Ivan Rios: ‘Arautos do Evangelho - a seita
de terror, ódio e dogmatismo a serviço da extrema direita’
Os Arautos do
Evangelho, um grupo católico conservador, têm sido alvo de uma série de
denúncias graves que incluem humilhações, tortura, assédio e estupro. Fundado
em 1999 pelo Monsenhor João Clá Dias, após um rompimento com a Tradição,
Família e Propriedade (TFP), o grupo se estabeleceu com a missão de “levar a
animação cristã às realidades temporais, segundo o seu próprio carisma”. No
entanto, as práticas internas e as relações políticas do grupo têm gerado
grande controvérsia.
Desde o início do ano
passado, o Ministério Público de São Paulo tem investigado denúncias contra os
Arautos do Evangelho. As acusações, feitas por cerca de 40 pessoas, incluem
abuso psicológico, humilhações, assédio e estupro. As mães de algumas vítimas
relataram mudanças de comportamento nos filhos, suspeitando que o grupo
incentivava o afastamento das famílias.
Mesmo diante das
denúncias, os Arautos do Evangelho mantiveram uma relação próxima com figuras
políticas, especialmente com o ex-presidente Jair Bolsonaro. O grupo foi
convidado para organizar o coral da missa de sétimo dia do falecimento da mãe
de Bolsonaro e participou de uma cerimônia natalina no Planalto, demonstrando
um alinhamento político que tem sido criticado por muitos.
A relação entre os
Arautos do Evangelho e o bolsonarismo não é isolada, mas parte de um contexto
maior de alianças com a extrema-direita global. Jair Bolsonaro, durante seu
mandato, manteve estreitas relações com figuras como Olavo de Carvalho e Steve
Bannon. Olavo de Carvalho, um influente ideólogo da direita brasileira, foi um
dos principais articuladores do pensamento conservador no Brasil, enquanto
Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump, é conhecido por suas conexões
com movimentos de extrema-direita ao redor do mundo.
Olavo de Carvalho,
falecido em janeiro de 2022, foi uma figura central na formação ideológica do
bolsonarismo. Seus ensinamentos, disseminados através de cursos online e redes
sociais, influenciaram profundamente a base de apoio de Bolsonaro. Carvalho promovia
teorias da conspiração, desinformação e um discurso de ódio contra a esquerda,
minorias e instituições democráticas. Sua retórica agressiva e polarizadora
ajudou a criar um ambiente de intolerância e radicalização política no Brasil,
que se refletiu nas políticas e discursos do governo Bolsonaro.
Steve Bannon, por sua
vez, é uma figura chave na extrema-direita global. Após ser demitido da Casa
Branca em 2017, Bannon dedicou-se a fortalecer movimentos nacionalistas e
populistas ao redor do mundo. Ele fundou a organização "The Movement"
para apoiar partidos de extrema-direita na Europa e em outros continentes.
Bannon também manteve contato próximo com Eduardo Bolsonaro, filho de Jair
Bolsonaro, e expressou publicamente seu apoio à campanha presidencial de
Bolsonaro em 2018. A influência de Bannon é evidente na estratégia de
comunicação do bolsonarismo, que utiliza táticas de desinformação, manipulação
de redes sociais e ataques a instituições democráticas, semelhantes às
empregadas por Trump nos Estados Unidos.
A aliança entre
Bolsonaro, Olavo de Carvalho e Steve Bannon representa uma convergência de
interesses e estratégias da extrema-direita global. Essa conexão não apenas
fortaleceu o bolsonarismo no Brasil, mas também contribuiu para a disseminação
de ideologias autoritárias e intolerantes. Os Arautos do Evangelho, ao se
alinharem com essa rede de influências, reforçam uma agenda conservadora e
tradicionalista que se opõe aos valores progressistas promovidos pelo Papa
Francisco e outras lideranças religiosas.
O discurso de ódio e a
tentativa de desestabilização de instituições são práticas comuns entre esses
grupos. Bolsonaro, durante seu governo, frequentemente utilizou retórica
agressiva contra opositores políticos, minorias e a imprensa. Esse tipo de
discurso é amplamente criticado por fomentar divisões sociais e incentivar a
violência. Os Arautos do Evangelho, ao se alinharem com essa retórica, reforçam
uma agenda que vai contra os princípios de respeito e dignidade humana.
