segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Teoria ou teatro: há alguma diferença entre a 'Bidenomia' e 'Trumponomia'?

Joe Biden, provavelmente, enfrentará seu antecessor, Donald Trump, pela segunda vez nas eleições presidenciais de 2024. Apesar da retórica hostil entre os dois, o professor de economia marxista Richard Wolff argumenta que ambos estão promovendo a mesma política econômica.

Tanto Trump quanto Biden deram o seu apoio à greve do sindicato dos Trabalhadores Automotivos Unidos (UAW, na sigla em inglês) que fechou três grandes fabricantes de automóveis nos EUA: Ford, General Motors e Stellantis, cada um alegando ser mais pró-trabalhista do que o outro.

O economista Richard Wolff contou à Sputnik que a demonstração de apoio por parte de Trump e Biden foi apenas mais um "teatro político a que já nos acostumamos".

"Donald Trump nunca esteve do lado trabalhista. Ninguém que tenha acompanhado sua carreira ao longo dos anos tem qualquer ilusão a esse respeito", apontou. "A ação econômica mais importante tomada nos quatro anos [de 2016 a 2020] em que Trump foi presidente foi um enorme corte de impostos aprovado em dezembro de 2017, que deu a maior parte do alívio fiscal às maiores corporações e aos indivíduos mais ricos dos Estados Unidos".

"Entretanto, o mesmo se aplica a Joe Biden. Quero dizer, quem acompanhou a sua carreira desde o início não tem ilusões de que este é um homem com uma política pró-trabalhista", continuou Wolff.

"É por isso que até mesmo a grande mídia observou que é a primeira vez que um presidente americano é fotografado em um piquete, claramente ao lado dos trabalhadores, em vez de entoar os textos cívicos usuais que o acompanham".

"Se nenhum deles tem qualquer histórico de qualquer coisa realmente pró-trabalhista, então por que eles estão lá?", questiona Wolff. "Todos nós sabemos que eles estão lá para obter votos. Agora, isso pode ser a explicação no caso de Trump, porque ele fez um pouco disso na campanha até 2016 e depois surpreendeu Hillary Clinton ao obter votos suficientes de quatro ou cinco estados para derrotá-la naquela eleição. Ele está tentando fazer isso de novo".

Com as eleições presidenciais acontecendo no próximo ano, Biden está preocupado com a possibilidade de perder os votos dos sindicatos, que têm pendido mais para o lado dos Democratas desde a década de 1990.

"Pesquisas recentes indicam que a corrida entre Biden e Trump está muito acirrada e bem mais acirrada do que os democratas esperavam que fosse a esta altura. É por isso que estão nervosos", disse Wolff. "Portanto, temos o sr. Biden, que costumava dizer o quão pró-trabalhista ele é, mas as palavras não têm muito valor, falar é fácil".

O professor ainda explicou que a atual estratégia econômica foi planejada ao longo de décadas e não ao longo de mandatos presidenciais de quatro anos.

"Sou um economista profissional. Tenho trabalhado nisso há 50 anos e posso garantir que tudo o que acontece hoje, e isso é verdade no caso dos Estados Unidos e no caso de todos os outros países do mundo, é o produto de muitas forças agindo durante um longo período de tempo", argumentou Wolff. "O que acontece hoje é, pelo menos, tanto o resultado das decisões tomadas por Donald Trump ou por Barack Obama [ex-presidente dos EUA], ou por Bush pai e filho, etc., etc., quanto pelo sr. Biden. Nada acontece tão rápido".

O especialista disse que o verdadeiro desafio econômico que os EUA enfrentam é a ascensão do BRICS, destacando a China, Índia e Rússia, e o fim da hegemonia estadunidense em um mundo unipolar.

"Mas, em geral, eles estão fugindo desses tópicos", observou Wolff. "Eles estão procurando outras coisas que possam se posicionar e chamar a atenção das pessoas, porque não querem ser associados à análise do problema real, porque isso é assustador, e não querem ser associados a algo que as pessoas estão com medo de olhar ou inclinadas a fingir que não está lá".

