sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Para libertar Fernandinho Beira-Mar, defesa alega insanidade mental, greve de fome e escuridão na cela

A defesa de Luiz Fernando da Costa, conhecido como Fernandinho Beira-Mar, considerado um dos maiores traficantes do Brasil, alega estado de insanidade mental para que ele receba liberdade. Ele passou por perícia psiquiátrica nos últimos dias.

O exame solicitado tem como objetivo corroborar com a tese de que o presidiário tem insanidade mental derivada das condições vividas na prisão. Beira-Mar está preso na penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande (MS).

O traficante alega que está com problemas mentais. As mudanças de comportamento teriam ocorrido por causa do isolamento imposto nos presídios federais. Ele denuncia os maus-tratos desde 2021.

•        Administração nega

O Departamento Penitenciário Nacional (Depen) informou em nota que as denúncias de Fernandinho Beira-Mar são “improcedentes”. No vídeo, o traficante alegou que permaneceu seis meses em uma cela isolada quando foi transferido para a prisão, em setembro de 2019.

A administração do presídio argumentou que o isolamento era necessário para que fosse feita uma análise do perfil do criminoso devido à hierarquia entre os outros presos.

Segundo Beira-Mar, havia escassez de luz na cela, episódio descrito como “forma de tortura” pelo traficante. “Só quero ter o direito de ter um ambiente salubre para eu poder ler, poder estudar. Estava numa cela escura, sem condição de leitura.”

Sobre o período de quatro meses que passou sem receber assistência jurídica em função da pandemia, o traficante afirmou que fez uma greve de fome para falar com o advogado. Ele afirma que foi vítima de abuso de autoridade na enfermaria em que ficou internado após o fim da greve.

 

       Derrite chama parte da imprensa de “canalha” que “trabalha a serviço do crime”

 

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou durante o 3º Congresso de Operações Policiais (COP), na manhã desta quarta-feira (25), que parte da imprensa paulista é canalha, publica "fake news" e trabalha a serviço do crime.

Além disso, ele ainda fez o balanço de seu trabalho no combate ao tráfico de drogas, em especial no enfrentamento na cracolândia, na região central, e também ressaltou a Operação Escudo, na Baixada Santista, que deixou ao menos 28 mortes.

A plateia do evento era formada por integrantes das forças policiais e por empresários do ramo de armas e tecnologia voltadas às operações policiais.

"Os senhores acham que aquela conversa furada de uma imprensa, uma parte da imprensa canalha, que solta fake news dizendo que o indivíduo foi torturado, arrancaram as unhas e depois executado, nenhum laudo do Instituto Médico Legal apontou hematomas, muito menos sinais de tortura", afirmou Derrite.

E prosseguiu, fazendo sérias acusações à imprensa:

"Como diria um ex-comandante meu: esses indivíduos, não é que eles torcem para o outro lado. Eles trabalham a favor do crime, esses covardes."

Ele ainda foi ovacionado ao afirmar que criminosos que atentarem contra a vida de policial civil ou militar serão caçados. "Quando eu falo ser caçado, preferencialmente será preso. Eu sei que tem órgãos na imprensa aí que estão loucos para soltar uma notinha", disse.

Ao final, como cereja do bolo, o secretário de Segurança do governador Tarcísio de Freitas ainda aproveitou para elogiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL):

"Não é possível que em 2023, tenha gente que ainda pense no discurso de que, olha, a culpa da criminalidade é que o presidente Bolsonaro flexibilizou [o armamento]. Isso é uma coisa de quem é cego, ou é enviesado, ou não sabe nada de segurança pública. Dessas 119 armas, nenhuma arma é do atirador, coronel, ou secretário. Todas do mercado ilícito", encerrou.

•        Feira de armas

O Congresso de Operações Policiais (COP), organizado por João Sansone, que na internet se diz patriota, é uma espécie de feira de negócios ligada ao mundo das armas, segundo o sociólogo Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, "Algo recente e muito ligado ao mundo das armas", disse.

 

       'Operação herdeiro': polícia prende em SP filho de um dos maiores traficantes do País

 

Gabriel Donadon Loureiro Pereira, filho de Anderson Lacerda Pereira, o 'Gordão', foi preso por policiais civis do Departamento Estadual de Investigações Criminais de São Paulo. Ele estava sendo monitorado desde 2022, quando seu pai, conhecido também como 'Gordo' e 'Gold', foi preso.

Em nota ao Terra, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que a prisão de Gabriel ocorreu na segunda-feira, 23, na Zona Leste, durante a Operação O Herdeiro. Policiais da 2ª Delegacia Patrimônio efetuaram a prisão.

Gabriel era procurado desde 2020 por homicídio, tráfico de drogas e porte de arma. O setor de inteligência da polícia descobriu que o 'herdeiro' tinha voltado ao Brasil há 30 dias, depois de montar sua base operacional na cidade de Cochabamba, na Bolívia.

