quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Relaxantes musculares, antiinflamatórios e antibióticos: os medicamentos que podem afetar a sua rotina de exercícios

Muitas vezes parece que estamos remando contra a maré e não sabemos porque treinamos tanto e os resultados não aparecem ou até ficamos com a impressão de que nosso desempenho está comprometido. Isso pode ocorrer por diversos motivos, como periodização mal elaborada, dieta muito restritiva ou não planejada, fatores genéticos, qualidade do sono, patologias e certos tipos de medicamentos podem interferir.

Para medicamentos específicos, alguns especialistas recomendam que você faça exercícios antes de ingerir o medicamento ou espere até que os efeitos do mesmo desapareçam (que pode durar de 4 a 6 horas, mas, dependendo do tempo de vida do medicamento, pode durar mais ou menos). 

É importante informar o seu médico se sentir falta de ar ou qualquer sintoma incomum com a mesma rotina de exercícios ou hábitos de exercícios. Manter um nível consistente de exercícios aeróbicos, treinamento de resistência e treinamento de força é benéfico para o coração e para a saúde geral.

·         Antidepressivos

Na maior parte dos casos, é seguro e confortável fazer exercícios com antidepressivos. No entanto, há algumas coisas que você deve ter em mente. Ocasionalmente, as medicações podem gerar sonolência, e pode ser necessário adequar o horário de tomada ao treino. Se o antidepressivo deixa você mais sonolento, você pode conversar com seu médico e optar pela administração antes de dormir. 

Vale lembrar que esse processo pode ocorrer no início do tratamento, sendo que, a longo prazo, você se adapta e, com acompanhamento, conseguirá superar esse obstáculo inicial. Com o tempo você notará que ajudarão a aliviar a depressão e melhora sua motivação para se exercitar e construir massa muscular —afinal, o treino é a última coisa que uma pessoa que está sofrendo de depressão quer fazer, não é mesmo?

·         Medicamentos para dormir e para ansiedade

Medicamentos chamados benzodiazepínicos são usados para tratar ansiedade e insônia. Exemplos de benzodiazepínicos incluem alprazolam (Frontal), diazepam (Valium), clonazepam (Rivotril) e lorazepam (Lorax). Estes medicamentos podem causar fadiga, baixos níveis de energia, fraqueza, sonolência e má coordenação. Pílulas para dormir também podem causar os mesmos efeitos colaterais, que são ainda potencializados por medicamentos para dormir de ação prolongada. Isso pode afetar o desempenho do exercício.

Tomar a medicação muitas horas antes ou depois do treino pode ajudar a limitar esses efeitos. Se você tomar benzodiazepínicos ou um comprimido para dormir para ajudá-lo a adormecer, tente programar seu treino para a tarde, em vez de pela manhã.

·         Estimulantes

Medicamentos para TDAH como Concerta e Ritalina são estimulantes, ou seja, eles aumentam a taxa metabólica a nível celular e afetam a regulação da temperatura, o que pode levar ao aumento da transpiração e da desidratação. Os estimulantes também causam tremores e agitação, o que pode aumentar o risco de lesões.

Manter-se bem hidratado durante os treinos é especialmente importante se você estiver tomando remédios para TDAH.

·         Relaxantes musculares

Sem sombra de dúvidas esse é o que mais a galera tem dúvida. Quem já não quis correr para tomar um relaxante muscular depois de um treino de musculação?

Os relaxantes musculares são um grupo de medicamentos mais comumente prescritos para espasmos e dores. Isso pode ser devido a condições musculoesqueléticas, como distensões musculares, dores de cabeça tensionais, fibromialgia e síndrome de dor miofascial.

Os medicamentos funcionam bloqueando neurotransmissores que transmitem sinais do cérebro para o corpo que controlam os movimentos involuntários. Isso pode ajudar a aliviar espasmos musculares dolorosos, mas também pode causar efeitos colaterais como boca seca e visão turva. Como resultado, você se sentirá mais desidratado, o que pode dificultar o esforço durante o treino. Ter dificuldade para enxergar também pode prejudicar sua coordenação, aumentando a probabilidade de você tropeçar, cair ou deixar cair um peso e se machucar. E como os relaxantes musculares atuam rapidamente, você sentirá os efeitos poucas horas após tomá-los.

