quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Coreia do Norte diz que há 'perigo iminente de guerra nuclear' e anuncia expansão de sua autodefesa

Em discurso na ONU, embaixador do país asiático diz que o ano de 2023 foi registrado "como um ano extremamente perigoso" e que Pyongyang não tem escolha a não ser "acelerar ainda mais a construção das suas capacidades de autodefesa".

Nesta terça-feira (26), o enviado da Coreia do Norte às Nações Unidas, Kim Song, acusou os Estados Unidos e a Coreia do Sul de levarem a península coreana à beira da guerra nuclear, dizendo na Assembleia Geral da ONU que, como resultado, seu país não tinha escolha, mas sim acelerar ainda mais o desenvolvimento das suas capacidades de autodefesa.

"O ano de 2023 foi registado como um ano extremamente perigoso. A península coreana está em uma situação crítica, com perigo iminente de eclosão de uma guerra nuclear. Dadas as circunstâncias prevalecentes, a RPDC [Coreia do Norte] é urgentemente obrigada a acelerar ainda mais a construção das suas capacidades de autodefesa para se defender de forma inexpugnável" disse Kim à assembleia nesta tarde, segundo a AP News.

Nos últimos 18 meses, a Coreia do Norte – formalmente conhecida como República Popular Democrática da Coreia (RPDC) – testou dezenas de mísseis balísticos, mas o governo de Kim Jong-Un afirma que está a exercer o seu direito à autodefesa com os testes para assegurar sua soberania e interesses de segurança contra ameaças militares.

"A RPDC permanece firme e inalterada na sua determinação de defender firmemente a soberania nacional, os interesses de segurança e o bem-estar do povo contra as ameaças hostis do exterior", acrescentou Kim.

O embaixador norte-coreano também afirmou que Washington estava tentando criar "a versão asiática da OTAN", a aliança militar que inclui nações europeias e os Estados Unidos e o Canadá.

"Os Estados Unidos estão agora a passar para a fase prática de concretizar a sua intenção sinistra de provocar uma guerra nuclear", disse, acrescentando que a tentativa de Washington de criar uma "OTAN asiática" estava efetivamente introduzindo uma "nova estrutura da Guerra Fria no nordeste da Ásia".

Pyongyang tem estado sob sanções do Conselho de Segurança da ONU devido aos seus programas nucleares e de mísseis desde 2006. As medidas têm sido constantemente reforçadas ao longo dos anos.

Entretanto, nos últimos anos, o conselho tem estado dividido sobre como lidar com o país asiático. A Rússia e a China, com poderes de veto junto aos Estados Unidos, Reino Unido e França, disseram que mais sanções não ajudarão e querem que tais medidas sejam flexibilizadas.

 

Ø  Finlândia pisoteia status neutro e reputação ao se juntar ao projeto antirrusso dos EUA, diz Lavrov

 

Nesta terça-feira (26), o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, chamou de "grosseiro" o comunicado da ministra das Relações Exteriores finlandesa, Elina Valtonen, sobre as sanções contra a Rússia, dizendo que Helsinque estava se tornando uma das líderes da campanha ocidental contra a Rússia.

As sanções ocidentais "realmente prejudicam as pessoas comuns" e os russos percebem que "há um preço a pagar por travar uma guerra tão injusta", afirmou Elina Valtonen, na segunda-feira (25), citada pelo jornal The Washington Post.

"Estou surpreso com a rapidez com que a Finlândia pisoteou seu status neutro e sua reputação e se juntou ao projeto antirrusso dos Estados Unidos [...]. A declaração [de Valtonen] é absolutamente grosseira", disse Lavrov em uma coletiva de imprensa conjunta após uma reunião com o ministro das Relações Exteriores tunisiano, Nabil Ammar.

"Gostaria de enfatizar mais uma vez que a Finlândia está se movendo em um ritmo alucinante para a vanguarda da campanha antirrussa e russofóbica do Ocidente", acrescentou o ministro russo.

