quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Juan Manuel Dominguez: Palestina - crimes de guerra e genocídio

No dia 23 de Outubro de 2023, o Ministério da Saúde da Palestina afirmou num comunicado que dos “5.087 palestinos mortos nas mãos de Israel, 2.055 são crianças e 1.119 mulheres”. Além disso, outras 15.273 pessoas ficaram feridas nos incessantes bombardeios do Exército israelense. Crime de guerra e genocidio é o que caracteriza essa suposta guerra contra o grupo terrorista Hamas”

Seis relatores especiais das Nações Unidas acusaram Israel de cometer crimes contra a humanidade em Gaza, após 16 dias de cerco àquele território, ações militares, detenções e assassinatos, e garantiram que existe “risco de genocídio” naquele território palestiniano.

“Não há justificações para estes crimes e estamos horrorizados com a falta de ação da comunidade internacional face a este belicismo”, afirmaram os especialistas da ONU num comunicado.

Acrescentaram que a população de Gaza, na qual metade dos 2 milhões de habitantes são crianças, já sofreu décadas de ocupação ilegal, suportou 16 anos de bloqueio e enfrenta agora “um cerco total, juntamente com ordens de evacuação impossíveis de cumprir”. , o que viola o direito internacional.”

No dia 23 de Outubro de 2023, o Ministério da Saúde da Palestina afirmou num comunicado que dos “5.087 palestinos mortos nas mãos de Israel, 2.055 são crianças e 1.119 mulheres”. Além disso, outras 15.273 pessoas ficaram feridas nos incessantes bombardeios do Exército israelense. Crime de guerra e genocidio é o que caracteriza essa suposta guerra contra o grupo terrorista Hamas.

A Faixa de Gaza, controlada desde 2007 pelo Hamas, está sob “cerco total” de Israel desde 9 de outubro, que cortou o fornecimento de água, alimentos, eletricidade e combustível. Segundo a ONU, pelo menos 1,4 milhões de palestinos foram deslocados desde o início do conflito e a situação humanitária é “catastrófica”.

Só no sábado a ajuda humanitária começou lentamente a chegar a Gaza, onde 2,4 milhões de palestinianos vivem em condições de sobrelotação.

Desta forma, chegaram no fim de semana as duas primeiras caravanas de camiões, algumas com combustível vital para os geradores de electricidade hospitalar, e uma terceira chegou hoje vinda do Egipto.

Mas, segundo a organização internacional, a quantidade é insuficiente e seriam necessários pelo menos 100 caminhões por dia para atender às necessidades de todos os habitantes.

·         A tragedia do povo palestino

A 'Nakba' ('catástrofe', em árabe) é um termo utilizado para designar o primeiro êxodo forçado a que o povo palestino foi submetido durante os anos de 1946 e 1948 como consequência da criação do Estado de Israel, que dividiu o região entre muçulmanos e judeus.

Esta divisão foi arquitetada pelos britânicos, que controlaram o mandato dos palestinos após a sua conquista na Primeira Guerra Mundial. Durante anos, os aliados – Estados Unidos, União Soviética, Reino Unido e França –, vencedores da Segunda Guerra Mundial, permitiram que numerosos imigrantes judeus de todo o mundo em busca de refúgio se instalassem na região onde estavam os palestinos. E não só isso: deram-lhes o seu próprio Estado: Israel.

Este plano, que foi apoiado e ratificado pelas Nações Unidas, causou um conflito entre judeus e muçulmanos, uma vez que nenhum deles concordou em partilhar o seu território. Poucos dias depois de a ONU ter imposto o seu Plano de Partição, em 30 de Novembro de 1947, um grupo de palestinianos assassinou 5 israelitas num autocarro. Este ataque foi o início da guerra árabe-israelense.

As milícias judaicas sionistas expulsaram mais de 750 mil palestinos nativos de suas terras. Na sua esteira, os futuros israelitas destruíram 530 aldeias, cometeram cerca de trinta massacres e mais de 13.000 palestinianos morreram como resultado da sua violência. Esta foi, para os palestinos, a 'Nakba'. Uma catástrofe que apagou do mapa o seu território, a sua cultura e a sua memória.

