Como Reconhecer o Burnout? Veja 4 Sinais de
Alerta
A vida muitas vezes
parece um malabarismo sem fim. Entre trabalho, família, relacionamentos e todo
o resto, não é surpresa que o burnout esteja afetando tantas pessoas. No
Brasil, 30% dos profissionais sofrem com burnout, segundo a ANAMT (Associação
Nacional de Medicina do Trabalho).
Se você está cansado
física e mentalmente, desmotivado ou apenas seguindo no piloto automático,
saiba que não está sozinho. Já se pegou fazendo o mínimo necessário e se
perguntando se está no “modo quiet quitting“? Preste atenção, porque esses
sintomas merecem ser notados.
>>>> Veja,
a seguir, quatro sinais para ficar de olho e algumas dicas práticas para
proteger seu bem-estar mental e evitar o esgotamento.
• Você perde a visão do todo?
O burnout tem um jeito
sorrateiro de fazer com que o futuro pareça embaçado. O estresse pode nublar
sua visão, te impedindo de focar no quadro geral. Talvez você esteja dizendo a
si mesmo: “Vou focar realmente na minha carreira depois de conseguir aquela
promoção” ou “Vou me reorganizar quando esse projeto terminar”. Mas adiar seus
objetivos de longo prazo até que tudo se estabilize pode transformar suas
ambições em alvos móveis em vez de marcos concretos.
Para romper esse
ciclo, pense em se manter conectado ao que te motiva na sua carreira (mesmo
quando a pressão está alta). Comece com pequenas ações intencionais em direção
aos seus objetivos de longo prazo. Aceite projetos que se alinhem com seus
interesses, desenvolva habilidades que abrirão portas no futuro ou esclareça o
tipo de diferença que quer fazer no trabalho. Esses esforços consistentes vão
te manter no caminho certo.
• Você evita o trabalho que costumava
amar?
Um dos maiores alertas
para o burnout é perder o interesse no trabalho criativo que costumava trazer
alegria. As tarefas que antes você achava empolgantes e gratificantes começam a
parecer mais como obrigações entediantes. Talvez você adorasse criar novas
ideias ou montar apresentações impactantes, mas agora tudo isso parece
exaustivo. Aquela energia que você trazia para o trabalho desapareceu. É fácil
entrar em um modo de sobrevivência, em que você só tenta seguir adiante, mas
ignorar esse padrão pode levar a um sentimento mais profundo de desengajamento
e frustração. Então, o que fazer?
Comece a se reconectar
com o seu porquê original. Reflita sobre os momentos em que você se sentiu mais
envolvido e inspirado no trabalho. Pergunte-se: “Quando me senti mais criativo
ou energizado?” Volte a essas experiências e anote o que as tornou tão gratificantes.
Depois, procure maneiras de reacender esse entusiasmo em sua rotina, mesmo que
seja em pequenas doses. Às vezes, é apenas uma questão de focar no que
realmente desperta seu interesse.
• Você muda constantemente seu espaço de
trabalho?
Quando o burnout
chega, encontrar maneiras de sentir controle ou conforto é uma resposta
natural. Isso pode aparecer em pequenas mudanças repetitivas no seu espaço de
trabalho. Reorganizar sua mesa, arquivos ou até trocar a decoração semanalmente
pode até parecer um novo começo. Mas se isso se torna um hábito, talvez seja
hora de se questionar.
Pergunte-se: “Estou
mudando meu espaço para ser mais produtivo ou para evitar lidar com o que não
está funcionando na minha situação atual?” Ajustes aqui e ali podem ser úteis,
mas se isso se torna uma constante, pode indicar que há estresse ou insatisfação
debaixo do tapete.
Em vez de buscar
alívio com mudanças constantes, foque em criar estabilidade no seu ambiente.
Estabeleça rotinas que te façam sentir mais firme. Isso pode ser feito ao
definir limites para suas horas de trabalho, reservar tempo para recarregar as
energias ou comunicar abertamente sobre sua carga de trabalho. É normal sentir
incertezas e pedir ajuda. O burnout pode fazer tudo parecer avassalador, mas ao
construir uma base estável, você começa a recuperar a clareza e a direção.
• Você está fisicamente exausto?
O burnout não só drena
sua energia mental, mas também afeta seu corpo. O estresse constante pode
atrapalhar seu sono, hábitos alimentares e saúde geral. É comum se sentir
completamente exausto ao final do dia de trabalho, desejando apenas desligar, e
não é à toa que sua mente parece confusa. Esse cansaço mental muitas vezes vem
com consequências físicas, como fadiga, dores de cabeça e tensão muscular, que
podem te deixar no limite. É como se sua mente e seu corpo dissessem “chega”.
