Deputados faltaram 958 vezes sem justificativa este ano
Entre as atribuições de um parlamentar, está a
representação dos eleitores por meio do voto nas sessões. Não é incomum, porém,
deputados se ausentarem dessa responsabilidade. Desde o início da atual
legislatura, em 1º de fevereiro de 2023, a Câmara já somou 958 faltas sem
justificativa em sessões deliberativas.
Os parlamentares mais faltosos alegam que a
presença em plenário é apenas um dos aspectos da atividade que eles
desenvolvem. No entanto, nunca é demais reafirmar que um dos fatores mais
importantes do Legislativo é justamente debater e votar as matérias que são
fundamentais para o futuro do país. E, em caso de ausência não justificada, o
deputado federal está abrindo mão de participar dessa etapa.
O número de faltosos faz parte de levantamento do
Metrópoles realizado com base em dados extraídos do site da Câmara dos
Deputados na última sexta-feira (29/9). Vale destacar que o portal distingue
faltas justificadas, como licenças médicas, das faltas não justificadas.
De acordo com as normas da Câmara dos Deputados,
nas sessões deliberativas, a presença dos parlamentares é aferida mediante
registro eletrônico no início de cada sessão. Caso o sistema não esteja em uso,
a verificação é feita por meio de listas de chamada nominal em Plenário.
O levantamento aponta que o deputado federal com
maior número de ausências não justificadas é Junior Lourenço (PL-MA) — veja os
demais nomes abaixo. O parlamentar registrou 23 dias de faltas sem
justificativa às sessões do plenário. O somatório faz com que ele tenha faltado
a cerca de 28,75% dos compromissos. Procurada, a assessoria de Lourenço não se
posicionou.
• Desconto
no salário
A ausência não justificada a sessões deliberativas
pode acarretar desconto no salário do deputado, uma vez que a remuneração leva
em conta a assiduidade do parlamentar.
“As
ausências são justificadas e não são descontadas do salário se o parlamentar
estiver em missão autorizada; em casos de doença comprovada por atestado,
analisado por junta médica oficial; de licença-maternidade; de
licença-paternidade; e de doença grave ou falecimento de pessoa da família até
o segundo grau civil”, destaca a Câmara em nota enviada à reportagem.
De acordo com o Ato da Mesa n° 66, de 2010, no
entanto, o deputado que, injustificadamente, não comparecer à sessão
deliberativa deixará de perceber 1/30 do valor. “Os descontos referentes a
faltas porventura ocorridas em determinado mês serão efetuados sobre a folha de
pagamento do segundo mês imediatamente subsequente.”
Em último caso, o excesso de faltas sem
justificativa pode acarretar a perda do mandato do deputado. A previsão consta
no artigo 55 da Constituição Federal. “O deputado perderá o mandato se deixar
de comparecer, sem justificativa, a 1/3 das sessões ordinárias de cada sessão
legislativa”, observa a Câmara.
Respostas
A deputada acreana Antônia Lúcia (Republicanos) é a
segunda da lista. Procurada, a equipe da parlamentar não respondeu aos questionamentos
até a publicação desta reportagem.
A equipe do deputado Washington Quaquá (PT-RJ),
justificou, em nota, as faltas ao apontar agendas fora de Brasília. As
ausências se explicariam por atividades como “tarefas externas das comissões de
Turismo e de Relações Exteriores” e pelo cumprimento de “funções partidárias
como membro do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do Partido dos Trabalhadores
(PT), do qual é vice-presidente nacional”.
“Parlamento não é linha de produção, na qual você
bate ponto e produz peças e mercadorias. Política é articulação, construção de
consensos e projetos, muito mais do que formalidades”, assinalou.
O deputado Vicentinho Júnior (PP-TO) afirmou que os
deputados têm de estar presentes no plenário, nos ministérios, no Planalto e
nas bases nos estados, não sendo possível comparecer em todos os lugares
sempre.
“A gente tem que entender e ter esse bom senso de
que muitas vezes as faltas que se toma no plenário não são por simples falta,
mas porque o mandato está presente em algum outro ambiente que se faz
necessário”, disse o parlamentar à reportagem.
José Priante (MDB-PA), que também aparece entre os
mais faltosos, afirmou, por meio de sua equipe, que “quem mais se justifica é
quem mais não aparece, não vota e influencia com isso o resultado das
deliberações”. Segundo o parlamentar, ele esteve doente durante três dias, mas
que o período não foi abonado ainda.
A deputada federal Renilce Nicodemos (MDB-PA)
afirmou que as ausências se justificam pela necessidade de estar presente nas “agendas
inadiáveis em municípios do Pará”. Ela observa ainda que o estado tem dimensões
continentais, com municípios distantes até mil quilômetros da capital, e
“muitas vezes sem estrutura de transporte aéreo, o que acaba por tornar
impossível chegar a tempo, em Brasília, para essas sessões”.
