Seca histórica do rio Madeira paralisa operações em uma das maiores
hidrelétricas do Brasil
A Santo Antônio Energia informou, nesta
segunda-feira (2), a suspensão momentânea das operações da hidrelétrica em
Rondônia por conta da seca histórica do rio Madeira. Segundo o anúncio, os
níveis de vazão do rio estão 50% abaixo da média histórica.
Essa é a segunda vez que a hidrelétrica para
totalmente as operações. A primeira vez foi em 2014, durante a cheia histórica
do rio Madeira. Agora, o motivo é a seca no mesmo rio.
De acordo com a Santo Antônio, a suspensão foi
alinhada com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O objetivo é
“preservar a integridade das unidades geradoras da hidrelétrica”, já que a
quantidade de água é muito pouca para o funcionamento das turbinas. Não há
previsão de quando as operações serão retomadas.
A Santo Antônio informou que a baixa vazão do Madeira
apresentou recordes nas últimas semanas e que a paralisação das turbinas não
deve impactar o fluxo do rio.
“O rio Madeira permanecerá seguindo seu curso
natural, com passagem da vazão concentrada no Vertedouro Principal da usina,
sem qualquer impacto em seu fluxo natural”, informou em nota.
Instalada no rio Madeira, a hidrelétrica de Santo
Antônio é uma das maiores do Brasil, tem 50 turbinas gerando energia para
várias regiões do Brasil, com potência instalada de 3.568 Megawatts. Em 2022, a
hidrelétrica ocupou a 4ª posição no ranking de geração de energia.
O g1 entrou em contato com o ONS para entender como
deve funcionar o abastecimento da energia, já que a Santo Antônio faz parte do
Sistema Interligado Nacional (SNI), mas não obteve retorno até a última
atualização desta matéria.
• Seca
histórica
Nas últimas semanas, a seca que atingiu o rio
Madeira se tornou histórica. A Defesa Civil informou que registrou o nível de
1,43 metros. Depois disso, uma reunião foi realizada na “Sala de Crise”, entre
integrantes de órgãos que monitoram as bacias do rios na Amazônia.
Atualmente Porto Velho está em estado de alerta.
Caso o rio baixe para 1,22 metros, o município passa para estado de emergência.
Desde agosto, o nível do rio baixou rapidamente. Em
menos de uma semana, entre o fim de agosto e início de setembro, o nível do
Madeira recuou mais de um metro. Na época, a Defesa Civil já previa uma seca
histórica.
Reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste estão no
maior nível em 14 anos, diz NOS
Os reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste,
principal caixa d’água do setor elétrico, devem encerrar o período de seca no
maior nível dos últimos 14 anos.
Projeções divulgadas pelo Operador Nacional do
Sistema Elétrico (ONS) mostram que as represas vão chegar ao fim de outubro, quando
termina oficialmente a temporada de estiagem, com 66,5% de sua capacidade
máxima.
O volume de armazenamento no Sudeste/Centro-Oeste,
que constitui um único subsistema para fins de operação, entrará em novembro no
período de chuvas com o patamar mais alto desde 2009 e 17 pontos percentuais
acima do verificado no ano passado.
A situação dos reservatórios nos subsistemas
Nordeste (projeção de 61,3% para o fim de outubro) e Norte (57,6%) é muito
parecida com a de igual período em 2022, quando estavam respectivamente em
60,8% e 60,1% da capacidade máxima.
No Sul, que tem um regime pluviométrico oposto e
ainda está na temporada de chuvas, os reservatórios devem atingir a marca de
quase 96% no fim deste mês. Há um ano, estavam em 91%.
Seca
interdita praia da Ponta Negra, cartão-postal de Manaus
A seca severa obrigou a interdição da praia da
Ponta Negra de Manaus, principal balneário da cidade. O banho está proibido no
local a partir desta segunda-feira (2). Um laudo indica que o mergulho fica
perigoso na praia quando o Rio Negro fica abaixo dos 16 metros.
A medida é temporária e deve durar 90 dias. Além
disso, a interdição anunciada nesta segunda-feira vale apenas para o banho nas
águas do Rio Negro. O calçadão da Ponta Negra e o passeio na areia permanecem
liberados.
Um laudo, assinado pelo Serviço Geológico do Brasil
(SGB), responsável pelos levantamentos hidrológicos no Amazonas, recomendou o
fechamento temporário da praia. Segundo o documento, o aumento brusco de
profundidade coloca em risco a vida de banhistas.
O documento aponta que a obra de aterro realizada
em 2018 para aumentar a extensão da praia artificial gerou uma superfície
irregular.
