quinta-feira, 19 de setembro de 2024

PL e MDB encabeçam candidaturas a prefeito em cidades mais desmatadas

Na corrida municipal deste ano, o Partido Liberal (PL), do ex-presidente Jair Bolsonaro, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) encabeçam as candidaturas a prefeito nas cidades com os maiores índices de desmatamento no Brasil. O Metrópoles utilizou os dados do MapBiomas Alertas e cruzou com as informações presentes no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A pauta climática entrou em debate diante da gravidade da situação dos incêndios florestais e o avanço do desmatamento em algumas regiões. Diante disso, se coloca como ponto de alerta o posicionamento de políticos mediante a emergência climática em que vive o Brasil.

Nas eleições municipais deste ano, os eleitores irão escolher os próximos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores em 5.569 municípios espalhados pelo Brasil. Só não participam do pleito o Distrito Federal e Fernando de Noronha (PE).

<><> Desmatamento

Os dados do MapBiomas Alerta mostram os municípios mais desmatados entre janeiro de 2019 e julho de 2024, por meio de imagens de satélite de alta resolução.

Segundo os dados da plataforma de monitoramento, as cidades com os maiores índices de desmatamento no período estão localizadas na Amazônia e, juntas, destruíram 1.089.548,47 hectares de vegetação.

As cidades com os maiores percentuais de área destruída são: Altamira (PA), São Félix do Xingu (PA), Lábrea (AM), Porto Velho (RO) e Apuí (AM).

O PL, de Jair Bolsonaro, disputará a prefeitura de pelo menos quatro desses municípios, assim como o MDB, do ex-presidente Michel Temer. Já o Partido dos Trabalhadores (PT), do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participa da corrida eleitoral em dois dos cinco municípios.

Pelo Código Florestal, 80% da cobertura vegetal nativa em propriedades privadas deve ser preservada. No entanto, a destruição da vegetação nativa também pode ser autorizada pelos municípios, por meio da concessão de licenças de supressão de vegetação nativa para construção de empreendimentos.

Isso, por exemplo, gera preocupação dos eleitores de que forma os candidatos irão se posicionar diante emergência climática. Além disso, como os políticos poderão tecer acordos com os estados e o governo federal para garantir a preservação das áreas de vegetação.

Dados recentes do MapBiomas mostram que, apesar de uma grande área destruída nos últimos anos, a Amazônia teve uma redução de 62,2% no desmatamento em 2023, em comparação com o ano anterior.

Sendo assim, o TSE reforma a necessidade do voto consciente, em que o eleitor se integra aos projetos dos candidatos ao Executivo municipal, e com a expectativa de melhorar o cenário político brasileiro.

•        Candidatos em cidades com mais incêndios não têm propostas contra fogo

Em meio à alta nos incêndios florestais que se espalham pelo país, grande parte dos candidatos das 10 cidades que mais concentram focos de calor não incluem, em seus respectivos planos de governo, propostas para combater as queimadas.

As cidades mais afetadas pelas queimadas são Corumbá (MS), São Félix do Xingu (PA), Altamira (PA), Novo Progresso (PA), Apuí (AM), Lábrea (AM), Itaituba (PA), Porto Velho (RO), Colniza (MT) e Novo Aripuanã (AM).

Levantamento do Metrópoles, feito com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aponta que 19 dos 42 candidatos apresentam proposições robustas para a área de meio ambiente, e apenas oito citam queimadas.

A reportagem analisou os planos de governo apresentados pelos candidatos à Justiça Eleitoral e os agrupou nos seguintes cenários: com proposta específica para o meio ambiente; com proposta genérica (que cita o tema, mas não detalha as ações a serem adotadas); e sem proposta. Além disso, o Metrópoles verificou quais documentos mencionam a questão das queimadas.

Nesse sentido, 19 candidatos elencam propostas para a área ambiental. Desse total, cinco trazem sugestões para combater os incêndios florestais. Outros 16 apresentam propostas genéricas — três citam queimadas. Por fim, sete não mencionam projetos para o meio ambiente nas cidades onde concorrem.

