Teoria ou teatro: há alguma diferença entre a 'Bidenomia' e
'Trumponomia'?
Joe Biden, provavelmente, enfrentará seu
antecessor, Donald Trump, pela segunda vez nas eleições presidenciais de 2024.
Apesar da retórica hostil entre os dois, o professor de economia marxista
Richard Wolff argumenta que ambos estão promovendo a mesma política econômica.
Tanto Trump quanto Biden deram o seu apoio à greve
do sindicato dos Trabalhadores Automotivos Unidos (UAW, na sigla em inglês) que
fechou três grandes fabricantes de automóveis nos EUA: Ford, General Motors e
Stellantis, cada um alegando ser mais pró-trabalhista do que o outro.
O economista Richard Wolff contou à Sputnik que a
demonstração de apoio por parte de Trump e Biden foi apenas mais um "teatro
político a que já nos acostumamos".
"Donald Trump nunca esteve do lado
trabalhista. Ninguém que tenha acompanhado sua carreira ao longo dos anos tem
qualquer ilusão a esse respeito", apontou. "A ação econômica mais
importante tomada nos quatro anos [de 2016 a 2020] em que Trump foi presidente
foi um enorme corte de impostos aprovado em dezembro de 2017, que deu a maior
parte do alívio fiscal às maiores corporações e aos indivíduos mais ricos dos
Estados Unidos".
"Entretanto, o mesmo se aplica a Joe Biden.
Quero dizer, quem acompanhou a sua carreira desde o início não tem ilusões de
que este é um homem com uma política pró-trabalhista", continuou Wolff.
"É por isso que até mesmo a grande mídia
observou que é a primeira vez que um presidente americano é fotografado em um
piquete, claramente ao lado dos trabalhadores, em vez de entoar os textos
cívicos usuais que o acompanham".
"Se nenhum deles tem qualquer histórico de
qualquer coisa realmente pró-trabalhista, então por que eles estão lá?",
questiona Wolff. "Todos nós sabemos que eles estão lá para obter votos.
Agora, isso pode ser a explicação no caso de Trump, porque ele fez um pouco
disso na campanha até 2016 e depois surpreendeu Hillary Clinton ao obter votos
suficientes de quatro ou cinco estados para derrotá-la naquela eleição. Ele
está tentando fazer isso de novo".
Com as eleições presidenciais acontecendo no
próximo ano, Biden está preocupado com a possibilidade de perder os votos dos
sindicatos, que têm pendido mais para o lado dos Democratas desde a década de
1990.
"Pesquisas recentes indicam que a corrida
entre Biden e Trump está muito acirrada e bem mais acirrada do que os
democratas esperavam que fosse a esta altura. É por isso que estão
nervosos", disse Wolff. "Portanto, temos o sr. Biden, que costumava
dizer o quão pró-trabalhista ele é, mas as palavras não têm muito valor, falar
é fácil".
O professor ainda explicou que a atual estratégia
econômica foi planejada ao longo de décadas e não ao longo de mandatos
presidenciais de quatro anos.
"Sou um economista profissional. Tenho
trabalhado nisso há 50 anos e posso garantir que tudo o que acontece hoje, e
isso é verdade no caso dos Estados Unidos e no caso de todos os outros países
do mundo, é o produto de muitas forças agindo durante um longo período de
tempo", argumentou Wolff. "O que acontece hoje é, pelo menos, tanto o
resultado das decisões tomadas por Donald Trump ou por Barack Obama
[ex-presidente dos EUA], ou por Bush pai e filho, etc., etc., quanto pelo sr.
Biden. Nada acontece tão rápido".
O especialista disse que o verdadeiro desafio
econômico que os EUA enfrentam é a ascensão do BRICS, destacando a China, Índia
e Rússia, e o fim da hegemonia estadunidense em um mundo unipolar.
"Mas, em geral, eles estão fugindo desses
tópicos", observou Wolff. "Eles estão procurando outras coisas que
possam se posicionar e chamar a atenção das pessoas, porque não querem ser
associados à análise do problema real, porque isso é assustador, e não querem
ser associados a algo que as pessoas estão com medo de olhar ou inclinadas a
fingir que não está lá".
