principalmente por
expor o tratamento na mídia argentina, que o viu de forma muito negativa o fato
de ele, enquanto apoia um candidato argentino, pregar a entrega de armas à
população”, apontou.
Ela também considera como
favorável à campanha de Sergio Massa o seu alinhamento com o peronismo,
conjunto de ideologias que buscam dar continuidade às tendências políticas
iniciadas pelo ex-presidente Juan Domingo Perón, figura extremamente popular no
país. “O peronismo está entranhado na população carente da Argentina. Se alguém
quer obter o apoio da população menos privilegiada, terá necessariamente que
passar pelo peronismo”, ressaltou.
Os dois também chamam
atenção para o fato de, no momento, a máquina pública argentina estar sob as
mãos de uma chapa também peronista e aliada a Sergio Massa, fator que também
aumenta o seu potencial eleitoral. Milei, por outro lado, é fruto de um
fortalecimento mundial de candidaturas de extrema-direita, beneficiando-se de
uma descrença generalizada na política tradicional.
Alejandra relembra a
tendência constante na América Latina de alternância entre correntes políticas,
tornando imprevisível o desfecho do segundo turno. “A política na
latinoamericana funciona como um pêndulo que vai e vem: uma hora ele aponta
para um crescimento dos partidos de esquerda e centro-esquerda, outra para a
direita, centro-direita e até extrema direita. O próprio aparecimento de alguém
com o perfil de Javier Milei já foi uma surpresa para todos na Argentina”.
Ø Argentina tem Congresso fragmentado após
eleições
Coalizão partidária do
ultraliberal Milei avança, subindo de 3 para 38 deputados e elegendo 8
senadores. Aliança de Sergio Massa perde deputados, mas se mantém com maior
bancada na Câmara. Grupo ligado a Macri encolheA Argentina saiu das urnas no
domingo (22/10) com um Congresso fragmentado, que deve representar um desafio
para quem vencer o segundo turno da eleição presidencial, marcado para 19 de
novembro.
Além de votarem no
primeiro turno do pleito presidencial, os argentinos elegeram no último domingo
130 dos 257 membros da Câmara dos Deputados e 24 dos 72 membros do Senado. O
resultado indica que o próximo presidente do país terá que negociar com o
Congresso para aprovar medidas, já que nenhuma das coligações que permanece na
disputa presidencial conseguiu garantir maioria nas duas Casas.
Coligação de Massa perde
espaço na Câmara, mas se mantém com maior bancada
A coligação partidária
que elegeu o maior número de deputados na Câmara foi a peronista União Pela
Pátria, do primeiro colocado na disputa presidencial, o ministro Sergio Massa.
A coligação de legendas peronistas elegeu 108 deputados. Foram dez a menos do
que a atual bancada governista. Para garantir maioria simples na Casa eram
necessários ao menos 129 deputados.
No Senado, a situação do
grupo de Massa se mostrou um pouco mais confortável. Assim como na Câmara, a
coligação vai contar com a maior bancada: 34 senadores – dois a mais do que na
atual legislatura. São necessários 37 senadores para formar maioria na Casa.
Ainda assim, o resultado
não deixa de ser positivo para o União Pela Pátria, que carregava no pleito o
fardo de ocupar o atual governo argentino, encabeçado pelo impopular presidente
Alberto Fernández, que em meio a uma profunda crise econômica chegou a desistir
de concorrer à reeleição. Sua desistência abriu espaço para a candidatura de
Massa, atualmente titular do Ministério da Economia e que no último domingo
surpreendeu ao obter 36,7% dos votos na disputa presidencial, contrariando a
maioria das pesquisas, que indicavam um percentual menor.
Grupo do ultraliberal
Milei se tornar terceira maior força do Congresso
Além de garantir a ida
Javier Milei para o segundo turno das eleições presidenciais da Argentina, a
coligação ultraliberal do candidato populista, chamada A Liberdade Avança,
conseguiu se transformar na terceira força política do Congresso do país. Formada
em 2021, A Liberdade Avança, saltou de três deputados – sendo deles o próprio
Milei – para 38. A coligação ainda elegeu oito senadores, sendo que antes não
possuía nenhum. Já no pleito presidencial, o novato político Milei obteve 30%
dos votos.
Apesar do crescimento, as
bancadas de Milei estão distantes da maioria necessária para aprovar medidas no
Congresso.
O perfil de alguns dos
eleitos do grupo também chamou a atenção. Um dos novos deputados da coligação é
Ricardo Bussi, filho de um torturador da ditadura militar argentina. Já um dos
senadores eleitos é Juan Carlos Pagotto, que atuou como advogado de repressores
do regime.
Além deles, também foi
eleita deputada Lilia Lemoine, adepta da prática de cosplay, ela se notabilizou
na campanha por defender a aprovação de um projeto apelidado de “aborto
masculino”, que prevê que ´pais possam renunciar a paternidade não desejada,
algo que viola convenções internacionais. “Não é justo que um homem tenha que
sustentar economicamente uma criança até os 18 anos quando não quer tê-la”,
disse a deputada eleita.
