quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Brasil desconfia que Estados Unidos estão forçando veto da Rússia na ONU, dizem fontes

Fontes da diplomacia brasileira desconfiam que os Estados Unidos estão forçando o veto da Rússia no conselho de segurança na ONU ao propor uma nova resolução, conforme apurou a CNN.

Os americanos querem focar no direito de defesa de Israel e estão fazendo consultas com os demais países para saber se é possível votar a proposta. O direito de defesa de Israel não constava da proposta anterior vetada pelos americanos.

Fontes diplomáticas informam que Brasil, Rússia e Suíça já preparam comentários ao texto americano buscando incluir aspectos humanitários de proteção à população civil palestina e de uso desproporcional da força por Israel se ferir o direito internacional.

Se os americanos não concordarem com esses adendos, dizem as fontes, os russos devem vetar. Os diplomatas brasileiros acreditam que é exatamente esse o interesse americano: dividir o custo do veto à resolução na guerra Hamas – Israel com a Rússia.

Vale lembrar que os russos ressaltam a questão humanitária na Palestina, mas estão promovendo uma guerra na Ucrânia com centenas de mortos e acusações de tortura.

·         Biden e MBS conversam por telefone e prometem voltar a discutir acordo com Israel

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman (MBS), discutiram nesta terça-feira (24) os esforços para evitar que o conflito Israel-Hamas se amplie.

Os dois lados concordaram em um apelo à prossecução de esforços diplomáticos mais amplos "para manter a estabilidade em toda a região e evitar a expansão do conflito", disse a Casa Branca, acrescentando que os dois líderes permanecerão em estreita coordenação, segundo o The Times of Israel.

Biden e MBS afirmaram a importância de trabalhar para uma "paz sustentável" entre israelenses e palestinos e, assim que a crise diminuir, vão retornar e "construir o trabalho que já estava em curso entre a Arábia Saudita e o Estados Unidos nos últimos meses".

O trabalho em curso referido é o esforço norte-americano para que os sauditas voltem a ter laços diplomáticos com Israel. No entanto, após o ataque do Hamas no dia 7 de outubro, as tratativas "subiram no telhado".

No fim de semana, Biden chegou a declarar publicamente que, em partes, o ataque do grupo palestino aconteceu "porque eles sabiam que eu estava prestes a me sentar com os sauditas. [...] Porque os sauditas queriam reconhecer Israel, e isso uniria de fato o Oriente Médio", afirmou o presidente, conforme noticiado.

Os norte-americanos reconheceram que o esforço de normalização já não é a prioridade mais imediata para Washington e Tel Aviv. No entanto, a Casa Branca insiste que ainda está comprometida com o objetivo.

 

Ø  Reputação da ONU depende da sua abordagem à crise em curso, diz Mauro Vieira

 

Durante a reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada nesta terça-feira (24), em Nova York, nos Estados Unidos, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, destacou que: ''Grande parte da reputação das Nações Unidas depende da sua abordagem à crise em curso''.

"Este Conselho deve estar à altura do desafio que temos pela frente. Provavelmente seremos julgados – e considerados culpados – pelas gerações futuras pela nossa inação e complacência", destacou o chanceler brasileiro.

O encontro discutiu a escalada do conflito Israel-Hamas, no Oriente Médio, iniciada no último dia 7 de outubro, após um ataque do grupo palestino contra Israel. Atualmente, o Conselho é presidido pelo Brasil, que, na última semana, viu a proposta costurada pela diplomacia brasileira ser vetada pelos Estados Unidos.

"Estratégias obstrutivas têm impedido a tomada de decisões cruciais sobre a paz e a segurança internacionais. Como resultado, a situação no Oriente Médio é de longe uma das questões mais frustradas no Conselho de Segurança", lamentou o chanceler.

Durante fala, o chanceler do Brasil afirmou que a escalada da violência em Gaza é inaceitável. Além disso, citou o bombardeio de infraestruturas civis, que resultou na destruição de 42% das habitações na Faixa de Gaza.

"Não podemos tolerar a perda de mais de 2 mil crianças palestinas. Como potência ocupante, Israel tem a obrigação legal e moral de proteger a população local ao abrigo do direito humanitário internacional. Os recentes acontecimentos em Gaza são particularmente preocupantes, incluindo a chamada 'ordem de evacuação', que está conduzindo a níveis de miséria sem precedentes para pessoas inocentes'', destacou.

 

Ø  Rússia condena ordem de Israel para que palestinos deixem Faixa de Gaza

 

A Rússia apresentou um projeto de resolução ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que pede cessar-fogo imediato e duradouro no Oriente Médio, conforme documento acessado pela Sputnik, e solicita que Israel cancele a ordem de evacuação para que civis deixem cidades que compõem a Faixa de Gaza.

