quinta-feira, 19 de setembro de 2024


 

Lauro Mattei: Arauto do atraso

O jornal O Globo de 15 de setembro de 2024 em seu editorial profetizou: “Efeito da reforma trabalhista de 2017 é positivo”. Com base em um estudo da FGV Projetos e de autoria de Bruno Ottoni afirma-se que a lei atendeu demandas específicas e “permitiu o Brasil alcançar o maior número de empregos e atingir a menor taxa de desemprego desde 2012”. Além disso, destaca-se que o rendimento médio da população economicamente ativa subiu 4,8% no segundo trimestre de 2024 em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

A expansão atual do emprego está sendo creditada ao fato de que a reforma trabalhista de 2017 “aumentou a confiança das empresas pela contratação de mão de obra com carteira assinada desestimulando a indústria de litígio trabalhista, uma vez que o número de processos trabalhistas aventureiros caiu”. Segundo o editorial, esse é o principal legado da reforma trabalhista.

Dentre outros benefícios, segundo o editorial, consta a introdução de novas modalidades contratuais: o trabalho em tempo parcial e o trabalho intermitente. No primeiro caso, menciona-se que apesar de ser prática comum entre diversas áreas profissionais, a lei permitiu que tal modalidade tivesse melhor enquadramento legal e rapidez nas contratações.

No segundo caso, informa-se que tal modalidade é mais afeita ao setor de serviços, especialmente nos ramos de bares, restaurantes e hotéis. Assim, informa-se que no período entre janeiro de 2020 e julho de 2024 de cada 10 contratações intermitentes, sete delas foram efetivadas nos ramos anteriormente mencionados.

O referido editorial é concluído com destaque para uma lição da reforma: “deve-se analisar propostas sem preconceitos e depois analisar resultados com base em evidências. A reforma trabalhista de Michel Temer é a prova de que no Brasil é possível haver mudança para melhor”.

Seguindo essa lição que o jornal O Globo quer nos ensinar, vamos apresentar outras evidências que percorrem caminhos opostos. Mas antes é importante destacar o aspecto mais relevante desse editorial: toda a argumentação foi construída com base em um estudo que não representa 6% do que é efetivamente o mercado de trabalho no Brasil. Ou seja, as novas modalidades de contratação (parcial e intermitente), não representam a dinâmica do mercado de trabalho atual, uma vez que este segue com sua lógica tradicional.

Para tanto, vamos apresentar diversas evidências empíricas relativas ao período integral da reforma trabalhista (2017-2024-2º semestre) para mostrar seus verdadeiros efeitos. Analisando o comportamento das pessoas de 14 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência por posição na ocupação e categorias do emprego principal no período integral (2017-2024) observamos que: (a) houve um crescimento maior dos empregados do setor privado sem carteira em relação aos mesmos, porém com carteira assinada. Em montantes, os sem carteiras passaram de 10.775 milhões (2º semestre de 2017 para 13.797 milhões no 2º semestre de 2024.

(b) Que o trabalho doméstico caiu expressivamente durante a pandemia e não atingiu mais a marca dos 5.928 milhões de postos de trabalho existentes em 2017, quando apenas 30% era formalizado; c) que no segundo semestre de 2024 apenas 25% dessa categoria tinha carteira assinada.

Estas informações – e diversas outras – revelam que os problemas do mercado de trabalho se expandiram após a tal da reforma, levando a um grau ainda maior da precarização das relações trabalhistas e, por consequência, das condições de vida da classe trabalhadora brasileira.

Outra evidência nesta direção diz respeito ao percentual de desocupação das pessoas de 14 anos ou mais de idade observado na semana de referência entre homens e mulheres no mesmo período (2017-2024). No caso dos homens, nota-se que esse percentual era de 49,3% em 2017, caindo para 45,8%, no segundo trimestre de 2024.

Já as mulheres partiram de um patamar de 50,7% no início da série para atingir 54,2% no 2º trimestre de 2024. Destaca-se que esse percentual se acentuou durante a pandemia e não se reduziu mais até o presente momento. Tais informações revelam a grande disparidade de gênero que ainda persiste no mercado de trabalho do país.

Esse indicador também permite analisar o comportamento da taxa de desocupação de gênero que prevalece no país. Em 2017 essa taxa era de 11,5% para os homens e de 15,2% para as mulheres, destacando-se que no auge da pandemia (2021) a taxa de desocupação das mulheres atingiu seu ápice (cerca de 18%), enquanto a dos homens foi praticamente idêntica àquela verificada em 2017. Nos dois últimos anos essas taxas caíram para 5,6% (homens) e 8,6% (mulheres).

