quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Ataques no Rio: ‘Brasil tem problema crônico no combate ao crime organizado’, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, 24, que o Brasil “tem um problema crônico no combate ao crime organizado” ao comentar a série de ataques a ônibus que afetou a zona oeste do Rio nesta segunda-feira, 23. Ele disse ter conversado com o ministro da Justiça, Flávio Dino, e que vai conversar com o da Defesa, José Múcio, para usar a estrutura dessas pastas no combate ao crime organizado e à milícia no Estado.

 “Esse governo não vai se esconder e dizer que é só problema dos Estados. Eu já conversei com o Flávio Dino e hoje vou conversar com o Múcio. Vamos usar a estrutura dos ministérios da Justiça e da Defesa para ajudar a combater o crime organizado e a milícia no Rio. Nós queremos compartilhar as soluções dos problemas dos estados com o governo federal”, informou o presidente.

Lula acrescentou ainda que é necessário reunir prefeitos e governadores junto ao governo federal para “pensar soluções conjuntas”. “A liberação das armas, de forma atabalhoada, fez com que o crime organizado se apoderasse de mais munição e vimos isso nos últimos anos”, afirmou.

Ao menos 35 coletivos foram incendiados na zona oeste do Rio de Janeiro, segundo o sindicato que reúne as empresas de ônibus da capital. Segundo a Polícia Civil, os ataques foram praticados por um grupo de milicianos em represália à morte de Matheus da Silva Rezende, que era conhecido com Faustão ou Teteu, durante confronto com policiais civis numa favela de Santa Cruz, bairro da zona oeste.

 “Nós estamos com o povo do Rio de Janeiro. Vamos compartilhar as soluções com o governo local para que o Rio possa voltar aos jornais pelas suas belezas e o que tem de melhor”, acrescentou o presidente.

Lula disse já ter conversado também com o governador do Rio, Cláudio Castro (PL). A intenção, reforçou o presidente, é que a Aeronáutica “possa ter intervenção maior nos aeroportos” e a Marinha, nos portos. “Vamos combater mais o crime organizado, o narcotráfico e o tráfico de armas”, disse ele, ao comentar também que a “Polícia Federal vai agir com mais força”.

O Rio de Janeiro conta deste o dia 16 de outubro com o reforço de 570 agentes federais para incrementar a segurança em áreas de risco e no patrulhamento de estradas e rodovias. Do total, 300 deles integram a Força Nacional (FN) e 270 são agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

“Vamos ampliar a nossa presença no Rio, com mais agentes, mais viaturas e mais trabalho de inteligência”, disse na oportunidade o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.

•        ‘Toda a força do Rio (está) na rua’, diz Castro

O governador Cláudio Castro declarou nesta terça-feira que as forças de segurança do Estado “continuam em estágio de máximo alerta”, e afirmou que o efetivo policial está todo nas ruas da cidade.

“Minha orientação é para toda a força do Rio de Janeiro na rua. Viaturas, carros, blindados, helicópteros, drones, tanto da Polícia Civil quanto da Polícia Militar. A administração penitenciária também com nível máximo de cuidado e de alerta. Até estar totalmente estabilizado, assim vai ser a nossa postura. Uma postura muito na rua, para garantir que o cidadão tenha tranquilidade e o seu direito de ir e vir preservado”, disse o governador, em entrevista no início da manhã.

Ele disse que metade das 12 pessoas detidas na segunda-feira por suspeita de participação nos ataques foram liberadas.

“Das 12 pessoas que foram detidas ontem (segunda), seis foram confirmadas a prisão - temos indícios de autoria e materialidade -, e outras seis, por falta de indícios, foram soltas. Mas as investigações e monitoramento dessas pessoas continuam”. Ainda segundo o governador, outros dois suspeitos foram presos pela manhã.

Um dia após ataque no Rio de Janeiro, o BRT Transoeste, corredor de ônibus que atende a zona oeste da cidade, iniciou a manhã desta terça-feira, 24, com o serviço praticamente normalizado, conforme informou o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), direto do Centro de Operações Rio (COR-Rio), órgão da prefeitura que monitora a cidade por meio de câmeras.

Por volta das 7h40, o corredor já estava com os intervalos normalizados, de acordo com a Mobi-Rio. “Estou acompanhando a situação dos transportes na cidade aqui do Centro de Operações Rio. O BRT Transoeste praticamente normalizado. Diretões começaram a circular e SPPO ainda em 50% da sua frota na Zona Oeste com impactos também na frota de Barra/Jacarepaguá”, disse, mais cedo, Paes. Posteriormente, ele citou que o percentual das linhas de ônibus regulares, que estava em 50%, passou para 80% por volta das 7h30. Duas horas, depois estava em 90%, de acordo com a Secretaria Municipal de Transportes do Rio.

Ainda no fim da madrugada desta terça-feira, a Supervia informou que excepcionalmente nesta terça-feira, a circulação de trens no ramal Santa Cruz teve início às 4 horas e não haverá partida de trens expressos e dos especiais de Campo Grande.