Embora haja pouca literatura aconselhando a favor ou contra o uso de relaxantes musculares após o treino ou durante o exercício, o bom senso deve prevalecer. O efeito colateral mais comum dos relaxantes musculares é a sonolência. Praticar exercícios enquanto se sente sonolento pode ser perigoso ao usar equipamentos de ginástica, como esteiras, e pode causar lesões. A sonolência também pode diminuir a eficácia do treino, causando fadiga precoce. Outros efeitos colaterais dos relaxantes musculares, como tonturas e perda temporária de visão, podem ser igualmente perigosos durante o exercício. Isso pode afetar seu equilíbrio e potencialmente resultar em ferimentos na cabeça.

Você poderia tentar tomar seus remédios à noite e malhar pela manhã. Os efeitos provavelmente já terão passado, mas dependendo da extensão da sua lesão ou espasmo muscular, pode ser melhor pular completamente o exercício até estar totalmente curado. Verifique com seu médico para descobrir o que é melhor.

·         Estatinas

As estatinas, como sinvastatina, atorvastatina e fluvastatina, são utilizadas para tratar o colesterol alto (LDL), o colesterol total e os triglicerídeos no sangue e, assim, evitar doenças como AVC, aterosclerose, doenças cardiovasculares etc. 

De acordo com a bula e com relatos de pacientes, eles podem causar efeitos colaterais como fadiga, dores musculares e cãibras musculares, que podem interferir na sua capacidade de se exercitar. Se você sentir esse sintoma, consulte seu médico e veja se é necessário evitar o treinamento de resistência para reduzir o estresse muscular até que as dores cessem. Se persistir, converse com o profissional para avaliar uma possível mudança para uma estatina diferente.

Em casos raros e graves, as estatinas podem causar uma doença chamada rabdomiólise, que está associada a danos musculares graves. Procure seu médico imediatamente se desenvolver sinais e sintomas como urina de cor escura, dores musculares intensas e fadiga durante o uso de estatinas.

·         Anti-histamínicos

Os anti-histamínicos são comumente utilizados para tratar sintomas de alergia, podendo causar efeitos colaterais como boca seca, cansaço, tontura, tontura e sonolência. Eles também podem relaxar os vasos sanguíneos e aumentar o risco de desmaios, o que pode levar a acidentes durante seu treino.

Se um medicamento para alergia esgota sua energia ou reduz o foco durante o exercício, converse com seu médico sobre como tentar um medicamento diferente que seja menos sedativo.

·         Betabloqueadores e inibidores de ECA (medicamentos usados para tratar a pressão arterial elevada)

Se você estiver tomando betabloqueadores ou inibidores da ECA para reduzir a pressão arterial, talvez não consiga atingir o pico da frequência cardíaca. Converse com seu médico sobre qual deve ser sua frequência cardíaca alvo ajustada e pressão arterial quando você estiver tomando um betabloqueador ou medicamento inibidor da ECA para hipertensão e fale com o Profissional de Educação Física que te acompanha para utilizar a Escala de Borg (Escala de percepção de esforço) para avaliar de forma subjetiva a intensidade e nível de exaustão do seu treino.

Além disso, algumas pessoas podem sentir hipotensão pós-exercício (pressão arterial baixa). Se é o seu caso, não levante abruptamente ou mude de posição muito rápido. Fale com seu médico!

·         Medicamento antiinflamatórios não esteroides (AINEs)

O ibuprofeno é um medicamento muito comum da classe de medicamentos antiinflamatórios não esteróides, que são uma classe comum de medicamentos disponíveis sem receita. O uso prolongado ou em altas doses pode levar a complicações como sangramento gastrointestinal, que por sua vez pode causar anemia e sintomas como falta de energia, fadiga, falta de ar e tontura. Isso pode levar a uma baixa capacidade de exercício. Além disso, tomar um analgésico como o ibuprofeno pode mascarar os sintomas da dor e aumentar o risco de lesões.