O deputado Acácio Favacho (MDB-AP) disse que
apresentará justificativa para as faltas que constam no portal da Câmara.
Segundo o congressista, as ausências, além daquelas já justificadas, contemplam
a deliberação de destaque, retirada de pauta ou votação nominal.
Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), por sua vez, justificou
que as suas ausências em sessões deliberativas se devem à participação em
atividades partidárias como secretário nacional do partido e presidente
estadual do PSDB em Minas Gerais. “Ressalta-se que essas faltas são
administrativamente justificáveis”, disse.
Hercílio Coelho Diniz (MDB-MG), por meio da
assessoria, respondeu que, na data das faltas, esteve em licença para
tratamento de saúde e em exercício da atividade parlamentar no estado.
“Informamos ainda que as justificativas já foram apresentadas à Casa, em seu
setor responsável, que, após deliberação da Mesa, fará a atualização no portal
da transparência”, completou.
Em nota, o deputado federal licenciado Célio
Studart (PSD-CE) afirmou que esteve presente neste ano em quase 85% das sessões
deliberativas da Câmara dos Deputados e participou de votações de grande
importância para o país. “As ausências, que representam 15% do total de sessões
deliberativas, ocorreram em virtude de compromissos fora de Brasília”, disse.
Em nota, Luísa Canziani (PSD-PR) afirmou que tem
justificativa para as ausências. Além de atividades no estado do Paraná, a
parlamentar alega que as faltas se deram pelo cumprimento de agendas em missões
oficiais internacionais e cumprimento de atividades da Comissão de Ciência e
Tecnologia e do Grupo de Trabalho Violência nas Escolas.
Ela ainda destaca que, assim como ocorre com notas
de prestação de contas, pode haver lentidão no sistema da Câmara dos Deputados
que contabiliza as justificativas. “Como presidente de Comissão Permanente, com
inúmeros compromissos diariamente, inclusive fora de Brasília, por vezes acaba
não tendo como registrar a presença em Plenário”, disse.
O deputado Jadyel Alencar (PV-PI) informou que
precisou passar por cirurgia em 15 de junho e que o tratamento exigiu um
período de recuperação delicado, incluindo evitar viagens de longa duração,
exposição ao sol, além da recomendação para usar roupas leves. Em nota, a
equipe de Alencar ressaltou que, “após concluir com sucesso o processo de
recuperação da cirurgia, o deputado retomou suas atividades parlamentares, e
suas presenças nas sessões voltaram a ser uma constante”.
O Metrópoles também tentou contato com os outros
deputados citados, mas não houve retorno até a publicação do texto. O espaço
segue aberto para eventuais manifestações.
• Gabinete
de senador bolsonarista usa R$ 8 mil por mês para alugar BMW
O senador bolsonarista Jorge Seif, do PL de Santa
Catarina, tem usado a verba à disposição do seu gabinete para alugar uma BMW. O
veículo de luxo custa R$ 8.100 mensais para os cofres públicos.
A prestação de contas do gabinete mostra que Seif
alugou a BMW em julho e agosto. Antes, o senador dirigia um Jeep Compass, cujo
aluguel mensal saía por R$ 6.000. O parlamentar ainda não atualizou os gastos
do gabinete em setembro.
A coluna mostrou, na terça-feira (26/9), que Seif
gastou R$ 8.684 da verba de gabinete para alugar um jatinho. Ele usou a
aeronave para comparecer a dois eventos políticos em Santa Catarina, no dia 4
de agosto. Um dos compromissos era a abertura da 22ª Festa do Colono de
Siderópolis, cidade com população estimada de 14.000 pessoas.
Na ocasião, Seif disse à coluna que economizava a
verba de gabinete por prever a necessidade de viagens aéreas entre as cidades
de Santa Catarina.
A coluna perguntou a Seif por que ele optou pelo
aluguel da BMW, mas não houve resposta. O espaço permanece aberto para
eventuais manifestações.
Bolsonaro
não declarou fuzil e pistola a órgão que registra presentes
Jair Bolsonaro não declarou ao Departamento de
Documentação Histórica (DHH) da Presidência da República ter ganhado de
presente, em visita aos Emirados Árabes, um fuzil e uma pistola da marca
Caracal.
As armas foram trazidas ao Brasil no avião da Força
Aérea que transportou a comitiva presidencial, em 2019, como mostrou o
colunista do Metrópoles Guilherme Amado. No Brasil, elas foram declaradas à
Receita Federal, que liberou sua entrada no país.
No entanto, a pistola e o fuzil não foram
apresentados ao órgão da Presidência responsável pelo registro e guarda de
presentes destinados ao mandatário do Executivo.
A informação foi dada pelo Departamento de
Documentação Histórica em resposta a questionamentos da Unidade de Auditoria
Especializada em Governança e Inovação do Tribunal de Contas da União (TCU).
A equipe é responsável pela auditoria do órgão nos
presentes recebidos por Bolsonaro durante seu governo.
