Juan Manuel Dominguez: Palestina - crimes de guerra
e genocídio
No dia 23 de Outubro de
2023, o Ministério da Saúde da Palestina afirmou num comunicado que dos “5.087
palestinos mortos nas mãos de Israel, 2.055 são crianças e 1.119 mulheres”.
Além disso, outras 15.273 pessoas ficaram feridas nos incessantes bombardeios
do Exército israelense. Crime de guerra e genocidio é o que caracteriza essa
suposta guerra contra o grupo terrorista Hamas”
Seis relatores especiais
das Nações Unidas acusaram Israel de cometer crimes contra a humanidade em
Gaza, após 16 dias de cerco àquele território, ações militares, detenções e
assassinatos, e garantiram que existe “risco de genocídio” naquele território
palestiniano.
“Não há justificações
para estes crimes e estamos horrorizados com a falta de ação da comunidade
internacional face a este belicismo”, afirmaram os especialistas da ONU num
comunicado.
Acrescentaram que a
população de Gaza, na qual metade dos 2 milhões de habitantes são crianças, já
sofreu décadas de ocupação ilegal, suportou 16 anos de bloqueio e enfrenta
agora “um cerco total, juntamente com ordens de evacuação impossíveis de
cumprir”. , o que viola o direito internacional.”
No dia 23 de Outubro de
2023, o Ministério da Saúde da Palestina afirmou num comunicado que dos “5.087
palestinos mortos nas mãos de Israel, 2.055 são crianças e 1.119 mulheres”.
Além disso, outras 15.273 pessoas ficaram feridas nos incessantes bombardeios
do Exército israelense. Crime de guerra e genocidio é o que caracteriza essa
suposta guerra contra o grupo terrorista Hamas.
A Faixa de Gaza,
controlada desde 2007 pelo Hamas, está sob “cerco total” de Israel desde 9 de outubro,
que cortou o fornecimento de água, alimentos, eletricidade e combustível.
Segundo a ONU, pelo menos 1,4 milhões de palestinos foram deslocados desde o
início do conflito e a situação humanitária é “catastrófica”.
Só no sábado a ajuda
humanitária começou lentamente a chegar a Gaza, onde 2,4 milhões de
palestinianos vivem em condições de sobrelotação.
Desta forma, chegaram no
fim de semana as duas primeiras caravanas de camiões, algumas com combustível
vital para os geradores de electricidade hospitalar, e uma terceira chegou hoje
vinda do Egipto.
Mas, segundo a
organização internacional, a quantidade é insuficiente e seriam necessários
pelo menos 100 caminhões por dia para atender às necessidades de todos os
habitantes.
·
A tragedia do povo palestino
A 'Nakba' ('catástrofe',
em árabe) é um termo utilizado para designar o primeiro êxodo forçado a que o
povo palestino foi submetido durante os anos de 1946 e 1948 como consequência
da criação do Estado de Israel, que dividiu o região entre muçulmanos e judeus.
Esta divisão foi
arquitetada pelos britânicos, que controlaram o mandato dos palestinos após a
sua conquista na Primeira Guerra Mundial. Durante anos, os aliados – Estados
Unidos, União Soviética, Reino Unido e França –, vencedores da Segunda Guerra
Mundial, permitiram que numerosos imigrantes judeus de todo o mundo em busca de
refúgio se instalassem na região onde estavam os palestinos. E não só isso:
deram-lhes o seu próprio Estado: Israel.
Este plano, que foi
apoiado e ratificado pelas Nações Unidas, causou um conflito entre judeus e
muçulmanos, uma vez que nenhum deles concordou em partilhar o seu território.
Poucos dias depois de a ONU ter imposto o seu Plano de Partição, em 30 de
Novembro de 1947, um grupo de palestinianos assassinou 5 israelitas num
autocarro. Este ataque foi o início da guerra árabe-israelense.
As milícias judaicas
sionistas expulsaram mais de 750 mil palestinos nativos de suas terras. Na sua
esteira, os futuros israelitas destruíram 530 aldeias, cometeram cerca de
trinta massacres e mais de 13.000 palestinianos morreram como resultado da sua
violência. Esta foi, para os palestinos, a 'Nakba'. Uma catástrofe que apagou
do mapa o seu território, a sua cultura e a sua memória.
