quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Países da UE chegam a acordo sobre pacto migratório

Os Estados-membros da União Europeia chegaram a um acordo nesta quarta-feira (4) sobre um novo pacto migratório no bloco, após um impasse entre Alemanha e Itália por causa das ONGs que realizam socorro marítimo no Mediterrâneo.   

O texto foi aprovado no Conselho da UE, órgão que reúne representantes dos 27 governos, apesar da oposição de Hungria e Polônia, historicamente hostis a migrantes da África e do Oriente Médio, e com as abstenções de Áustria, Eslováquia e República Tcheca.   

“Dou as boas-vindas ao compromisso político entre os Estados-membros a respeito do regulamento sobre as crises [migratórias]. É uma verdadeira reviravolta que permite abrir negociações com o Parlamento da UE. Unidos podemos aprovar o Pacto sobre Migração antes do fim da legislatura [em meados de 2024]”, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.   

O texto servirá como base para as negociações entre os representantes dos Estados-membros e o Parlamento Europeu e promete reforçar a vigilância das fronteiras externas da UE e os acordos com os principais países de partida, como a Tunísia, para bloquear deslocados internacionais.   

No entanto, a aprovação só aconteceu após a Alemanha aceitar retirar um trecho que defendia o papel das ONGs do Mediterrâneo.   

Criticado pela Itália, esse artigo excluía as entidades humanitárias de contextos que podem configurar o uso instrumental dos fluxos migratórios por países terceiros, uma das tipologias que ativariam o regulamento sobre crises.   

 “É um resultado muito positivo, um sucesso para a Itália”, afirmou o ministro italiano das Relações Exteriores, Antonio Tajani. O texto, no entanto, não altera a norma que determina que o país de entrada do solicitante de refúgio na UE se responsabilize pelo acolhimento e pela análise do pedido, cuja revogação é um pleito antigo de Roma.   

Os Estados-membros da União Europeia chegaram a um acordo nesta quarta-feira (4) sobre um novo pacto migratório no bloco, após um impasse entre Alemanha e Itália por causa das ONGs que realizam socorro marítimo no Mediterrâneo.   

O texto foi aprovado no Conselho da UE, órgão que reúne representantes dos 27 governos, apesar da oposição de Hungria e Polônia, historicamente hostis a migrantes da África e do Oriente Médio, e com as abstenções de Áustria, Eslováquia e República Tcheca.   

“Dou as boas-vindas ao compromisso político entre os Estados-membros a respeito do regulamento sobre as crises [migratórias]. É uma verdadeira reviravolta que permite abrir negociações com o Parlamento da UE. Unidos podemos aprovar o Pacto sobre Migração antes do fim da legislatura [em meados de 2024]”, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.   

O texto servirá como base para as negociações entre os representantes dos Estados-membros e o Parlamento Europeu e promete reforçar a vigilância das fronteiras externas da UE e os acordos com os principais países de partida, como a Tunísia, para bloquear deslocados internacionais.   

No entanto, a aprovação só aconteceu após a Alemanha aceitar retirar um trecho que defendia o papel das ONGs do Mediterrâneo.   

Criticado pela Itália, esse artigo excluía as entidades humanitárias de contextos que podem configurar o uso instrumental dos fluxos migratórios por países terceiros, uma das tipologias que ativariam o regulamento sobre crises.   

“É um resultado muito positivo, um sucesso para a Itália”, afirmou o ministro italiano das Relações Exteriores, Antonio Tajani. O texto, no entanto, não altera a norma que determina que o país de entrada do solicitante de refúgio na UE se responsabilize pelo acolhimento e pela análise do pedido, cuja revogação é um pleito antigo de Roma.   

O papel das ONGs do Mediterrâneo virou motivo de discordância entre Itália e Alemanha, que irritou o governo de Giorgia Meloni ao anunciar repasses para entidades humanitárias que fazem operações de busca e resgate no mar.   

Berlim considera o papel das ONGs essencial para salvar vidas no Mediterrâneo, mas a gestão Meloni afirma que elas agem como “fator de atração” para migrantes forçados. Apesar das discordâncias, o chanceler alemão, Olaf Scholz, definiu o acordo desta quarta como “histórico”. “A reforma vai limitar de forma eficaz a imigração irregular na Europa”, garantiu.   

Em junho passado, os governos dos Estados-membros já haviam fechado um acordo preliminar para reformar as regras que orientam a gestão de solicitantes de refúgio no bloco. No entanto, o pacto desta quarta, que é um documento secundário, ainda estava pendente.   

