terça-feira, 3 de outubro de 2023

Michelle Bolsonaro atribui a si dogma relacionado a Maria, mãe de Jesus, para atacar jornalista

Presidenta nacional do PL Mulher, instância partidária que comanda com mão de ferro, Michelle Bolsonaro usou um termo bíblico, relacionado a Maria, mãe de Jesus, para atacar a jornalista Juliana Dal Piva, do portal Uol, que revelou em reportagem neste domingo (1º) que a ex-primeira-dama já pediu a demissão de ao menos 3 subordinados e é considerada "de difícil trato no cotidiano interno do partido".

Em resposta nas redes sociais, a esposa de Jair Bolsonaro (PL) atacou a reportagem da jornalista, classificando como "matéria especulativa publicada em portal da internet com posicionamento ideológico bastante conhecido da sociedade" e usou o termo "assunção" para explicar sua ascensão política.

O termo assunção é um dogma usado pelos católicos para definir a crença de que Maria, mãe de Jesus, subiu ao céu de corpo e alma. Maria, no entanto, é minimizada pelos evangélicos, que creem que a salvação vem somente através de Jesus e que não há necessidade de "intercessão" de Nossa Senhora, como é chamada pelos Católicos.

"Assim como ocorre normalmente em qualquer instituição (pública ou privada) quando da assunção de uma nova liderança é comum que mudanças e adequações ocorram a fim de que haja o estabelecimento de uma harmoniosa atuação profissional em prol do alcance dos objetivos institucionais", diz Michelle na nota divulgada em seu perfil no Instagram.

Mais adiante, a ex-primeira-dama busca humilhar o trabalho de Juliana Dal Piva, uma das jornalistas mais conceituadas e que ficou conhecido principalmente pelas reportagens sobre o esquema de corrupção das rachadinhas do clã Bolsonaro.

"Surpreende-nos uma matéria com tal teor. Ela parece ter sido baseada em ilações e fofocas", diz Michelle, reclamando da "seletividade jornalística de alguns veículos e de alguns profissionais da área".

Na reportagem, Juliana Dal Piva diz ter procurado a ex-primeira-dama que "não retornou à coluna". Com base em relatos de próprios integrantes do PL, a reportagem diz que Michelle "gosta de atenção exclusiva" e "prefere manter um grupo muito restrito para atendimento de suas demandas para evitar vazamentos de informações".

"A cúpula do PL trata o potencial político da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro com tanta preocupação que atende a todos os pedidos da esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Inclusive, demissões", diz a reportagem.

LEIA A REPORTAGEM COMPLETA

·         Michelle Bolsonaro já pediu demissão de 3 funcionários da direção do PL. Por Juliana Dal Piva

A cúpula do PL trata o potencial político da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro com tanta preocupação que atende a todos os pedidos da esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Inclusive, demissões. Desde que assumiu a presidência do PL Mulher, em março, Michelle já solicitou o desligamento de ao menos três funcionários que trabalhavam na direção da legenda: duas mulheres e um homem.

A coluna apurou que, publicamente, os dirigentes do PL elogiam a ex-primeira-dama, mas Michelle é considerada de difícil trato no cotidiano interno do partido. Nos relatos feitos à coluna, a presidente do PL Mulher gosta de atenção exclusiva em detrimento de outras áreas da legenda.

Michelle também prefere manter um grupo muito restrito para atendimento de suas demandas para evitar vazamentos de informação.

Procurada, a ex-primeira-dama não retornou à coluna.

Desde o início do ano, o PL vem investindo na presença do casal Bolsonaro para tentar crescer no número de filiados e fazer uma nova votação expressiva nas eleições municipais do ano que vem.

Com a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, as atenções recaem ainda mais sobre Michelle. O ex-presidente, porém, já manifestou que não quer a esposa na disputa presidencial de 2026. O PL avalia prepará-la para uma vaga ao Senado ou ao governo do DF.

Michelle, porém, pode ser imprevisível e oscila com frequência a maneira como trata as pessoas que a rodeiam desde o período em que já colecionava conflitos no Palácio da Alvorada. Alguns com funcionários e outros com os enteados. No segundo turno da eleição, ela chegou a expulsar o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) do palácio.

Naquela época, pessoas próximas a Bolsonaro relataram que Michelle queixava-se de estar alijada nos espaços de poder, sem a atenção que ela acreditava merecer. Por isso, por vezes, cancelava compromissos e agendas públicas em cima da hora. Também não é incomum verificar reclamações públicas de Michelle em relação ao espaço dela em eventos em que Bolsonaro também está.

Agora, na presidência do PL Mulher, ela cobra mais espaço e estrutura a cada dia dentro do partido. O partido aluga salas para uso de Michelle e Jair no mesmo local onde funciona a sede do PL em Brasília.

Na cabeça do casal Bolsonaro, o partido só ganhou o espaço que possui no Congresso Nacional por causa da votação do ex-presidente e, por isso, a legenda precisa atendê-los em todas as solicitações.