Os policiais constataram que o criminoso se instalou na região de Guaianases e passaram a monitorá-lo. Na segunda-feira a polícia desencadeou a operação e montou um cerco, com apoio da Polícia Militar, na altura do km 27 da Rodovia Airton Senna (SP-070), região de Ermelino Matarazzo.

De acordo com a polícia, ao ser preso ele apresentou um documento de identificação falso, mas confessou ser foragido da Justiça. Agora, com a prisão, a Polícia Civil afirma que continuará as investigações para identificar os outros integrantes da organização criminosa chefiada pelo "herdeiro".

•        Inspirado em Pablo Escobar: quem é "Gordão"

Anderson Lacerda Pereira, o "Gordão", é apontado como um dos líderes do Narcosul, cartel de drogas do PCC e de seus associados. Segundo investigações, ele montou 38 clínicas médicas e odontológicas que eram usadas para lavar o dinheiro obtido com o tráfico de drogas para o exterior. Ele participou das primeiras negociações de expansão internacional do PCC e vendia entorpecentes até com a máfia italiana.

De acordo com as investigações, o criminoso chegou ainda a dominar os contratos da área de Saúde da cidade de Arujá, na Grande São Paulo e usava até criptomoedas em algumas operações. Ele faz parte do grupo que cresceu na Baixada Santista e teve relações estreitas com a estiva do Porto de Santos.

Desde 2020, o nome de Lacerda - detido em 2022 em Poá, na região metropolitana da capital paulista - estava na lista de procurados da Interpol. Naquele ano, a polícia já havia encontrado pistas de uma passagem sua pelo Recife. Ele deixou às pressas seu apartamento antes da chegada dos policiais que cumpriam mandados de busca e prisão da Operação Soldi Sporchi (dinheiro sujo). Os materiais apreendidos revelaram o perfil de Gordo, que se inspira em grandes traficantes mexicanos e colombianos, como Pablo Escobar.

Foram encontrados no local livros como O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, e Minha Vida com Pablo Escobar, de Jhon Jairo Velasquez, o Popeye. Gordão também se dedicava à gestão dos negócios e a estudar matemática financeira.

Outra história que despertou interesse do chefe do PCC é a de Amado Carrillo Fuentes, o Senhor dos Céus, nascido em Guamuchilito, em Sinaloa (México). Esse criminoso foi o responsável por montar uma grande frota de aviões para trazer a cocaína colombiana do cartel de Medellín até o México na década de 1980. Foi com o nome da cidade natal de Fuentes que Gordão batizou um de seus sítios. Ele criou até uma logomarca para o local.

Também foi encontrado um arquivo com uma música que Gordo dizia ter mandado gravar. Inspirado nos "narcocorridos", ele encomendou no México a gravação, conforme a polícia, da música em sua homenagem. O corrido é um ritmo mexicano, usado pelos traficantes, como o funk no Rio. Muitos dos negociadores de drogas - como mostrado na série Breaking Bad - são "homenageados" com essas músicas.

Em celulares apreendidos pela polícia, também foram achadas fotos de aviões sendo inspecionados na Bolívia. Uma pasta trazia os arquivos com fotografias de passeios feitos por Gordo e sua família no país vizinho. As imagens mostra, por exemplo, testes sobre a pureza da cocaína e encontros de negócios em um restaurante.

Gordão ainda copiou de Pablo Escobar um zoológico em uma de suas propriedades, com jaulas, viveiros e até um lago, onde criava jacarés. A polícia suspeita que essa área era usada inclusive para desova de corpos.

As mensagens apreendidas revelam ainda a rota de venda de entorpecentes mantida pelo Narcosul entre as Ilhas Canárias e a África, além de exibir dados sobre a presença do PCC em 12 países, incluindo seis europeus (Portugal, Espanha, Holanda, Suíça, França e Itália).

As apreensões ainda apresentam outra paixão de Gordo, a poesia. Os textos encontrados pela polícia tratam de sua vida, amores, de sua mãe e do crime. Um dos textos fala em "viver entre o amor e o ódio em um ambiente estranho" e outra traz a seguinte mensagem: "Oh, Deus ajude-nos a manter vivo o nosso ódio", concluída com a frase: "Mata, que Deus perdoa".

 

       Investigação sobre sumiço de mulher trans chega a ex-militar que desviou equipamento do Exército

 

A Polícia Civil de São Paulo investigava o desaparecimento de Ana Luíza dos Santos no último mês de setembro. Em meio às investigações, descobriu que a mulher transexual tinha sido vista pela última vez à bordo de um carro que estaria alugado pelo ex-militar do Exército Michel Eric Rabelo da Silva. A história foi revelada pelo jornalista Josmar Jozino, no portal Uol.

Apontado como um dos possíveis suspeitos pelo desaparecimento da moça, os policiais conduziram o homem para prestar depoimento na Delegacia de Polícia de Carapicuíba, na Grande São Paulo. Durante o procedimento, ele autorizou os agentes a irem para sua residência, na cidade vizinha de Barueri. E foi aí que as revelações começaram a aparecer.