Ø Metade dos eleitores nos EUA
apoiaria desqualificação de Trump nas eleições de 2024, diz pesquisa
Quase 2.000 pessoas foram inquiridas no país
norte-americano, com ligeiramente mais de metade aprovando que o candidato
presidencial seja impedido de participar.
Cerca da metade dos eleitores nos EUA apoiaria a
remoção do ex-presidente Donald Trump (2017-2021) da corrida eleitoral devido
aos eventos relacionados à invasão do Capitólio, concluem os resultados de uma
pesquisa realizada pelo jornal norte-americano Politico em conjunto com a
empresa de pesquisa Morning Consult.
Como nota na sexta-feira (29) o Politico, 51% dos
entrevistados acreditam que Trump "participou da insurreição",
enquanto 35% acreditam que não, mas os inquiridos variam de opinião conforme
sua posição partidária. Assim, 79% dos democratas e 49% dos eleitores
independentes acreditam que Trump participou da rebelião, enquanto menos de 25%
dos eleitores republicanos pesquisados concordam.
"[A posição] sobre se Trump deve ser
desqualificado conforme a 14ª Emenda [da Constituição dos EUA] corresponde
significativamente à opinião dos entrevistados sobre se ele participou da
insurreição ou a ajudou, e tem uma divisão partidária semelhante", observa
a mídia.
A 14ª Emenda pode restringir a eleição de uma
pessoa que tenha ocupado anteriormente um cargo civil ou militar se ela tiver
participado de algum tipo de rebelião ou fornecido apoio a tais ações. A
pesquisa revelou que 63% dos pesquisados disseram que apoiavam essa lei,
enquanto 16% responderam que não aprovavam dela.
A pesquisa foi realizada on-line entre 1.967
eleitores registrados do último sábado (23) à segunda-feira (25). A margem de
erro é de cerca de dois pontos porcentuais.
·
Em último dia no cargo, chefe do Estado-Maior
Conjunto dos EUA aparentemente ataca Trump
Em seu discurso final, principal general
norte-americano disse em evento com Joe Biden que "não prestamos juramento
a um aspirante a ditador. Não prestamos juramento a um indivíduo. Prestamos
juramento à Constituição".
O chefe do Estado-Maior Conjunto, Mark Milley, se
aposentou nesta sexta-feira (29) após um mandato de quatro anos, dizendo em um
discurso que as tropas dos Estados Unidos prestam juramento à Constituição e
não a um "aspirante a ditador", em um aparente ataque ao
ex-presidente Donald Trump.
"Não prestamos juramento a um rei ou rainha, a
um tirano ou a um ditador. Não prestamos juramento a um aspirante a ditador.
Não prestamos juramento a um indivíduo. Prestamos juramento à Constituição",
disse Milley durante uma cerimônia na Base Conjunta Myer-Henderson Hall, perto
de Washington, de acordo com a Reuters.
Milley assumiu o comando em 2019 após ser indicado
por Trump, mas logo se viu tendo que equilibrar a necessidade de manter seu
relacionamento com ele sem parecer político.
Em 2020, ele pediu desculpas publicamente por se
juntar a Trump enquanto caminhava da Casa Branca até uma igreja próxima para
tirar uma foto, depois que as autoridades abriram caminho aos manifestantes
usando gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Milley disse na quarta-feira (27) que tomaria
medidas para proteger sua família depois que Trump sugeriu que ele havia
conspirado com a China.
O principal general dos EUA entregou o comando ao
chefe da Força Aérea, general Charles Q. Brown, em um evento nesta tarde com
bandas marciais e um corpo de pífanos e tambores com casaca vermelha.
O mandato de Milley incluiu o assassinato do chefe
do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em diversos países), Abu
Bakr al-Baghdadi, em 2019, e a prestação de assistência militar à defesa da
Ucrânia contra a operação da Rússia em fevereiro de 2022.
Ø MRE da China diz que EUA transformam 'informação em armas' e são o
'verdadeiro império das mentiras'
Para pasta, "as pessoas não são cegas" e
cada vez mais pessoas no mundo "já perceberam a tentativa feia dos EUA de
perpetuar a sua supremacia, tecendo mentiras nas 'roupas novas do imperador' e
difamando os outros".
