Enem: Professor usa cabo de guerra,
basquete e bolhas de sabão para criar 'gatilhos positivos' antes das provas
Bolhas de sabão, bolas
de basquete, cabo de guerra, galão de água e músicas da banda de rock Pink
Floyd. Estas são algumas das estratégias do professor de física Jean Silva para
criar o que ele chama de "gatilhos positivos", para que os alunos
façam associações e entendam melhor os conteúdos em momentos como o do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem).
Ele tem 48 anos, dá
aulas há 26 e atualmente trabalha em Florianópolis e Criciúma, no Sul de Santa
Catarina. Com a aproximação do Enem, ele também dá dicas de como se preparar e
fazer uma boa prova.
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Descomplicando a física
Como ensinar uma
matéria que muitos consideram complicada? "Existe esse preconceito, que
física é difícil, mas eu penso que dá para tentar mostrar a física de um jeito
diferente", disse Silva.
"Eu vejo alguns
colegas, quando vão começar a trabalhar algum conceito de física, a primeira
coisa que eles colocam no quadro é uma fórmula. E as pessoas associam que a
física tem que conhecer as fórmulas", declarou. Apesar de destacar que a
matemática é muito importante na matéria, ele escolheu trabalhar de outra
forma.
"Na escola,
quando eu vou começar um conceito, eu sempre gosto de criar um gatilho. Que
seja um experimento legal, uma atividade na quadra, uma história bem contada.
Usar uma metodologia ativa bem feita para criar um gatilho para depois, quando
eu for modelizar isso no quadro, eu sempre usar esse gatilho de forma
positiva".
Desse conceito, saíram
aulas em que ele usou bolas de basquete e tênis na quadra para explicar energia
potencial e cinética (assista no vídeo acima), álcool e um galão de água vazio
para falar sobre pressão e cabo de guerra para falar sobre atrito, por exemplo.
"Gosto de
cotidiano. Esta semana a parte da óptica, interferência da onda, vou levá-los
para a quadra para fazer bolhas de sabão. Eu vou parar, vou explicar as coisas.
Esse momento diferente eles nunca mais vão esquecer".
Ele contou que começou
a pensar nos experimentos após participar mais ativamente das redes sociais.
"Tem a ver também
com eu querer começar a criar conteúdo para o Instagram. Aí eu tive que começar
a pensar em fazer aulas diferentes. E isso foi melhorando as aulas. A coisa foi
melhorando e hoje está maravilhoso", resumiu.
<><> Enem
"Resolver a prova
do Enem é diferente de outra prova, tem suas habilidades, é diferenciada",
disse o professor. Ele dá algumas dicas para fazer um bom exame:
• 📝Faça simulados
• 👨🦱👩Se alguém que você confia, como o pai ou a mãe, puder levá-lo ao
local de prova, aceite. Isso é acolhimento
• 🖊️🖊️Leve, no mínimo, duas canetas
• ⌚Chegue cedo ao local de prova
• ⚠️ Leia a prova e preste atenção nos verbos
• ⏱️Faça um cronograma de tempo para a prova
• ☑️Comece com as questões mais fáceis. Segundo o professor, elas
aumentam a nota e valem mais porque as pessoas as acertam mais
• ❌Use a técnica de eliminação quando tiver dúvidas
• 📃Preencha toda a prova
Para os próprios
alunos, o professor também faz preparações. "A gente faz aulões, revisões,
para enchê-los de autoconfiança, além de acolher os alunos nesse final e
levá-los até o último instante para fazer a prova".
• Depois de quase 40 anos sem estudar,
mulher se prepara para o Enem e quer ser professora
Quase 40 anos depois
de parar de estudar quando casou e engravidou do primeiro filho, Neocêmia
Batista voltou a sonhar com a universidade. Desde o começo do ano, ela se
prepara para o Enem 2024, no sítio onde mora em Areial, município localizado no
Agreste da Paraíba. E se alcançar a pontuação necessária, a estudante de 55
anos, quer cursar pedagogia ou serviço social.