No endereço foram encontradas munições de quatro calibres diferentes, além de roupas camufladas, boinas e um capacete balístico do Exército. Os policiais levaram o material apreendido ao Arsenal de Guerra de São Paulo, também localizado em Barueri, onde recentemente foram roubadas 21 metralhadoras. Oficiais confirmaram que os equipamentos encontrados na casa do homem pertencem ao Exército.

Quando a informação chegou na delegacia, Michel foi questionado. Ele confessou a interceptação do material. Disse aos policiais que ganhou a munição de um amigo dos tempos em que serviu ao Exército e assumiu a falsificação de uma carteira militar. Michel saiu do Exército em fevereiro do ano passado, como soldado.

O ex-militar foi autuado em flagrante por interceptação no mesmo 15 de setembro e teve a prisão convertida para preventiva no dia seguinte. Mas no último 10 de outubro a prisão foi revogada.

Agora, além do desaparecimento da mulher, a Polícia Civil também investiga se existe alguma relação direta entre Michel, seu suposto amigo militar que teria presenteado a munição, e o roubo das 21 metralhadores do Arsenal de Guerra de São Paulo. O sumiço das armas foi notado em 10 de outubro e quase 500 militares ficaram aquartelados enquanto o caso era investigado internamente.

Das 21 metralhadoras roubadas, 8 foram recuperadas na comunidade de Gardênia Azul, na zona oeste do Rio de Janeiro, e seriam vendidas ao Comando Vermelho. Outras 8 metralhadoras, encontradas em lamaçal na cidade de São Roque, no interior de São Paulo, seriam destinadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

 

       Da Cunha alega legítima defesa ao espancar namorada "lutadora de muay thai e fisiculturista”

 

O deputado federal bolsonarista Carlos Alberto da Cunha, o "Delegado da Cunha" (PP-SP), alegou, em depoimento à Polícia Civil, que agiu em legítima defesa ao espancar a namorada Betina Raísa Grusiecki Marques, de 28 anos, no último dia 15 de outubro, na casa onde moram em Santos, litoral paulista.

No boletim de ocorrência, Betina afirma que a agressão começou por volta das 21h da noite anterior quando deputado teria consumido bebida alcoólica, se alterado e começou a xingá-la de "putinha", dizendo que ela não “servia para nada”.

Sob efeito do álcool, ele teria empurrado a cabeça da namorada contra a parede, ao mesmo tempo em que apertava seu pescoço. Betina teria desmaiado e, ao acordar, o deputado veio em sua direção para agredi-la e, como resposta, jogou um secador nele. Porém, isso não foi o suficiente para fazê-lo parar a investida. Além disso, Da Cunha teria ameaçado matá-la com tiros, e repetir o feito com a sua mãe.

A perícia do Instituto Médico Legal (IML), no entanto, confirmou que Betina sofreu lesões e apontou “escoriação recente do couro cabeludo em região occiptal (nuca)”. Já o parlamentar levou dois pontos por causa de um corte na testa.

•        Legítima defesa

Em depoimento à polícia de Santos, o deputado bolsonarista, no entanto, contou outra versão e diz ter agido em legítima defesa já que a namorada é “lutadora profissional de muay thai e fisiculturista”.

“Quando retornaram para o apartamento, Betina entrou de modo enfurecido na suíte do casal, e bateu a porta”, diz trecho do depoimento do deputado. Em seguida, ela teria começado a “provocá-lo, dizendo de forma desafiadora: “Você vai me bater?’.”

Da Cunha diz que tentou conversar, mas a mulher agia de "forma provocadora" repetindo: “Você vai vir para cima?”.

“Subitamente, Betina começou a empurrá-lo com força para sair e, com o fim de se proteger, esticou o braço na altura do pescoço de Betina, sem apertá-lo”, diz o texto do depoimento à Polícia. “Esta começou a simular que estava desmaiando, e se projetou ao solo”, segue o relato.

O deputado ainda afirmou que o secador atirado pela mulher provocou um corte no supercílio esquerdo e o deixou atordoado.

A briga teria terminado quando o filho de Da Cunha afastou o pai da namorada e chamou a polícia militar.

•        Ministério Público de Santos

A tese de legítima defesa foi aceita pelo promotor Rogério da Luz Ferreira, que afastou a hipótese de acusar o deputado por agressão.

O representante do Ministério Público afirma que Da Cunha começou uma discussão com Betina e “logo passou a agredi-la”. Ele agarrou a ofendida e, com violência, bateu a cabeça dela contra uma das paredes do imóvel”.

“O denunciado também apertou o pescoço da vítima (esganadura), fazendo com que ela perdesse a consciência. Quando ela voltou a si, o denunciado bateu mais uma vez a cabeça dela contra a parede”, diz ainda o relato do MP-SP.

O promotor ainda conta que, após as agressões, Da Cunha jogou água sanitária nas roupas de Betina e destruiu os óculos de sol. “Ele assim agiu para ridicularizar e menosprezar a vítima, desdenhando de seus pertences pessoais. Ele buscou humilhar a vítima fazendo isso na presença dela".

 

Fonte: Fórum/Agencia Estado

 

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