A proposta aprovada em junho – também com oposição de Hungria e Polônia – obriga todos os Estados-membros a participar da gestão dos solicitantes de refúgio que chegam aos milhares nos países mediterrâneos, especialmente Grécia e Itália.   

Se uma nação se recusar a receber esses deslocados internacionais, terá de pagar 20 mil euros por pessoa para um fundo administrado pela União Europeia. 

O texto deverá, por fim, ser negociado com os legisladores do Parlamento Europeu.

Também na rede X, a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, saudou as “excelentes notícias do acordo político sobre a regulação da crise”.

A ministra sueca das Migrações, Maria Malmer Stenergard, disse sentir-se “muito feliz” porque o que foi acordado em Bruxelas “é uma peça muito importante do quebra-cabeças do pacto de Migração e Asilo”.

– Oposição de Polônia e Hungria –

Fontes diplomáticas afirmaram, nesta quarta-feira, que na reunião dos representantes permanentes em Bruxelas os delegados de Polônia e Hungria votaram contra.

Os dois países se opõem à intenção da Comissão Europeia (braço Executivo da UE) de fazer com que todos os países do bloco aceitem migrantes ou ajudem a cobrir os custos.

Em declarações à imprensa de seu país, o ministro húngaro das Relações Exteriores, Peter Szijjarto, fez um apelo para “interromper de imediato esta política migratória”.

Ele pediu o “fim imediato das cotas obrigatórias de assentamento (…) convidando os migrantes e o fim do apoio ao modelo de negócio dos traficantes de pessoas”.

Na semana passada, os ministros do Interior dos países da UE pareciam prestes a selar um acordo difícil para fazer a reforma avançar, mas no último minuto a oposição italiana diluiu a ilusão de um entendimento.

Há uma semana, os ministros do Interior da UE discutiram uma solução de compromisso que finalmente lhes permitiu obter o apoio da Alemanha, mas a solução não agradou a Itália e o caso voltou a permanecer sem solução.

Segundo fontes diplomáticas, as objeções da Itália dizem respeito ao papel das ONGs no resgate de migrantes em alto-mar.

Neste contexto, a Itália criticou a Alemanha por financiar algumas das ONGs que realizam resgates no mar Mediterrâneo, a ponto de usarem navios com bandeira alemã.

Em resposta, o governo italiano começou a exigir que estas ONGs desembarcassem os migrantes nos países das bandeiras dos navios.

Pressionados pela proximidade da cúpula da UE, marcada para sexta-feira em Granada, Espanha, os ministros deixaram a discussão nas mãos dos representantes permanentes para tentar alcançar um acordo antes da cúpula.

O papel das ONGs do Mediterrâneo virou motivo de discordância entre Itália e Alemanha, que irritou o governo de Giorgia Meloni ao anunciar repasses para entidades humanitárias que fazem operações de busca e resgate no mar.   

Berlim considera o papel das ONGs essencial para salvar vidas no Mediterrâneo, mas a gestão Meloni afirma que elas agem como “fator de atração” para migrantes forçados. Apesar das discordâncias, o chanceler alemão, Olaf Scholz, definiu o acordo desta quarta como “histórico”. “A reforma vai limitar de forma eficaz a imigração irregular na Europa”, garantiu.   

Em junho passado, os governos dos Estados-membros já haviam fechado um acordo preliminar para reformar as regras que orientam a gestão de solicitantes de refúgio no bloco. No entanto, o pacto desta quarta, que é um documento secundário, ainda estava pendente.   

A proposta aprovada em junho – também com oposição de Hungria e Polônia – obriga todos os Estados-membros a participar da gestão dos solicitantes de refúgio que chegam aos milhares nos países mediterrâneos, especialmente Grécia e Itália. 

 

Ø   Novo Pacto em matéria de Migração e Asilo

 

 A migração é uma questão complexa. Há que ter em conta a segurança das pessoas que procuram proteção internacional ou uma vida melhor, bem como as preocupações dos países que receiam que as pressões migratórias excedam as suas capacidades.

Para abordar a interdependência entre as políticas e decisões dos Estados-Membros, a Comissão Europeia propôs um novo quadro da UE que gere e normaliza a migração a longo prazo. Este novo sistema foi concebido de forma a proporcionar segurança, clareza e condições dignas às pessoas que chegam à UE. Permite também aos europeus confiar que a migração é gerida de forma eficaz e humana, em plena consonância com os nossos valores e com o direito internacional. 

>>>> Criar confiança

Com base numa avaliação global, a Comissão propôs uma nova abordagem em matéria de migração para reforçar a confiança graças a procedimentos mais eficazes e alcançar um novo equilíbrio entre responsabilidade e solidariedade.