Continuar a se
esforçar quando seu corpo pede descanso só aprofunda o ciclo de burnout. Se o
seu corpo te dá sinais, a melhor atitude é ouvi-lo. Reserve tempo para pausas
reais, coma refeições nutritivas e priorize o sono para ajudar seu corpo a se
recuperar. Ignorar os sintomas físicos não fará com que eles desapareçam. Dê a
si mesmo permissão para dedicar tempo ao autocuidado e ao descanso. E
lembre-se: cuidar do seu corpo é cuidar da sua carreira.
Para se recuperar do
burnout, é preciso se reconectar com o que te impulsiona e reavaliar o que
realmente importa. O trabalho é apenas uma parte do quebra-cabeça, não tudo. Ao
tomar pequenas ações intencionais para lidar com os sinais, você não está apenas
fazendo melhorias, está retomando o controle. Escute o que você precisa, faça
as mudanças que julgar necessárias e observe como sua energia e foco
rapidamente voltam.
• Burnout ou Menopausa? Como Identificar e
Lidar com os Sintomas no Trabalho
Cansaço extremo,
alterações de humor e falta de concentração. Sintomas que, para mulheres a
partir dos 40 anos, podem indicar menopausa – ou será que é burnout?
Com noites mal
dormidas e falta de memória e concentração, a psicóloga Aline Eliza Ribas, 46
anos, confundiu os sinais da pré-menopausa com problemas relacionados à vida
profissional. “Cheguei a questionar se ainda gostava do que fazia ou se aqueles
eram sintomas de insatisfação ou excesso de trabalho.”
O climatério,
transição da fase reprodutiva da mulher para a não-reprodutiva, tem início por
volta dessa idade e se estende em média até os 65 anos. E coincide com o
momento em que muitas mulheres estão no auge de suas carreiras, assumindo (e
até deixando) cargos de liderança enquanto vivem esse quadro – muitas vezes sem
entender de onde vêm os sintomas.
A psicóloga vivenciou
os primeiros sinais da pré-menopausa aos 42, mas demorou para identificar o que
de fato estava acontecendo. “Depois que os sintomas começaram a afetar meus
atendimentos, fiquei preocupada com o futuro. Estava vivendo uma queda de energia,
mas precisava dela para dar conta do meu trabalho e do dia a dia com minha
família.”
Aline está longe de
ser a exceção. Até 2030, a população mundial de mulheres na menopausa e
pós-menopausa deverá chegar a 1,2 bilhão, com 47 milhões de novas mulheres a
cada ano. Entre as brasileiras que estão passando por essa fase, 91% relatam
cansaço e falta de energia, 89% mencionam alterações de humor e 82% apontam
ansiedade ou depressão. Os dados são de um estudo conduzido pela Plenapausa,
primeira femtech brasileira com foco na saúde da mulher a partir da menopausa,
que ouviu mais de 17 mil mulheres com idade média de 47 anos entre agosto de
2021 e julho de 2024. “A menopausa não é uma sentença de depressão e ansiedade,
mas é o cenário perfeito para isso, junto com todas as mudanças que acontecem
nesse período da vida das mulheres”, afirma a ginecologista Vanessa Heinrich,
formada pela USP e profissional do Hospital das Clínicas em São Paulo.
Os sintomas podem ser
facilmente confundidos com o burnout, classificado pela OMS (Organização
Mundial da Saúde) em 2022 como uma doença ocupacional. A síndrome,
caracterizada pelo esgotamento físico e emocional, perda de produtividade e
distúrbios de humor, geralmente associados a um ambiente de trabalho
estressante, acomete 30% dos profissionais brasileiros (principalmente
mulheres), de acordo com dados da Anamt (Associação Nacional de Medicina do
Trabalho).
<><> Como
diferenciar os quadros
A distinção entre os
sintomas do burnout e da menopausa nem sempre é óbvia e os quadros podem
realmente estar coexistindo. “Os sintomas se sobrepõem e, muitas vezes, as duas
condições ocorrem simultaneamente, intensificando os sinais de ambas”, explica
Heinrich.
Para obter um
diagnóstico certeiro, a ginecologista destaca a importância de identificar
sinais específicos da menopausa, como fogachos (também conhecidos como ondas de
calor), ressecamento vaginal e irregularidade menstrual. Combinados com a
ausência de exaustão profissional, os sinais ajudam a diferenciar os quadros e
direcionar o tratamento. “Os sintomas da perimenopausa [ou pré-menopausa,
período de transição marcado por mudanças hormonais] podem ser tratados com
reposição hormonal, que melhora significativamente a qualidade de vida das
mulheres. Já o burnout exige suporte psiquiátrico e mudanças no ambiente
profissional.”