Com isso, houve um aumento de profundidade em toda
a extensão, contribuindo para a elevação do risco para os usuários da praia
durante a vazante. Assim, além do fechamento, o SGB recomenda a realização de
um estudo geotécnico para avaliar a estabilidade do aterro.
No laudo, o SGB também mostra que, considerando a
cota atual do rio Negro, a distância entre a margem e a faixa de segurança para
os banhistas é muito restrita.
De acordo com o pesquisador em geociências do SGB e
responsável técnico do laudo, André Martinelli, o fenômeno climático El Ninõ
prolonga a intensidade da seca e, além disso, há consequência advinda do
Atlântico norte aquecido.
“O nível do rio Negro em Manaus teve uma descida de
nível muito acelerada, com redução de mais de 7 metros de coluna d’agua em
apenas 20 dias. Quanto mais baixa a cota do rio, menor a distância dos usuários
das depressões abruptas”, alertou o responsável pelo laudo.
• TAC
já recomenda interdição
Em entrevista à Rede Amazônica, na quarta-feira
(27), o prefeito destacou que a praia da Ponta Negra seria interditada com base
em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Assinado em 2013, o documento
prevê medidas de segurança para o local, e a interdição do banho no balneário
quando o nível do Rio Negro atingir 16 metros.
Na sexta-feira (29), o nível do rio atingiu o
limite definido pelo TAC, baixando para 15,88 metros. Nesta segunda-feira (2),
o rio mede 15,29 metros.
• Praia
da Ponta Negra de Manaus
Com acesso gratuito, a Ponta Negra de Manaus é o
principal balneário da cidade. A praia pública atrai dezenas de pessoas ao
local todos os dias. Nesses períodos de calor intenso - na quarta-feira (27),
Manaus registrou a temperatura mais alta do ano - a praia costuma ficar lotada
de banhistas.
De acordo com o Instituto Municipal de Planejamento
Urbano (Implurb), órgão responsável pela gestão da Ponta Negra, durante o verão
amazônico, a praia recebe de 3,5 mil a 4 mil pessoas, aos fins de semana.
• Manaus
em emergência
A seca do Rio Negro fez Manaus decretar situação de
emergência, na manhã de quinta-feira (28). Com a vazante, lagos e igarapés que
cortam a cidade estão secando. Segundo a prefeitura, a estiagem afeta
comunidades ribeirinhas, que sofrem com falta de alimentos e de água potável.
Ø Operação retira ocupações de duas terras indígenas no Pará
Uma operação de retirada de não indígenas das
terras Apyterewa e Trincheira Bacajá, no estado do Pará, mobiliza, na manhã
desta segunda-feira (2), o Ministério dos Povos Indígenas, a Fundação Nacional
dos Povos Indígenas (Funai) e a Força Nacional de Segurança Pública, além de
mais 11 órgãos ambientais, de segurança pública e inteligência. Cerca de 1,6
mil famílias vivem ilegalmente na região.
De acordo com informações da Secretaria de
Comunicação Social da Presidência da República (Secom), 2,5 mil indígenas dos
povos Parakanã, Mebengôkre Kayapó e Xikrim, distribuídos em 51 aldeias, vivem
nas duas terras indígenas que abrangem parte dos municípios de São Félix do
Xingu, Altamira, Anapú e Senador José Porfírio. Há ainda registro de indígenas
isolados com contato recente com não indígenas na região.
A Secom informou ainda que a operação acontecerá de
forma semelhante a ação ocorrida na Terra Indígena Alto Rio Guamá (Tiarg), nos
municípios de Nova Esperança do Piriá, Santa Luzia e Paragominas, no nordeste
do Pará. De maio para junho o governo negociou a saída pacífica de 1,6 mil não
indígenas da terra onde vivem 2,5 mil indígenas dos povos Tembé, Timbira e
Kaapor, distribuídos em 42 aldeias próximas ao Rio Guamá.
Segundo a Funai, a presença de estranhos no
território indígena, além de representar uma ameaça à integridade dos povos que
ali vivem, também pode causar danos ambientais, já que alguns ocupantes
promovem a destruição da vegetação nativa para praticar atividades como criação
de gado e garimpo, de forma ilegal.
A medida cumpre uma determinação judicial de
devolução da posse e cumprimento do direito de uso exclusivo das terras
indígenas pelos povos originários, conforme o previsto no artigo 213 da
Constituição Federal.
Os outros órgãos que atuam na força-tarefa são o
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Agência Brasileira
de Inteligência (Abin), Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Centro
Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Comando
Militar do Norte, Ministério do Trabalho e Emprego e Secretaria de Comunicação
Social da Presidência da República (Secom).
Fonte: g1/CNN Brasil/Agencia Brasil
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