Lavrov também chamou Valtonen de "diplomata inexperiente" ao falar sobre os motivos da imposição das sanções ocidentais, acrescentando que a ministra das Relações Exteriores da Finlândia "queria que o povo russo se levantasse contra seu próprio governo".

A Finlândia e a Suécia, após o início da operação militar da Rússia na Ucrânia em fevereiro de 2022, solicitaram adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em maio de 2022. A Finlândia tornou-se o 31º membro da OTAN em 4 de abril de 2023. O pedido da Suécia ainda não foi aprovado pela Hungria e pela Turquia.

 

Ø  Tanques Abrams chegam à Ucrânia, mas não será muito tarde para mudar a situação no front?

 

Os oficiais ucranianos acreditam que a entrega dos tanques americanos Abrams não consegue mudar a situação na linha de frente, escreve o jornal The Wall Street Journal.

Inicialmente, os Estados Unidos não estavam dispostos a fornecer Abrams para a Ucrânia. A administração Biden alegou que os tanques não ajudariam muito a Ucrânia, pois eram difíceis de manter e operar, e levaria meses para comprar, relatou a mídia americana.

Ontem (25), o presidente ucraniano anunciou que o primeiro lote de tanques Abrams fabricados nos Estados Unidos chegou à Ucrânia.

Agora, de acordo com a publicação do jornal, "embora a chegada dos tanques americanos seja bem-vinda, as autoridades ucranianas reconhecem que, quatro meses após a ofensiva, é improvável que os veículos alterem significativamente a forma da guerra".

Mas como observa outro jornal, The New York Times, "provavelmente, oito a dez tanques foram entregues à Ucrânia".

Assim, segundo a mídia, esses tanques não aparecerão imediatamente no campo de batalha, podendo levar algum tempo para isso acontecer, já que as tropas ucranianas primeiro precisam fornecer os elementos de suporte necessários para os veículos blindados.

Os tanques Abrams recém-chegados deverão se juntar aos equipamentos militares usados por Kiev na sua contraofensiva, que começou há quase quatro meses e não tem demonstrado resultados significativos, como destacado recentemente por Vladimir Putin, presidente da Rússia.

Em declarações publicadas na sexta-feira (22) no portal War Zone, Kirill Budanov, chefe da inteligência militar da Ucrânia, disse que os tanques Abrams "devem ser usados para operações muito específicas e bem preparadas, porque se forem usados na linha de frente e simplesmente em combates de armas combinadas, eles não viverão muito tempo no campo de batalha".

·         Abrams vai ser o 'potente dissuasor' da Ucrânia, apesar da avaliação morna de Kiev, diz Pentágono

O Pentágono afirmou que os tanques Abrams se tornariam o "potente dissuasor" de Kiev e permitiriam que a Ucrânia fosse mais eficaz no campo de batalha, apesar das avaliações menos entusiásticas da liderança ucraniana.

Na semana passada (22), o chefe do serviço de inteligência militar da Ucrânia, Kiril Budanov, disse que os tanques Abrams não durariam muito na linha de frente durante uma batalha comum de armas combinadas.

"A mera presença de tanques Abrams serve como um poderoso dissuasor. Ao ter esses tanques em seu arsenal, o Exército ucraniano pode desencorajar de forma mais eficaz ações agressivas", disse o porta-voz do Pentágono, Charlie Dietz, citado por uma agência de notícias norte-americana na segunda-feira (25).

O Departamento de Defesa dos EUA acrescentou que a entrega destes tanques era evidente como "um compromisso tangível com a defesa e estabilidade da Ucrânia".

Na segunda-feira, a Casa Branca confirmou que o primeiro lote de tanques Abrams chegou à Ucrânia. No total, a administração dos EUA prometeu dar a Kiev 31 tanques Abrams.

Nesta terça-feira (26), o Kremlin disse que os tanques norte-americanos recém-chegados "irão queimar", tal como os tanques Leopard alemães fizeram anteriormente.

