A lição Netanyahu: é preciso negar à extrema
direita o controle do aparelho de Estado
O cerco à área palestina
de Gaza, os bombardeios indiscriminados e não seletivos sobre a população
civil, a decisão pública de não distinguir civis de combatentes, bombardeios à
igrejas, mesquitas e hospitais são todos atos enquadráveis como crimes de
guerra. Crimes de guerra são definidos como ataques deliberados a objetivos não
militares, conforme estabelecem os acordos internacionais de Genebra e Roma.
A fúria das forças
armadas israelenses busca se legitimar internacionalmente como um ato de
autodefesa em relação aos insustentáveis ataques a civis israelense em 7 de
outubro, feitas pelo Hamas. Porém, há que se estabelecerem dois
questionamentos. Até onde se estende a ação de autodefesa, qual sua duração,
abrangência e extensão territorial? Sobre quem, ou quais alvos se refere o
direito de autodefesa, abrangeria civis e militares ou somente alvos militares?
A extensão no tempo e no
território e sua abrangência indiscriminada, matando civis entre os quais
crianças e enfermos, da reação das forças militares israelenses, sob o comando
político do governo de Netanyahu, claramente fizeram com que deixasse de ser
uma reação de autodefesa. O cerco à Gaza e os bombardeios sobre a população
civil, devem ser compreendidos no contexto de um conjunto de medidas que já
vinham sendo efetivadas sobre as áreas palestinas. Áreas exteriores ao
território sob soberania do Estado israelense, portanto. A operação militar de
Israel deixou de ter o caráter de autodefesa para ser uma operação de conquista
de território, a expulsão da população não israelense e sua posterior ocupação
pelas milícias de colonos ilegais, como já ocorre na Cisjordânia.
No período do governo
Netanyahu se aprofundaram as políticas de segregação contra cidadãos
israelenses de origem árabe. Retirando-lhes, por lei, direitos que os cidadãos
israelenses de origem judaica têm. Israel se ordena hoje por uma legislação de
supremacismo judaico. Isso embasa o robustecimento da política de ocupação de
áreas palestinas por “colonos israelenses” e suas milícias armadas. Há uma
política de diáspora forçada do povo árabe das terras que o acordo de Oslo
estabeleceu como palestinas. Devemos defender imediatamente a paz, o
cessar-fogo e o direito a ambos os povos, israelenses e palestinos, em terem
seu Estado soberano e seu território íntegro.
Essa política não é do
povo israelense, tampouco da religião judaica. Grande parte dos israelenses e
de organizações democráticas israelenses vem denunciando e combatendo
tenazmente essa prática que deriva do fato de que a extrema direita israelense
tomou – por via democrática como grande parte dos reacionários e neofascistas o
faz – o controle do governo e do Estado israelense.
São políticas de
dessecularização, cujo sentido é a constituição de um Estado religioso sobre
toda a Palestina histórica, com a expulsão dos não-comuns. O que deve ser
combatido, portanto, não é o Estado israelense ou o direito soberano do povo
israelense de ter um território e um Estado, mas a política de extrema direita
do governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
A grande lição global que
se pode retirar é que os assombramentos do holocausto, das diásporas forçadas,
dos genocídios, do supremacismo e da segregação, sejam de armênios, judeus,
ruandeses ou palestinos, não ficaram no passado ou nos escombros do século XX.
Foram atualizados pela extrema direita mundial em sua reemergência neste
século.
Em todos os cantos do
globo onde a extrema direita cresceu, o fez sobre as promessas e retóricas de
guerra e ódio. Do Brasil a Israel. À extrema direita deve ser negado –
obstaculizado - seu caminho para o controle do aparelho de Estado e governos.
Essa é a grande luta civilizatória que deve ser priorizada pela luta
democrática e dos movimentos sociais. Não há justificativa para menosprezar o
monstro e a serpente.
O recado do Exército e da polícia que resultou na devolução
das metralhadoras
A tática é uma velha
conhecida nos meios policiais: o bandido entregar o que a polícia deseja para
tentar evitar uma reação que atrapalhe em demasia os negócios das organizações
criminosas. Foi assim que Erickson David da Silva – acusado de matar o policial
da Rota Patrick Bastos Reis – se entregou à polícia. A facção criminosa queria
evitar o que veio depois: a Operação Escudo, que deixou um rastro de 28 mortes
no Guarujá, em 30 dias de ações na Baixada Santista.
Logo que o furto das 13
metralhadoras Browning .50 e oito MAG, de calibre 7,62 mm, no Arsenal de
Guerra, em Barueri, na Grande São Paulo, se tornou público, policiais civis do
Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), de São Paulo,
começaram a usar seus contatos para tentar localizar quem estava por trás do
crime. Também mandaram um recado a bandidos do Primeiro Comando da Capital
(PCC): as armas tinham de aparecer. Enquanto isso não ocorresse, não iriam
sossegar.