Há, ainda, um conjunto de indicadores que poderiam ser mencionados como elementos relevantes que apontam no sentido oposto ao mencionado pelo editorial de O Globo. Por um lado, observou-se um aumento expressivo do número dos trabalhadores por conta própria no período considerado. Além disso, vemos que a informalidade do mercado de trabalho no Brasil continua elevada, ou seja, dos 39,7% registrados em 2017 chega-se aos 38,6% atuais.

Todas as informações anteriormente mencionadas fazem parte daquilo que estudiosos do mercado de trabalho classificam como “precarização”, assunto que a tal da reforma trabalhista praticamente em nada alterou, ao contrário, em alguns casos acabou incentivando e estimulando tal processo.

É inegável que a reforma de 2017 contribuiu para a precarização das relações de trabalho no país, ao mesmo tempo em que suprimiu direitos trabalhistas historicamente conquistados. Todavia, o que chama atenção é que somente no momento em que o mercado de trabalho está apresentando melhorias expressivas, busca-se creditá-las à reforma trabalhista.

Esses arautos do atraso se esquecem de mencionar que são as políticas de valorização dos salários e de estímulo ao emprego, concatenadas com as políticas macroeconômicas adotadas recentemente pelo governo atual, que estão impulsionando o crescimento econômico do país, ampliando as oportunidades de trabalho e melhorando o nível de renda de parcelas expressivas da população.

 

¨      Lula: ‘a mágica da economia é transformar as pessoas em pequenos consumidores’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou nesta terça-feira (17) sobre a importância dos micro e pequenos empreendedores para a economia brasileira em discurso no Palácio do Planalto. Lula participou da assinatura de convênios entre Sebrae, entidades setoriais e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) para impulsionar exportações.

Segundo o presidente, ninguém esperava o desempenho econômico que o país atingiu durante o seu terceiro mandato. “Nenhum de vocês imaginava, e muito menos o chamado mercado financeiro imaginava, que a gente estivesse na situação em que a gente está hoje. Vocês percebem que as coisas estão mudando. O dinheiro nesse país tem que girar, circular, não pode ficar parado na mão de pouca gente”, disse.

Na sequência, Lula enalteceu políticas criadas nos governos petistas que valorizam os pequenos empreendedores. “Você veja que se levou tanto tempo nesse país se falando de pequena e média empresa e se não fossemos nós não tinha a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, não tinha o MEI, não tinha o Ministério da Pequena e Média Empresa, a Apex não existiria. Tudo isso foi feito para criar condições de colocar os invisíveis a serem visíveis. E quando a gente consegue fazer com que os invisíveis sejam enxergados, a coisa melhora”, afirmou.

Na opinião do presidente, uma das grandes soluções para os problemas econômicos é garantir a capacidade de compra da população. “Que mundo a gente vai criar se a gente passa em São Paulo e vê aquele monte de gente dormindo na rua ou fumando crack todo dia e brigando com a polícia? São figuras que ficam abandonadas. Eu tenho que transformá-los em consumidores. A palavra mágica é transformar as pessoas em pequenos consumidores. Durante muito tempo eu fui atacado ‘porque o Lula só pensa em consumo’. E eu só penso em consumo porque não tem indústria se não tiver consumo. Ninguém vai investir em uma indústria se não tiver mercado. O milagre é a gente criar condições para que todas as pessoas tenham um pouco. Por isso, muitas vezes as pessoas se queixam do aumento do salário mínimo. O mínimo é o mínimo. Se um país cresceu 3%, aquele crescimento também teve como responsabilidade o trabalho do cara que ganha o mínimo. Então é justo que ele receba o equivalente ao aumento dos 3% da riqueza nacional”, explicou.

Por fim, Lula relembrou os ataques que recebeu de parte da imprensa quando criou o Bolsa Família. “Quando nós criamos o Bolsa Família no começo do primeiro mandato, muita gente escrevia artigo: ‘o Brasil está precisando de estrada, de pontes, por que o Lula não faz isso primeiro?’. Eu não fiz primeiro porque o povo não come cimento. O povo come feijão, arroz, farinha, pão. E era preciso garantir que ele tivesse direito. Na hora que ele tem o dinheiro e vira consumidor, ele passa a ser um cara comprador das coisas que você vender”, defendeu.

<><> Lula pede entusiasmo a Haddad em evento com empresários

O presidente Lula afirmou nesta terça-feira (17) que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, "tem que passar entusiasmo" ao falar sobre economia, mencionando ainda que "até o Alckmin passou entusiasmo", em referência ao vice e ministro do Desenvolvimento e Indústria, Geraldo Alckmin. Lula destacou a importância de transmitir confiança nas iniciativas econômicas do governo. 

