Entre escândalos e negociações: Lula deve
fazer reforma ministerial, dizem fontes
No segundo ano do
terceiro mandato, o governo do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva
vem enfrentando escândalos envolvendo ministros de pastas consideradas
estratégicas e, embora tenha conseguido avanços na gestão, há dificuldades de
costura com o Congresso Nacional.
Entre escândalos,
negociações e insatisfações, o presidente Lula se programa para fazer alguns
ajustes em seus ministérios, além de garantir indicações vistas como
importantes para a manutenção de uma gestão de coalizão. Entre as jogadas desse
xadrez, cargos em ministérios e endosso de candidaturas na Câmara e no Senado.
À Sputnik Brasil,
fontes palacianas alertaram que há "um interesse" e já se desenham as
costuras para "uma minirreforma ministerial". O movimento acontece em
meio a uma insatisfação com representantes do governo e uma necessidade de melhorar
a articulação do Executivo com o Legislativo, conforme assuntaram a esta
agência lideranças próximas ao presidente Lula.
Entre os cargos para a
troca de comando estão o Ministério das Mulheres, o Ministério das Cidades e o
Ministério dos Transportes. Nas coxias, comenta-se que a pasta das Cidades
poderá ir para Republicanos, Progressistas (PP) ou Partido Social Democrático
(PSD). Nomes ainda são incertos, mas já circulam Arthur Lira (PP) e Rodrigo
Pacheco (PSD).
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Escândalos e insatisfações
Recentemente, conforme
revelado pelo Alma Preta Jornalismo, o Ministério das Mulheres, sob o comando
da ministra Cida Gonçalves, foi alvo de denúncias de assédio moral e racismo. O
veículo aponta que "servidoras e ex-funcionárias relataram situações de
assédio moral e racismo dentro da pasta, em especial contra mulheres
negras".
"Não enxergamos
como positivas essas situações dentro do governo. Principalmente por se tratar
de uma pasta tão importante para a nossa sociedade. Já basta o que presenciamos
no outro [Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania]. O nosso governo
precisa ser justo e não podemos tolerar nenhum abuso de poder — seja de qual
esfera for —, tampouco sermos coniventes com situações esdrúxulas como essas
que são direcionadas [ao Ministério das Mulheres]", cravou um auxiliar do
presidente Lula.
Quem estaria cotada
para assumir o ministério, em caso de saída da atual gestora, seriam a senadora
Teresa Leitão (PT-PE) — fruto de uma costura para dar ao seu suplente Silvio
Costa (Avante-PE) uma vaga no Senado por Pernambuco — e a presidente do Partido
dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann (PT-RS). Ainda não há martelo batido
dentro da cúpula lulista.
À Sputnik, uma fonte
palaciana afirmou que há "insatisfações com alguns quadros" por parte
do presidente Lula, o que, por sua vez, estaria travando algumas negociações.
"A relação com o
Congresso não é das piores, mas também não é das melhores. Precisamos fazer
alguns ajustes em prol de uma melhor coalização de interesses e para melhorar a
articulação [Executivo × Legislativo]", arguiu a fonte.
Negociações
Para evitar derrotas
no Congresso Nacional, o governo está disposto a "indicar mais lideranças
do centrão para assumir ministérios e secretarias estratégicas", segundo
informações que circulam nas coxias.
"Já é sabido que,
por mais que tenhamos alguns avanços, ainda há muito o que melhorar.
Negociações são necessárias, e a gente está disposto a fazer algumas
concessões. Precisamos garantir um melhor funcionamento dos organismos para o
bem do brasileiro", disparou uma liderança governista sob reserva.
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"É fake essa história de Lula não concorrer em 2026", garante Luiz
Marinho
O ministro do
Trabalho, Luiz Marinho (PT), desmentiu os rumores de que o presidente Lula (PT)
não disputaria a reeleição em 2026. Marinho reafirmou a disposição de Lula para
um novo mandato e desqualificou as informações que apontavam a possibilidade de
desistência do petista. "Fofocas pululam. É fake essa história da
possibilidade de Lula não concorrer em 2026. Lula é candidatíssimo, e vamos
renovar seu mandato para recuperar o tempo perdido pelo Brasil entre 2016 e
2022, seguindo, por exemplo, gerando empregos e oportunidades”, declarou o
ministro.
