Deltan sugeriu bloqueio do Congresso e de Assembleias para combater
corrupção
Muito antes do infame episódio de 8 de janeiro, em
que o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto
foram atacados por vândalos golpistas, o ex-procurador e deputado cassado
Deltan Dallagnol teve a ideia de produzir cenas semelhantes na Praça dos Três Poderes.
É o que indicam novas mensagens obtidas pela
"operação spoofing", às quais a revista eletrônica Consultor Jurídico
teve acesso.
No fim do dia 5 de julho de 2017, Deltan perguntou
se Bruno Brandão, diretor da "organização não governamental" Transparência
Internacional no Brasil, já havia estudado sobre desobediência civil como
método de resistência não violenta e se conhecia alguma aplicação disso contra
a corrupção. "Que tal bloquearmos as entradas do congresso?", indagou
— os diálogos são reproduzidos nesta reportagem em sua grafia original.
Brandão, espécie de mentor intelectual e sócio do
fundo que a "lava jato" pretendia constituir, citou como exemplo um
protesto de funcionários da Controladoria-Geral da União que impediram a
entrada do ex-chefe da pasta Fabiano da Silveira no órgão. E foi além: "Na
semana passada, o helicóptero que metralhou o Supremo na Venezuela tinha uma
faixa com o número 350, referência ao artigo da Constituição que dispõe sobre
desobediência civil".
"Temos que ver a hora certa para unir as
pessoas e dar vazão à esperança, a um grito por dignidade contra a humilhação a
que somos submetidos por parte dos governantes corruptos. Precisamos pensar em
ações concretas. Essa do congresso pode ser repetida em todas as capitais, em relação
às Assembleias Legislativas", escreveu o ex-chefe da "lava jato"
naquela ocasião, no mesmo raciocínio que foi usado pelos golpistas para, alguns
anos mais tarde, depredar as sedes dos Três Poderes.
Poucos dias depois dessa conversa, no dia 8 de julho,
Deltan deu mais uma ideia a Brandão. Ele citou um "brainstorming" que
teve para sugerir boicote a partidos políticos que foram acusados pela
"lava jato" de formação de organização criminosa — acusações que, na
verdade, nunca foram comprovadas.
"Isso teria o efeito prático de drenar o poder
das lideranças da Velha Política...", escreveu Deltan para o executivo da
TI.
"Contra, se diria que há generalização
indevida, condenação de justos com injustos...a resposta seria: o partido no
mínimo se omitiu: não foram expulsos os membros; o partido todo se beneficiou
com desvios; trata-se de enfraquecer lideranças corruptas, os liderados podem
mudar...Seria algo forte e inovador. Qual sua primeira impressão?".
Brandão, então, respondeu dizendo que seria melhor
uma espécie de "aviso prévio" aos partidos. Ele disse que, caso as
legendas abrissem sindicâncias para apurar irregularidades, "ficariam de
fora do boicote".
Deltan disse ter gostado da ideia, mas alertou que
as siglas poderiam abrir as sindicâncias "para inglês ver". Fato
contínuo, ele falou que a liderança do PMDB é, salvo algumas exceções,
"uma organização criminosa".
Deltan
tentou usar ANPR para defender procurador que atacou Supremo
O ex-chefe da finada "lava jato", Deltan
Dallagnol, tentou usar a Associação Nacional dos Procuradores da República
(ANPR) para os seus propósitos. Em uma conversa de 28 de abril de 2018 —
apreendida pela "operação spoofing" e à qual a revista eletrônica
Consultor Jurídico teve acesso —, o agora deputado federal cassado contou a
colegas que tratou com José Robalinho, ex-presidente da ANPR, sobre a
possibilidade de utilizar a entidade para defender um procurador lavajatista.
''Robalinho ANPR tendo em vista as alegações
públicas e notórias que o corregedor do CNMP está fazendo, por que a ANPR não
organiza um manifesto sobre a liberdade de expressão dos membros do MP
direcionado a ele? Eu até pensei em lista de apoio ao Carlos Fernando. O
cidadão acima tem que ser pressionado! Senão vai fazer estragos'', escreveu
Deltan — os diálogos são reproduzidos nesta reportagem em sua grafia original.
