segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Lula sugere 'referendo' sobre territórios na Ucrânia e diz que G20 não vai discutir a guerra

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a comentar, nesta sexta-feira (1º), a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Na fala, o petista repetiu o argumento de que "falta conversa" entre os dois lados do conflito e cobrou que a comunidade internacional se posicione para mediar um debate.

Lula também avisou que a Cúpula do G20, reunião dos chefes de Estado do bloco que reúne as maiores economias do mundo, marcada para este mês de novembro, no Rio de Janeiro, não deve colocar em pauta o conflito no Leste Europeu.

"Nós temos dois pequenos problemas. Nós não convidamos o [presidente da Ucrânia, Volodymyr] Zelensky para participar, e o [presidente da Rússia, Vladmir] Putin não vai participar. Nós não achamos que esse fórum do G20 será espaço para discutir a guerra entre os dois países. Achamos que esse fórum é para discutir os temas abordados no ultimo G20", frisou.

Na fala, Lula cobrou os organismos internacionais, em especial, a Organização das Nações Unidas (ONU) por uma participação mais atuante no conflito, e defendeu que falta mais "estrutura, poder e credibilidade" dentro do Conselho de Segurança para discutir a guerra na Ucrânia.

"Não vai ser no G20 que a gente vai discutir esse assunto. E acho que os companheiros Putin e Zelensky não virão a esse encontro. Não virão. E eu acho que isso é importante, porque nós queremos discutir outras coisas que são importantes para a humanidade, e não transformar o G20 em uma discussão sobre a guerra seja de Israel, seja da Ucrânia e da Rússia", seguiu.

O chamado G20 abrange dois terços da população mundial.

🔎Durante o mandato, a agenda do Brasil tem se concentrado em três temas: desenvolvimento sustentável, reforma das instituições multilaterais e combate à fome, à pobreza e à desigualdade.

·        Referendo sobre regiões anexadas

Ainda nesse âmbito, o petista lembrou que o Brasil e a China têm se colocado à disposição para mediar negociações de paz, e defendeu que uma "boa solução" para o fim dos confrontos e da disputa pelos territórios invadidos seria a realização de um referendo nas áreas ocupadas.

"Eu fico imaginando que falta conversa entre as pessoas. Eu fico pensando: a Rússia diz que o território que eles estão ocupando é russo. A Ucrânia diz que é deles. Por que ao invés disso, não se faz um referendo para saber com quem o povo quer ficar?", questionou o presidente.

"Seria muito mais simples, muito mais democrático muito mais justo deixar o povo decidir. Consultar o povo pra saber com quem eles querem ficar", declarou em entrevista à radio francesa TF1, nesta tarde.

Porém, em setembro de 2022, a Rússia promoveu uma iniciativa semelhante. A votação ocorreu durante cinco dias em quatro regiões da Ucrânia — Donetsk e Luhansk, no leste, e Zaporizhzhia e Kherson, no sul. Juntas, elas respondem por 15% do território ucraniano.

Segundo o resultado parcial anunciado pelo governo russo, 96% dos moradores da região, que estão na Rússia e votaram à distância, teriam escolhido ser anexados ao governo de Vladmir Putin. É o que afirmou a agência de notícias estatal do país Tass.

Kiev e os países aliados do Ocidente não reconheceram os resultados e afirmaram que a consulta pública se tratou de uma farsa. Já o chefe do Parlamento russo disse que, com o resultado, as áreas seriam anexadas.

·        Avanço sobre territórios

A Rússia tomou 196,1 km² do território ucraniano entre os dias 20 a 27 de outubro, marcando o avanço semanal mais rápido das forças russas neste ano, segundo informou a agência Reuters.

A guerra que já dura dois anos e meio está entrando na fase que os oficiais russos dizem ser a mais perigosa, à medida que as forças russas avançam e o Ocidente pondera sobre como o conflito irá terminar, conforme a agência.

