quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Insônia, depressão e estresse elevam risco de arritmia pós-menopausa

Insônia, depressão e acontecimentos estressantes podem aumentar o risco de mulheres pós-menopausa desenvolverem fibrilação atrial, um tipo de arritmia cardíaca. Isso é o que mostra um novo estudo feito por cientistas americanos de várias instituições, publicado no Journal of the American Heart Association.

Estima-se que cerca de uma em cada quatro mulheres vai desenvolver essa condição. Segundo médicos, fatores como a idade avançada elevam os riscos de apresentar essa arritmia. Mas a nova pesquisa mostra a influência de aspectos psicossociais nesses casos, assunto que ainda é pouco estudado.

 “Mulheres na pós-menopausa são o grupo de maior risco de complicações da fibrilação e justamente elas não tinham sido bem estudadas até então”, diz a cardiologista Sofia Lagudis, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Os autores revisaram dados de mais de 83 mil questionários do Women’s Health Initiative, um megaestudo americano em vigor desde a década de 1990, patrocinado pelo National Heart, Lung and Blood Institute.

Eles tiveram acesso a informações sobre histórico médico, hábitos de vida e de sono, estresse e eventos como lutos, doenças e problemas financeiros das voluntárias. Nenhuma era portadora de arritmias no início do projeto.

Após uma década de acompanhamento, os pesquisadores observaram uma forte associação entre fatores como insônia, depressão e eventos estressantes e o desenvolvimento de fibrilação atrial. Essa correlação se mostrou independente dos fatores de risco conhecidos, como idade, hipertensão, diabetes, insuficiência cardíaca e doenças das válvulas do coração.

Segundo Lagudis, essa associação provavelmente ocorre devido ao aumento dos níveis de inflamação no organismo e à ativação de vias neuro-hormonais que levam à liberação de hormônios do estresse, causando maior ativação e irritabilidade do coração.

·         Fatores psicossociais

“Os fatores psicossociais ainda não são estudados como deveriam, mas esse cenário deverá mudar nos próximos anos”, diz a médica. Ela lembra que eles são muito ligados entre si – por exemplo, insônia e a apneia do sono, depressão e sedentarismo, depressão e abuso de álcool.

“É comum o cardiologista se deparar com um perfil de mulher com fibrilação atrial, idosa, hipertensa, depressiva. Essa mulher em geral se cuida menos, vai menos ao médico, não segue bem a medicação recomendada. Pode ter ficado viúva, pode ter o hábito de ingerir álcool em casa. Ela precisa ser mais bem identificada e ajudada”, diz.

·         A arritmia em foco

A fibrilação atrial é o tipo mais comum de arritmia, apresentando alta prevalência e taxa de mortalidade. Afeta aproximadamente 10% dos idosos com mais de 80 anos, mas também pode ocorrer em pessoas de qualquer idade. Essa condição pode resultar na formação de coágulos sanguíneos, causar derrames e outras complicações cardiovasculares. Além disso, é importante destacar que em mulheres, os desfechos geralmente tendem a ser menos favoráveis.

Além das causas genéticas, ela está associada a fatores ambientais e estilo de vida, como obesidade, tabagismo, sedentarismo, abuso do álcool e apneia do sono. “A fibrilação é uma arritmia amplamente modificável pelo estilo de vida. Se queremos reduzir seu risco, precisamos melhorá-lo e, após este estudo, dar também mais foco a questões de saúde mental”, finaliza.

 

Ø  Menopausa aumenta risco de infarto. Saiba sintomas do ataque cardíaco

 

menopausa é um marco importante na vida das mulheres. As alterações hormonais que ocorrem no fim da vida reprodutiva têm repercussões físicas, psicológicas e na saúde do coração delas, com o aumento do risco de doenças cardiovasculares e infarto.

Embora a incidência de infarto seja maior entre os homens, as mulheres são as que morrem mais. A perda da proteção do hormônio estrogênio, que cai significativamente com a menopausa, aumenta o risco de ataque cardíaco, segundo explica a cardiologista Débora Rodrigues, do Hospital Encore, do grupo Kora Saúde.