 

Ø  Metade dos eleitores nos EUA apoiaria desqualificação de Trump nas eleições de 2024, diz pesquisa

 

Quase 2.000 pessoas foram inquiridas no país norte-americano, com ligeiramente mais de metade aprovando que o candidato presidencial seja impedido de participar.

Cerca da metade dos eleitores nos EUA apoiaria a remoção do ex-presidente Donald Trump (2017-2021) da corrida eleitoral devido aos eventos relacionados à invasão do Capitólio, concluem os resultados de uma pesquisa realizada pelo jornal norte-americano Politico em conjunto com a empresa de pesquisa Morning Consult.

Como nota na sexta-feira (29) o Politico, 51% dos entrevistados acreditam que Trump "participou da insurreição", enquanto 35% acreditam que não, mas os inquiridos variam de opinião conforme sua posição partidária. Assim, 79% dos democratas e 49% dos eleitores independentes acreditam que Trump participou da rebelião, enquanto menos de 25% dos eleitores republicanos pesquisados concordam.

"[A posição] sobre se Trump deve ser desqualificado conforme a 14ª Emenda [da Constituição dos EUA] corresponde significativamente à opinião dos entrevistados sobre se ele participou da insurreição ou a ajudou, e tem uma divisão partidária semelhante", observa a mídia.

A 14ª Emenda pode restringir a eleição de uma pessoa que tenha ocupado anteriormente um cargo civil ou militar se ela tiver participado de algum tipo de rebelião ou fornecido apoio a tais ações. A pesquisa revelou que 63% dos pesquisados disseram que apoiavam essa lei, enquanto 16% responderam que não aprovavam dela.

A pesquisa foi realizada on-line entre 1.967 eleitores registrados do último sábado (23) à segunda-feira (25). A margem de erro é de cerca de dois pontos porcentuais.

·         Em último dia no cargo, chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA aparentemente ataca Trump

Em seu discurso final, principal general norte-americano disse em evento com Joe Biden que "não prestamos juramento a um aspirante a ditador. Não prestamos juramento a um indivíduo. Prestamos juramento à Constituição".

O chefe do Estado-Maior Conjunto, Mark Milley, se aposentou nesta sexta-feira (29) após um mandato de quatro anos, dizendo em um discurso que as tropas dos Estados Unidos prestam juramento à Constituição e não a um "aspirante a ditador", em um aparente ataque ao ex-presidente Donald Trump.

"Não prestamos juramento a um rei ou rainha, a um tirano ou a um ditador. Não prestamos juramento a um aspirante a ditador. Não prestamos juramento a um indivíduo. Prestamos juramento à Constituição", disse Milley durante uma cerimônia na Base Conjunta Myer-Henderson Hall, perto de Washington, de acordo com a Reuters.

Milley assumiu o comando em 2019 após ser indicado por Trump, mas logo se viu tendo que equilibrar a necessidade de manter seu relacionamento com ele sem parecer político.

Em 2020, ele pediu desculpas publicamente por se juntar a Trump enquanto caminhava da Casa Branca até uma igreja próxima para tirar uma foto, depois que as autoridades abriram caminho aos manifestantes usando gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Milley disse na quarta-feira (27) que tomaria medidas para proteger sua família depois que Trump sugeriu que ele havia conspirado com a China.

O principal general dos EUA entregou o comando ao chefe da Força Aérea, general Charles Q. Brown, em um evento nesta tarde com bandas marciais e um corpo de pífanos e tambores com casaca vermelha.

O mandato de Milley incluiu o assassinato do chefe do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em diversos países), Abu Bakr al-Baghdadi, em 2019, e a prestação de assistência militar à defesa da Ucrânia contra a operação da Rússia em fevereiro de 2022.

 

Ø  MRE da China diz que EUA transformam 'informação em armas' e são o 'verdadeiro império das mentiras'

 

Para pasta, "as pessoas não são cegas" e cada vez mais pessoas no mundo "já perceberam a tentativa feia dos EUA de perpetuar a sua supremacia, tecendo mentiras nas 'roupas novas do imperador' e difamando os outros".

