Planos terroristas contra a Venezuela são
um padrão recorrente na política dos EUA, diz analista
Na terça-feira (17),
diante da Assembleia Nacional da Venezuela, o ministro das Relações Interiores,
Justiça e Paz, Diosdado Cabello, informou que a ameaça terrorista contra o país
continuava e que os órgãos de segurança encontraram um norte-americano que
supostamente integrava as ações. A Sputnik ouviu o especialista Diego Sequera
sobre o assunto.
Há alguns dias, o
ministro venezuelano deu detalhes do desmantelamento de uma suposta conspiração
terrorista que buscava desestabilizar a Venezuela. A denúncia revelou a
existência de um plano que incluía a aquisição de 400 armas de fogo para uso
militar por atores ligados a grupos mercenários internacionais, incluindo
membros da força de operações especiais SEAL da Marinha dos EUA.
Em entrevista à
Sputnik, o pesquisador e o fundador do think tank Misión Verdad, Diego Sequera,
apresentou sua perspectiva sobre esses acontecimentos e o que eles representam
para o futuro imediato da nação sul-americana.
Para Sequera, o
primeiro ponto a destacar é a "definição já completa, sem qualquer tipo de
discussão semântica" do que significa a frase eleitoral da oposição
venezuelana e que foi resumida em "até o fim".
Segundo o
investigador, essa conspiração insere-se em um quadro de pressão internacional
em que "a única maneira pela qual a suposta dureza das suas palavras [de
María Corina Machado] poderia ser comparada com o que estamos vivendo era
precisamente com ações de força, seja física [...] militar, seja são de
natureza cibernética, ou se são também percepção e discurso".
Segundo o
investigador, isso reforça a ideia de que a política de oposição venezuelana
não só procura deslegitimar o governo de Nicolás Maduro, mas também procura
implementar métodos mais diretos para atingir os seus objetivos.
"Estamos falando
de um tipo de operação de carácter secreto [...] algo que persiste na história
dos Estados Unidos desde a criação do Conselho de Segurança Nacional e da CIA
em 1947", sustenta o especialista, notando que, embora certos elementos
tenham mudado, a estrutura fundamental das ações secretas permanece a mesma,
com a participação de atores privados que executam esses planos sob a proteção
de figuras políticas norte-americanas.
Para Sequera, as
ligações entre estes números e os setores energéticos, como a ExxonMobil, são
essenciais para compreender a dinâmica de poder na América Latina e, em
particular, as tensões em torno da Venezuela. O especialista alerta ainda para
o uso contínuo de sanções econômicas como instrumento de pressão por parte dos
intervenientes norte-americanos, que procuram explorar as fraquezas estruturais
da Venezuela.
Sequera considerou que
as tensões internas dos Estados Unidos em relação à Venezuela deixam claro que
a questão venezuelana sempre foi uma questão bipartidária na política
norte-americana.
"A discussão
sobre a Venezuela nunca será uma questão de substância. As grandes diferenças e
os grandes confrontos têm a ver com a forma", diz ele, destacando como
tanto os democratas como os republicanos adotaram uma postura agressiva em
relação ao governo Maduro que se agrava com as sanções impostas.
Na opinião do
pesquisador, dado o desastre da oposição interna na Venezuela, os atores
externos também emergem para desempenhar um papel de ponta no ataque contra a
nação sul-americana, especialmente Javier Milei da Argentina.
Por fim, Sequera
considera que se a Venezuela conseguisse obter um assento pleno no BRICS, o
país poderia assumir um papel geopolítico mais proeminente, fazendo de sua
prática diplomática "uma grande garantia para qualquer um dos seus
parceiros estratégicos", conclui.
¨ Venezuela: segue a guerra quente. Por Elaine Tavares
Depois de ter
enfrentado uma guerra econômica por parte dos Estados Unidos desde 2015, a
Venezuela continua sendo atacada de diversas maneiras. Como no campo da
economia o país conseguiu se desvencilhar das armadilhas dos EUA, agora,
passadas as eleições e com a vitória confirmada de Nicolás Maduro, a tática tem
sido a da sabotagem de espaços estratégicos no país, com impacto direto na
população.
Primeiro foi um apagão
elétrico e nesta semana o ataque foi na estação de trem subterrâneo Libertador
Simón Bolívar, que foi incendiada de forma criminosa, também a partir de uma
pane elétrica, causando muitos problemas de mobilidade para a população.
Não bastassem as
sabotagens realizadas dentro do país, no último dia 2 de setembro os Estados
Unidos também simplesmente roubaram o avião presidencial da Venezuela. O avião
estava na República Dominicana e foi transladado para Miami, violando todas as
leis internacionais. Importante lembrar que no começo deste ano os Estados
Unidos também “confiscaram” sem qualquer justificativa outro avião de
transporte venezuelano que estava na Argentina. O avião foi levado e em seguida
destruído.
Vale ressaltar a
completa submissão destes países – república Dominicana e Argentina – diante da
ação estadunidense. A estratégia é enfraquecer e isolar a Venezuela.