Durante o evento, que formalizou um convênio entre o Sebrae e a ApexBrasil, Haddad enfatizou o potencial exportador do Brasil, enquanto Alckmin destacou os avanços na indústria e financiamentos. O acordo prevê o desenvolvimento de novas metodologias para incentivar a exportação, com foco em pequenas empresas, cooperativas e lideranças femininas no comércio exterior, contando com mais de R$ 175 milhões em investimentos.

<><> Lula diz que incêndios florestais cheiram a "oportunismo" de setores querendo criar confusão no país

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (17)  que os incêndios florestais que assolam o país têm fortes indícios de serem criminosos e "cheira a oportunismo" de alguns setores querendo criar confusões no país.

Lula participa de reunião com os chefes dos Poderes e outras instituições para tratar das queimadas. Segundo ele, a questão climática no Brasil está pior do que em qualquer outro momento. 

O chefe do Executivo aproveitou a ocasião para alertar que o governo não está "para brincadeira" com aqueles que agirem de forma criminosa.

¨      "A exportação pode ser o carro-chefe desse ciclo econômico", diz Haddad

Durante um evento de assinatura de convênio entre o Sebrae e a ApexBrasil nesta terça-feira (17), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), destacou o papel central que as exportações devem desempenhar no novo ciclo econômico brasileiro. Haddad afirmou que a exportação pode se tornar o "carro-chefe" desse momento, apoiada por reformas estruturais e instrumentos de financiamento e seguro, com foco especial no fortalecimento da participação de pequenos e médios produtores no mercado internacional.

"Esse setor é muito importante e tende a ser o carro-chefe. A exportação pode ser o carro-chefe desse ciclo econômico", ressaltou o ministro, apontando três razões principais para essa projeção.

<><> Reforma tributária como motor de crescimento

A primeira delas, segundo Haddad, está na reforma tributária, que deverá eliminar o que ele chamou de "exportação de tributos", uma característica negativa da economia brasileira. "Ninguém consegue se livrar da cumulatividade de tributos do nosso atual sistema tributário. Quando virarmos a chave e eliminarmos a cumulatividade, incluindo a questão estadual, vocês vão poder trabalhar com o preço real da mercadoria, em igualdade competitiva com seus concorrentes que estão instalados em outros países", explicou.

Haddad mencionou que o impacto positivo da reforma sobre a produtividade do país é subestimado, e que o crescimento da economia pode ser mais acelerado com as mudanças. "Poucos conseguem estimar com precisão, mas ninguém diz que é menos de 10% do PIB o impacto do crescimento nos próximos anos", afirmou.

<><> Crédito mais acessível para exportadores

A segunda questão levantada pelo ministro foi o crédito para a exportação. Haddad apontou que há uma série de instrumentos inovadores em fase inicial para facilitar o financiamento aos exportadores brasileiros. Ele destacou a importância da integração financeira com os mercados internacionais que compram os produtos nacionais, permitindo que o financiamento seja feito a custos muito baixos.

"Mesmo agora com a redução da taxa de juros americana, nós temos que diversificar nossas fontes de financiamento", afirmou Haddad, destacando que o Brasil está trabalhando para oferecer melhores condições de crédito e incentivar investimentos em plataformas de inovação no país.

<><> Garantias para pequenos e médios exportadores

O terceiro ponto abordado por Haddad foi a reestruturação da Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF), que estava anteriormente na lista de privatizações e operava com capacidade limitada. Segundo o ministro, a ABGF está sendo fortalecida para oferecer garantias robustas às exportações brasileiras, com foco em ampliar a participação dos pequenos e médios produtores no mercado externo.

"O Brasil pode ampliar muito sua pauta de exportação se o pequeno tiver as garantias que são dadas aos grandes exportadores", disse Haddad. A ABGF, em parceria com o BNDES, estará preparada para oferecer suporte completo, garantindo que produtores com bons produtos e preços competitivos possam acessar o mercado internacional com segurança.

O ministro destacou que a iniciativa de ampliar o apoio aos pequenos exportadores alinha o Brasil aos padrões de participação observados em países da OCDE. "No Brasil, ainda participamos pouco da pauta exportadora em comparação com os países desenvolvidos. Queremos mudar isso, e a ABGF vai ser uma ferramenta essencial para esse salto de qualidade", concluiu Haddad.

Com essas medidas, o governo espera transformar o ambiente econômico do país, facilitando o acesso ao mercado internacional e impulsionando o crescimento econômico, com as exportações assumindo papel central no desenvolvimento brasileiro.

 

Fonte: A Terra é Redonda/Brasil 247


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