Neste sábado (30), o Ministério das Relações
Exteriores da China afirmou que os Estados Unidos são o verdadeiro
"império das mentiras", ao responder a um relatório do Departamento
de Estado dos EUA publicado há dois dias que acusava Pequim de investir bilhões
de dólares anualmente em esforços de manipulação de informações.
Para a chancelaria chinesa, foi Washington que
"inventou a transformação do espaço de informação global em armas", e
que o documento produzido está "empenhado em propaganda e infiltração em
nome do 'engajamento global'", afirmou o MRE.
"Desde a Operação Mockingbird, que subornou e
manipulou meios de comunicação para fins de propaganda na era da Guerra Fria,
até um frasco de pó branco e um vídeo encenado dos 'Capacetes Brancos' citados
como prova de guerras de agressão no Iraque e na Síria no início deste século,
e depois à enorme mentira inventada para difamar a política chinesa de
Xinjiang, os fatos provaram repetidamente que os EUA são um 'império de
mentiras' por completo", acrescentou.
A Operação Mockingbird foi, de acordo com algumas
fontes, uma operação para cooptar jornalistas e influenciar a mídia pela CIA, a
agência de inteligência dos Estados Unidos.
Na quinta-feira (28), Washington disse através do
documento que China está manipulando os meios de comunicação globais pela
censura, recolha de dados e compras secretas de meios de comunicação
estrangeiros.
Mas que apesar dos recursos dedicados à campanha,
Pequim sofreu "grandes reveses" devido à resistência dos meios de
comunicação locais e da sociedade civil, de acordo com o relatório que foi produzido
sob mandato do Congresso dos EUA para detalhar a manipulação da informação
estatal.
A publicação do documento norte-americano surge em
meio à tentativa dos EUA e da China de reatarem os laços após uma série de
ações que foram recebidas por Pequim como uma ofensa, como as constantes
visitas de autoridades estadunidenses a Taiwan, a coerção do Ocidente através
de embargos ao acesso de semicondutores pela China e as sanções sofridas por
Pequim para retardar seu desenvolvimento.
Ø Teto de preços ao petróleo russo não funciona como planejado, admite
secretária do Tesouro dos EUA
Uma das intervenções do Ocidente para limitar a
participação a Rússia no mercado internacional, o teto de preços imposto pelo
G7 (grupo das sete maiores economias do mundo) ao petróleo não tem funcionado.
Quem admitiu a questão foi a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet
Yellen, a repórteres.
Como exemplo, ela citou o recente aumento nos
preços do barril, que chegou a quase US$ 100 (R$ 503). "Isso aponta para
alguma redução na eficácia do teto de preços", disse Yellen.
Essa é a primeira declaração pública da secretária
americana que reconhece a falha da medida.
O teto de preços é uma resposta ao papel de Moscou
no conflito ucraniano. Inicialmente, o objetivo era limitar a receita russa e
reduzir as exportações do seu petróleo.
Inicialmente, quando o petróleo bruto era negociado
a menos de US$ 70 (R$ 352) por barril, a o limite de preços funcionou, enfatiza
a secretária.
Nos últimos meses, no entanto, os preços globais do
petróleo, referenciados no Brent com base em Londres, subiram acentuadamente, à
medida que Rússia e Arábia Saudita retiveram um total de 1,3 milhão de barris
de sua produção diária regular.
Além disso, Moscou encontrou alternativas de
transporte para fornecer o produto, já que muitas empresas foram proibidas pelo
G7 de prestar o serviço.
·
Maiores clientes russos
A secretária do Tesouro afirmou que os compradores
de petróleo indianos, os maiores e mais leais clientes da Rússia desde o início
da operação militar especial na Ucrânia, pagaram cerca de US$ 100 por barril
pelo produto russo.
"A Rússia gastou muito dinheiro, tempo e
esforço para fornecer serviços para a exportação de seu petróleo", disse
Yellen.
"Eles aumentaram sua frota, forneceram mais
seguros, e esse tipo de comércio não é proibido pelo teto de preços."
Fonte: Sputnik Brasil
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