"Nossos vizinhos
eram judeus e nos dávamos bem, eles falavam árabe e tudo mais. Mas quando
judeus do exterior começaram a chegar, eles os armaram, enquanto não podíamos
ter armas; foi por isso que a 'Nakba' aconteceu", explicou Hosnieh Ahmad
Ghozlan, um refugiado palestino ao EL PERIÓDICO, em maio passado.
O apoio americano foi
essencial para que as tropas israelenses pudessem conter o avanço da Liga
Árabe, que queria tomar o território e evitar o estádio judeu. Os países da
Liga, como o Egipto, o Líbano e a Jordânia, apoiaram os palestinianos, mas
perderam a batalha, confinando os palestinianos que não podiam fugir para a
Faixa de Gaza e para a Cisjordânia.
·
A esquerda defende o
terrorismo?
Uma armadilha discursiva
bastante utilizada pela direita e a que afirma que a esquerda celebra os
ataques terroristas praticados pelo grupo Hamas. Isso é uma grande inverdade,
consequência da forma covarde em que a direita exerce a política no Brasil e no
mundo. A esquerda (tirando contados casos de alienados culturais) não defende o
grupo Hamas. A esquerda planteia que a aparição de esse tipo de grupos
extremistas é responsabilidade absoluta da situação extrema de desespero
social, criada pelo Estado de Israel com ajuda dos Estados Unidos. Se o povo
palestino fosse respeitados, se seus direitos humanos fosssem respeitados como os
de quaisquer outro povo ao redor do mundo, extremistas e terroristas que nem os
do Hamas não teriam vez dentro da comunidade de Gaza. A situação diária na
Palestina, não hoje, desde há mais de seis décadas é a de um povo
permanentemente abusado pelo Estado de Israel, com seus direitos confiscados,
sempre com a excusa de Israel estar combatendo o terrorismo. Terras ocupadas,
civis assassinados: Um genocidio praticado à luz do dia contra um povo que não
recebe ajuda de ninguém. Um povo que é permanentemente hostilizado e
estigmatizado. É compreensível (e não justificável) que nesse tipo de situação
extrema apareçam grupos com ideologias extremas que sejam ouvidos e
considerados pela população.
É importante se informar
direto, debater, trabalhar a construção de sentido a favor de soluções
humanitárias que preservem a vida da população civil. Nenhuma matança é
justificada, nem a que vem dos terroristas ou de qualquer grupo de ideologia
extrema, e muito menos a matança perpetrada por estados “supostamente” democráticos
e que defendem a paz ao redor do mundo.
Ø Waack: Conflito no Oriente Médio está indo
para abismo de tragédia
São muito reduzidas as
chances de interferência externa nas decisões de Israel para chegar ao objetivo
declarado de liquidar o Hamas em Gaza.
Isto ficou mais uma vez
evidente na reunião desta terça-feira (24) no Conselho de Segurança da
Organização das Nações Unidas (ONU), na qual o próprio secretário-geral
provocou um tumulto ao dizer que os ataques terroristas do Hamas não vieram do
nada, e não justificam a campanha militar israelense de cerco total de Gaza e
intensos bombardeios.
Israel diz estar pronta
para invadir por terra o território dominado pelo Hamas, e tem o apoio de
Estados Unidos ao se negar a admitir um cessar fogo, que na visão israelense do
conflito apenas beneficiaria o Hamas.
Estados Unidos e França,
entre outras potências, pedem aos israelenses respeito às “leis da guerra”, que
dizem que civis têm de ser respeitados e protegidos.
No tipo de operação
militar no qual Israel está envolvida, porém, “leis da guerra” tem poucas
chances de serem respeitadas; em lugar algum envolvendo combate dentro de
cidades elas foram.
O que parece até aqui ter
segurado o desejo israelense de invadir Gaza são os duzentos reféns mantidos
pelo Hamas em cativeiros subterrâneos, e menos a pressão internacional para
exercer moderação, um fator que estava evidentemente nos cálculos do Hamas.
O que vemos hoje é uma
ordem internacional que virou desordem, na qual as potências “de fora” da área
tem escassa capacidade de impor qualquer tipo de solução. Elas estão arrastadas
na lógica interna do conflito, e não há quem consiga colocar freios.
O conflito está descendo
para um abismo de tragédia e sofrimento ainda maiores. À frente da ONU, a mãe
de um refém do Hamas se dirigiu aos embaixadores dizendo que, na competição de
dor, nunca tem um vencedor.
Não adianta ela ter toda
razão.