O projeto também condena o ataque de 7 de outubro do Hamas contra Israel, que matou mais de 1,4 mil pessoas, conforme autoridades israelenses, e os "ataques indiscriminados" feitos pelo Estado judaico contra Gaza, na esteira de conflitos que se estendem desde 1948.

Pedimos um cessar-fogo imediato, duradouro e totalmente respeitado em termos humanitários", diz o texto da proposta, que também "condena veementemente todos os tipos de violência e hostilidades contra civis".

Na segunda-feira (23), o embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, já havia anunciado, durante reunião do Conselho de Segurança, que a Rússia tinha preparado tal medida.

O texto "condena inequivocamente os ataques indiscriminados contra civis […] na Faixa de Gaza, em particular os hediondos ataques ao hospital Al-Ahli, em 17 de outubro, e à Igreja Ortodoxa de São Porfírio, em 19 de outubro".

Por fim, a Rússia rejeita as ações israelenses que visam impor um bloqueio total à Faixa de Gaza, cortando o acesso de 2,3 milhões de palestinos a água, alimentos, medicamentos, eletricidade e combustível.

Nesta terça-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que está incapaz de fornecer assistência humanitária aos hospitais no norte de Gaza, devido aos conflitos.

·         Guerra entre Israel e Hamas

Em 7 de outubro, o grupo palestino Hamas bombardeou áreas no sul de Israel, em ataque considerado sem precedentes, atingindo centenas de civis em ruas, carros, casas e até mesmo uma festa.

Em resposta, as Forças de Defesa de Israel (FDI) lançaram inúmeros ataques aéreos sobre Gaza e o Estado judeu bloqueou o fornecimento de água e energia à região, também planejando uma ofensiva terrestre no norte do território e ordenando à população que evacue para o sul.

Segundo a ONU, tal deslocamento afetaria mais de 1 milhão de pessoas, metade da população de Gaza, e poderia ter "consequências humanitárias devastadoras".

Vários países têm apelado a Israel e ao Hamas para que negociem um cessar-fogo e viabilizem a solução da criação de dois Estados como única forma de alcançar a paz.

Até o momento, mais de 1,4 mil israelenses morreram e quase 5,5 mil ficaram feridos. Por outro lado, o conflito já deixou 5,8 mil palestinos mortos e 16,2 mil feridos. Atualmente, conforme as FDI, há mais de 200 reféns detidos pelo Hamas.

 

Ø  EUA não buscam guerra com o Irã, mas se defenderiam “de forma decisiva e rápida” em caso de ataque, diz Blinken

 

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Anthony Blinken, disse na reunião do Conselho de Segurança da ONU desta terça-feira (24) que o país “não busca um conflito” com o Irã.

 “Não queremos que essa guerra se expanda. Mas se o Irã atacar pessoas ou oficiais dos EUA, não se enganem, defenderemos nossos cidadãos de forma decisiva e rápida.”

Blinken também falou que “não é segredo para ninguém” que o Irã tem apoiado Hamas, Hezbollah e outros grupos que atacam Israel por anos. Ele também acusou o Irã de atacar cidadãos americanos no Oriente Médio.

“Se vocês, como os EUA, querem evitar que esse conflito se expanda, digam ao Irã: ‘Não abram outra frente de guerra contra Israel e não ataquem os parceiros de Israel'”, acrescentou ele.

Ao se dirigir aos membros do Conselho de Segurança, Blinken pediu para que todos enviem uma mensagem firme para qualquer Estado que está considerando abrir uma nova frente de guerra contra Israel ou outros países aliados: “Não coloquem gasolina no fogo”.

·         “Onde está a condenação explícita dos atos de horror do Hamas?”

Em seu discurso, o secretário de Estado reforçou dois pontos defendidos pelos EUA: o direito e o dever dos países de se defenderem do terrorismo e a necessidade de proteger civis. E defendeu a solução de “dois Estados para dois povos“.

“Temos que nos perguntar onde está a revolta, a rejeição e a condenação explícita desses atos de horror?”, questionou Blinken. “Nenhum membro desse Conselho e nenhuma nação deveria tolerar a matança.”

E acrescentou: “Todos os atos de terrorismo são ilegais e injustificados. Este Conselho tem uma responsabilidade de denunciar os membros e Estados que treinam o Hamas ou qualquer outro grupo terrorista.”

Ele também repetiu diversos pontos levantados pelo presidente dos EUA, Joe Biden, em discursos anteriores, como a premissa de que “Israel tem o direito e a obrigação de se defender, mas a forma como o faz é importante”. “O Hamas não representa os palestinos e eles não devem ser responsabilizados”, disse.

Blinken também ressaltou que Israel deve tomar as precauções necessárias para proteger os civis e que os EUA trabalham com o Egito e com a ONU para estabelecer corredores humanitários para a entrada de ajuda e suprimentos em Gaza.