A contraofensiva ucraniana começou no dia 4 de junho. Três meses depois, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que a contraofensiva ucraniana falhou, com a Ucrânia sofrendo cerca de 71.000 baixas. Vários responsáveis ocidentais também admitiram que a contraofensiva ucraniana não tinha tido sucesso até agora.

 

Ø  Erdogan relaciona adesão da Suécia à OTAN à entrega de caças F-16 pelos EUA: 'Cumprir promessa'

 

A pressão de Ancara para a entrega dos caças ganhou novo impulso após líder no Senado norte-americano, contrário à ideia, ter sido afastado do cargo por escândalo de corrupção.

Discursando a repórteres hoje (26) ao voltar do Azerbaijão, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que o ministro das Relações Exteriores, Hakan Fidan, e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, discutiram a candidatura de Estocolmo na semana passada, em Nova York.

"Se eles [os EUA] cumprirem as suas promessas, o nosso parlamento também cumprirá a sua própria promessa. O parlamento turco terá a palavra final sobre a adesão da Suécia à OTAN", afirmou o líder segundo a Bloomberg.

Ancara quer uma resolução rápida para os F-16 de Washington, onde os legisladores norte-americanos liderados pelo senador democrata de Nova Jersey, Bob Menendez, bloquearam até agora o progresso nas negociações.

Entretanto, as acusações de corrupção contra o senador na semana passada criaram uma vantagem que a Turquia quer aproveitar, disse Erdogan, segundo a mídia. Menendez deixou temporariamente o cargo de presidente do Comitê de Relações Exteriores por conta das acusações.

A Suécia quer aderir à OTAN e apresentou um pedido no início de 2022, junto à vizinha Finlândia, que foi acolhida na aliança em abril. Todos os Estados-membros têm de chegar a acordo sobre os recém-chegados, mas a Turquia é a principal resistência ao lado da Hungria, para adesão.

Além dos caças, recentes queimas do Alcorão em território sueco também são um obstáculo para adesão de Estocolmo, com Ancara sugerindo que o país escandinavo tem que proibir a ação em seu país para se tornar membro da Aliança Atlântica, conforme indicou o próprio Erdogan em meados de agosto.

 

Ø  EUA querem substituir papel da Rússia no Sul do Cáucaso, diz analista

 

A visita de dois grandes nomes da política externa dos EUA, Samantha Power e Yuri Kim, à Armênia demonstra o objetivo dos norte-americanos de aumentar sua influência na região, afirmou o analista Konstantin Tasits à Sputnik.

Na última segunda-feira (25), a chefe da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Samantha Power, e o secretário de Estado adjunto dos EUA para Assuntos Europeus e Eurasiáticos, Yuri Kim, desembarcaram em Yerevan para expressar a disponibilidade dos Estados Unidos na solução da crise de Nagorno-Karabakh.

A prontidão dos EUA foi formalizada através de uma carta entregue ao Gabinete de Ministros Armênio.

"Os Estados Unidos continuarão a apoiar a Arménia nos seus esforços para fortalecer a democracia do país e estabelecer a estabilidade na sua região. Continuaremos também a reforçar a nossa cooperação na diversificação energética, estabilidade e segurança, como evidenciado pelos nossos recentes exercícios militares", disse o documento.

Para Konstantin Tasits, especialista na região do Cáucaso do Sul, a visita e a carta apontam para uma tentativa dos EUA de substituir o papel da Rússia na região.

"Um dos principais objetivos da visita é apoiar Pashinyan [Nikol Pashinyan, primeiro-ministro da Armênia], porque parte da sociedade armênia o culpa pelo que aconteceu em Nagorno-Karabakh."

·         Pashiyan enfrenta protestos por acordo de paz

O acordo de paz, firmado pela Armênia e pelo Azerbaijão sobre a região de Nagorno-Karabakh, foi alvo de críticas e protestos por cidadãos armênios nos últimos dias. Muitos pedem pela renúncia do primeiro-ministro.