Aliado a isso, as alterações metabólicas do período resultam em piora dos níveis de colesterol, triglicerídeos e açúcar no sangue. “Nesse período, o risco de a mulher se tornar diabética é maior e pode haver maior dificuldade para o controle de algumas doenças, como hipertensão arterial e dislipidemia (gordura no sangue), por exemplo”, afirma a médica.

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Sinais e sintomas de infarto em mulheres

Os sintomas típicos do infarto envolvem dor no lado esquerdo do tórax (precordial) com irradiação para o braço esquerdo ou pescoço, acompanhada de falta de ar e suor frio.

As mulheres, no entanto, costumam desenvolver sinais menos conhecidos, denominados de atípicos. Entre eles, destacam-se:

  • Dor na mandíbula;
  • Dor no estômago;
  • Palpitações com sudorese;
  • Falta de ar ao realizar esforços físicos.

“A menopausa é um momento muito apropriado para a mulher, que exerce tantos papéis no dia a dia, voltar atenção para o cuidado de sua saúde, incluindo uma visita ao cardiologista”, recomenda a médica.

 

Ø  Insônia na menopausa: entenda por que a qualidade do sono é afetada

 

Não há quem tenha um dia cheio de disposição e ânimo depois de uma noite de sono perdida. Para cerca de 60% das mulheres, a insônia é uma realidade diária no período do climatério, conhecido popularmente como menopausa.

“Nessa fase, é comum que quem não tinha dificuldade para dormir, passe a apresentar, e quem tinha, veja o quadro piorar”, afirma a ginecologista Helena Hachul, do Instituto do Sono.

A insônia acontece pela queda na produção dos hormônios estrogênio e progesterona durante a pré-menopausa e na menopausa, períodos que marcam a transição para o fim da idade fértil.

A ginecologista, obstetra e especialista em reposição hormonal Maria Carolina Dalboni, do Rio de Janeiro, explica que a deficiência desses hormônios afeta a produção da melatonina e do cortisol, intimamente relacionados ao sono.

A dificuldade para dormir também está relacionada ao surgimento de sintomas vasomotores da menopausa que afetam a qualidade do sono. Exemplos bem conhecidos são as ondas de calor (fogachos) e o suor noturno.

 “Além do desequilíbrio hormonal, que causa insônia, elas têm sono picado durante a noite e não conseguem dormir novamente”, afirma Maria Carolina.

A perturbação do sono junto com a variação hormonal tem um efeito cascata. Ele pode afetar o humor ao longo do dia, prejudicar a concentração em atividades básicas e a capacidade de julgamento, levar à irritabilidade extrema causando ansiedade e depressão.

·         Como saber se a insônia é causada pela menopausa

Pode ser difícil para algumas mulheres identificar se a insônia é causada pela menopausa ou por outros fatores, como dificuldades vividas no dia a dia ou condições clínicas que podem levar à perturbação do sono.

Uma forma de diferenciar, de acordo com Helena, é avaliar se a mulher tem os outros sintomas característicos do climatério.

Entre eles, destacam-se: ondas de calor, irritabilidade, queixas de humor, falta de atenção e alterações do corpo (como secura vaginal, perda óssea e alteração cardiovascular e de colágeno) que ocorrem a curto, médio e longo prazo.

Algumas mudanças no estilo de vida podem ajudar a melhorar o sono, como:

  • Fazer a higiene do sono, criando uma rotina relaxante antes de dormir;
  • Tentar controlar as situações de estresse e as preocupações buscando estratégias como a prática de ioga, exercícios e terapia;
  • Reduzir a ingestão de álcool;
  • Evitar cafeína antes de dormir;
  • Evitar o tabagismo;
  • Praticar exercícios físicos regularmente pela manhã para evitar a produção do cortisol à noite;
  • Evitar refeições pesadas ​​ou picantes antes de dormir;
  • Reposição hormonal quando tiver indicação médica.

“A reposição da progesterona à noite aumenta a produção do neurotransmissor Gaba para deixar a paciente mais relaxada, sendo um indutor do sono”, detalha a ginecologista Maria Carolina.

O tratamento pode ser conciliado com o uso da melatonina e outros suplementos com substâncias que acalmam, como o magnésio, a vitamina B6 (piridoxina), o chá de mulungu e de melissa.

 

Fonte: Agência Einstein/Metrópoles

 

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