Neocêmia interrompeu
os estudos no último ano do ensino médio, aos 16 anos. Uma greve fez com que as
aulas parassem por muitos meses. As atividades só foram retomadas perto do
parto. Isso fez com que ela precisasse dar uma pausa. A paraibana lembra com
precisão dessa época.
“Ninguém incentivava a
gente a estudar, incentivava a ser dona de casa”, recordou.
Neocêmia cuidou dos
filhos, que agora são todos adultos e formados nas profissões que escolheram.
Uma das filhas dela, Ranayana Batista, tem mãe como uma inspiração. Direto da
Bélgica, onde trabalha como desenvolvedora de software, ela torce pela aprovação
da mãe.
Filha torce pela mãe
que vai fazer o Enem 2024 depois de quase 40 anos sem estudar
Com o tempo, a agora
estudante também se tornou comerciante e tomou conta de um mercadinho da
família.
“O sonho de estudar
ficou adormecido, mas eu sempre tive vontade de voltar a estudar. Eu nunca
parava de pensar (em voltar a estudar), mas eu me realizei nos meus filhos”,
destacou.
Há 10 anos, Neocêmia e
o marido deixaram a cidade e se mudaram para a zona rural. E em 2023, a dona de
casa conheceu o Encceja (Exame Nacional de Certificação para Jovens e Adultos).
Foi assim que concluiu o ensino médio com apenas dois meses de preparação. Em
seguida, assistindo a um telejornal local pela manhã, ela conheceu um curso
gratuito de preparação para o Enem, oferecido pela rede estadual de ensino. E é
assim que tem se preparado para as provas que começam a ser aplicadas no
próximo domingo (3).
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Rotina: ‘sento no meu cantinho, vou assistir às videoaulas”
O dia de Neocêmia
começa cedo. Ela acorda e faz musculação. Depois, parte para os afazeres
domésticos. Arruma a casa com zelo, cuida dos animais e prepara o almoço.
Depois da louça lavada, chega o momento de se concentrar nos estudos.
“Sento no meu
cantinho, vou assistir às videoaulas”, explicou.
Após quatro horas
estudando, ela prepara o jantar. Em seguida, participa dos estudos orientados
com os professores da rede pública, também pela internet, só que em tempo real.
“Sempre abro a câmera,
sempre perguntei, sempre questionei”, disse orgulhosa.
As disciplinas
favoritas são sociologia literatura, filosofia, geografia e história. Já as
menos queridas, são física e química.
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Dificuldades na volta aos estudos: ‘tem disciplinas que eu nunca nem ouvi’
Em 37 anos sem
estudar, muita coisa mudou. As disciplinas têm uma nova organização, e os
recursos também estão diferentes.
“Tem disciplinas que
eu nunca nem ouvi na época da minha adolescência. Senti muita dificuldade com
elas. Mas eu vou me lembrado do que estudei devagarinho e tá fluindo, tô
aprendendo”, sentenciou.
Já lidar com a
tecnologia, não foi uma dificuldade. A estudante não sai do computador, onde
assiste a videoaulas. Esse é o método favorito dela.
“A tecnologia nos
ajuda muito. Eu consigo aprender mais com o computador, nas videoaulas, do que
nos livros. Porque lá (no computador) tem um professor, ele lhe explica
direito. E eu sozinha não consigo assimilar, principalmente matemática”,
explicou.
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Cursos e realização dos sonhos: ‘sonho da minha vida’
Neocêmia sonha com
dois cursos. O primeiro é pedagogia.
“Gosto muito de
pedagogia. O professor, pra mim, é a base de tudo. Sempre admirei a profissão
de professor. Isso eu tinha, mas achava que eu não poderia ser uma professora.
Mas quem sabe, né?", se questionou.
Outro desejo, motivado
pela vontade ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade, é cursar serviço
social.
Ela até já consegue se
imaginar na sala de aula.
“Tô preparada pra
estudar. Eu fui comerciante, mas nunca foi meu sonho, eu queria ter uma
profissão. Eu vou me sentir Neocêmia. Eu vivi a vida de outras pessoas e agora
vou viver a de Neocêmia. Eu vou me realizar sabendo que fiz uma faculdade, que
era o sonho da minha vida”, concluiu.
Fonte: g1
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