Um dos aspectos mais
controversos dessa aliança é a tentativa de destituir o Papa Francisco do
poder. O Papa Francisco, conhecido por suas posições progressistas e por
promover uma Igreja mais inclusiva, tem sido alvo de críticas e ataques por
parte de grupos conservadores. A extrema-direita, incluindo figuras como
Bannon, vê o Papa Francisco como um obstáculo para seus objetivos e tem
promovido campanhas para minar sua autoridade.
O propósito dessa
intentona contra o poder papal é claro: substituir a liderança progressista do
Papa Francisco por uma mais alinhada com os valores conservadores e
autoritários da extrema-direita. Isso inclui a promoção de uma Igreja que se
opõe a direitos LGBTQ, ao aborto e a outras questões sociais progressistas. Os
Arautos do Evangelho, com sua postura de desrespeito ao Papa Francisco, se
inserem nesse contexto de tentativa de reconfiguração da Igreja Católica.
As práticas abusivas e
o alinhamento político controverso dos Arautos do Evangelho representam uma
ameaça significativa à sociedade. As denúncias de tortura, assédio e
doutrinação abusiva levantam preocupações sobre a integridade e os direitos das
pessoas envolvidas com o grupo. A necessidade de investigação e ação por parte
das autoridades é urgente para proteger essas vítimas.
Os Arautos do
Evangelho, apesar de seu reconhecimento pelo Vaticano como associação
religiosa, enfrentam sérias acusações que não podem ser ignoradas. A combinação
de práticas abusivas, desrespeito às autoridades religiosas e alinhamento
político controverso colocam em risco a integridade de seus membros e a
sociedade em geral. É imperativo que as autoridades continuem a investigar e
tomar medidas para garantir que os direitos humanos sejam respeitados e que
práticas abusivas sejam erradicadas.
Os internatos dos
Arautos do Evangelho estão localizados principalmente em castelos na Serra da
Cantareira, em Caieiras, na Grande São Paulo. As vítimas geralmente são jovens
que são aliciados pelo grupo através de promessas de uma vida dedicada à fé e à
espiritualidade. No entanto, uma vez dentro do grupo, esses jovens são
submetidos a um rígido controle e disciplina, que muitas vezes resultam em
humilhações e tortura.
Relatos de ex-membros
e investigações apontam para práticas de humilhação e tortura dentro das
instalações do grupo. Jovens são submetidos a castigos físicos e psicológicos,
com o objetivo de manter a disciplina e a obediência. Essas práticas têm gerado
traumas profundos nas vítimas, que muitas vezes têm dificuldade em se
reintegrar à sociedade após deixarem o grupo.
Há também denúncias de
assédio sexual e estupro, com vítimas alegando terem sido abusadas por membros
da organização. Essas acusações são particularmente graves, pois envolvem a
violação da integridade física e psicológica das vítimas, muitas das quais são
jovens e vulneráveis.
O grupo é acusado de
utilizar métodos de doutrinação coercitiva, incluindo exorcismos e
interrogatórios de demônios. Essas práticas são consideradas abusivas e
psicologicamente danosas, causando grande sofrimento às vítimas. A doutrinação
coercitiva visa manter o controle sobre os membros e garantir a lealdade ao
grupo.
Os Arautos do
Evangelho são conhecidos por sua aversão à institucionalidade católica e por
tratar o Papa Francisco como um anticristo. Essa postura de desrespeito às
autoridades religiosas e à hierarquia da Igreja Católica tem gerado críticas e
distanciamento de outras autoridades religiosas.
O grupo tem sido
criticado por seu alinhamento com figuras políticas controversas, como Jair
Bolsonaro. Esse alinhamento político é visto como uma tentativa de
desqualificar as denúncias contra eles como parte de um complô político, o que
gera ainda mais desconfiança e preocupação.
Essas acusações têm
gerado grande preocupação e chamado a atenção das autoridades e da sociedade
para a necessidade de investigação e ação para proteger os direitos e a
integridade das pessoas envolvidas com o grupo. A gravidade das denúncias exige
uma resposta rápida e eficaz para garantir que os responsáveis sejam punidos e
que as vítimas recebam o apoio necessário.