<><> Focos de calor no Brasil

Dados do sistema de monitoramento do Inpe demonstram que, de 1º de janeiro a 12 de setembro de 2024, foram detectados 176.317 focos de calor. O número representa um aumento de 110% em comparação com o mesmo período do ano passado.

A região Amazônica concentra grande parte dos focos de calor (49%), seguida pelo Cerrado (32,5%), pela Mata Atlântica (8,8%), pelo Pantanal (6%) e pela Caatinga (2,6%).

O Pantanal, presente em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, registrou alta de 1.913% em focos de calor neste ano. A situação na região se agravou em decorrência da forte seca que abrange o país.

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apontam que Pantanal, parte do Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia sofrem com uma onda de calor, com temperaturas de 5°C acima do normal para o período.

<><> Fogo nas eleições

O município com maior índice de incêndios é São Félix do Xingu, com 5.651 focos neste ano. O atual prefeito e candidato a reeleição, Cléber de Souza (MDB), é investigado por divulgar informações falsas e dificultar a retirada de invasores da terra indígena Apyterewa, no sudeste do Pará.

Entre os candidatos à prefeitura de São Félix do Xingu, todos possuem propostas ligadas ao meio ambiente. Os planos incluem campanhas para conscientização a respeito da preservação ambiental ou para arborização do município, que sofre com as queimadas.

Corumbá, no Mato Grosso do Sul, conhecida como capital do Pantanal, sofreu com os incêndios florestais neste ano. A nuvem de fumaça proveniente dessa área se dissipou para municípios próximos. Segundo o Inpe, a cidade pantaneira registrou 4.713 focos de calor.

A cidade sul-mato-grossense conta com quatro candidatos à prefeitura. Apenas um deles, Luiz Antonio Pardal (PP), apresenta proposta para área ambiental que cita a situação do fogo no bioma.

O município de Altamira, situado no sul do Pará, é o terceiro com maior número de focos de incêndios florestais neste ano. Concorrem à prefeitura local seis candidatos, dos quais cinco têm planos de governo disponíveis na página do TSE. Em todos, constam propostas para o meio ambiente, mas não há menção direta às queimadas.

O primeiro turno das eleições municipais está marcado para 6 de outubro. Caso necessário, o segundo turno deve ocorrer no dia 27 do mesmo mês.

 

•        Diante da inércia de Tarcísio e Nunes, vereadoras pedem que MP investigue incêndios criminosos

As vereadoras da Bancada Feminista do PSOL protocolaram uma representação ao promotor de Justiça da Promotoria de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Ministério Público de São Paulo para pedir a investigação dos incêndios criminosos realizados na capital paulista na última sexta-feira (13).

No documento, as covereadoras Silvia Ferraro, Dafne Ribeiro e Natália Oliveira afirmam que receberam diversos vídeos de denúncia dos apoiadores, que registraram diversos episódios de incêndios criminosos no Parque da Previdência e no Parque Luís Carlos Prestes, ambos na Zona Oeste da cidade.

As parlamentares afirmam que a inércia das autoridades serve de estímulo para a proliferação desta espécie de crime.

“De um lado, vislumbra-se uma verdadeira emergência climática ante o nível histórico de queimadas em todo o estado de são Paulo – cuja apurações de responsabilidades ainda é pendente, pois, ao que tudo indica, tratam-se de incêndios criminosos – que culminou, inclusive, na classificação da cidade de São Paulo como a pior qualidade do ar de todo o planeta terra durante dias consecutivos. De outra sorte, observamos dos poderes instituídos, principalmente a administração pública estadual e municipal de São Paulo, um verdadeiro negacionismo climático, em que ambas administrações quedam-se silente, se furtam de decretar estado de emergência, de tomar medidas necessárias tanto para a proteção do bioma como medidas de proteção de saúde pública, e, principalmente, se omitem em investigar a fundo e a rigor, os incêndios criminosos”, defendem.