Castro voltou a afirmar que os alvos da polícia são os líderes de grupos criminosos que atuam no Rio de Janeiro, e descartou a possibilidade de realização de qualquer tipo de acordo com os criminosos. “Não há nenhuma espécie de acordo, nem com tráfico, nem com milícia, nem com ninguém”, sustentou.

“Realmente nós estamos atrás, fazendo exatamente o que eu prometi fazer: ir atrás dos líderes. Ontem (segunda) tiramos de circulação um dos maiores líderes de milícia do Brasil, que era conhecido como ‘senhor da guerra’ deles, que era conhecido por juntar tráfico e milícia e fazer as famosas narcomilícias. Infelizmente, a reação deles foi desproporcional, coisa que nunca foi vista antes.”

•        Morte de miliciano desencadeou ataques a ônibus

Matheus da Silva Rezende, de 24 anos, é sobrinho de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, que desde 2021 é o líder do principal grupo miliciano que atua no Rio. Resende era o segundo na hierarquia do grupo, segundo a polícia.

Ele foi morto durante confronto com policiais civis da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), o grupo de elite da Polícia Civil fluminense, e do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), na favela Três Pontes, em Santa Cruz. Nessa mesma operação, uma criança de dez anos foi atingida de raspão na perna por uma bala perdida. Medicada, ela passa bem.

Depois da morte, os ônibus começaram a ser atacados e incendiados. Segundo o sindicado das empresas de ônibus, esse já é o maior ataque a ônibus da história do Rio. São 20 de linhas municipais, cinco do BRT e dez avulsos, de fretamento. Também foi colocado fogo em um trem.

•        Governo federal ajudará Rio de Janeiro a combater crime organizado e milícias, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que a situação da segurança pública no Rio de Janeiro também é um problema do Brasil e que o governo federal ajudará no combate ao crime organizado e às milícias no Estado.

Durante live semanal em suas redes sociais, Lula afirmou que conversará com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), para saber como o governo federal pode auxiliar na situação. Ele acrescentou que ainda pensa em recriar um ministério exclusivo para a Segurança Pública.

Na segunda-feira, ao menos 35 ônibus e uma composição de um trem urbano foram incendiados por grupos criminosos em retaliação à morte de um miliciano na zona oeste da capital fluminense, disseram autoridades e o grupo que representa as empresas de ônibus da cidade.

 

       Crimes no Rio serão tipificados como terrorismo, diz governador

 

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), disse na manhã desta 3ª feira (24.out.2023) que a Polícia Civil do Estado vai indiciar por terrorismo os suspeitos de incendiar 35 ônibus e 1 trem na capital fluminense, na 2ª feira (23.out).

“A gente tem que botar os pingos nos ‘is’, falar a verdade, e a verdade é que é terrorismo”, afirmou em entrevista a jornalistas. Castro também defendeu o endurecimento de penas para esse tipo de crime. Na avaliação do político, “a pena tem que ser de 30 anos em regime fechado, sem progressão”.

Como exemplos de outros crimes que avalia como terrorismo, Castro citou o uso de armas de guerra, operar o serviço público para o tráfico de drogas e ações coordenadas de milícias. “Ou endurecemos a legislação como outros locais do mundo fizeram, ou vamos ter essa mistura de México com Colômbia que está virando o Brasil na área da segurança pública”, falou.

“Não há nem haverá acordo entre governo do Estado e bandido. Muito pelo contrário. O combate que se faz é um combate duro, geralmente criticado pelo excesso de dureza, e que nós continuaremos fazendo”, disse o governador, enfatizando que “no Rio de Janeiro, bandido não terá vida fácil.”

Apesar de afirmar que a situação no Estado voltou à normalidade nesta 3ª feira (24.out), Castro informou que as Forças de segurança “continuam em estado máximo de alerta”.

“Toda a Força do Rio de Janeiro está nas ruas: viaturas, carros, blindados, helicópteros, drones… tanto da Polícia Civil quanto da Polícia Militar. (…) Até estar totalmente estabilizado, assim vai ser a nossa postura para garantir que o morador tenha tranquilidade e que tenha o seu direito de ir e vir preservado”, concluiu.

•        o que diz a Lei Antiterrorismo

O artigo 2º da Lei nº 13.260 de 16 de março de 2016, conhecida como Lei Antiterrorismo, afirma que podem ser definidas como terrorismo apenas práticas motivadas “por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública“.

Em tramitação na Câmara dos Deputados, o PL (projeto de lei) 3283/2019 quer equiparar à atividade terrorista a ações de grupos criminosos organizados, como milícias e facções.

 

       Saiba quem é o miliciano morto que motivou rebelião no Rio

 

A morte do miliciano Matheus da Silva Resende, apelidado de “Faustão”, é vista como o principal motivo para a rebelião que deixou 35 ônibus incendiados no Rio de Janeiro na 2ª feira (23.out.2023). Ele morreu durante operação policial na manhã do mesmo dia, na comunidade Três Pontes, Zona Oeste do Rio.