A auditoria foi determinada em acórdão do TCU no
processo que apura a entrada no país do conjunto de joias da marca Chopard
recebido pelo ex-presidente em 2021, também dos Emirados Árabes.
Parte das joias acabou sendo apreendida pela
Receita Federal. Outro pacote foi entregue a Bolsonaro pelo então ministro das
Minas e Energia, Bento Albuquerque. Por determinação do TCU, tanto as joias
quanto as armas tiveram que ser devolvidas pelo ex-presidente à União. O fuzil
e a pistola foram entregues à Polícia Federal.
Na resposta ao questionamento do TCU, o DHH afirmou
que “quanto aos itens ‘fuzil, marca Caracal, modelo CAR 816 (…)’ e ‘pistola,
marca Caracal, modelo 1911 (…)’, eles não constam nos registros do InfoAP
relativos ao ex-presidente Jair Bolsonaro, de modo que a Diretoria de
Documentação Histórica não possui informações a seu respeito”.
O fuzil Caracal calibre 5,56 presenteado a
Bolsonaro pode custar até R$ 42 mil. Já o valor da pistola calibre 9mm pode
chegar a R$ 15 mil.
Sobre as joias da marca Chopard no valor de R$ 16,5
milhões, o Departamento de Documentação Histórica disse que o único registro
encontrado foram as comunicações entre o ajudante de ordens de Bolsonaro,
tenente-coronel Mauro Cid, e a Receita Federal. O militar tentava a liberação
das joias pela RF.
“Acerca de ‘estojo de joias, no valor total de R$
16,5 milhões (…)’, o item não consta nos registros do InfoAP relativos ao
ex-presidente Jair Bolsonaro. Todavia, foi identificado um processo
administrativo, na plataforma SUPER, que trata desse conjunto de itens. Ele é
composto por dois ofícios assinados pelo Sr. Mauro Cesar Barbosa Cid, então
Chefe da Ajudância de Ordens do Presidente da República, e endereçados ao Sr.
Júlio Cesar Vieira Gomes, então Secretário Especial da Receita Federal do
Brasil. Nos ofícios, consta a seguinte informação: ‘Os bens acima descritos
foram ofertados ao Presidente da República pelo Reino Unido da Arábia
Saudita’”, afirma o DDH.
Márcio
Garcia é processado por Associação de Produtores de Leite
Márcio Garcia está sendo processado pela Associação
Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite) devido a um vídeo publicado
feito em parceria com a organização Mercy for Animals. Nas imagens, o ator e
apresentador critica o consumo de leite de vaca no Brasil e aponta maus-tratos
aos animais na indústria leiteira.
A Abraleite negou a veracidade das informações e
classificou a publicação de Garcia como “fake news”. A instituição ainda
considerou o material prejudicial à atividade no país, já que o artista possui
mais de 10 milhões de seguidores nas redes sociais que podem ser influenciados
pelo conteúdo.
Por esta razão, os produtores de leite abriram um
processo judicial, onde pedem uma indenização de R$ 100 mil por danos morais
coletivos contra a classe. A ação corre na 3ª Vara Cível da Barra da Tijuca, no
Rio de Janeiro.
• Foi
sem querer, querendo?
O vídeo oficial de Márcio Garcia foi removido do
perfil no Instagram, mas abriu espaço para uma retratação pública. O ator pede
desculpas pelo desconforto ou qualquer mal-entendido sobre o assunto. “A minha
intenção ao participar desse vídeo, sem absolutamente nenhum cachê, foi
unicamente chamar a atenção para um problema muito sério que é, está afetando
animais indefesos em determinadas circunstâncias”, alegou.
Garcia também destacou que não teve a intenção de
generalizar os casos de maus tratos ou atacar o segmento leiteiro. “Eu quero
reiterar que meu objetivo nunca foi desacreditar seus esforços (dos produtores)
e muito menos estigmatizar um setor inteiro, tão importante para o país, apenas
destacar uma questão que acredito ser de importância vital para os animais e
para a sociedade como um todo”, ele completou.
Moraes
atende PGR e mantém prisão preventiva de Roberto Jefferson
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), decidiu manter a prisão preventiva do ex-deputado Roberto
Jefferson no inquérito das milícias digitais.
Roberto Jefferson está internado desde junho em um
hospital particular no Rio de Janeiro. Moraes afirmou que ‘todas as questões
relativas ao quadro clínico de saúde’ estão sendo analisadas, mas manteve a
ordem de prisão.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) foi contra
revogar a preventiva. O órgão afirma que não há razões para flexibilizar a
prisão e que a medida foi determinada após sucessivos descumprimentos de medidas
cautelares.
“A prisão preventiva trata-se da única medida
razoável, adequada e proporcional para garantia da ordem pública com a cessação
da prática criminosa reiterada”, argumentou a PGR em parecer enviado ao STF na
semana passada.
Fonte: Metrópoles/Pipoca Moderna/Agencia Estado
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