"Nossos vizinhos eram judeus e nos dávamos bem, eles falavam árabe e tudo mais. Mas quando judeus do exterior começaram a chegar, eles os armaram, enquanto não podíamos ter armas; foi por isso que a 'Nakba' aconteceu", explicou Hosnieh Ahmad Ghozlan, um refugiado palestino ao EL PERIÓDICO, em maio passado.

O apoio americano foi essencial para que as tropas israelenses pudessem conter o avanço da Liga Árabe, que queria tomar o território e evitar o estádio judeu. Os países da Liga, como o Egipto, o Líbano e a Jordânia, apoiaram os palestinianos, mas perderam a batalha, confinando os palestinianos que não podiam fugir para a Faixa de Gaza e para a Cisjordânia.

·         A esquerda defende o terrorismo?

Uma armadilha discursiva bastante utilizada pela direita e a que afirma que a esquerda celebra os ataques terroristas praticados pelo grupo Hamas. Isso é uma grande inverdade, consequência da forma covarde em que a direita exerce a política no Brasil e no mundo. A esquerda (tirando contados casos de alienados culturais) não defende o grupo Hamas. A esquerda planteia que a aparição de esse tipo de grupos extremistas é responsabilidade absoluta da situação extrema de desespero social, criada pelo Estado de Israel com ajuda dos Estados Unidos. Se o povo palestino fosse respeitados, se seus direitos humanos fosssem respeitados como os de quaisquer outro povo ao redor do mundo, extremistas e terroristas que nem os do Hamas não teriam vez dentro da comunidade de Gaza. A situação diária na Palestina, não hoje, desde há mais de seis décadas é a de um povo permanentemente abusado pelo Estado de Israel, com seus direitos confiscados, sempre com a excusa de Israel estar combatendo o terrorismo. Terras ocupadas, civis assassinados: Um genocidio praticado à luz do dia contra um povo que não recebe ajuda de ninguém. Um povo que é permanentemente hostilizado e estigmatizado. É compreensível (e não justificável) que nesse tipo de situação extrema apareçam grupos com ideologias extremas que sejam ouvidos e considerados pela população.

É importante se informar direto, debater, trabalhar a construção de sentido a favor de soluções humanitárias que preservem a vida da população civil. Nenhuma matança é justificada, nem a que vem dos terroristas ou de qualquer grupo de ideologia extrema, e muito menos a matança perpetrada por estados “supostamente” democráticos e que defendem a paz ao redor do mundo.

 

Ø  Waack: Conflito no Oriente Médio está indo para abismo de tragédia

 

São muito reduzidas as chances de interferência externa nas decisões de Israel para chegar ao objetivo declarado de liquidar o Hamas em Gaza.

Isto ficou mais uma vez evidente na reunião desta terça-feira (24) no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), na qual o próprio secretário-geral provocou um tumulto ao dizer que os ataques terroristas do Hamas não vieram do nada, e não justificam a campanha militar israelense de cerco total de Gaza e intensos bombardeios.

Israel diz estar pronta para invadir por terra o território dominado pelo Hamas, e tem o apoio de Estados Unidos ao se negar a admitir um cessar fogo, que na visão israelense do conflito apenas beneficiaria o Hamas.

Estados Unidos e França, entre outras potências, pedem aos israelenses respeito às “leis da guerra”, que dizem que civis têm de ser respeitados e protegidos.

No tipo de operação militar no qual Israel está envolvida, porém, “leis da guerra” tem poucas chances de serem respeitadas; em lugar algum envolvendo combate dentro de cidades elas foram.

O que parece até aqui ter segurado o desejo israelense de invadir Gaza são os duzentos reféns mantidos pelo Hamas em cativeiros subterrâneos, e menos a pressão internacional para exercer moderação, um fator que estava evidentemente nos cálculos do Hamas.

O que vemos hoje é uma ordem internacional que virou desordem, na qual as potências “de fora” da área tem escassa capacidade de impor qualquer tipo de solução. Elas estão arrastadas na lógica interna do conflito, e não há quem consiga colocar freios.

O conflito está descendo para um abismo de tragédia e sofrimento ainda maiores. À frente da ONU, a mãe de um refém do Hamas se dirigiu aos embaixadores dizendo que, na competição de dor, nunca tem um vencedor.

Não adianta ela ter toda razão.