Como consequência dos atos criminosos, a capital paulista apresentou, por três dias, a pior qualidade do ar do mundo.

 

•        Calorão ameniza no Centro-Sul, mas seca e queimadas ainda assolam Brasil

Nos próximos dias, parte do Brasil terá um alívio momentâneo da seca e do calor com a chegada de uma frente fria ao Centro-Sul do país. A partir deste domingo (15), as temperaturas que já estavam mais baixas no Sul, também ficarão mais amenas no Sudeste e em parte do Centro-Oeste.

No entanto, a mudança no clima será breve e os próximos três meses devem trazer novas ondas de altíssimas temperaturas. Segundo o Boletim Agroclimatológico do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a primavera e o verão serão desafiadores, com chuva abaixo da média para o período.

Até o meio desta semana, a massa de ar frio que se aproxima trará uma queda nas temperaturas, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. No Rio Grande do Sul, o domingo (15) pode registrar mínimas abaixo dos 10°C. Em São Paulo, o frio pode chegar a 13°C entre terça (17) e quarta-feira (18). 

O cenário não tem potencial de acabar com os mais de 5 mil focos de queimadas que se alastram pelo país. Não há previsão de chuva intensa e consistente para a região Norte, por exemplo. Portanto, o enfrentamento das queimadas no território amazônico segue um desafio.

Segundo o Inmet, pelo menos até novembro as ondas de calor continuarão atingindo parte considerável do território nacional. Na Região Norte as chuvas devem ficar abaixo da média climatológica, com temperaturas acima da média em toda a região. O leste do Amazonas e o Centro-Sul do Pará podem enfrentar temperaturas ainda mais elevadas, aumentando o risco de queimadas e incêndios florestais. 

Para o Nordeste, a previsão também é de pouca chuva e calorão. As condições devem atingir principalmente o interior. A umidade do solo deve permanecer baixa em grande parte da área.

A situação também é muito preocupante na região Centro-Oeste, onde a seca deve persistir além do período normal.  A estiagem nessa área costuma durar até o fim de setembro, mas em 2024 pode se estender para os meses seguintes. As temperaturas vão seguir altas e o risco de queimadas continuará grande. 

No Sudeste, espera-se chuvas abaixo da média em grande parte da região. As temperaturas tendem a permanecer acima da média histórica, principalmente no oeste de Minas Gerais e norte de São Paulo.

A Região Sul é a única que apresenta uma perspectiva mais positiva, com previsão de chuvas acima da média em grande parte da área. No entanto, as temperaturas devem permanecer acima da média histórica, principalmente no Paraná, oeste de Santa Catarina e noroeste do Rio Grande do Sul.

<><> Força na saúde

Diante deste cenário desafiador, o Ministério da Saúde anunciou o envio da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) para reforçar os atendimentos nas regiões mais afetadas pela seca e pelas queimadas. A medida visa mitigar os impactos na saúde da população. A partir desta segunda-feira (16), serão realizadas visitas de equipes nos estados do Acre, Amazonas e Rondônia.

O apoio da Força Nacional do SUS vai ser feito em três níveis: a orientação e organização da rede assistencial; o apoio a expansão da oferta de água a partir de pontos de hidratação; se necessário, criação de espaços otimizados dentro das próprias Unidades Básicas de Saúde ou hospitais de campanha.

As recomendações mais recentes do ministério da saúde indicam a importância de aumentar a hidratação com água potável, evitar exposição à fumaça, atividades ao ar livre e exposição ao sol;

A partir da observação das principais queixas de pessoas que procuraram atendimento médico devido às queimadas, a pasta recomenda que sintomas como náuseas e vômitos sejam relatados imediatamente para as equipes de saúde. 

Sinais de confusão mental, cansaço e dores de cabeça também devem ser motivo para busca imediata de atendimento. O ministério recomenda que as equipes municipais reforcem a vigilância a esses sintomas.

 

Fonte: Metrópoles/Jornal GGN/Brasil de Fato

 

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