quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Câncer infantil: remédio de R$ 2 milhões poderá ser disponibilizado no SUS

Uma campanha em prol de Pedro, filho do indigenista Bruno Pereira e da antropóloga Beatriz de Almeida Matos, mobilizou milhares de doadores no início deste ano. A meta era arrecadar R$ 2 milhões para a compra do medicamento Qarziba (betadinutuximabe), indicado para tratar um tipo agressivo de câncer chamado de neuroblastoma. A “vaquinha” deu certo e o menino, então com 5 anos, teve acesso à terapia.

O caso de Pedro é uma exceção e conseguir o remédio continua sendo um desafio, mas isso pode mudar nos próximos meses, com o novo parecer da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) sobre o medicamento.

“A recomendação do comitê é para que a tecnologia seja incorporada ao SUS, caso a empresa fabricante mantenha o desconto oferecido de avaliação para venda ao governo”, diz o Ministério da Saúde. “O alto custo do tratamento é um desafio para diversos países, que entendem a importância de dar acesso à terapia para crianças que enfrentam a doença”, acrescenta.

O laboratório farmacêutico Recordati, responsável pelo Qarziba, já havia pedido a inclusão anteriormente, mas o parecer havia sido negado pelo custo elevado. Agora, com a oferta de um desconto, a Conitec é favorável à disponibilização do tratamento na rede pública e o posicionamento será analisado pelo Ministério da Saúde, a quem cabe a decisão final. A estimativa da pasta é de cerca de 55 pacientes contemplados por ano.

·        Mobilização

Antes da reunião da Conitec, Beatriz e Laira Inácio, fundadora do Instituto Anaju, que fornece assistência a crianças com câncer e doenças raras, tiveram um encontro com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, para discutir a possibilidade de fornecimento do medicamento pelo SUS.

“Na próxima quinta-feira, dia 5, esse tema será novamente pautado na Conitec, e precisamos unir nossas forças para pressionar o governo a garantir que esse medicamento vital esteja acessível a todas as crianças que dele necessitam”, escreveram após a reunião no ministério.

“O Qarziba pode ser a esperança de muitas famílias que enfrentam o câncer infantil. Não podemos permitir que a burocracia seja um obstáculo para a vida dessas crianças. Agora, mais do que nunca, contamos com o apoio de todos para fazer nossa voz ser ouvida!”, acrescentaram na postagem no Instagram em que comentam o encontro e apresentam o depoimento de crianças com neuroblastoma.

·        Neuroblastoma

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o neuroblastoma é um câncer que acomete principalmente as crianças menores de 10 anos, incluindo recém-nascidos e lactentes. “A doença surge em geral nas glândulas adrenais, localizadas na parte superior do rim, e leva normalmente ao aumento do tamanho do abdômen”, informa.

Atualmente, o tratamento pode incluir quimioterapia, cirurgia, radioterapia e transplante de medula óssea. Com o Qarziba, a imunoterapia também entraria nessa lista.

“O Qarziba é uma imunoterapia, isto é, uma espécie de proteína que, ao se conectar com células dos tumores, ativa o sistema imunológico da pessoa para destruir estas células”, explica o Ministério da Saúde. “Nas evidências analisadas, ele demonstrou potencial de aumentar em 34% a expectativa de sobrevivência e em 29% a chance de remissão.”

 

¨      Visita de palhaços a crianças internadas pode acelerar recuperação, diz estudo

Um estudo identificou que as visitas hospitalares de palhaços podem reduzir, em média, 26 horas no tempo de internação de crianças com pneumonia, assim como diminuir um dia na duração do uso de antibióticos intravenosos.

“Acreditamos que [a atuação dos palhaços] ajuda a aliviar o estresse e a ansiedade, melhora o ajuste psicológico ao ambiente hospitalar e permite que os pacientes participem melhor dos planos de tratamento, como adesão a antibióticos orais e ingestão de fluidos, comentou a Dra. Karin Yaacoby-Bianu do Carmel Medical Center e da Faculdade de Medicina Rappaport, em Israel, quem apresentou o estudo no Congresso da Sociedade Respiratória Europeia (ERS) em Viena.

A equipe acompanhou 51 crianças hospitalizadas com pneumonia com idades entre dois e 18 anos. Para fazer a pesquisa, um grupo recebeu o tratamento padrão da doença, enquanto o outro teve, além do procedimento comum, uma visita de 15 minutos de um palhaço do Projeto Dream Doctors duas vezes ao dia durante as primeiras 48 horas de internação.

Nos momentos de descontração, os profissionais usaram técnicas para relaxar os pacientes como música, canto e imaginação guiada — além de incentivar as crianças a voltar a comer e beber sozinhas.

“Palhaços hospitalares passam por um treinamento específico para trabalhar em centros de saúde. Eles demonstraram reduzir a dor e aliviar o estresse e a ansiedade em crianças e suas famílias durante o tratamento médico, e foram gradualmente integrados em muitos aspectos do atendimento hospitalar”, disse Yaacoby-Bianu.

Como resultado, os pesquisadores descobriram que o grupo que recebeu as visitas durante a internação, em comparação ao de controle, teve uma internação mais curta, em média com 26 horas a menos, e com cerca de um dia a menos de uso de antibióticos intravenosos.

Ainda, foi identificada uma diminuição na frequência respiratória, cardíaca e nos marcadores inflamatórios.

“O riso e o humor também podem ter benefícios fisiológicos diretos, como redução da frequência respiratória e cardíaca, diminuição da retenção de ar, modulação de hormônios e melhoria da função imunológica”, disse a Dra. Karin.

Endossando a pesquisa, o Dr. Stefan Unger, presidente do Grupo ERS de Infecção Respiratória Pediátrica e Imunologia e consultor em Pediatria Respiratória no Royal Hospital for Children and Young People, no Reino Unido, comentou que os benefícios chegam até à área financeira das internações.

“Reduzir o tempo de internação infantil ao adicionar palhaços hospitalares à equipe de atendimento multidisciplinar em casos de pneumonia pode diminuir o estresse físico e emocional em crianças e suas famílias. Também pode reduzir custos e aliviar parte do fardo nos sistemas de saúde”, disse Unger.

O grupo responsável pelo estudo quer produzir mais pesquisas sobre o efeito dos palhaços hospitalares em outras doenças para ver onde eles podem ser mais eficazes.

 

Fonte: CNN Brasil

 

Nenhum comentário: