segunda-feira, 2 de outubro de 2023

'Kids pretos': o que é a tropa que teria iniciado invasões no 8 de janeiro?

Os "kids pretos" — também chamados de "forças especiais" (FE) — são militares da ativa ou da reserva do Exército, especialistas em operações especiais. Ao g1, nesta sexta-feira (29), o Exército confirmou a existência das tropas e disse que elas existem desde 1957.

Segundo o Exército, atualmente os "kids pretos" têm um efetivo aproximado em torno de 2, 5 mil militares. O general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes, é um deles.

O militar foi alvo da 18ª fase da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, na manhã desta sexta. Ridauto Fernandes é investigado como executor e possivelmente um dos idealizadores dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

Segundo a revista piauí, em 4 anos de governo Bolsonaro, pelo menos 26 "kids pretos" ocuparam cargos na gestão. O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, também faz parte do grupo.

Em delação, Mauro Cid disse à Polícia Federal que Bolsonaro fez reuniões no Alvorada para consultar integrantes da Marinha e das Forças Armadas sobre a possibilidade de um golpe militar.

•        O que significa?

De acordo com o Exército, a nomenclatura "kid preto" é um apelido informal atribuído aos militares de Operações Especiais do Exército Brasileiro, pelo fato de usarem um gorro preto. O processo seletivo para as Forças de Operações Especiais é realizado entre militares voluntários que realizam curso de Ações de Comandos e de Forças Especiais, segundo o Exército.

O processo de seleção para as Forças de Operações Especiais é conduzido entre militares voluntários que passam por cursos de Ações de Comandos e de Forças Especiais, de acordo com o Exército.

•        Como é o treinamento dos 'kids pretos'?

Os "kids pretos" passam por formação no Centro de Instrução de Operações Especiais, em Niterói (RJ), no Comando de Operações Especiais em Goiânia (GO), ou na 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus (AM).

Como parte do treinamento, os militares aprendem a atuar em missões com alto grau de risco e sigilo, como em operações de guerra irregular — terrorismo, guerrilha, insurreição, movimentos de resistência, insurgência. Além disso, são preparados para situações que envolvam sabotagem, operações de inteligência, planejamento de fugas e evasões.

Na página oficial do Facebook do Comando de Operações Especiais, em Goiânia, um vídeo de comemoração dos 65 anos das operações especiais é iniciado com a frase:

"O ideal como motivação. A abnegação como rotina. O perigo como irmão. A morte como companheira", diz o vídeo.

De acordo com o Exército, os "kids pretos" podem atuar em todo o território nacional. No entanto, a corporação afirma que as tropas especiais só são empregadas por ordem do Comando do Exército, sob coordenação do Comando de Operações Especiais.

"Sempre com base em um arcabouço legal, respeitando regras de engajamento previstas para a sua atuação operacional”, diz o Exército em nota enviada ao g1.

•        Atos de 8 de janeiro

As imagens dos acontecimentos em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023, mostram o momento em que indivíduos envolvidos nos atos invadiram e cometeram atos de vandalismo no Congresso Nacional, no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Palácio do Planalto.

Nos vídeos é possível ver que homens com o rosto coberto por balaclavas e usando luvas retiraram as grades da escotilha do Congresso Nacional. Em um outro momento, eles usaram gradis para ajudar os invasores a sair de dentro do prédio – além de uma mangueira para jogar água e dispersar o gás das bombas de efeito moral.

Na sexta-feira (29), a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão contra o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes, considerado pela investigação como executor e possivelmente um dos idealizadores dos atos antidemocráticos. Ele também seria um dos denominados "kids pretos", militares que integravam cargos de alto escalão no governo Jair Bolsonaro(PL).

"A nova fase da Lesa Pátria cumprida nesta sexta-feira faz parte de uma frente da investigação que busca identificar supostos integrantes das Forças Especiais do Exército, os chamados "kid pretos", que teriam dado início às invasões às sedes dos Três Poderes". diz a Polícia Federal.

O grupo — também chamado de "forças especiais" (FE) — definiria militares da ativa ou da reserva do Exército, especialistas em operações especiais. Os "kids pretos" passam por formação no Comando de Operações Especiais em Goiânia (GO), ou na 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus (AM).

Eles são treinados para participar de missões com alto grau de risco e sigilo. O trabalho inclui operações de guerra irregular — terrorismo, guerrilha, insurreição, movimentos de resistência, insurgência.

Além disso, os "kids pretos" são preparados para situações que envolvam sabotagem, operações de inteligência, planejamento de fugas e evasões.

•        Grupo 'invisível'

No inquérito policial sobre os ataques de 8 de janeiro, existem depoimentos de vândalos presos que relatam a ação de homens que usavam balaclava e luvas, ajudando e incentivando a entrada no Congresso Nacional. Segundo os depoimentos, eles chamaram os invasores depois de abrirem as escotilhas de acesso ao teto do prédio.

A subida até lá só teria sido possível por causa de uma escada feita com gradis amarrados. Os investigadores suspeitam do envolvimento do general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes com este grupo "invisível" que abriu os acessos ao Congresso Nacional.

 

       PF suspeita que general 'kid preto' tenha relação com golpistas que abriram acesso ao Congresso em 8/1

 

A Polícia Federal suspeita que o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes tenha relação com golpistas que abriram acesso ao Congresso Nacional, durante os atos terroristas em Brasília no dia 8 de janeiro. O militar "kid preto" foi alvo da 18ª fase da Operação Lesa Pátria, nesta sexta-feira (29).

A TV Globo apurou que a nova fase da Lesa Pátria faz parte de uma frente da investigação que busca identificar supostos integrantes das Forças Especiais do Exército, os chamados "kid pretos", que teriam dado início às invasões às sedes dos Três Poderes.

As investigações apontam que o general Ridauto seria um dos denominados "kids pretos" que integravam cargos de alto escalão no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

•        À PF, general 'kid preto' diz que atuou como qualquer manifestante

O general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes, alvo da 18ª fase da Operação Lesa Pátria, afirmou em depoimento à Polícia Federal que participou dos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília, como "qualquer outro manifestante" e que deixou a praça antes do início das depredações.

No entanto, conforme apuração da TV Globo, os investigadores apontam que o depoimento do general não é coerente com as imagens que ele mesmo produziu no dia 8 de janeiro.

Em imagens obtidas pela reportagem, Ridauto falou do uso de gás lacrimogêneo pela Polícia Militar do Distrito Federal, enquanto estava na praça dos Três Poderes. "Acreditem, a PM jogou gás lacrimogêneo na multidão por meia hora", diz ele no vídeo.

 

       Mulher apontada como organizadora de atos terroristas em Brasília diz que Exército apoiou acampamentos em frente a quartéis

 

Ana Priscila Azevedo — apontada pela Polícia Federal como uma das organizadoras dos atos terroristas de 8 de janeiro, em Brasília (veja detalhes abaixo) — afirma que os militares do Exército apoiaram os acampamentos formados em frente aos quartéis-generais em todo o país.

"Tinham os homens do Exército, [que] ajudavam, incentivavam, tiravam fotos. [Generais] apareciam lá, filmavam. Todo dia aparecia um", disse a mulher, que ficou 11 dias acampada em frente ao Comando Militar do Sudeste, em São Paulo.

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A declaração foi dada durante depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), nesta quinta-feira (28). Presa desde o dia 10 de janeiro, Ana Priscila precisou da autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para prestar depoimento.

Segundo ela, foram divulgadas mensagens que informavam que um general teria alertado que os bolsonaristas deixassem o acampamento em frente ao quartel-general do Exército em Brasília, após os ataques do dia 8 de janeiro.

Durante o depoimento, ela nega ter depredado os prédios públicos e afirma que não foi presa no dia 8 de janeiro, apesar dos vídeos que mostram ela dentro do Palácio do Planalto.

•        'As Forças Armadas eram o VAR'

Ana Priscila Azevedo foi presa, nesta terça-feira, pela PF — Foto: Reprodução

Durante o depoimento, a bancária afirma que o grupo não tinha intenção de aplicar um golpe de Estado durante os ataques do dia 8 de janeiro.

"Queríamos o código-fonte [da urna]. O relatório do Ministério da Defesa em que nos baseamos disse que não excluiu a possibilidade de fraude e que os técnicos não tiveram acesso adequado ao código-fonte", diz Ana Priscila.

De acordo com ela, os grupos que se reuniram em frente a quartéis-generais do Exército em todo o país, inclusive em Brasília, queria apenas que as Forças Armadas apontassem que as eleições de 2022 haviam sido "um processo transparente".

"As Forças Armadas eram como se fosse o VAR. O gol valeu ou não valeu? Era só isso que a gente queria saber", declara a mulher, fazendo referência ao Árbitro Assistente de Vídeo, que é uma ferramenta que analisa imagens de uma partida para auxiliar o árbitro em uma tomada de decisão.

