quinta-feira, 26 de outubro de 2023

A missão do PL para Jair e Michelle Bolsonaro

Falta pouco menos de um ano para a eleição de 2024 e o PL quer mais filiados para concorrer às prefeituras. Para isso, o partido de Valdemar Costa Neto escalará o casal Jair e Michelle Bolsonaro para chamar mais candidatos para o ano que vem.

A meta do Partido Liberal é ter cabeças de chapa em pelo menos 19 capitais e mais 5 vices, contando com São Paulo. A ideia também é ter mais de 3.000 candidatos nas principais cidades do Brasil para ampliar a imagem do partido. O PL quer ser um partido nacional, como o PT e o MDB.

A sigla quer usar os Bolsonaros para formar mais candidatos, mas corre contra o tempo. Para uma pessoa concorrer a uma prefeitura, deve ser filiada por pelo menos um ano antes da inscrição para o pleito, ou seja, teria que entrar no PL em agosto.

A meta de 1.000 prefeitos é audaciosa. Em 2020, a sigla elegeu “apenas” 345.

•        Irritação com Valdemar levou Bolsonaro a ressuscitar Salles em SP

O ex-presidente Jair Bolsonaro surpreendeu a cúpula do PL e o entorno do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), ao fazer um aceno público à possível candidatura de Ricardo Salles (PL-SP) na capital paulista, em 2024.

Em evento da bancada ruralista nesta terça-feira (24/10), Bolsonaro deu uma declaração de apoio velado a Salles, ao dizer ter “esperança” que o ex-ministro do Meio Ambiente “terá sucesso lá em São Paulo”.

“Tenho esperança que ele terá sucesso lá em São Paulo. Falo com o coração isso daí. Mas está sendo negociado”, afirmou o ex-presidente no evento, do qual Salles participava.

A declaração surpreendeu a cúpula do PL e o entorno de Nunes, que dizem já ter ouvido da boca de Bolsonaro, nos bastidores, que a candidatura de Salles dificilmente vingaria.

No caso de Nunes, a surpresa foi ainda maior. Isso porque o prefeito havia feito, no dia anterior, um gesto ao bolsonarismo que chegou a ser elogiado pelo núcleo duro do ex-presidente da República.

•        Irritação com Valdemar

Segundo auxiliares, Bolsonaro fez o gesto público a Salles de caso pensado. O pano de fundo seria uma irritação do ex-presidente com o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.

Irritou Bolsonaro a notícia veiculada pela coluna de que Valdemar tem defendido, nos bastidores, o nome do deputado Antônio Carlos Rodrigues (PL-SP) como opção para vice de Nunes em 2024.

Ex-ministro dos Transportes do governo Dilma Rousseff e ex-vereador de São Paulo por quatro mandatos, Rodrigues é um dos parlamentares mais próximos do presidente do PL.

Vice ideal

Para Valdemar, o vice ideal de Nunes deveria ser um político com capacidade para “roubar” votos de Guilherme Boulos (PSol), líder nas pesquisas até agora, na periferia da capital paulista.

Dois nomes se encaxariam nesse perfil, na avaliação do presidente do PL: o da ex-prefeita Marta Suplicy (sem partido) e o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União Brasil).

Bolsonaro, entretanto, já vetou os dois nomes em conversas com Valdemar. O ex-presidente tem dito que pretende sugerir ele próprio um nome para vice de Nunes, mas só em março de 2024.

•        Bolsonaro faz novo aceno à candidatura de Salles: “Tenho esperança”

Cortejado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) para apoiá-lo nas eleições municipais, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, nesta terça-feira (24/10), ter esperança do sucesso do deputado Ricardo Salles (PL-SP) na disputa à Prefeitura em 2024.

“Apesar de o temperamento do Salles ser um pouquinho exaltado de vez em quando, ainda tenho esperança de que ele vá ter sucesso lá em São Paulo. Falo com o coração isso daí. Mas ainda está sendo negociado”, disse Bolsonaro durante o lançamento da Frente Parlamentar Invasão Zero, em Brasília, criada pela bancada ruralista na Câmara para contrapor o MST e os vetos de Lula ao Marco Temporal.

Ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, Salles será o vice-presidente da frente. Meses após ter desistido da pré-candidatura – decisão que atribuiu ao apoio do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, a Ricardo Nunes –, o deputado retomou os planos de concorrer no próximo ano e tenta viabilizar o seu nome na disputa.

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Nunes tem tentado evitar que Bolsonaro apoie outro candidato na capital paulista diante de pesquisas que apontam crescimento do atual prefeito contra o deputado Guilherme Boulos (PSol-SP) em cenários sem candidatos bolsonaristas.

Apesar de ser aliado de Salles, Valdemar já disse que a palavra final sobre o apoio do partido caberá a Bolsonaro. O presidente nacional do PL costura com Nunes a possibilidade de indicar o vice da chapa, um nome que também deverá ser aprovado por Bolsonaro.

•        Aliado de Nunes elogia Bolsonaro

Horas depois da fala de Bolsonaro sobre Salles, o vereador Milton Leite (União), presidente da Câmara Municipal da capital e um dos fiadores políticos de Nunes, fez uma série de elogios ao ex-presidente.

O afago a Bolsonaro ocorreu na reunião semanal de líderes de bancadas, após uma negociação entre os vereadores para padronizar concessão de honrarias a personalidades. A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro (PL), está na lista de nomes que parlamentares de direita desejam homenagear.

Em entrevista à rádio Eldorado nessa segunda (23/10), Nunes disse esperar contar com o apoio de Bolsonaro no próximo ano. “Acho importante ter o apoio do presidente Bolsonaro, da direita, a união do centro e da direita para a gente vencer a extrema esquerda”, disse.

 

       Zambelli: pedido de endereço de Moraes a hacker era para que sua mãe enviasse uma carta

 

Em novas declarações, a deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), na última terça-feira (24), afirmou que sua mãe se lembrou do contexto dos áudios enviados ao hacker Walter Delgatti Neto em novembro do ano passado. Zambelli, no material em questão, pede ao hacker o endereço do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, conforme revelado na segunda-feira (23).

O motivo por trás desse pedido, de acordo com a parlamentar, era para que sua mãe enviasse uma carta ao ministro, que é relator de investigações que envolvem a parlamentar. O objetivo da carta seria “sensibilizar” Moraes em relação a medidas que ele havia tomado, como o bloqueio das redes sociais de Zambelli.

“Minha mãe tinha escrito uma carta para o Alexandre de Moraes e queria entregar essa carta. Eu disse para não mandarmos para o STF para evitar pegar mal, e ela disse que o certo era enviar para a casa dele”, disse Zambelli.

“Acabamos não mandando essa carta. Ela que me lembrou [do episódio], eu não lembrava disso. Esse foi o motivo [da conversa com Delgatti]”.

Segundo Zambelli, Delgatti, que havia sido contratado para gerenciar suas redes sociais e seu site, enviou a ela uma lista de endereços de várias autoridades, incluindo o endereço de Alexandre de Moraes em São Paulo. Foi então que Zambelli pediu o endereço do ministro em Brasília.

Vale ressaltar que Delgatti está detido desde agosto deste ano e afirmou à Polícia Federal (PF) e à CPI dos Atos Golpistas que foi contratado por Zambelli para envolver-se em atividades que prejudicariam a credibilidade das urnas eletrônicas, dos sistemas judiciais e de Moraes. A parlamentar nega qualquer envolvimento em atividades ilícitas.

Os áudios de Zambelli foram encaminhados por Delgatti a um amigo que reside no interior de São Paulo em 26 de novembro de 2022. No primeiro áudio, com uma duração de seis segundos, Zambelli diz: “Ô Walter, não aparece nenhum endereço de Brasília, né? Preciso do endereço daqui de Brasília.”

No segundo áudio, com 18 segundos de duração, a deputada comenta: “Não, não pode ser, porque quadra é prédio, e ele deve morar numa casa no Lago Sul, alguma coisa assim. Deve ser coisa do STF. Isso provavelmente deve estar nos arquivos do STF como casa… casa tipo… funcional, entendeu?”