 

Ø  Ataques do Hamas a Israel não aconteceram “num vácuo”, diz secretário-geral da ONU

 

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse que os ataques do grupo radical islâmico Hamas a Israel em 7 de Outubro “não aconteceram no vácuo” durante suas declarações ao Conselho de Segurança nesta terça-feira (24).

 “É importante reconhecer também que os ataques do Hamas não aconteceram no vácuo. O povo palestino é sujeito a uma ocupação sufocante há 56 anos”, afirmou, acrescentando que os palestinos “viram suas terras constantemente devoradas por colonatos e atormentadas pela violência”.

Ao mesmo tempo, Guterres observou que o contexto “não justifica os terríveis ataques do Hamas”. Ele acrescentou que o povo palestino também não deveria ser punido coletivamente pelos ataques da organização extremista.

Portanto, segundo o secretário, todas as partes no conflito devem “tomar cuidado constante na condução de operações militares para poupar civis”, bem como “respeitar e proteger os hospitais e respeitar a inviolabilidade das instalações da ONU, que hoje abrigam mais de 600 mil palestinos”.

Guterres classificou os ataques intensos de Israel em Gaza como “profundamente alarmantes”, uma vez que “o nível de vítimas civis e a destruição em massa de bairros continuam a aumentar”.

Pelo menos 35 colaboradores da ONU que trabalhavam para a Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para os Refugiados da Palestina foram mortos em bombardeios em Gaza nas últimas duas semanas, segundo o secretário-geral.

Ele disse que há “violações claras ao direito humanitário internacional” em Gaza, dando como exemplo a ordem de Israel para evacuar mais de um milhão de pessoas no início do mês.

Guterres sublinhou que a ajuda humanitária autorizada a entrar no território não corresponde às necessidades da população, o que incluiu o abastecimento de combustível, que deve se esgotar “em dias”.

Ele reiterou o seu apelo a “um cessar-fogo humanitário imediato”, uma solução de dois Estados para o conflito Israel-Palestina e uma libertação imediata de todos os reféns.

 

Ø  'Fala forte de um homem fraco em uma instituição desprestigiada', diz Marcelo Lins sobre discurso de Guterres na ONU

 

António Guterres, secretário-geral da ONUdisse nesta terça-feira (24), durante reunião do Conselho de Segurança da entidade que está preocupado com as claras violações do direito humanitário internacional testemunhado em Gaza e citou a morte de cerca de 35 funcionários da ONU no conflito entre Israel e Hamas.

Para o comentarista da GloboNews Marcelo Lins a fala de Guterres, apesar de forte, pode não ter muito resultado prático.

"É uma fala forte de um homem fraco em uma instituição desprestigiada, mas não somente por erros das burocracias, mas porque seguidas vezes nos últimos anos tem sido ignorada principalmente por aqueles países que tem mais poder dentro dela, por conta do que, cada vez vai ficando mais claro, é um erro na estrutura das Nações Unidas", diz Lins.

Segundo Marcelo Lins, a partir do momento que se criou uma estrutura na ONU onde potências tinham direito de vetar decisões, mesmo que tomadas em consenso, a função do órgão acaba se tornando pouco operante.

"Ela (ONU) funciona muito quando se trata de questões que não envolvam maiores disputas políticas, por exemplo, nos programas do Unicef, Unesco e até mesmo o Programa Mundial de Alimentos, eventualmente ajudas ligadas a FAO, Organização para Agricultura... Agora, nas questões mais delicadas que necessitam de um posicionamento mais claro da comunidade em defesa da humanidade, notadamente evitar guerras ou o aprofundamento de guerras, fazer responsáveis aqueles que começam um conflito ou que levam adiante esse conflito, a ONU tem sido inoperante", continua Marcelo Lins.

O comentarista cita as decisões unilaterais tomadas pelos Estados Unidos após os ataques de 11 de Setembro e contradições vindas das Nações Unidas, como demonstrar preocupação com a situação humanitária em Gaza e, ao mesmo tempo, não propor um cessar-fogo imediato.

"É óbvio que não dá para não condenar o terror bárbaro do Hamas. Isso é incompatível com qualquer ideia de negociação, ainda mais que o Hamas tem na sua carta fundadora a destruição do Estado de Israel. Mas daí a imaginar que vale a pena pagar esse preço humanitário que estamos pagando, estamos testemunhando, aí cabe uma discussão", conclui o comentarista.