Nesse sentido, a visita dos diplomatas americanos vem como um reforço político a Pashiyan, aponta Tasits. "Outro objetivo é apresentar os Estados Unidos como uma espécie de fiador, um país que dá apoio à Armênia."

Semyon Bagdasarov, cientista político e diretor do Centro de Estudos do Oriente Médio e Ásia Central também vê na aproximação americana um respaldo ao governo de Pashinyan.

"O fato de essas autoridades americanas terem trazido uma carta de Biden para Pashinyan foi feito deliberadamente para mostrar o apoio dos EUA a este homem no contexto de comícios antigovernamentais em Yerevan."

·         EUA querem minar presença russa na Armênia

Mais do que apoiar o governo atual, Tasists destacou que o principal objetivo dos EUA é garantir a redução da presença russa na região da Transcaucásia.

"A posição dos Estados Unidos é garantir rapidamente o acordo de paz com o Azerbaijão. Deste modo não serão necessárias garantias externas adicionais de segurança. Isso significa, provavelmente, o fim da participação do país na OTSC [Organização do Tratado de Segurança Coletiva] e das bases militares russas", explicou Tasits.

Bagdasarov, vê na reaproximação dos EUA com a Armênia neste momento um reforço do ponto de vista americano de "sentir-se mestre" do país transcaucásio.

"Não é à toa que a embaixada dos EUA lá é a maior do mundo em termos de território e, em termos de número de pessoal, fica em segundo lugar no mundo. Eles há muito se sentem como mestres lá, e Pashinyan, quando veio ao poder em 2018, já era uma marionete.”

Bagdasarov, contudo, vê na presença americana uma tentativa de invalidar o acordo de paz e estimular ainda mais o conflito. "A administração do presidente Biden parece estar estimulando Pashinyan. Suspeito que haverá uma tentativa de denunciar o acordo de paz sobre a presença de forças de paz russas na base aérea de Erebuni", disse Bagdasarov.

Nagorno-Karabakh é uma região na Transcaucásia. A esmagadora maioria da população é armênia.

Em 1923, a região recebeu o status de região autônoma dentro da República Socialista Soviética do Azerbaijão. Em 1988, começou em Nagorno-Karabakh um movimento de reunificação com a Armênia. Em 2 de setembro de 1991, o Azerbaijão proclamou a sua independência, e o nome da região autônoma mudou para República de Nagorno-Karabakh. De 1992 a 1994, o Azerbaijão tentou assumir o controle da autoproclamada república. Nessa ação militar de grande escala morreram cerca de 30 mil pessoas.

Em 1994, as partes concordaram em estabelecer um cessar-fogo, mas o status do território nunca foi determinado. No final de setembro de 2020, os combates recomeçaram em Nagorno-Karabakh. Na noite de 10 de novembro, o Azerbaijão e a Armênia, com o apoio de Moscou, chegaram a um acordo para cessar completamente as hostilidades, permanecendo nas posições ocupadas, trocar prisioneiros e os corpos dos mortos. Na região foram implantadas forças de paz russas, inclusive no corredor de Lachin.

No ano passado, Yerevan e Baku, com a mediação de Rússia, EUA e União Europeia, iniciaram discussões sobre um futuro acordo de paz. No final de maio deste ano, o premiê armênio, Nikol Pashinyan, disse que seu país estava pronto para reconhecer a soberania do Azerbaijão nas fronteiras soviéticas, ou seja, junto com Nagorno-Karabakh. Em setembro, o presidente russo, Vladimir Putin, chamou a atenção para o fato de que a liderança armênia, em essência, havia reconhecido a soberania do Azerbaijão sobre Nagorno-Karabakh. O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, disse que Baku e Yerevan podem assinar um acordo de paz antes do final do ano, a menos que a Armênia mude sua posição.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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