·         Procedimentos mais eficazes

Introdução de novos procedimentos de triagem nas fronteiras, melhoria dos sistemas informáticos e ajustamento das regras aplicáveis aos pedidos de asilo

·         Boa gestão das fronteiras Schengen e externas

Reforma do Código das Fronteiras Schengen e introdução de uma nova estratégia sobre o futuro de Schengen

·         Solidariedade efetiva

Melhorar os procedimentos de recolocação de grupos vulneráveis e de pessoas resgatadas no mar

·         Competências e talentos

Atrair talentos e apoiar a integração nas comunidades locais

·         Parcerias internacionais

Apoio a outros países que acolhem refugiados e combatem a introdução clandestina de migrantes

·         Flexibilidade e resiliência

Assegurar uma reação comum e rápida à crise migratória

>>>> Responsabilidades claras

A adoção de procedimentos mais eficazes assegurará uma clarificação das responsabilidades, contribuindo para restabelecer a confiança entre os Estados-Membros e, ao mesmo tempo, proporcionar clareza aos requerentes. As novas regras visam melhorar a ligação entre os principais processos, nomeadamente os processos de asilo e de regresso.

Nova triagem obrigatória antes da entrada para estabelecer rapidamente o estatuto à chegada:

  • Identificação
  • Controlos sanitários
  • Controlos de segurança
  • Recolha de impressões digitais e registo na base de dados Eurodac

Novo procedimento acelerado em matéria de asilo na fronteira:

  • Eventualmente seguido de um procedimento de regresso acelerado, a fim de abreviar a tomada de decisões e de tornar os procedimentos de asilo mais eficientes

Melhor sistema de gestão da migração e das fronteiras:

  • Melhoria da base de dados Eurodac, contribuindo para a luta contra a migração irregular
  • Dar mais atenção ao requerente e menos ao apuramento da responsabilidade pelo pedido de asilo
  • Dissuasão das deslocações não autorizadas para outros Estados-Membros
  • Facilitação da recolocação e melhor acompanhamento dos repatriados
  • Acompanhamento do apoio à partida voluntária e à reintegração

Garantia legal:

>>>> Solidariedade

Opções flexíveis para os Estados-Membros:

  • Recolocação de pessoas recém-chegadas
  • Apoio operacional imediato
  • Apoio a mais longo prazo para reforçar as capacidades em matéria de procedimentos de asilo
  • Acolhimento de recém-chegados ou operações de regresso
  • Assistência na resposta a tendências migratórias específicas que afetem os Estados-Membros, mediante a cooperação com países terceiros

Respostas solidárias específicas adaptadas a cenários específicos:

Lidar com pessoas vulneráveis, como as descobertas na sequência de operações de busca e salvamento no mar

  • Recolocação das pessoas que necessitem de proteção
  • Identificação precoce das necessidades através de um relatório anual de prospetiva
  • Congregação das contribuições nacionais solidárias, com base em compromissos voluntários
  • Mecanismo de correção para garantir um apoio eficaz

Atenuar a pressão sobre o sistema de gestão da migração de um Estado-Membro

  • Recolocação alargada a refugiados reconhecidos
  • Contribuições dos Estados-Membros de acordo com uma definição das quotas-partes nacionais
  • Mecanismo de correção para garantir um apoio eficaz

Ajudar numa situação de crise

  • Recolocação alargada às pessoas abrangidas pelo procedimento de fronteira, às pessoas em situação irregular e às que necessitam de proteção imediata
  • Reação mais rápida a nível da UE através de um processo decisão acelerado sobre contribuições
  • Mecanismo de solidariedade centrado na recolocação

>>>> Uma abordagem inclusiva

  • Trabalhos preparatórios intensivos desde dezembro de 2019
  • Duas rondas completas de consultas com todos os Estados-Membros, o Parlamento Europeu, os parlamentos nacionais, a sociedade civil, os parceiros sociais e as empresas
  • Um equilíbrio cuidadoso que integra todas as perspetivas
  • Próximas etapas: apreciação pelo Parlamento Europeu e o Conselho
  • Em setembro de 2022, o Parlamento Europeu e as cinco presidências rotativas do Conselho chegaram a acordo sobre um roteiro conjunto para a organização, coordenação e implementação do calendário das negociações sobre o Pacto. 
  • Os colegisladores confirmaram o seu empenho em envidar todos os esforços no sentido da adoção das propostas legislativas antes do final da legislatura de 2019-2024. 
  • A Comissão está pronta a trabalhar com o Parlamento Europeu e o Conselho para assegurar um acordo harmonioso e rápido sobre o Pacto.

 

Fonte: Ansa/AFP/Comissão Européia

 

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