Outro deputado eleito é
Alberto Benegas Lynch, assessor de Milei, que durante a campanha defendeu um
rompimento das relações da Argentina com o Vaticano. No último evento de
campanha de Milei no primeiro turno, Lynch discursou e disse que jornalistas
são “filhos de uma grande 'pauta'” e disse que a proposta do candidato
presidencial de extinguir o Banco Central lhe causava um “orgasmo intelectual”.
Grupo ligado a Macri
encolhe
O mau desempenho da
candidata presidencial Patricia Bullrich, que amargou o terceiro lugar na
disputa, ficando fora do segundo turno, também se refletiu no desempenho
legislativo da sua coligação, a Juntos Pela Mudança que em 2015 chegou a
Presidência com Mauricio Macri (2015-2019).
Conhecida pela sigla JxC,
a coligação saiu do pleito de domingo com 24 deputados a menos, caindo de 117
para 93. No Senado, mais um desempenho negativo: caiu de 33 para 24 senadores.
Bullrich, por sua vez, conquistou 23,8% dos votos no pleito presidencial, atrás
de Massa e Milei.
No segundo turno, os
eleitores da conservadora Bullrich devem ser decisivos para a escolha do novo
presidente. Em discurso neste domingo, ela reconheceu a derrota e rechaçou
apoiar Massa. “Jamais seremos cúmplices do comunismo na Argentina, nem das
máfias que destruíram este país”, disse Bullrich, no que pareceu uma
sinalização de que ela pode deixar a porta aberta para eventualmente apoiar
Milei, apesar de o ultraliberal ter feito pesados ataques pessoais contra ela
durante a campanha, explorando e distorcendo o passado de militância de
esquerda da atual política conservadora durante a ditadura.
Ao lado de líderes de seu
partido, como o ex-presidente Macri, Bullrich ainda acusou Massa de ter feito
parte do “pior governo” que o país já teve.
Após a apuração indicar
sua passagem para o segundo turno, Milei também fez acenos para o grupo
político de Bullrich, argumentando que ambos têm um adversário em comum: o
peronismo kirchnerista, o grupo político da ex-presidente e atual
vice-presidente Cristina Kirchner, de quem Massa atualmente é aliado, apesar de
não pertencer exatamente a essa corrente.
No entanto, um apoio
fechado do JxC a Milei ainda é considerado incerto. Um dos principais partidos
da coligação, o União Cívica Radical (UCR), uma legenda de centro-esquerda não
peronista, já vem sendo cortejado por Massa. Durante a campanha, Milei
direcinou vários ataques a UCR. Já setores do partido Proposta Republicana
(PRO), do ex-presidente Macri e parte da coligação JxC, já vêm dando alguns sinais
de que pretendem se aproximar de Milei.
Ø Eleições na Argentina: dúvida na disputa entre
Massa e Milei é para onde vão os 6 milhões de votos de Bullrich
O destino dos 6,2 milhões
de votos de Patricia Bullrich — terceira colocada no primeiro turno da
eleição presidencial da Argentina — será decisivo na disputa entre o governista Sergio Massa e o ultraliberal Javier Milei em 19 de novembro.
Durante o discurso que
fez após sua derrota, a conservadora em costumes não parabenizou seus opositores
e fez duras críticas ao atual governo. Nesta segunda-feira (23), ela também não declarou apoio a nenhum dos
dois.
Assim, apesar da derrota,
Bullrich se torna agora protagonista da eleição argentina. E tanto Massa quanto
Milei já tentam captar o eleitorado com novos discursos e alianças políticas.
Para uma analista ouvida
pela CNN, o discurso de união, para atrair votos de outros eleitores, pode
parecer mais fácil para Sergio Massa:
“Massa já vem defendendo
com muita firmeza, há algum tempo, a ideia de um governo de unidade nacional. Ou seja, é muito fácil para Massa dizer a
todos: ‘Venham comigo, e se houver bons libertários e liberais, também venham
comigo”, comentou a especialista.
“No caso de Milei, a
perspectiva parece um pouco mais complicada, porque ele insultou sistematicamente
todos os adversários possíveis”, completou.
·
Surpresas na eleição
O pleito do último
domingo (22) surpreendeu um pouco com os resultados, principalmente pela reação
do peronista Sergio Massa.
Há dois meses, nas
primárias, o atual ministro da Economia amargou a terceira posição. De 27% dos
votos em agosto, ele saltou para quase 37% agora.
Enquanto isso, o até
então favorito, Javier Milei, com discursos polêmicos e radicais, ficou
praticamente estagnado. Tanto nas primárias quanto no primeiro turno fez cerca
de 30%.
Já Patrícia Bullrich, da
coalizão de centro-direita, teve desempenho pior que o obtido nas primárias. Em
agosto, somou 28% dos votos. Ontem, a ex-ministra do governo de Mauricio Macri
ficou com 23%.
Fonte: Congresso em
Foco/Revista Planeta/CNN Brasil
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