O desmentido de
Marinho veio após reportagem da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo,
que indicava que a continuidade de Lula na política dependeria de sua
popularidade nos próximos anos e da viabilidade política para um novo mandato.
Segundo a coluna, dentro do PT, alguns líderes enxergam a chance de Lula
encerrar sua trajetória política no auge, evitando riscos de desgaste que uma
derrota poderia trazer.
As discussões
internas, no entanto, não são novidade. O peso de Lula como figura central do
PT e do campo progressista é amplamente reconhecido, e sua ausência na disputa
de 2026 poderia ter impacto direto nas bancadas do partido e de legendas
aliadas. O partido teme que uma eventual ausência de Lula fortaleça adversários
conservadores e enfraqueça o campo de esquerda.
Apesar disso, Marinho
reitera a confiança de que Lula estará à frente do partido na disputa
eleitoral, destacando que sua capacidade de unir e mobilizar o eleitorado é
fundamental para o projeto político em andamento.
• Lula prefere Bolsonaro como adversário
em 2026. Por Esmael Morais
Apesar das
especulações sobre a possível desistência de Lula (PT) em disputar um quarto
mandato presidencial em 2026, os movimentos nos bastidores indicam que o
presidente está trabalhando para ter Jair Bolsonaro (PL) como seu adversário
nas próximas eleições. A estratégia passa pela articulação de uma anistia no
Congresso Nacional que permitiria a Bolsonaro, atualmente inelegível até 2030,
retornar ao cenário eleitoral.
Lula parece preferir
enfrentar o “velho conhecido” a arriscar-se contra um adversário “desconhecido”
como Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo e potencial
herdeiro político do bolsonarismo. Nos corredores do Palácio do Planalto, a possibilidade
de encarar Tarcísio causa apreensão, dada sua imagem menos desgastada e
capacidade de surpreender nas urnas.
Há dois anos, Lula
bateu Bolsonaro em um segundo turno apertadíssimo. O petista foi eleito para o
cargo de presidente com 50,83%, enquanto o então mandatário cessante foi
derrotado com 49,10%.
A articulação pela
anistia a Bolsonaro vem ganhando força de forma suprapartidária em Brasília.
Parlamentares veem na medida uma forma de garantir um embate mais previsível em
2026. No entanto, líderes do PT temem que Lula possa desistir da candidatura
caso sua popularidade não esteja em alta. O receio é que, aos 81 anos, o
presidente opte por encerrar sua carreira política com a vitória de 2022,
evitando o risco de uma derrota que poderia manchar seu legado.
Sem Lula na disputa, o
PT e a esquerda enfrentariam um vácuo de liderança. A “lulodependência” é real,
e a falta de um nome com a mesma capacidade de mobilização eleitoral pode levar
a um encolhimento das bancadas aliadas, abrindo caminho para a hegemonia da
direita nas próximas décadas.
Nesse cenário, o MDB
emerge como uma força política capaz de desempenhar um papel decisivo em 2026.
O governador do Pará, Helder Barbalho, afirma que o partido está habilitado
para “qualquer missão” e defende um diálogo com Lula sobre o pleito. Com ministros
no governo, o MDB busca consolidar seu espaço e pode ser o fiel da balança na
formação de alianças.
Enquanto isso, os
destinos de Lula e Bolsonaro permanecem entrelaçados. A anistia ao
ex-presidente pode ser tanto uma estratégia para facilitar a reeleição de Lula
quanto um tiro no pé, caso Bolsonaro consiga capitalizar o sentimento
antipetista que ainda persiste em parte do eleitorado.
No entanto, a questão
econômica é o que mais pesará na decisão de Lula de disputar ou não o quarto
mandato. Os brasileiros terão de perceber que houve crescimento e maior
participação das famílias no consumo de bens e serviços, empregos em alta e
aumento do poder aquisitivo; enfim, materialmente, as pessoas melhoraram de
vida.
O jogo político para
2026 já começou, e os próximos movimentos serão decisivos para definir os rumos
do país. Resta saber se Lula arriscará mais uma vez sua popularidade nas urnas
ou se novos nomes ganharão protagonismo nessa disputa.
