Sesta faz bem a cérebro e coração, mas só na dose certa
Aquele cochilo depois do almoço, normalmente no
início da tarde, pode ser mesmo uma ótima ideia. Pesquisadores identificaram
uma relação causal moderada entre a sesta e uma desaceleração do processo de
encolhimento cerebral típico do envelhecimento.
O estudo publicado na revista Sleep Health
constatou que um cochilo regular é bom para o cérebro no longo prazo, pois um
volume total maior do órgão reduz o risco de demência e outras doenças.
Para o estudo, pesquisadores da Universidade da
República do Uruguai e da University College London analisaram os dados de 378.932
indivíduos entre 40 e 69 anos do estudo de longo prazo UK Biobank. Segundo a
pesquisa, existe até mesmo uma predisposição genética para a tendência a tirar
um cochilo.
De acordo com os especialistas em sono do Hospital
Geral de Massachusetts, Estados Unidos, há três tipos de indivíduos para os
quais o cochilo é particularmente importante: quem acorda muito cedo; quem
sofre de distúrbios do sono; e quem geneticamente precisa dormir mais.
• Cochilo
aumenta a capacidade cognitiva?
Não está claro, entretanto, se os cochilos melhoram
as capacidades mentais. Especialistas em sono de Michigan, EUA, por exemplo,
não detectaram nenhum benefício para as aptidões cognitivas. No Uruguai, os
cientistas tampouco encontraram indicações de melhora do tempo de reação ou de
processamento visual.
Por sua vez, uma pesquisa chinesa concluiu que um
cochilo ao meio-dia melhora as capacidades cognitivas dos idosos. Embora sejam
malvistas em muitos países ocidentais, as sestas são muito comuns na China, no
Japão e na Espanha.
"Na China, a hora do cochilo é integrada à
programação pós-almoço de muitos adultos no trabalho e de estudantes na
escola", inforna Xiaopeng Ji, da Universidade de Delaware.
• Pressão
alta e derrame?
Entretanto, outro estudo chinês, baseado em dados
coletados no Reino Unido, indicou que cochilos frequentes ou regulares estariam
associados a um risco 12% maior de desenvolver pressão alta e 24% maior de
derrame, em comparação com quem nunca tira uma sesta.
Muitos dos participantes, porém, eram homens (que
geralmente cuidam menos da saúde), além de terem baixos níveis de escolaridade
e renda, fumarem e beberem álcool diariamente, e sofrerem de insônia ou terem
hábitos antes noturnos.
A pressão alta ou a obesidade também podem causar
fadiga acima da média. Os cochilos também costuma estar associados à obesidade,
mas não são necessariamente culpados pela má saúde. O pesquisador Michael
Grandner, da Universidade do Arizona, lembra que muitas vezes quem cochila é
quem não consegue dormir à noite: "O sono noturno ruim implica uma saúde
pior, e um cochilo não basta para compensar."
• A
sesta perfeita
De acordo com um estudo suíço, só cochilos
ocasionais são bons para a saúde do coração. Ou seja: uma ou duas vezes por
semana, não todos os dias. "Uma sesta ocasional, e não diária, reduz
significativamente os riscos cardiovasculares", explica Hans-Joachim
Trappe, diretor da Clínica II da Universidade do Ruhr, em Bochum, Alemanha.
Cochilos esporádicos, portanto, são bons para o
cérebro e o coração. Entre 20 e 30 minutos bastam para evitar que o dorminhoco
caia em sono profundo e depois se sinta mais cansado do que antes do cochilo.
Estudo
revela melhor temperatura para uma boa noite de sono
Existe uma temperatura ideal para uma boa noite de
sono? Um grupo de pesquisadores recrutou 50 voluntários com mais de 60 anos,
todos residentes em Boston, nos Estados Unidos, para tentar responder a essa
pergunta.
A conclusão foi de que a melhor temperatura para
dormir é de 20 °C a 25 °C, de acordo com um estudo publicado na revista Science
of Total Environment.
"O sono tende a ser mais fácil e, muitas
vezes, mais profundo e reparador em um ambiente mais fresco", escreveu
Amir Baniassadi, o principal autor da pesquisa, em um comunicado publicado pela
Universidade de Harvard e pela ONG Hebrew SeniorLife.
"Isso não é arbitrário, está enraizado em
nossa biologia. Naturalmente, nossa temperatura corporal cai à noite, o que
ajuda a iniciar e a manter o sono. Quando o ambiente onde dormimos é muito
quente, ele pode interferir na queda da temperatura e interromper o sono",
destaca o pesquisador.
• Importância
de dormir bem para a saúde
Estudos anteriores já mencionavam a importância de
uma noite bem dormida para a saúde e a qualidade de vida. A falta de sono, as
interrupções e, neste caso, também a temperatura podem prejudicar a qualidade
do descanso.
"Os distúrbios do sono podem levar a problemas
de memória, aumento do risco de quedas e redução da capacidade de realizar
atividades diárias. Também podem afetar nosso humor e a sensação geral de
bem-estar", acrescentou Baniassadi.
• Redução
de até 10% na qualidade do sono
Por meio de monitores portáteis de sono e sensores
ambientais, os cientistas detectaram que, na faixa de temperatura entre 25 °C e
30 °C, os participantes tiveram uma queda de até 10% na eficiência do sono –
porcentagem que, segundo o estudo, não deve ser subestimada.
"Nossas conclusões indicam que o sono é mais
eficiente e restaurador quando a temperatura ambiente noturna varia entre 20 °C
e 25 °C, com uma queda clinicamente relevante de 5% a 10% na eficiência do sono
quando a temperatura aumenta de 25 °C para 30 °C", afirmaram os pesquisadores.
• Mudança
climática e aumento das temperaturas
Devido ao estudo, os especialistas também fizeram
um alerta para melhores estruturas em asilos e residências privadas devido ao
aumento das temperaturas provocado pelas mudanças climáticas.
"Esses resultados destacam o potencial de
melhora da qualidade do sono em adultos mais velhos por meio da otimização
térmica dos ambientes domésticos e enfatizam a importância de ajustes
personalizados de temperatura com base nas necessidades e circunstâncias
individuais", ressaltaram os cientistas.
"Além disso, nosso estudo destaca o possível
impacto da mudança climática na qualidade do sono de adultos mais velhos,
especialmente aqueles de nível socioeconômico mais baixo, e apoia o aumento de
sua capacidade de adaptação diante de um clima que está mudando",
concluíram.
Fonte: Deutsche Welle
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