Matheus, de 24 anos, era sobrinho do miliciano conhecido como “Zinho”, responsável por comandar a maior milícia da região, a “Liga da Justiça”. Foi descrito como “o senhor da guerra” pelo governador do Estado, Cláudio Castro (PL), em entrevista a jornalistas na noite de 2ª feira.

“Era o responsável pela união entre tráfico e milícia, fazendo as narcomilícias. (…) Há quem diga, inclusive, que ele era preparado para ser, em seguida, o sucessor desse miliciano Zinho”, afirmou Castro.

Matheus era o responsável por aproximar a “Liga da Justiça” de nomes do Comando Vermelho. Segundo informações do portal de notícias G1, o miliciano mantinha contato direto com Lesk, responsável pelo assassinato de 3 médicos na Barra da Tijuca no começo de outubro, antes do intermediário ser morto pela própria organização criminosa.

Além disso, Matheus era investigado pelo assassinato de ao menos 20 mortes de criminosos rivais no Estado. Também foi denunciado pelo Ministério Público como um dos responsáveis por planejar a execução do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, em agosto de 2022.

 

       Zinho, Tandera e Abelha são os criminosos mais procurados do Rio após ataques; veja quem são

 

Após os ataques em que 35 ônibus foram incendiados por criminosos no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira, 23, as autoridades buscam por Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, Danilo Dias Lima, o Tandera, e Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha. Os três estão envolvidos na disputa por território de facções em vários pontos do estado.

"Esses três criminosos, Zinho, Tandera e Abelha, não descansaremos enquanto não prendermos eles", prometeu o governador do Rio, Cláudio Castro, em uma coletiva na tarde de segunda.

A ação contra ônibus que ocorreu no Rio foi a maior em um único dia, segundo informações da GloboNews, e ocorreu após a morte de Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão ou Teteus. Ele foi morto em confronto com agentes da Polícia Civil, na comunidade de Três Pontes, no bairro de Santa Cruz. O miliciano era apontado como número 2 na hierarquia da milícia comandada pelo tio, o Zinho, que atua na zona oeste da cidade.

>>> Quem são os criminosos procurados

•        Zinho

Zinho, é tio de Faustão e irmão de Wellington da Silva Braga, o Ecko, que chefiava a Liga da Justiça, a maior milícia fluminense. Com a morte de Ecko, Zinho é quem está à frente da organização criminosa. De acordo com o jornal O Globo, ele não passou por nenhuma força policial, mas, antes de comandar o grupo, era responsável pela contabilidade e lavagem de dinheiro.

Além de Ecko, outro irmão de Zinho já chefiou a associação criminosa, Carlos da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes. Conforme o Disque Denúncia, promotores do Ministério Público levantaram que o criminoso também é o sócio de duas empresas que fazem extração de saibro.

Ainda segundo O Globo, Zinho arrecada entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões mensais, na região que engloba a maior parte dos bairros de Santa Cruz, Campo Grande e Paciência. Grande parte do dinheiro é proveniente do transporte alternativo. Ele já foi preso por porte Ilegal de arma de fogo e associação criminosa.

•        Tandera

Danilo Dias Lima, o Tandera, de 37 anos, é considerado foragido da Justiça desde novembro de 2016. Ele já foi parceiro de Ecko e Zinho, mas rompeu com o grupo e se aliou ao miliciano Edmilson Gomes Menezes, o Macaquinho. O Globo aponta que eles passaram a liderar e controlar Seropédica, Queimados e Nova Iguaçu, cidades localizadas na Baixada Fluminense.

Hoje, Tandera é líder do grupo Milícia na Baixada, segundo o Disque Denúncia. A suspeita é de que o criminoso lave dinheiro vindo de atividade criminosa da milícia, por meio de operações de criptomoedas e da aquisição de bens de luxo, como mansões, cavalos de raça e carros, entre outros.

As principais fontes de renda são a exploração de comerciantes, por meio da cobrança da taxa de segurança, monopólio da distribuição de cigarros contrabandeados, exploração da distribuição clandestina de TV a cabo e comercialização de botijões de gás. Tatuado com o Olho de Tandera, símbolo do desenho Thundercats, o miliciano é conhecido por ser extremamente violento, e andar sempre com um fuzil e seguranças. Há contra ele mandados de prisão pelos crimes de extorsão e organização criminosa.

•        Abelha

Wilton Carlos Rabelho Quintanilha é uma das principais lideranças do Comando Vermelho nas ruas. Conforme a polícia, ele saiu pela porta da frente do Complexo de Bangu, mesmo com mandado de prisão ativo, no dia 27 de julho de 2021. A suspeita é de que ele está escondido no Complexo da Penha, na zona norte do Rio, junto com Edgar Alves de Andrade, o Doca.

Abelha é acusado de matar Ana Cristina da Silva, de 25 anos, atingida por disparos de fuzil na cabeça e na barriga em 2021, durante a invasão de seu grupo ao Morro de São Carlos. A vítima estava indo com o filho para o bar onde trabalhava, quando ficou no meio do tiroteio. No momento dos disparos, ela se curvou sobre o filho de 3 anos para protegê-lo,

 

Fonte: Agencia Estado/Reuters/Poder 360/Terra

 

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