domingo, 29 de outubro de 2023

Versões falsificadas do Ozempic chegam ao Brasil; Anvisa alerta para riscos

Lotes de Ozempic alterado foram apreendidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) entre os dias 7 de junho e 18 de outubro deste ano, de acordo com notificações publicadas no Diário Oficial da União. Não se sabe ao certo quando os lotes do remédio (identificados como MP5C960 e o LP6F832) chegaram ao país.

Nesta mesma semana remédios falsificados também foram encontrados na Europa o que levou a autoridade sanitária da Áustria a emitir um alerta à população local, depois que algumas pessoas foram internadas com quadros de hipoglicemia e convulsões.

Segundo a Anvisa, a identificação do lote MP5C960 foi realizado pela própria Novo Nordisk, empresa que possui a patente do medicamento, que serve para tratar a diabetes do tipo 2, mas vem sendo utilizado para perda de peso. A fabricante identificou remédios com concentração alterada da substância e rótulo em espanhol.

O lote mais recente também foi identificado pela Novo Nordisk foi classificado como “falsificado", já que a farmacêutica não reconhece a existência do lote. "A Novo Nordisk segue investigando e denunciando todos os casos de que tem conhecimento (...) Trabalhamos com empresas terceiras especializadas no monitoramento e eliminação da oferta ilegal de produtos falsificados, tanto no mundo virtual quanto no 'mundo real'”, falou em comunicado.

Porém os lotes identificados na Europa não foram encontrados no Brasil. Especialistas relatam que pacientes têm conseguido comprar a semaglutida (princípio do Ozempic) em formatos de manipulação; como apenas a Novo Nordisk tem acesso ao remédio, contudo, não se sabe ao certo a origem das moléculas, se são ou não seguras.

Em entrevista ao Jornal O Globo, Paulo Miranda, presidente da da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), explicou: "Por via oral a semaglutida precisa de uma tecnologia específica para funcionar que é difícil de ser feita, que tem apenas no Rybelsus, da Novo Nordisk. Farmácias de manipulação não conseguem replicar essa tecnologia, então o medicamento não seria eficaz para os pacientes".

Na Áustria, foi identificado que os medicamentos falsificados continham insulina ao invés de semaglutida.

 

       Usuários de Ozempic sofrem convulsões após uso de versão falsificada

 

O uso de falsas versões do Ozempic fez diversas pessoas serem hospitalizadas na Áustria. São indivíduos apresentando episódios graves de hipoglicemia e convulsões, segundo o Gabinete Federal de Segurança Sanitária (BASG, na sigla em inglês).

Foi por conta desses sintomas que se identificou a falsificação. A avaliação é de que os pacientes ingeriram medicamentos com insulina, e não semaglutida — verdadeiro principal ativo do Ozempic.

"Os pacientes são advertidos com urgência e veemência contra qualquer pedido não autorizado de Ozempic na internet. O Ozempic verdadeiro só pode ser adquirido mediante prescrição médica e dispensado em uma farmácia pública. Essa é a única maneira de garantir que o produto comprado é um medicamento aprovado, bem testado, seguro, eficaz e, portanto, autêntico", disse o BASG em comunicado publicado na segunda-feira (23).

Segundo a agência Reuters, o órgão sanitário não informou o número específico de pessoas afetadas, tampouco a duração ou extensão dos sintomas. O gabinete se dedica a conduzir uma investigação para esclarecer o crime.

•        Alerta internacional

Esse comunicado ocorre menos de uma semana após a Agência Europeia de Medicamento (EMA, na sigla em inglês) lançar um alerta de preocupação quanto à circulação de versões falsas do remédio na Áustria e também na Alemanha. Como o BASG esclarece, a própria embalagem dá indícios de falsificação, com mudanças no tom de azul da caneta injetável e o número indicando a quantidade a ser usada, inexistente na versão original.

Produzido pela farmacêutica Novo Nordisk, o Ozempic é indicado para casos de diabetes tipo 2. No entanto, se popularizou com o uso off-label para tratamento de pacientes com obesidade ou sobrepeso.

Em março, a alta procura pelo remédio chegou a provocar falta nos estoques de farmácias brasileiras. À época, representantes da comunidade médica já expressavam preocupação com o uso indiscriminado da droga que pode desencadear graves reações adversas, como pancreatite.

 

       Ozempic falsificado é alvo de preocupação da Agência Europeia do Medicamento

 

Que o Ozempic é um sucesso mundial isso não é nenhuma novidade. O problema é que estão surgindo versões falsificadas do fármaco, que virou febre depois que celebridades como Elon Musk passaram a usar o remédio de diabetes para perder peso.

Segundo a Agência Europeia do Medicamento (EMA) alertou em comunicado desta quarta-feira (18), foram identificadas unidades fraudulentas do medicamento em vários países (que a agência não identificou quais) e importadas através de "distribuidores na Alemanha e na Áustria".

 “Canetas falsamente rotuladas como medicamento para diabetes Ozempic (semaglutida, 1 mg, solução injetável) foram identificadas em empresas atacadistas na UE e no Reino Unido”, avisou o comunicado da EMA, que também informou como o plágio foi identificado: "Na União Europeia (UE), cada embalagem de medicamentos tem um código de barras 2D único e um número de série para que possa ser rastreado num sistema eletrônico. Quando as embalagens falsificadas do Ozempic foram escaneadas, constatou-se que os números de série estavam inativos, o que alertou as operadoras sobre a possível falsificação”.

Como os medicamentos falsificados foram encontrados desta vez em canais legais, como farmácias, e não em vias de venda alternativa na internet, as autoridades ficaram ainda mais preocupadas com os remédios já vendidos. Os responsáveis da EMA, porém, disseram que não foi identificado nenhum dano aos pacientes que compraram a medicação irregular.

Um alerta do Novo Nordisk, principal fabricante do Ozempic, ressaltou que os usuários do medicamento devem consultar "o folheto informativo do Ozempic para saber como devem ser as canetas originais do medicamento” e, em nenhum circustância, fazer uso de lotes suspeitos. A EMA ordenou que os pacientes devolvam imediatamente às farmácias injeções que não possuem as características originais do fármaco.

 

Fonte: Terra

 

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