O país do Tio Sam age
como se fosse o “xerife” do mundo e os demais países aplaudem ou silenciam em
cumplicidade. Fazendo uma analogia com os filmes de faroeste que tanto sucesso
fizeram no cinema, o xerife em questão é um bandido e pelo que se pode ver, sem
adversários no campo já que as chamadas esquerdas, não só no Brasil, mas em
vários países da América Latina, também entraram na onda de que a Venezuela é
uma ditadura.
Não dá para negar que
há problemas na Venezuela, mas não é uma ditadura e parece inacreditável que
ainda se acreditem nas mentiras criadas pelo imperialismo estadunidense.
O mesmo se pode falar
do que acontece na Palestina. Com o apoio total dos Estados Unidos, Israel
extermina um povo inteiro, com a maioria dos países totalmente em silêncio
diante da barbárie.
¨ A plutocracia norte-americana. Por Pedro Miguel Cardoso
Os Estados Unidos da
América (EUA) têm defendido ao longo da sua história a liberdade e a
democracia? Este texto não tem espaço para analisar os muitos exemplos de
políticas internas e externas deste país, mas tem espaço para argumentar que as
ideias proclamadas de defesa da liberdade e da democracia sempre foram mentiras
ou mistificações subordinadas ao interesse material e ao poder das suas classes
dominantes.
Podíamos começar por
recordar simbolicamente que o comandante militar e protagonista político da
revolta pela independência: George Washington, o autor principal da declaração
de independência em 1776: Thomas Jefferson, e o aclamado “Pai” da Constituição
Federal de 1787: James Madison, foram os três proprietários de pessoas
escravizadas e assim se mantiveram ao longo da vida.
A questão é que a
escravatura não foi algo que persistiu apesar da independência e da revolução
liberal, experienciou o seu máximo desenvolvimento depois delas. De 1783 no
final da Revolução Americana, até 1861, o número de pessoas escravizadas nos
EUA multiplicou-se várias vezes e essa expansão transformaram os Estados do sul
numa força dominante no mercado global do algodão.
No tempo de uma vida,
o Sul dos EUA cresceu de zonas costeiras de plantações para um espaço de
dimensão continental. Os empreendedores escravocratas moveram pela força mais
de um milhão de pessoas escravizadas para vastos territórios também apropriados
pela força aos habitantes nativos.
A expansão da
escravatura formatou todos os aspetos da economia e da política da nova nação,
não apenas aumentando o seu poder e território, mas também diferenciando
identidades regionais e interesses. A defesa da liberdade, a justificação da
escravatura e a destruição dos povos indígenas estiveram intimamente ligados.
Sempre foi a liberdade para alguns em detrimento de outros.
Depois da guerra civil
e da abolição formal da escravatura foram implementados novos mecanismos de
discriminação e opressão. A segregação racial e o trabalho forçado foram uma
duradoura realidade e a violência de viés racial manteve-se e mantém-se. Na atualidade,
os EUA contabilizam a maior população prisional do mundo em termos absolutos,
contando com uma alta percentagem das populações historicamente discriminadas e
oprimidas.
Em relação à
democracia podíamos abordar as exclusões históricas de significativos setores
sociais, tal como em outros países de referência do liberalismo. Os
afro-americanos, as populações indígenas e as mulheres foram durante muito
tempo afastadas da participação política.
Além disso, o sistema
político com o colégio eleitoral, constituído por representantes dos Estados,
para a eleição do presidente dos EUA estabeleceu desde o início distorções que
se prolongam na atualidade. Há também mecanismos de manipulação, como o “gerrymandering”
que é um método de definir os distritos eleitorais de um território para obter
vantagens no número de representantes políticos eleitos, utilizado para
favorecer ou prejudicar um determinado grupo social ou político.
Mas sobretudo, importa
destacar como o grande capital representado em Wall Street e
os doadores financeiros dominam completamente os processos económicos,
políticos, mediáticos e eleitorais nos EUA e todas as estruturas estatais. Os
candidatos ao congresso, senado e presidência dos EUA, são em regra cidadãos
ricos e ricamente financiados por interesses privados. Por isso, há académicos
que consideram o termo plutocracia (o governo dos ricos para os ricos) mais
adequado para descrever o sistema vigente no país.
No plano externo,
ainda mais evidentes são as políticas contra a democracia e a liberdade: golpes
de Estado para remover presidentes e governos democraticamente eleitos, guerras
e invasões para garantir controlo de recursos naturais noutros países, combate
ao socialismo e ao comunismo e promoção do terrorismo a nível mundial.
Em resumo, se
analisarmos para além da propaganda e da ideologia promovida, o essencial das
políticas dos EUA não tem sido a defesa da democracia e da liberdade, mas sim a
defesa dos interesses das suas classes dominantes e do seu imperialismo a nível
mundial.
Fonte: Sputnik Brasil/Correio
da Cidadania/A Terra é Redonda
Nenhum comentário:
Postar um comentário