• Governo apresenta PEC da Segurança
Pública; ampliação das atribuições da PF e PRF é destaque
O Ministério da
Justiça e Segurança Pública divulgou hoje (31) a íntegra da proposta de emenda
constitucional que visa ampliar a atribuição das polícias Federal (PF) e
Rodoviária Federal (PRF), constitucionalizar o Sistema Único de Segurança
Pública (SUSP), o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) e o Fundo
Penitenciário Nacional (Funpen).
O ministro da pasta,
Ricardo Lewandowski, entregou o documento aos governadores, ministros e
integrantes do Poder Judiciário, em reunião feita em Brasília e conduzida pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com o
ministério, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em questão vai aprimorar
os mecanismos de combate à criminalidade, passados 36 anos da promulgação da
Constituição de 1988, que "deixou de ser apenas local para ser também
interestadual e transnacional", diz a nota da pasta.
Uma das mudanças seria
a constitucionalização do SUSP, instituído pela Lei nº 13.675/2018.
"O anteprojeto
prevê maior integração entre a União e os entes federados na elaboração e
execução da política de segurança pública. Para isso, a ideia é colocar na
Constituição Federal o Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social,
composto por representantes do governo federal, dos Estados e do Distrito
Federal e dos municípios. O principal objetivo, a partir dessas medidas, é
estabelecer diretrizes para fortalecer o Estado no combate ao crime
organizado", explica o texto.
Segundo o ministério,
atualmente não há padronização de dados e informações em âmbito nacional,
causando burocracias e entraves, como 27 certidões de antecedentes criminais
distintas, 27 possibilidades de boletins de ocorrência e 27 formatos de
mandados de prisão:
"Essa
normatização não quer dizer, no entanto, que a União centralizará os sistemas
de tecnologia de informação. Ou seja, os estados não serão obrigados a usar
plataformas distintas das que já são utilizadas. Também não haverá qualquer
ingerência nos comandos das polícias estaduais, tampouco vai modificar a atual
competência dos estados e municípios na gestão da segurança pública",
garante o texto.
No caso da PF, a PEC
determina sua atuação contra crimes ambientais e práticas cometidas por
organizações criminosas e milícias privadas que tenham repercussão
interestadual ou internacional e exijam repressão uniforme.
Já a PRF passaria a
ser chamada de Polícia Ostensiva Federal e ficaria responsável pelo
policiamento em rodovias, como já é hoje, além de ferrovias e hidrovias
federais e de prestar auxílio às forças de segurança dos demais entes federados
quando requisitada.
• “Logo o crime vai participar de
concursos”, alerta Lula a governadores
Recebendo governadores
em Brasília para tratar de ações conjuntas para a segurança pública, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um alerta nesta quinta-feira
(31/10) sobre o risco de o crime organizado se infiltrar perigosamente no poder
público.
“O crime organizado
hoje não é mais o bandido comum que a gente estava habituado a lidar. Hoje é
uma organização poderosa, envolvida em todos os setores da sociedade, inclusive
a nível internacional”, destacou o petista, em reunião no Palácio do Planalto.
Lula convocou
governadores, ministros e parlamentares para discutir uma proposta de emenda à
Constituição que traz mudanças no regime de segurança pública do país. Sob
coordenação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o
projeto foi apresentado às autoridades durante o encontro.
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“Eu tenho tido uma
preocupação com os concursos públicos, porque, logo, logo, o crime organizado
vai participar de concursos, vai indicar juiz, vai indicar procurador,
político, candidato. Essa é uma coisa quase incontrolável, se a gente não
montar um pacto federativo que contemple todos os poderes da Federação,
envolvidos direta e indiretamente nisso”, afirmou Lula.
O presidente abriu a
reunião e ficou para ouvir as falas dos demais participantes, incluindo
governadores que estão na oposição ao governo, como Tarcísio de Freitas
(Republicanos), de São Paulo, e Ronaldo Caiado (União), de Goiás. “A gente não
vai resolver todos os problemas da segurança pública em apenas uma reunião.