Ø Ataques do Hamas a Israel não aconteceram “num
vácuo”, diz secretário-geral da ONU
O secretário-geral da
Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse que os ataques do grupo radical islâmico Hamas a Israel em 7 de
Outubro “não aconteceram no
vácuo” durante suas declarações ao Conselho de Segurança nesta terça-feira
(24).
“É importante reconhecer também que os ataques
do Hamas não aconteceram no vácuo. O povo palestino é sujeito a uma ocupação
sufocante há 56 anos”, afirmou, acrescentando que os palestinos “viram suas
terras constantemente devoradas por colonatos e atormentadas pela violência”.
Ao mesmo tempo, Guterres
observou que o contexto “não justifica os terríveis ataques do Hamas”. Ele
acrescentou que o povo palestino também não deveria ser punido coletivamente
pelos ataques da organização extremista.
Portanto, segundo o
secretário, todas as partes no conflito devem “tomar cuidado constante na
condução de operações militares para poupar civis”, bem como “respeitar e
proteger os hospitais e respeitar a inviolabilidade das instalações da ONU, que
hoje abrigam mais de 600 mil palestinos”.
Guterres classificou
os ataques intensos de Israel em Gaza como “profundamente alarmantes”, uma vez
que “o nível de vítimas civis e a destruição em massa de bairros continuam a
aumentar”.
Pelo menos 35 colaboradores
da ONU que trabalhavam para a Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras
para os Refugiados da Palestina foram mortos em bombardeios em Gaza nas últimas
duas semanas, segundo o secretário-geral.
Ele disse que há
“violações claras ao direito humanitário internacional” em Gaza, dando como
exemplo a ordem de Israel para evacuar mais de um milhão de pessoas no início
do mês.
Guterres sublinhou que
a ajuda humanitária autorizada a entrar no território não corresponde às necessidades da
população, o que incluiu o abastecimento de combustível, que deve se esgotar
“em dias”.
Ele reiterou o seu apelo
a “um cessar-fogo humanitário imediato”, uma solução de dois Estados para
o conflito Israel-Palestina e uma libertação imediata de todos os
reféns.
Ø 'Fala forte de um homem fraco em uma
instituição desprestigiada', diz Marcelo Lins sobre discurso de Guterres na ONU
António Guterres, secretário-geral da ONU, disse nesta terça-feira (24), durante reunião do Conselho
de Segurança da entidade que está preocupado com as claras violações do direito humanitário
internacional testemunhado em Gaza e citou a morte de cerca de 35 funcionários
da ONU no conflito entre Israel e Hamas.
Para o comentarista da GloboNews Marcelo Lins a fala de Guterres, apesar de
forte, pode não ter muito resultado prático.
"É uma fala forte de
um homem fraco em uma instituição desprestigiada, mas não somente por erros das
burocracias, mas porque seguidas vezes nos últimos anos tem sido ignorada
principalmente por aqueles países que tem mais poder dentro dela, por conta do
que, cada vez vai ficando mais claro, é um erro na estrutura das Nações
Unidas", diz Lins.
Segundo Marcelo Lins, a
partir do momento que se criou uma estrutura na ONU onde potências tinham
direito de vetar decisões, mesmo que tomadas em consenso, a função do órgão
acaba se tornando pouco operante.
"Ela (ONU) funciona
muito quando se trata de questões que não envolvam maiores disputas políticas,
por exemplo, nos programas do Unicef, Unesco e até mesmo o Programa Mundial de
Alimentos, eventualmente ajudas ligadas a FAO, Organização para Agricultura... Agora, nas
questões mais delicadas que necessitam de um posicionamento mais claro da
comunidade em defesa da humanidade, notadamente evitar guerras ou o
aprofundamento de guerras, fazer responsáveis aqueles que começam um conflito
ou que levam adiante esse conflito, a ONU tem sido inoperante", continua
Marcelo Lins.
O comentarista cita as
decisões unilaterais tomadas pelos Estados Unidos após os ataques de
11 de Setembro e contradições vindas das Nações Unidas, como demonstrar
preocupação com a situação humanitária em Gaza e, ao mesmo tempo, não propor um
cessar-fogo imediato.
"É óbvio que não dá
para não condenar o terror bárbaro do Hamas. Isso é incompatível com qualquer
ideia de negociação, ainda mais que o Hamas tem na sua carta fundadora a
destruição do Estado de Israel. Mas daí a imaginar que vale a pena pagar esse
preço humanitário que estamos pagando, estamos testemunhando, aí cabe uma
discussão", conclui o comentarista.