Os Arautos do
Evangelho, apesar de seu reconhecimento pelo Vaticano como associação
religiosa, enfrentam sérias acusações que não podem ser ignoradas. A combinação
de práticas abusivas, desrespeito às autoridades religiosas e alinhamento
político controverso colocam em risco a integridade de seus membros e a
sociedade em geral. É imperativo que as autoridades continuem a investigar e
tomar medidas para garantir que os direitos humanos sejam respeitados e que
práticas abusivas sejam erradicadas.
Diante das graves
acusações, diversas ações legais estão sendo tomadas para combater as práticas
abusivas dos Arautos do Evangelho. O Ministério Público de São Paulo e a
Defensoria Pública têm desempenhado papéis cruciais na investigação e no
ajuizamento de ações contra o grupo. A Defensoria Pública, por exemplo, ajuizou
uma ação em 2022, reunindo depoimentos de cerca de 50 vítimas, além de vídeos e
documentos que corroboram as denúncias.
As instituições
competentes para combater essas práticas incluem o Ministério Público, a
Defensoria Pública, o Tribunal de Justiça de São Paulo e a Polícia Civil. Essas
entidades têm o poder legal de investigar, processar e punir os responsáveis
por violações de direitos humanos. Além disso, a CNBB e outras autoridades
religiosas têm a responsabilidade de monitorar e denunciar práticas abusivas
dentro de organizações religiosas, garantindo que os princípios de dignidade e
respeito sejam mantidos. A colaboração entre essas instituições é essencial
para assegurar que os direitos das vítimas sejam protegidos e que a justiça
seja feita.
As denúncias contra os
Arautos do Evangelho começaram a ganhar força em 2019, quando uma matéria do
programa Fantástico, da TV Globo, revelou uma série de abusos que ocorriam
dentro das escolas do grupo. A partir dessa reportagem, mais de 70 pessoas, entre
ex-internos e pais, procuraram a Defensoria Pública do Estado de São Paulo para
denunciar os crimes cometidos na principal unidade dos Arautos do Evangelho,
localizada em Caieiras, São Paulo. Os relatos incluíam abuso psicológico,
humilhações, assédio e estupro.
Em 2020, o Ministério
Público de São Paulo abriu um inquérito para investigar as denúncias. As
investigações revelaram que os jovens internos eram submetidos a um rígido
controle e disciplina, com práticas que incluíam castigos físicos e
psicológicos. As vítimas relataram que eram obrigadas a participar de
exorcismos e interrogatórios de demônios, práticas que causavam grande
sofrimento psicológico.
Em 2021, novas
denúncias surgiram, desta vez envolvendo assédio sexual e estupro. Vítimas
alegaram que foram abusadas por membros da organização, incluindo superiores
hierárquicos. Essas denúncias levaram a uma intensificação das investigações e
ao ajuizamento de ações legais contra os Arautos do Evangelho.
Em 2022, a Defensoria
Pública do Estado de São Paulo ajuizou uma ação civil pública contra os Arautos
do Evangelho, reunindo depoimentos de cerca de 50 vítimas, além de vídeos e
documentos que corroboravam as denúncias. A ação buscava responsabilizar o grupo
pelas práticas abusivas e garantir a proteção das vítimas.
As investigações
também revelaram que os Arautos do Evangelho não respeitavam o Estatuto da
Criança e do Adolescente, nem a liberdade de ir e vir dos internos. Laudos
apontaram para a violação de direitos previstos na Constituição, comprometendo
a capacidade dos internos de se defenderem da violência praticada pelos
superiores.
Além das denúncias de
abuso físico e psicológico, as investigações revelaram que os Arautos do
Evangelho incentivavam o afastamento dos jovens de suas famílias. As mães de
algumas vítimas relataram que seus filhos apresentavam mudanças de
comportamento e medo de voltar para casa, acreditando que a única salvação
estava dentro do grupo.
As denúncias contra os
Arautos do Evangelho também chamaram a atenção da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB). A CNBB, alinhada com as diretrizes do Papa Francisco,
tem se distanciado do grupo devido às práticas abusivas e à postura de desrespeito
às autoridades eclesiásticas. A CNBB tem enfatizado a necessidade de uma
investigação rigorosa e de medidas para proteger as vítimas.