Lewandowski começa a discussão apresentando a proposta, e a gente quer ouvir os
governadores falarem de outros problemas da segurança pública”, continuou o
presidente.
O petista ressaltou
que na reunião “não existe censura ou impedimento” para que os governadores
digam o que pensam. “Eu sei que cada governador tem os seus problemas, tem suas
soluções. Mas o que a gente nota, efetivamente, é que o crime organizado está crescendo,
as organizações nas cadeias estão crescendo. A gente ouve falar do Comando
Vermelho, do PCC, e eles estão em quase todos os estados, disputando eleições,
elegendo vereador e, quem sabe, indicando pessoas para utilizar cargos
importantes nas instituições brasileiras”, concluiu o presidente.
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Mudanças
O texto formulado pelo
Ministério da Justiça propõe dar status constitucional ao Sistema Único de
Segurança Pública (SUSP), o chamado “SUS da Segurança Pública”, que foi
instituído em 2018.
O projeto também prevê
mais integração entre União, estados e municípios na formulação e execução de
políticas de segurança pública.
Além disso, a proposta
atualiza as competências da Polícia Federal, para permitir a atuação em combate
a crimes ambientais, organizações criminosas e milícias privadas que tenham
atuação interestadual. O projeto ainda altera as atribuições da Polícia
Rodoviária Federal (PRF), ampliando o policiamento em ferrovias e hidrovias
federais.
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Pesquisa levada a Lewandowski diz que 87% apoiam mudança na segurança
Uma pesquisa
encomendada pelo Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa
(IREE) aponta que 87% dos entrevistados consideram muito importante ou
importante que haja a reformulação da segurança pública no Brasil.
O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski,
apresentaram a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança a
governadores, nesta quinta-feira (31/10). A coluna apurou que a pesquisa sobre
o tema foi levada ao ministro na semana passada, pela ex-senadora e atual
presidente do IREE Brasília, Kátia Abreu. De acordo com o levantamento, para
79%, a segurança pública do país vai melhorar muito ou melhorar caso as medidas
sejam aprovadas.
A pesquisa realizada
pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), entre 9 e
14 de outubro de 2024, mostra que a insegurança é maior nas periferias e nas
capitais do que no interior do país. De acordo com o resultado, 61% dos moradores
das periferias se sentem inseguros ou muito inseguros. Nas capitais, a sensação
de insegurança foi declarada por 58%.
A pesquisa revela que,
na percepção pública, a segurança é a segunda área com os “maiores problemas”
no país, ficando atrás apenas da saúde.
Para 53%, a segurança
pública do Brasil é ruim ou péssima. Os índices de desaprovação são maiores
entre a população com ensino superior (64%) e entre os cidadãos que desaprovam
o governo Lula (64%).
A segurança pública é
melhor avaliada, em nível estadual, no Centro-Oeste e no Sul, onde 47% dos
entrevistados deram nota de 7 a 10. Essa nota foi escolhida por apenas 30% dos
entrevistados do Sudoeste e do Nordeste e 34% do Norte.
Relevância das
propostas
A pesquisa questionou
os cidadãos sobre a importância de itens da PEC da Segurança. No total, 90%
acham muito importante ou importante a padronização, em todo o país, de cursos
de capacitação, reciclagem e protocolo de abordagem das polícias. E 89% aprovam
o aumento do uso da Polícia Federal no combate a facções criminosas como o
Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV).
Os índices de
aprovação também são altíssimos em relação à possibilidade de regulamentar
sistema unificado para registro de ocorrências, de integrar dados dos estados e
autorizar acesso de todas as forças policiais ao histórico criminal de uma
pessoa (88%).
Segundo o
levantamento, 87% consideram importante ou muito importante que a PF investigue
organizações criminosas e milícias privadas quando houver repercussão
interestadual e internacional, além de atuar no combate à degradação do meio
ambiente.
Quando questionados
sobre a proposta para estados aderirem às normas do programa de câmeras
corporais para os policiais, 80% classificaram a medida como importante ou
muito importante.
A pesquisa sobre
segurança pública realizada pelo Ipespe a pedido do IREE tem margem de erro de
dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com intervalo de confiança de
95,45%.
Fonte: Sputnik
Brasil/Brasil 247/Metrópoles
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