A bancária disse ainda que, em nenhum momento, os acampamentos foram desmotivados pelo Exército. "Bastaria um soldado raso avisar que teríamos que sair e teríamos ido embora", disse Ana Priscila.

 

       Brasileira foragida no Paraguai envolvida nos atos de 8 de janeiro é presa pela PF

 

A Polícia Federal (PF) prendeu nesta sexta-feira (29), a paraibana Wenia Morais Silva, que estava foragida da Justiça brasileira no Paraguai. Ela se apresentou espontaneamente ao escritório Central Nacional da Interpol em Assunção e as autoridades a entregaram à polícia paraguaia.

Ela era procurada em função de mandado de prisão, determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob suspeita de participação nos atos ocorridos em 8 de janeiro, em Brasília (DF), quando o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal foram invadidos por indivíduos que promoveram violência e dano generalizado contra os imóveis, móveis e objetos daquelas Instituições.

Seguindo o protocolo estabelecido entre os dois países, a mulher foi entregue a policiais federais na cidade de Foz de Iguaçu (PR), na noite desta sexta-feira, oportunidade na qual foi cumprido o mandado de prisão.

Diante dos fatos, a brasileira segue à disposição do STF, e aguarda transferência para o Distrito Federal.

•        Assessora de deputado

Wenia foi assessora do deputado estadual fluminense Renato Zaca (PL) e era alvo de um mandado de prisão temporária expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 29 de dezembro.

A ordem judicial foi expedida no âmbito da Operação Nero, deflagrada contra suspeitos de participarem de uma tentativa de invasão à sede da Polícia Federal e atos de vandalismo em Brasília no dia 12 de dezembro.

 

       Papuda rebate Silvinei Vasques e diz que alimentação no presídio é servida adequadamente

 

O Governo do Distrito Federal (GDF) rebateu o relato do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, e informou que não procede a informação de que ele estaria sem alimentação adequada para uma pessoa celíaca.

Na quarta-feira (27), a CNN divulgou um laudo feito por um médico da Secretaria de Saúde do Distrito Federal que atestou que o policial perdeu 11 kg na prisão e sofre de doença celíaca, além de um relato do ex-diretor, que afirmou que não estava recebendo alimentação adequada.

O médico, a pedido da Justiça, examinou Silvinei e elaborou um relatório com a seguinte descrição: “No momento da consulta, o paciente apresenta-se emagrecido, refere perda de peso (pesava 82 kg, atualmente pesa 71 kg). Relata que as recomendações dietéticas não estão sendo respeitadas, apenas retiraram os alimentos que uma pessoa celíaca não pode ingerir. Porém, não acrescentaram nenhum alimento para substituir”.

A Secretaria de Administração Penitenciária do DF (Seap) afirma que a reclamação de Vasques não condiz com a verdade. À CNN, a Seap detalhou as refeições que o preso recebe no café da manhã, almoço, jantar e na ceia.

O cardápio de Silvinei contém uma variedade de nutrientes distribuídos em alimentos como cuscuz com margarina, achocolatado, beterraba, purê de abóbora, batata rústica, polenta, arroz branco, feijão, frango, carne e pernil. A cada dia da semana, o prato é modificado.

Sobre o relato do preso ao médico, a Seap informou que apurou o caso específico e que “o relato do custodiado não condiz com a realidade dos fatos”. E que as fiscalizações e apurações de irregularidades, tanto contratuais quanto dos objetos desses contratos, são ininterruptas.

“Não há que se falar em supressão de alimentos como relatado pelo custodiado e sim substituição desses, seguindo orientação médica para cada caso, conforme cardápios de exemplo da primeira semana de outubro de 2023, cedido pela empresa fornecedora de alimentos. Cardápios esses que são elaborados por nutricionistas contratados pelas empresas”, diz a nota do Governo do Distrito Federal.

A doença celíaca é uma condição autoimune de intolerância ao glúten e faz o organismo reagir a alimentos como trigo, cevada e centeio, provocando inflamação intestinal.

Silvinei está preso preventivamente na ala de ex-policiais já condenados ou presos considerados vulneráveis do presídio da Papuda, em Brasília, desde 9 de agosto. Ele é suspeito de ter interferido no segundo turno das eleições presidenciais do ano passado. Ele nega as acusações.

A defesa do ex-diretor-geral da PRF pede sua soltura ou sua transferência para o 19º Batalhão, onde ficam detidos os policiais investigados.

 

Fonte: g1/CNN Brasil

 

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