Além do diagnóstico
médico, é possível começar a identificar os sintomas e entender o quadro por
meio de testes na internet. “Temos o protocolo de Kupperman, disponível no
nosso site gratuitamente, onde avaliamos 17 sintomas relacionados ao
climatério”, diz Márcia Cunha, cofundadora da Plenapausa. O índice avalia a
intensidade dos sintomas e é usado como referência por ginecologistas.
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Carreira e menopausa
Muitas mulheres vivem
o climatério em momentos de maturidade na carreira, e os sintomas refletem
diretamente nas suas vidas profissionais. “Alterações de humor podem dificultar
a comunicação e a colaboração no ambiente de trabalho, enquanto a ansiedade e a
depressão comprometem a motivação e a clareza mental, o que dificulta o
cumprimento de tarefas”, diz Carla Moussalli, também cofundadora da Plenapausa.
Segundo o estudo da femtech, 44% das brasileiras nessa fase afirmam que sua
produtividade diminuiu, enquanto apenas 8% reduziram a carga horária semanal
para lidar com os sintomas.
Para dar conta da vida
profissional durante sua adaptação à menopausa, Aline Eliza Ribas conta que
precisou fazer um esforço extra, mas que viu os reflexos dos sintomas dentro e
fora do trabalho. “Tive uma redução na produtividade, e isso me fez questionar
muitas coisas que impactaram minha confiança pessoal.”
O tema ainda é cercado
por estigmas que podem impedir o tratamento correto e atrapalhar a vida
profissional das mulheres. “Ainda temos a percepção de que não ser reprodutiva
significa não ser produtiva”, diz Márcia Cunha, da Plenapausa. “Mas uma mulher
que se encontra nessa fase da vida não é menos produtiva, ela apenas não está
sendo cuidada ou recebendo tratamento de forma adequada.”
É recomendado buscar
profissionais para fazer mudanças na dieta, nos exercícios e no estilo de vida
para equilibrar os hormônios e otimizar o desempenho profissional. Ser proativa
ao buscar informação e tratamento adequado é a chave para lidar bem com esse
momento. “Manter-se ativa física e profissionalmente, buscar apoio médico e
considerar a reposição hormonal quando indicada são passos fundamentais para
atravessar essa fase de forma saudável”, diz a médica Vanessa Heinrich.
“Estudos antigos que associavam a reposição hormonal ao aumento do risco de
câncer de mama criaram um medo infundado. Hoje, sabemos que essa relação não
existe e que o tratamento hormonal pode ser seguro e eficaz.”
<><> Como
lidar com a menopausa no trabalho
As mudanças hormonais
durante a menopausa podem ter efeitos de longo alcance na função cognitiva e
nos níveis de energia. Sem informação suficiente para entender as mudanças
pelas quais seus corpos estão passando, muitas mulheres se sentem constrangidas
ao ter ondas de calor e brainfogs (névoas mentais) no trabalho, com receio de
que isso possa prejudicar suas carreiras – e podem chegar a abandonar seus
empregos por isso.
Segundo pesquisa da
empresa americana Biote, 40% das entrevistadas disseram que os sintomas
interferem na performance e produtividade e uma em cada cinco deixaram ou
consideraram deixar seus empregos. Um estudo conduzido no Reino Unido mostrou
que 1 em 10 mulheres deixaram seus trabalhos devido a sintomas da menopausa.
É preciso falar sobre
o assunto. Mulheres na menopausa parecem menos confiantes e estáveis
emocionalmente, segundo uma pesquisa publicada na revista Academy of
Management, duas características importantes para a liderança. Isso a menos que
elas falem abertamente sobre o assunto.
Criar um ambiente de
trabalho que reconheça e apoie as mulheres na menopausa é fundamental para
garantir que elas possam continuar a contribuir com suas experiências.
“Empresas no Reino Unido e na Europa já adotam benefícios específicos para
mulheres na menopausa, mas no Brasil essa ainda é uma pauta desafiadora”, conta
Márcia Cunha.
Políticas de suporte,
como horários de trabalho flexíveis, programas de bem-estar, treinamentos de
conscientização e até licença-menopausa, podem fazer uma diferença
significativa, segundo a empresária. “Não é apenas uma questão de
responsabilidade social, mas também uma estratégia crucial para manter a força
de trabalho saudável, engajada e produtiva.”
A partir do momento em
que compreendeu seus sintomas, a psicóloga buscou informações sobre o assunto e
começou um tratamento. Quando o cansaço fica muito intenso em meio à rotina,
ela se permite tirar uns dias de férias. “Descansar sempre ajuda a repor as
energias.”
Fonte: Forbes
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