·
Reação de Israel
Após Guterres afirmar que
os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro "não aconteceram do
nada", o ministro de Relações Exteriores, Eli Cohen, cancelou a reunião
que faria com o secretário-geral, e o embaixador de Israel na ONU, Gilard
Erdan, pediu a demissão de Guterres.
"É importante
reconhecer que os atos do Hamas não aconteceram por acaso. O povo palestino foi
submetido a 56 anos de uma ocupação sufocante. Eles viram suas terras serem
brutalmente tomadas e varridas pela violência. A economia sofreu, as pessoas
ficaram desabrigadas e suas casas foram demolidas", disse o
secretário-geral da ONU.
Logo após o discurso,
Gilad Erdan afirmou no X que o secretário não está apto para liderar a ONU
quando, segundo ele, houve compreensão "pela campanha de assassinato em
massa de crianças, mulheres e idosos".
Ø Hamas usou linhas telefônicas subterrâneas em
Gaza para planejar ataque a Israel, dizem fontes
Uma pequena célula de
agentes do Hamas teria
planejado o ataque surpresa de 7 de outubro a Israel se comunicando entre si por meio de
linhas telefônicas instaladas em túneis subterrâneos em Gaza,
sugerem fontes da inteligência de Israel compartilhada com os Estados Unidos. O planejamento do ataque teria sido feito durante dois anos.
As linhas telefônicas nos
túneis permitiam que os agentes se comunicassem em segredo, sem que fossem
rastreados por funcionários da inteligência israelense, disseram as fontes
à CNN.
Durante os dois anos, a
pequena célula que operava nos túneis usou linhas telefônicas fixas para se
comunicar e planejar a operação, mas permaneceu no escuro até a hora de
convocar centenas de combatentes do Hamas para lançar o ataque de 7 de outubro,
completaram.
Os agentes do Hamas
evitaram usar computadores ou telefones celulares durante o período de dois
anos para evitar que fossem detectados pela inteligência israelense ou
norte-americana, disseram as fontes.
“Não houve muita
discussão, idas e vindas e coordenação fora da área imediata”, disse uma das
fontes.
A inteligência
compartilhada com autoridades dos EUA por Israel revela como o Hamas escondeu o
planejamento da operação com medidas antigas de contra-espionagem, como
realização de reuniões de planejamento pessoalmente e o afastamento das
comunicações digitais, cujos sinais os israelenses podem rastrear.
Israel estava ciente de
que o Hamas usava sistemas de comunicação com fio antes do ataque de outubro.
Isso daria uma nova visão
sobre o porquê del Israel e os EUA terem sido pegos desprevenidos pelo ataque
do Hamas, que deixou milhares de mortos.
A CNN não teve
acesso à informação em si, mas conversou com fontes que tiveram acesso a ela.
O Gabinete do Diretor de
Inteligência Nacional dos EUA recusou-se a comentar, e a embaixada de Israel em
Washington não respondeu a um pedido de comentário.
A CNN informou
anteriormente que uma série de avisos estratégicos das agências de
inteligência dos EUA e de Israel não levou as autoridades de nenhum dos países
a antecipar os acontecimentos de 7 de outubro.
Uma terceira fonte
familiarizada com as informações mais recentes disse que o Irã ajudou o Hamas a
desenvolver as suas tácticas de segurança operacional ao longo dos anos, embora
a inteligência dos EUA não acredite que o Irã tenha desempenhado um papel
direto no planejamento do ataque de 7 de outubro.
·
Mais sobre os túneis
As Forças de Defesa de Israel
(IDF) se referem coloquialmente aos túneis construídos pelo Hamas ao longo dos
últimos 15 anos como o “metro de Gaza”.
Os túneis constituem um
vasto labirinto que é usado para armazenar foguetes e esconder munições, além
de fornecer um meio para os agentes se movimentarem sem que sejam percebidos.
A IDF também afirma que
os túneis contêm centros importantes de comando e controle do Hamas.
Yocheved Lifshitz, idosa
de 85 anos que foi uma das duas reféns libertadas pelo Hamas na segunda-feira
(23), disse que, depois de ser sequestrada, foi levada para a rede de túneis e
dormiu em um colchão de um deles no chão.
Fonte: Brasil 247/CNN
Brasil/g1
Nenhum comentário:
Postar um comentário