“Toda vida civil é igualmente válida, não há hierarquia quando se trata da proteção de civis”, falou. “Os EUA estão de luto por todas as vidas perdidas nesse conflito.”

“A única forma de quebrar esse ciclo de violência é através de dois Estados para dois povos. Sabemos da dificuldade de atingir essa solução, mas como Biden disse: ‘Não podemos desistir da paz'”, disse Blinken.

 

Ø  Autoridade Palestina culpa Conselho de Segurança da ONU por “não garantir acesso a necessidades humanitárias básicas”

 

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestina criticou duramente o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas por não ter conseguido enfrentar a “catástrofe humanitária” em Gaza.

O ministério, que tem sede na Cisjordânia ocupada, afirmou que “o Conselho de Segurança da ONU está se afogando em ​​dois pesos e duas medidas miseráveis e carece de consenso mínimo sobre os seus deveres e responsabilidades relativos à catástrofe humanitária que se abateu sobre o nosso povo e que equivale à nova Nakba. ”

A Nakba refere-se ao deslocamento em massa de palestinos na década de 1940, quando o Estado de Israel surgiu.

“O Ministério rejeita veementemente a politização da entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza e considera isso uma violação flagrante do direito internacional e dos direitos humanos”, afirmou o comunicado.

A nota ainda apelou à criação de corredores humanitários permanentes para fornecer ajuda e proteção aos palestinos em Gaza.

Dois pequenos comboios de caminhões entraram em Gaza através da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, no fim de semana. No entanto, grupos de ajuda alertam que algumas dezenas de caminhões não são suficientes para resolver a situação de crise humanitária no território palestino com mais de 2 milhões de habitantes.

Na manhã de segunda-feira, o Ministério da Saúde palestino em Gaza informou que 5.087 pessoas, incluindo 2.055 crianças e 1.119 mulheres, foram mortas desde 7 de outubro.

 

Ø  Israel cancela reunião com chefe da ONU após críticas

 

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, disse nesta terça-feira (24) que não vai se reunir com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, depois que o chefe da ONU criticou os bombardeios promovidos por Israel em Gaza.

 “Não me reunirei com o Secretário-Geral da ONU. Após o massacre de 7 de outubro, não há lugar para uma abordagem equilibrada. O Hamas deve ser apagado da face do planeta!”, Cohen escreveu em uma postagem nas redes sociais.

Na reunião do Conselho de Segurança da ONU em Nova York nesta terça-feira, Guterres disse estar “profundamente preocupado com as claras violações do direito humanitário internacional que estamos testemunhando em Gaza”.

“Proteger os civis não significa ordenar que mais de um milhão de pessoas se desloquem para o sul, onde não há abrigo, nem comida, nem água, nem medicamentos, nem combustível – e depois continuar bombardeando o próprio sul”, disse Guterres. “Deixe-me ser claro: nenhuma parte num conflito armado está acima do direito humanitário internacional.”

Cohen, que também esteve presente na reunião, respondeu a Guterres: “Em que mundo você vive? Definitivamente, este não é o nosso mundo”.

O Embaixador de Israel nas Nações Unidas, Gilad Erdan, pediu a Guterres “que renunciasse imediatamente” após seus comentários.

Nas redes sociais, Erdan disse que Guterres “não está apto para liderar a ONU” e o acusou de demonstrar compreensão e compaixão ao Hamas.

 

Ø  Embaixador de Israel pede renúncia do secretário-geral da ONU: “Demonstra compaixão por atrocidades”

 

O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, pediu nesta terça-feira (24), que o secretário-geral da organização, António Guterres, renuncie imediatamente.

Erdan afirmou que Guterres distorce os ataques terroristas do grupo radical islâmico Hamas após a fala do secretário-geral na reunião do Conselho de Segurança da ONU desta terça-feira.

 “O discurso chocante do secretário-geral da ONU na reunião do Conselho de Segurança, enquanto foguetes são disparados contra todo Israel, provou conclusivamente, sem qualquer dúvida, que o secretário-geral está completamente desligado da realidade na nossa região e que ele vê o massacre cometido pelos terroristas nazistas do Hamas de uma forma distorcida e imoral”, escreveu Erdan.

“A sua declaração de que ‘os ataques do Hamas não aconteceram no vácuo’ expressou uma compreensão pelo terrorismo e pelo assassinato. É realmente incompreensível. É verdadeiramente triste que o chefe de uma organização que surgiu após o Holocausto tenha opiniões tão horríveis. Uma tragédia!”, completou Erdan.

Erdan acusou Guterres de demonstração compreensão e compaixão ao Hamas.

“Não há qualquer justificação ou sentido em falar com aqueles que demonstram compaixão pelas mais terríveis atrocidades cometidas contra os cidadãos de Israel e o povo judeu. Simplesmente não há palavras”, afirmou Erdan em suas redes sociais.

 

Fonte: CNN Brasil/Sputnik Brasil

 

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