Um agente do Deic soube
que o armamento estava enterrado na região oeste da Grande São Paulo. Um homem
que já havia sido preso por roubo a banco estava em contato com os bandidos
responsáveis pela guarda das metralhadoras. As investigações do Departamento,
comandadas pelo delegado Fabio Pinheiro Lopes, mostravam que os criminosos
estavam negociando a venda do armamento ao PCC.
Lopes manteve durante
toda a semana contatos com o general Maurício Vieira Gama, chefe do
Estado-Maior do Comando Militar do Sudeste (CMSE). Na quarta-feira, a
inteligência do Exército localizou parte das armas no Rio de Janeiro. A Polícia
Civil carioca obteve ainda um vídeo no qual quatro metralhadoras .50 e outras
quatro MAG eram oferecidas a traficantes de drogas, cada uma por R$ 180 mil.
Foi quando militares e
policiais fizeram chegar à cúpula do Comando Vermelho (CV) que a Força
Terrestre não ia descansar enquanto o armamento não fosse recuperado. Na gíria
policial, os bandidos teriam de “vomitar” as metralhadoras. Isso significava
que o Exército estava disposto a cercar comunidades, como fizera em março de
2006 quando, após 12 dias de atuação em 16 favelas cariocas, as tropas
recuperaram os dez fuzis e a pistola roubados do Estabelecimento Central de
Transportes do Exército.
Na época, o general Hélio
Macedo, então chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Leste, traçou a
tática da Operação Asfixia. Os militares não se limitaram a patrulhar e a
ocupar os morros. Controlaram as vias de acesso, verificando documentação e
revistando carros. Com isso, os consumidores de drogas não puderam chegar a
seus fornecedores. Calculou-se que a ação fez o faturamento dos traficantes
cair 70%.
A ameaça de uma nova
asfixia fez com que na quinta-feira o CV abandonasse em um carro quatro
metralhadoras .50 e quatro calibre 7,62 mm, na Gardênia Azul, na zona oeste do
Rio, onde foram recuperadas pela Polícia Civil. Em São Paulo, enquanto o
Exército apurava responsabilidades administrativas e criminais de seu pessoal
no caso, o mesmo recado foi dado aos bandidos: “Devolvam as armas”.
Após 2 semanas, Exército libera militares aquartelados em caso
de furto de armas
O Exército decidiu acabar
com o aquartelamento de 40 militares que desde o dia 10 não podiam sair do
Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri, na região metropolitana da capital.
O anúncio foi feito em
nota nesta terça-feira (24). Todos agora cumprem expediente normalmente.
Eles estavam
aquartelados, em situação de sobreaviso, por causa do furto de 21 armas do
local.
A liberação inclui os
sete suspeitos de participação direta no furto de 13 metralhadoras de calibre.
50 e oito fuzis de calibre 7,62, e os 20 militares que respondem por
transgressão disciplinar e podem ser punidos por omissão.
No dia 10, quando o
desaparecimento das armas foi descoberto, os 480 militares do local ficaram
aquartelados. Houve liberação gradual, a partir de uma semana depois, e na
última segunda-feira (23), 40 continuavam nessa situação.
Além da autorização para
sair, os militares receberam seus aparelhos celulares de volta.
Os sete militares
suspeitos de participação direta no crime são investigados em um inquérito
policial e podem responder por furto, peculato, receptação, desaparecimento,
consunção ou extravio.
A denúncia terá de ser
realizada pelo Ministério Público Militar.
O julgamento será feito
pela Justiça Militar, inclusive de civis que supostamente tenham participado da
receptação das armas.
No caso dos 20
investigados por negligência e omissão as possíveis punições são advertência,
impedimento disciplinar, repreensão, detenção e prisão por até 30 dias.
Na semana passada, o
general Maurício Gama, chefe-maior do Comando Militar do Sudeste, afirmou que
recrutas podem ser expulsos.
O oficial disse que a
prisão de suspeitos investigados no inquérito policial militar pode acontecer
em breve.
Até agora, 17 armas foram
localizadas pelas polícias do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Quatro metralhadoras, com
poder antiaéreo, ou seja, podem derrubar helicópteros, continuam desaparecidas.
O Exército acredita que
as armas tenham sido subtraídas entre os dias 6 de setembro e 10 de outubro.
Cadeado e lacre do local onde estavam foram trocados.
Fonte: Brasil de
Fato/Agencia Estado/FolhaPress
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