·         Reação de Israel

Após Guterres afirmar que os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro "não aconteceram do nada", o ministro de Relações Exteriores, Eli Cohen, cancelou a reunião que faria com o secretário-geral, e o embaixador de Israel na ONU, Gilard Erdan, pediu a demissão de Guterres.

"É importante reconhecer que os atos do Hamas não aconteceram por acaso. O povo palestino foi submetido a 56 anos de uma ocupação sufocante. Eles viram suas terras serem brutalmente tomadas e varridas pela violência. A economia sofreu, as pessoas ficaram desabrigadas e suas casas foram demolidas", disse o secretário-geral da ONU.

Logo após o discurso, Gilad Erdan afirmou no X que o secretário não está apto para liderar a ONU quando, segundo ele, houve compreensão "pela campanha de assassinato em massa de crianças, mulheres e idosos".

 

Ø  Hamas usou linhas telefônicas subterrâneas em Gaza para planejar ataque a Israel, dizem fontes

 

Uma pequena célula de agentes do Hamas teria planejado o ataque surpresa de 7 de outubro a Israel se comunicando entre si por meio de linhas telefônicas instaladas em túneis subterrâneos em Gaza, sugerem fontes da inteligência de Israel compartilhada com os Estados Unidos. O planejamento do ataque teria sido feito durante dois anos.

As linhas telefônicas nos túneis permitiam que os agentes se comunicassem em segredo, sem que fossem rastreados por funcionários da inteligência israelense, disseram as fontes à CNN.

Durante os dois anos, a pequena célula que operava nos túneis usou linhas telefônicas fixas para se comunicar e planejar a operação, mas permaneceu no escuro até a hora de convocar centenas de combatentes do Hamas para lançar o ataque de 7 de outubro, completaram.

Os agentes do Hamas evitaram usar computadores ou telefones celulares durante o período de dois anos para evitar que fossem detectados pela inteligência israelense ou norte-americana, disseram as fontes.

“Não houve muita discussão, idas e vindas e coordenação fora da área imediata”, disse uma das fontes.

A inteligência compartilhada com autoridades dos EUA por Israel revela como o Hamas escondeu o planejamento da operação com medidas antigas de contra-espionagem, como realização de reuniões de planejamento pessoalmente e o afastamento das comunicações digitais, cujos sinais os israelenses podem rastrear.

Israel estava ciente de que o Hamas usava sistemas de comunicação com fio antes do ataque de outubro.

Isso daria uma nova visão sobre o porquê del Israel e os EUA terem sido pegos desprevenidos pelo ataque do Hamas, que deixou milhares de mortos.

A CNN não teve acesso à informação em si, mas conversou com fontes que tiveram acesso a ela.

O Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional dos EUA recusou-se a comentar, e a embaixada de Israel em Washington não respondeu a um pedido de comentário.

A CNN informou anteriormente que uma série de avisos estratégicos das agências de inteligência dos EUA e de Israel não levou as autoridades de nenhum dos países a antecipar os acontecimentos de 7 de outubro.

Uma terceira fonte familiarizada com as informações mais recentes disse que o Irã ajudou o Hamas a desenvolver as suas tácticas de segurança operacional ao longo dos anos, embora a inteligência dos EUA não acredite que o Irã tenha desempenhado um papel direto no planejamento do ataque de 7 de outubro.

·         Mais sobre os túneis

As Forças de Defesa de Israel (IDF) se referem coloquialmente aos túneis construídos pelo Hamas ao longo dos últimos 15 anos como o “metro de Gaza”. 

Os túneis constituem um vasto labirinto que é usado para armazenar foguetes e esconder munições, além de fornecer um meio para os agentes se movimentarem sem que sejam percebidos.

A IDF também afirma que os túneis contêm centros importantes de comando e controle do Hamas.

Yocheved Lifshitz, idosa de 85 anos que foi uma das duas reféns libertadas pelo Hamas na segunda-feira (23), disse que, depois de ser sequestrada, foi levada para a rede de túneis e dormiu em um colchão de um deles no chão.

 

Fonte: Brasil 247/CNN Brasil/g1

 

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