Ele se referiu a Orlando Rochadel, à época corregedor do Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP).
A tentativa de usar o peso da associação de
procuradores em prol da "lava jato" teve como motivação a abertura de
processo administrativo disciplinar contra Carlos Fernando dos Santos Lima, que
atuou no consórcio de Curitiba. O PAD foi aberto porque o promotor atacou o
presidente da República à época, Michel Temer, o Supremo Tribunal Federal e
seus ministros em uma publicação no Facebook.
No mesmo diálogo, Deltan orientou Carlos Lima sobre
os procedimentos a serem feitos para que a ANPR pudesse agir em seu favor.
"Carlos pra fazermos algo assim precisamos de
cópia integral do seu procedimento pra saber exatamente o que tem nele e deixar
todos tranquilos que não tem baixaria sua", disse Deltan.
>>> Leia o diálogo na íntegra:
29 Apr 18
15:09:36 Deltan Robalinho ANPR tendo em vista as
alegações públicas e notórias que o corregedor do CNMP está fazendo, por que a
ANPR não organiza um manifesto sobre a liberdade de expressão dos membros do MP
direcionado a ele? Eu até pensei em lista de apoio ao Carlos Fernando. O
cidadão acima tem que ser pressionado! Senão vai fazer estrago''
15:09:36 Deltan Mensagem minha ao Robalinho.
15:10:07 Deltan Carlos pra fazermos algo assim
precisamos de cópia integral do seu procedimento pra saber exatamente o que tem
nele e deixar todos tranquilos que não tem baixaria sua
15:10:15 Deltan Consegue cópia por favor
16:10:38 Não estou entendendo nada.
16:20:34 O que existe eu já te mandei.
18:49:51 Deltan Mandou onde? Manda aqui?
Procuradores
atacaram Mariz e vibraram com projeto de série lavajatista
No auge da finada "lava jato", os
procuradores da autodenominada força-tarefa se sentiam à vontade para criticar
candidatos ao Ministério da Justiça e receber uma equipe de roteiristas
dedicada a criar uma série fantasiosa sobre o consórcio de Curitiba.
É o que se mostra em uma nova leva de diálogos
entre procuradores obtida pela "operação spoofing", às quais a
revista eletrônica Consultor Jurídico teve acesso.
Na conversa do dia 27 de abril de 2016,
procuradores compartilharam uma notícia que informava que eles criticaram o
candidato favorito a assumir o Ministério da Justiça à época, o advogado
Antônio Mariz de Oliveira.
Poucos dias antes, o criminalista concedeu uma
entrevista em que afirmou que alongar prisões preventivas para forçar uma
delação era "pior do que tortura". Essa declaração não foi bem
recebida por lavajatistas e seus apoiadores.
O chefe da "lava-jato", Deltan Dallagnol,
disse aos colegas que a entrevista tirava Mariz do páreo pelo ministério — e
ele tinha razão, já que o criminalista não foi escolhido para o posto.
"Ótimo, menos um problema. Quem é o próximo da
fila? Rs", disse Deltan — os diálogos são reproduzidos nesta reportagem em
sua grafia original.
Os procuradores também celebraram a presença de seu
parceiro mais famoso, o então juiz Sergio Moro, na lista das pessoas mais
influentes do mundo, elaborada pela revista americana Time. "Acho
positivo. Dá visibilidade ao reconhecimento internacional. Um dos 100 mais influentes
do mundo é um título que pareceria impossível de ser atribuído a um juiz de
primeira instância", comentou Deltan.
• Holofotes
Outro trecho que merece destaque nos diálogos
mostra o entusiasmo dos procuradores pelos holofotes. Um procurador conta que o
jornalista Vladimir Neto gostaria de visitar a autodenominada força-tarefa com
uma equipe de roteiristas que estaria dedicada a produzir uma série sobre os
feitos da "lava jato".
"Eu já falei que acho que não tem como colocar
11 procuradores na tela rs.. Mas ele disse que a ideia que ele conversou com o
Padilha é fazer bem original e seguindo os fatos", escreveu um procurador
identificado como Paulo.