<><> Bolsonaro muda para SP para eleger Nunes

Eleito sete vezes deputado federal pelo Rio de Janeiro entre 1990 e 2018, Jair Bolsonaro vem ignorando o antigo reduto após deixar a Presidência da República. Desde que retornou ao Brasil de um autoexílio na Flórida (EUA), ele passou pelo menos 25 dias em terras paulistas em 11 viagens. No Rio, esteve três vezes.

Exames, consultas e procedimentos cirúrgicos no Hospital Vila Nova Star, em razão da facada que levou durante a campanha de 2018, e as articulações para as eleições municipais de 2024 são as principais razões para as visitas constantes a São Paulo.

Em setembro, Bolsonaro passou nove dias no estado, entre uma internação e o repouso no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, liderado por seu aliado Tarcísio de Freitas. A residência oficial do governador tem sido uma espécie de “Airbnb de luxo” do ex-presidente.

Segundo aliados, as estadas na casa de Tarcísio são organizadas por Diego Torres, assessor especial do governador e cunhado de Bolsonaro. Ali, o ex-presidente goza de conforto, segurança e liberdade. Além de conversar com seu ex-ministro e governador, ele se reúne com lideranças do PL, incluindo o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto.

Nesses encontros, Bolsonaro discute questões partidárias, ouve demandas dos deputados da base da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e avalia o cenário das próximas eleições municipais. Correligionários entendem que a vitória na maior cidade do país é fundamental para a direita recuperar a Presidência em 2026

— A eleição na capital é o principal pilar para o retorno da direita na eleição nacional. Precisamos evitar que o governador Tarcísio fique “ensanduichado” entre Lula e uma indesejável vitória da esquerda com Guilherme Boulos — afirma Fabio Wajngarten, advogado de Bolsonaro e ex-secretário especial de Comunicação de seu governo.

•        Possível apoio a Nunes

Isso explica a distância cautelar do Rio, onde o ex-presidente considera improvável uma vitória frente ao prefeito Eduardo Paes, aliado do PT. Por isso, ele vetou a candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL), seu filho, e não deve se empenhar na eleição.

Em São Paulo, Bolsonaro aposta na reeleição do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB). Nas últimas semanas, porém, há um mal-estar entre o emedebista e aliados do ex-presidente. As insatisfações incluem o distanciamento do prefeito da pauta bolsonarista e a falta de espaço do grupo na gestão.

O ex-presidente deve decidir sobre a aliança em março. Para apaziguar os ânimos, o prefeito visitou Bolsonaro no Hospital Vila Nova Star, no mês passado, após este passar por mais um procedimento cirúrgico.

Integrantes da pré-campanha de Nunes minimizam. Dizem que não há risco de ruptura e que prefeito e ex-presidente se falam normalmente.

Em terras paulistas, Bolsonaro tem ido a eventos que atraem seu perfil de eleitorado, principalmente o agronegócio. Já esteve na Agrishow (Ribeirão Preto) e na Festa do Peão de Barretos. Semana passada, foi ao SP Boat Show, na capital. Participações em agendas do PL, principalmente do setorial feminino, presidido por sua mulher, Michelle, também são frequentes.

Aliados e apoiadores relatam que Bolsonaro está diferente da figura beligerante dos anos de Câmara dos Deputados e Presidência. Acossado por investigações da Polícia Federal e fora da máquina pública pela primeira vez em quase 35 anos, está “mais leve” e “menos ofensivo”, dizem.

Bolsonaro foi indagado sobre a fase “zen” ao chegar ao Rio, em junho, em meio ao julgamento da Justiça Eleitoral que o condenou à inelegiblidade:

— A gente muda, pessoal. Se você achar que não pode se aperfeiçoar, tá errado, tá certo? Eu não respondo mais provocação — declarou na ocasião.

Além de São Paulo, Rio e Brasília, onde vive, ele esteve em Florianópolis, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre, todas cidades em que venceu Lula em 2022, com exceção da capital gaúcha.

 

       Janja: pesquisa comprova que ataques da mídia liberal e de bolsonaristas são "puro suco da misoginia"

 

Pesquisa DataPorder divulgada nesta segunda-feira (2) mostra que os ataques contra a socióloga Rosângela Silva, a Janja, fazem parte de uma orquestração misógina que une extremistas radicais, aliados de Jair Bolsonaro (PL), e parte da mídia conservadora.

A própria Janja, em maio, respondeu ao texto do colunista Lauro Jardim, d'O Globo, que afirmava que a socióloga "monopoliza os almoços de Lula".

"Bom dia!!!!! Depois do final de semana regado a puro suco de misoginia, que a semana comece com muita energia boa pra todo mundo", escreveu Janja na rede X, antigo Twitter, após a publicação do texto.

A própria divulgação do estudo, realizado pelo PoderData - braço de pesquisas do site Poder 360 -, mostra a aversão que parte da mídia liberal conservadora tem a Janja.