De acordo com o advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, seu cliente afirma que os áudios se referem ao endereço de Moraes e comprovam que a relação entre Zambelli e Delgatti não se limitou à administração de redes sociais, como a deputada havia alegado anteriormente. O advogado pretende fornecer os áudios à Polícia Federal, que já está investigando a conduta do hacker.

•        Ministros do STF consideram ridícula a versão de Zambelli

A versão da deputada Carla Zambelli, que disse ter pedido que um hacker descobrisse o endereço do ministro Alexandre de Moraes em Brasília porque a mãe dela queria enviar uma carta ao ministro, não convenceu o Supremo.

Colegas de Moraes ouvidos pelo blog disseram que a narrativa da deputada bolsonarista é "inverossímil" e "ridícula".

Zambelli falou sobre o assunto ao repórter Reinaldo Turollo Jr., que um dia antes havia revelado os áudios nos quais ela pessoalmente solicita a devassa de dados privados do ministro.

"Minha mãe tinha escrito uma carta para o Alexandre de Moraes e queria entregar essa carta. Eu disse para não mandarmos para o STF para evitar pegar mal, e ela disse que o certo era enviar para a casa dele", sustentou Zambelli.

"Acabamos não mandando essa carta. Ela que me lembrou [do episódio], eu não lembrava disso. Esse foi o motivo [da conversa com Delgatti]", afirmou.

Os integrantes do Supremo não engoliram a versão. Eles avaliam que as novas provas agravam a situação jurídica da deputada, que ainda não falou à Polícia Federal sobre o assunto.

O advogado de Zambelli, Daniel Bialski, disse não ter sido consultado pela cliente antes da entrevista, mas afirmou que recebeu ontem sinal do gabinete de Moraes de que terá acesso ao inquérito sobre a deputada.

O ministro havia dado direito de a defesa conhecer a peça há tempos, mas segundo Bialski a PF não havia cedido.

Agora, ele diz, haverá uma análise dos achados da polícia, e uma contestação "documental" dos depoimentos prestados por Walter Delgatti Neto, o hacker acionado por Zambelli. Depois, assegura a defesa, a deputada falará à PF sobre o assunto.

 

       Ramagem impediu demissão de agentes da Abin na investigação de espionagem

 

De acordo com o Uol, quando ocupava o cargo de diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) impediu, em setembro de 2021, a destituição de dois funcionários da agência. Esses funcionários só foram afastados do serviço público na última sexta-feira (20) após serem detidos pela Polícia Federal na operação Última Milha.

A PF está conduzindo uma investigação sobre a utilização inadequada, por parte de funcionários da Abin, de um sistema de rastreamento de dispositivos móveis. Eles teriam, sem a devida autorização judicial, realizado atividades de espionagem em relação a membros do Poder Judiciário no período compreendido entre 2019 e 2021.

A investigação que resultou na demissão de Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Izycki na última sexta-feira teve início no início do governo de Jair Bolsonaro, no seu primeiro ano de mandato.

Após a intervenção de Ramagem em 2021, o processo levou mais dois anos para ser finalizado. Ramagem atuou como chefe da Abin de 2019 até março do ano passado, quando deixou o cargo para concorrer nas eleições para deputado federal.

Com acesso privilegiado aos registros do processo administrativo, a coluna do site constatou que, em 23 de abril de 2021, a corregedoria-geral da instituição reconheceu a responsabilidade dos funcionários e concordou com a sugestão apresentada no relatório final, que recomendava a demissão de ambos.

Os documentos foram posteriormente encaminhados a Ramagem, a quem cabia dar continuidade para que o então ministro Augusto Heleno, do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), efetivasse a demissão. No entanto, Ramagem optou por devolver o procedimento para a realização de novos depoimentos e coleta de evidências.

Além disso, foi necessário criar uma nova comissão para revisar o caso, o que acarretou em um atraso adicional de dois anos para a efetivação da demissão.

A coluna apurou que a PF está investigando a participação de Ramagem nesse incidente relacionado ao atraso na demissão devido a suspeitas de que a alta administração da Abin estava sob ameaça de chantagem por parte dos servidores, que alegadamente ameaçavam revelar o uso ilegal da ferramenta First Mile.

 

Fonte: DCM/g1/Metrópoles/O Cafezinho

 

 

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