O cineasta José Padilha acabou dirigindo uma série
chamada "O Mecanismo". Anos após as revelações do modo lavajatista de
atuar, ele afirmou que "foi um idiota" por ter acreditado em Sergio Moro.
>>> Leia abaixo os diálogos na íntegra:
27 Apr 16
00:16:05 Diogo Vergonha alheia dessa foto
00:16:20 Diogo Eh uma esposa ou uma tiete?
06:33:11 Meu carro precisa de lavagem.
06:34:55
http://m.folha.uol.com.br/poder/2016/04/1765059-investigadores-da-lava-jato-criticam-favorito-para-ministerio-da-justica.shtml
06:35:31 Botei minha cara para apanhar.
07:00:29 Acho que esse reconhecimento internacional
do Moro, e a foto, são positivas. Ele parecer winner é bom para formar a
mitología da Lava-Jato.
07:11:14 Deltan Timing perfeito com ANPR AJUFE E
ADPF
07:13:08 Deltan Tb acho positivo. Dá visibilidade
ao reconhecimento internacional. Um dos 100 mais influentes do mundo é um
título que pareceria impossível de ser atribuído a um juiz de primeira
instância
09:00:40 Julio Noronha
http://m.folha.uol.com.br/poder/2016/04/1765138-depois-de-critica-a-delacoes-nome-de-mariz-e-descartado-por-temer.shtml
09:36:24 Julio Noronha O principal foi realmente a
péssima entrevista que ele concedeu. Se o Temer for esperto não vai chamá-lo,
pois ele demonstrou baixa inteligência emocional.
09:47:07 Deltan Ótimo, menos um problema. Quem é o
próximo da fila? Rs
09:48:39 Deltan Saiu Diogo!!
09:48:39 Deltan Meninos, uma noticia boa: estamos
indo pegar agora na PF a mídia com o material scaneado da busca no Genu
09:48:39 Deltan Tem alguem por aqui p levar isso p
aí?
09:53:26 Paulo O Vladimir Neto gostaria de vir à FT
no dia 04/05, próxima quarta, com a equipe de roteiristas da série do
Padilha... O máximo de procuradores presentes, ele pede. É possível?
09:53:58 Paulo Eu já falei que acho que não tem
como colocar 11 procuradores na tela rs.. Mas ele disse que a ideia que ele
conversou com o Padilha é fazer bem original e seguindo os fatos
09:54:04 Paulo Primeira temporada iria até o final
de 2014
10:22:19 Deltan É dia de nossa provável coletiva...
Seria 3 ou 4. Seria melhor um dia mais livre
10:29:29 Paulo vc ve com ele delta?
10:30:23 Paulo Dia 5 tenho que ir à tarde para
ponta grossa para uma palestra.
10:54:36 Deltan Vejo sim
10:55:02 Deltan Quem foi a mulher que te convidou?
11:20:31 Welter Prr Mulher de ponta grossa...
11:21:40 Deltan Caros estarei no 14o andar do
prédio da frente
11:23:31 Diogo perigo
11:46:38 Welter Prr Pessoal Estou em reunião no
prédio da frente. Quando forem almoçar me avisem
11:53:00 Deltan Caros, está programada reunião
nossa hoje para tratar do caso do Lula. Com a coletiva de amanhã, não tenho
como participar. Quero entender bem os casos, e isso vai tomar bastante tempo,
por isso estou no predio da frente... vou pedir almoço aqui mesmo
11:55:54 Deltan Fora o caso em si, alguma mensagem
especial para ser passada amanhã? Na linha do que já estava conversando com
alguns, minha ideia é dar um jeito de colocar, em algum momento, que mudança de
governo não é meio caminho andado contra a corrupção (precisamos de reformas no
sistema) e que a LJ continua como antes.
11:57:08 Deltan Estarei atento a este grupo do
telegrama
12:01:38 Deltan Em homenagem à Ode, vou falar algo
no sentido de que há quem negue, negue, negue fatos e depois faz acordo e
admite, porque aas provas desmente palavras... e tem gente que ainda hoje nega
e no futuro ou colaborará ou, não havendo espaço ou interesse para colaboração,
será condenado, porque, novamente, as provas desmentem as palavras
12:13:19 Diogo boa!!
Fonte: Conjur

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