"Entre quem conhece Janja, só 22% acham sua atuação positiva", diz a manchete escolhida pelo site.

No entanto, a pesquisa revela que junto com os 22% dos entrevistados que avaliam que a participação de Janja no governo "é boa para o Brasil", há outros 41% que dizem que "não afeta o Brasil".

Trocando em miúdos, 63% dos pesquisados não fazem eco aos ataques misóginos contra a socióloga, que desde o início do governo rechaçou o título machista de "primeira-dama".

Segundo a pesquisa, no universo de 74% dos entrevistados que conhecem a socióloga, apenas 28% acreditam que a atuação dela "é ruim para o Brasil".

O discurso machista não encontra eco nem mesmo entre eleitores declarados de Jair Bolsonaro (PL). Apenas 28% deles acham que a atuação de Janja prejudica o Brasil - entre os eleitores de Lula são 24%.

Entre os bolsonaristas, 18% acham a atuação da socióloga "boa para o Brasil" e 45% dizem que é indiferente. Entre os lulistas, o apoio a Janja é de 28% e outros 39% dizem que não afeta o país.

A "reprovação" de Janja é menor até mesmo que a rejeição a Lula. O mesmo PoderData mostra que 35% classificam o trabalho de Lula como "ruim ou péssimo".

O PoderData ouviu 2,5 mil em perguntas gravadas por telefone entre os dias 24 e 26 de setembro em 212 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o índice de confiança é de 95%.

<><> MACHISMO E FOFOCA: Folha quer transformar Janja na Yoko Ono do governo Lula. Por Antonio Mello

Não é só ela, mas é principalmente ela: a Folha tenta desde o início do governo Lula alimentar futrica, intriga, tudo para criar um clima de mal-estar entre Janja e o PT e ministros do governo Lula. O objetivo é transformá-la numa espécie de Yoko Ono, que sofria ataques terríveis dos beatlemaníacos, como se fosse uma bruxa que estava acabando com os Beatles, quando a realidade era bem diversa, como publiquei aqui numa entrevista com John Lennon.

A mais recente intriga dá a entender que Lula desmarcou a ida de vários ministros do governo ao Rio Grande do Sul nesta terça (26) para que Janja possa ir junto com eles representando o governo.

Curioso é que a intriga vendida no título e nas chamadas é desmentida na própria reportagem, que reproduz tweet de Lula:

"A viagem, que é dos ministros, foi adiada porque recebo na quarta-feira o governador Eduardo Leite, para discutir o apoio ao estado e seria deselegante os ministros visitarem o estado com o governador gaúcho em Brasília", escreveu.

Claro e cristalino. Como ministros iriam ao RS no mesmo momento em que o governador daquele estado visitava o governo em Brasília?

Isso bastaria para derrubar a matéria. Mas como o objetivo é intrigar, o texto segue cheio de ilações:

"os membros do governo foram pegos de surpresa com a ordem de Lula para que viagem fosse adiada porque havia decidido que a primeira-dama iria acompanhar a comitiva (sic)"

"O protagonismo de Janja no governo é alvo recorrente de críticas de aliados do mandatário"

"Agora, na leitura de integrantes do Palácio do Planalto, o petista mandou mais um recado aos correligionários de que sua mulher seguirá no centro dos principais acontecimentos do governo"

Esse tipo de comportamento da Folha vem do início do governo, quando ao que parece a direção do jornal, que publica matéria paga da prefeitura de São Paulo como se fosse reportagem própria, decidiu que deveria usar Janja como uma Yoo Ono para dividir o governo Lula.

Em fevereiro, a Folha publicou uma matéria com o seguinte título:

"Janja não comparece a aniversário do PT, se recolhe nas redes sociais e alimenta rumores"

Assim como na de agora, no corpo da matéria da época estava desmentida a intriga:

Segundo sua assessoria, Janja está fazendo um tratamento oftalmológico. Na segunda [dia do evento de aniversário do PT (sic)], fez exames que exigiram dilatação de pupila e não se recuperou a tempo de chegar ao evento. Ainda segundo a assessoria, foi recomendado um repouso de 48 horas em decorrência do tratamento.

Essa informação derrubaria título e matéria, mas, aí, como alimentar rumores, especialmente em quem só lê os títulos das matérias e/ou postagens?

Mas a Folha da ditabranda, dos carros emprestados para a ditadura, da ficha falsa de Dilma na primeira página; a Folha que demitiu uma jornalista, Rose Nogueira, por abandono de emprego, quando sabia que ela estava presa pela ditadura; a Folha segue tentando.

Porque a Folha e a mídia corporativa não querem um governo popular, que trabalhe para combater as desigualdades e a fome. Querem um governo do mercado, para o mercado, pelo mercado.

Os ataques a Janja visam atingir Lula e o coração (no sentido mais amplo) de seu governo.

 

Fonte: Fórum/UOL/O Globo

 

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