Neste sábado (30), o Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que os Estados Unidos são o verdadeiro "império das mentiras", ao responder a um relatório do Departamento de Estado dos EUA publicado há dois dias que acusava Pequim de investir bilhões de dólares anualmente em esforços de manipulação de informações.

Para a chancelaria chinesa, foi Washington que "inventou a transformação do espaço de informação global em armas", e que o documento produzido está "empenhado em propaganda e infiltração em nome do 'engajamento global'", afirmou o MRE.

"Desde a Operação Mockingbird, que subornou e manipulou meios de comunicação para fins de propaganda na era da Guerra Fria, até um frasco de pó branco e um vídeo encenado dos 'Capacetes Brancos' citados como prova de guerras de agressão no Iraque e na Síria no início deste século, e depois à enorme mentira inventada para difamar a política chinesa de Xinjiang, os fatos provaram repetidamente que os EUA são um 'império de mentiras' por completo", acrescentou.

A Operação Mockingbird foi, de acordo com algumas fontes, uma operação para cooptar jornalistas e influenciar a mídia pela CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos.

Na quinta-feira (28), Washington disse através do documento que China está manipulando os meios de comunicação globais pela censura, recolha de dados e compras secretas de meios de comunicação estrangeiros.

Mas que apesar dos recursos dedicados à campanha, Pequim sofreu "grandes reveses" devido à resistência dos meios de comunicação locais e da sociedade civil, de acordo com o relatório que foi produzido sob mandato do Congresso dos EUA para detalhar a manipulação da informação estatal.

A publicação do documento norte-americano surge em meio à tentativa dos EUA e da China de reatarem os laços após uma série de ações que foram recebidas por Pequim como uma ofensa, como as constantes visitas de autoridades estadunidenses a Taiwan, a coerção do Ocidente através de embargos ao acesso de semicondutores pela China e as sanções sofridas por Pequim para retardar seu desenvolvimento.

 

Ø  Teto de preços ao petróleo russo não funciona como planejado, admite secretária do Tesouro dos EUA

 

Uma das intervenções do Ocidente para limitar a participação a Rússia no mercado internacional, o teto de preços imposto pelo G7 (grupo das sete maiores economias do mundo) ao petróleo não tem funcionado. Quem admitiu a questão foi a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, a repórteres.

Como exemplo, ela citou o recente aumento nos preços do barril, que chegou a quase US$ 100 (R$ 503). "Isso aponta para alguma redução na eficácia do teto de preços", disse Yellen.

Essa é a primeira declaração pública da secretária americana que reconhece a falha da medida.

O teto de preços é uma resposta ao papel de Moscou no conflito ucraniano. Inicialmente, o objetivo era limitar a receita russa e reduzir as exportações do seu petróleo.

Inicialmente, quando o petróleo bruto era negociado a menos de US$ 70 (R$ 352) por barril, a o limite de preços funcionou, enfatiza a secretária.

Nos últimos meses, no entanto, os preços globais do petróleo, referenciados no Brent com base em Londres, subiram acentuadamente, à medida que Rússia e Arábia Saudita retiveram um total de 1,3 milhão de barris de sua produção diária regular.

Além disso, Moscou encontrou alternativas de transporte para fornecer o produto, já que muitas empresas foram proibidas pelo G7 de prestar o serviço.

·         Maiores clientes russos

A secretária do Tesouro afirmou que os compradores de petróleo indianos, os maiores e mais leais clientes da Rússia desde o início da operação militar especial na Ucrânia, pagaram cerca de US$ 100 por barril pelo produto russo.

"A Rússia gastou muito dinheiro, tempo e esforço para fornecer serviços para a exportação de seu petróleo", disse Yellen.

"Eles aumentaram sua frota, forneceram mais seguros, e esse tipo de comércio não é proibido pelo teto de preços."

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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