A sociedade brasileira
deve rechaçar veementemente tais ideologias e práticas porque elas representam
uma ameaça direta aos princípios democráticos, aos direitos humanos e à coesão
social. A promoção de discursos de ódio, a desinformação e as práticas abusivas
minam a integridade das instituições e fomentam a violência e a intolerância.
Para denunciar organizações sectárias, dogmáticas, autoritárias, neonazistas
e/ou neofascistas, os cidadãos podem recorrer ao Ministério Público, à
Defensoria Pública, à Polícia Civil e a organizações de direitos humanos. É
crucial que a sociedade se mobilize para proteger os valores democráticos e
garantir que práticas abusivas sejam investigadas e punidas, assegurando um
ambiente de respeito e dignidade para todos.
• "Guerra espiritual" entre
Malafaia e Pablo Marçal traga ex-satanista de Bolsonaro: "é o 666"
A cada dia que passa,
as eleições em São Paulo ganham contornos surreais com a declaração de
"guerra espiritual" de Pablo Marçal (PRTB), que trava uma batalha
direta com o pastor Silas Malafaia, guru de Jair Bolsonaro (PL).
Malafaia, que prometeu
divulgar até segunda-feira (16) uma série de três vídeos para desmascarar o
ex-coach, acaba de ganhar o apoio de um, digamos, ex-inimigo: o satanista
Victor Stavale, também conhecido como Vicky Vanilla, que disse recentemente que
abandonou o mundo das trevas e se converteu ao cristianismo.
Bolsonarista, o
ex-satanista disse em vídeo que "estava gostando desse cara",
referindo-se a Pablo Marçal, mas resolveu abandonar o ex-coach após uma atitude
de megalomania teológica, que já havia sido "denunciada" por
Malafaia.
"Me passaram um
vídeo desse vagabundo dizendo que Salomão só escreveu três livros. Eu estava
gostando desse cara [Pablo Marçal], não perdi um debate dele. Mas agora ele
fala isso de Salomão… A petulância desse cara falar de Salomão, de cuspir em
livros sagrados e proféticos, em Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos
Cânticos, cospe na Torá também, no Novo Testamento”, diz Vanilla.
Com a tese, o
ex-satanista faz coro com Malafaia, que já havia denunciado a
"megalomania" de Marçal ao se comparar com figuras bíblicas como
Salomão e Davi, o segundo rei de Israel.
"Me chama de
Eliabe [irmão mais velho de Davi] e ele se chama de Davi. Olha a megalomania.
Ele é herói, ele é o cara. E ele mente. Diz lá que eu ataco ele, porque ele não
quis se submeter a mim. Tu é um mentiroso, coloco a mão na Bíblia", disse
Malafaia em um dos primeiros vídeos no embate com o ex-coach.
No mais recente,
divulgado nesta fatídica sexta-feira (13), Malafaia lista diversas
"bobagens" bíblicas abordadas pelo ex-coach em livro e chama Marçal
de "herege".
Malafaia ainda culpa
os fiéis que, segundo ele, estariam sendo manipulados por Marçal por
"lerem pouco a Bíblia".
"Sabe qual é o
problema do povo de Deus hoje? É que o povo de Deus está lendo pouco a Bíblia.
E não tem discernimento espiritual e é enganado por esses caras, que vêm com
uma teologia toda deturpada", diz Malafaia, que complementa mais adiante:
"e aí fica engolindo e sendo manipulado por esses hereges".
"Essa, minha
gente, que é a verdade. Esse cara é cheio de heresia, de manipulação", diz
sobre o ex-coach.
Nos comentários,
Marçal invoca o outro lado da força para contra-atacar Malafaia: "Se for
pra discutir tempo, satanás tem mais tempo e faz parte de quase todas as
histórias bíblicas".
No entanto, Vanilla,
que diz já ter estado do lado do diabo como satanista convertido, já sentenciou
o ex-coach em uma interpretação há mais de uma semana, antes de se converter a
tese de Malafaia.
"Sabe o código
que ele fala - 'pegou o código' -, o código é o 666", diz ele sobre o
número atrelado ao demônio mas que, segundo ele, representa o "homem
divinamente equilibrado em seu corpo físico, mental e espiritual".
Fonte: Brasil
247/Fórum
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