Atualmente, apenas dois estudos relataram que o ibuprofeno tem efeito diferencial do placebo na hipertrofia muscular. Um estudo relatou que 1.200 mg de ibuprofeno aumenta a hipertrofia muscular em adultos idosos. Outro estudo descobriu que a mesma dose de ibuprofeno atenuou a hipertrofia muscular em adultos jovens. Esses achados contrastantes são provavelmente explicados pelas diferenças nos níveis inflamatórios entre as faixas etárias. Isso porque pessoas idosas geralmente apresentam níveis mais elevados de inflamação, razão pela qual um medicamento antiinflamatório pode ter contribuído para a hipertrofia muscular. Estudos que utilizaram doses mais baixas de ibuprofeno, como 400 mg, não relataram efeito negativo ou positivo do uso de ibuprofeno. 

Mais importante ainda, os efeitos moduladores do ibuprofeno na hipertrofia muscular devem ser considerados preliminares, uma vez que ainda não foram replicados. Dados meta-analíticos também não encontraram diferença significativa entre os efeitos do placebo e do ibuprofeno na hipertrofia muscular em adultos de meia-idade e idosos. Dessa forma, o uso de ibuprofeno pode modular os efeitos do treinamento resistido na hipertrofia muscular, mas são necessárias mais pesquisas sobre o tema antes de fazer qualquer recomendação conclusiva.

Parto do princípio que, se a sua dor é muscular e está passando por um processo de microlesão tendo como objetivo a hipertrofia, por que vai tomar um antiinflamatório? Pelo sim e pelo não, melhor colher os resultados.

Se você toma antiinflamatórios regularmente, converse com seu médico sobre fazer exames de deficiência de ferro e/ou tomar suplementos dietéticos.

·         Descongestionantes nasais

Tomar descongestionantes pode aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial. Combinada com os efeitos do exercício, a pressão arterial elevada pode causar um estresse considerável no sistema cardiovascular. 

Converse com seu médico sobre exercícios seguros enquanto toma descongestionantes, especialmente se você tiver doença cardíaca ou histórico de evento cardíaco, como ataque cardíaco.

·         Diuréticos

Diuréticos ajudam o corpo a eliminar o excesso de sal e água. Eles são usados para tratar doenças como pressão alta, insuficiência cardíaca e edema (acúmulo de líquidos). Os diuréticos podem causar efeitos colaterais como tonturas, desidratação e hipocalemia (baixo teor de potássio), o que pode causar cãibras musculares e redução da capacidade de exercício. Ingerir alimentos ricos em potássio pode ajudar. Busque um acompanhamento com nutricionista, médico e profissional de educação física.

·         Inibidores de bomba de prótons (IBPs)—tratamento de distúrbios gástricos

Medicamentos como omeprazol, pantoprazol, lansoprazol e similares fazem parte do grupo dos inibidores da bomba de próton (IBP), também chamados de anti-ulcerosos, muito utilizados no tratamento de distúrbios do estômago e do esôfago, tais como gastrites, úlcera péptica e refluxo gastroesofágico. Os IBPs afetam a absorção de cálcio e magnésio, sendo que o uso prolongado desses medicamentos pode levar à perda de cálcio dos ossos, podendo afetar o seu treino e aumentar o risco de fraturas.

Converse com seu médico sobre medidas de estilo de vida para tratar sua condição ou outros medicamentos, se os IBPs causarem efeitos colaterais graves para você.

·         Antibióticos e corticosteróides

As fluoroquinolonas são uma classe de antibióticos fortes que podem combater eficazmente infecções complexas e podem causar efeitos colaterais indesejados, como tendões dolorosos com ou sem rupturas.

Os corticosteróides, como a prednisona, quando tomados cronicamente, podem causar fraqueza muscular. Se você estiver tomando esses medicamentos por um curto período, pode valer a pena fazer exercícios menos intensos e prestar atenção especial em exercícios que evitem lesões.

Lembre-se que temos que respeitar a individualidade biológica, pois você pode não ter o mesmo efeito com a medicação que alguém que você conhece. Além disso, sua resposta à medicação e seu efeito nos treinos podem mudar com o tempo. Se você suspeitar que seus medicamentos estão afetando sua rotina de exercícios, converse com seu médico sobre possíveis soluções ou outras opções de tratamento.

 

Fonte: IstoÉ

 

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