A Rússia controla a Crimeia, que anexou da Ucrânia em 2014, cerca de 80% do Donbas — uma zona de carvão e aço composta pelas regiões de Donetsk e Luhansk — e mais de 70% das regiões de Zaporizhzhia e Kherson.

¨      Lula torce para que Kamala Harris vença as eleições nos EUA para 'fortalecer' a democracia

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse em entrevista nesta sexta-feira (1º) que espera que a candidata democrata, Kamala Harris, vença as eleições nos Estados Unidos.

"Com Kamala Harris é muito mais seguro fortalecer a democracia; vimos o que foi o presidente (Donald) Trump [...] aquele ataque ao Capitólio, algo que era impensável que acontecesse nos Estados Unidos, porque foram apresentados ao mundo como modelo de democracia, e esse modelo ruiu", disse Lula em entrevista a um canal de TV da Europa.

O presidente ressaltou que ele é "um amante da democracia", definida por Lula como "a coisa mais sagrada que foi construída para governar".

"Obviamente espero que Kamala ganhe as eleições", arrematou.

O presidente do Brasil Lula da Silva está discursando na reunião dos líderes de

Esta é a primeira vez que Lula expressa abertamente seu apoio para que Kamala Harris seja eleita presidente dos EUA.

As eleições nos EUA serão realizadas na próxima terça-feira (5). Neste momento as pesquisas apontam para um empate técnico entre Harris e Trump.

 

¨      Brasil x Venezuela: analistas veem pior momento da relação desde que Lula assumiu, mas divergem sobre ruptura

Diplomatas, analistas e professores ouvidos pela GloboNews avaliam que o momento na relação com a Venezuela é o mais "tenso" desde o começo do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2023. Eles divergem, contudo, sobre a possibilidade de uma ruptura diplomática.

Embora aliados históricos, Lula e Nicolás Maduro passaram a ter divergências políticas públicas, que chegaram a níveis diplomáticos.

Essas divergências começaram a partir do momento em que o brasileiro começou a questionar o desenrolar do processo eleitoral venezuelano, contestado pela comunidade internacional em razão da falta de transparência sobre o resultado.

Em julho, após a votação no país, o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano reconheceu a vitória de Maduro, mas não divulgou as chamadas atas eleitorais.

Além disso, a Suprema Corte do país, alinhada a Maduro, também reconheceu sua vitória e proibiu a divulgação das atas, que, segundo a oposição, demonstrariam a vitória de Edmundo González.

Nos episódios mais recentes:

Além disso, em um ato de um órgão de governo e não da diplomacia, a Polícia Bolivariana da Venezuela publicou uma imagem com a bandeira do Brasil e a silhueta de um homem que aparenta ser o presidente Lula com a seguinte mensagem: "Quem se mete com a Venezuela se dá mal."

Em resposta, o Itamaraty divulgou nota em que diz ver com "surpresa" o tom ofensivo adotado pela Venezuela contra o Brasil.

<><> Chance de ruptura

Segundo um diplomata, não há "chance alguma" de o Brasil romper as relações com a Venezuela, a menos que o país vizinho adote essa medida drástica.

Já o professor Amâncio Jorge, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), entende que a estratégia do governo brasileiro é a de tentar "diminuir a temperatura". Ele, contudo, avalia que há o "risco" da ruptura diplomática em razão das medidas adotadas pelo regime de Maduro.

"Acho que é o momento mais tenso nas relações. Houve um momento muito tenso na relação Brasil e Venezuela no governo Bolsonaro. [...] Mas, em toda a história do Lula e do PT no poder, este é o pior momento das relações", afirmou o professor.

"À medida em que o governo Maduro pede a volta do embaixador, acho que existe a possibilidade [de ruptura das relações diplomáticas]. Claro que o governo brasileiro vai fazer todo o esforço para uma ruptura formal não acontecer, mas esse risco está dado", acrescentou.

Para o professor José Luis Oreiro, do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), se os dois países "escalarem" o conflito, pode se chegar a um cenário de rompimento das relações diplomáticas.

Para ele, faltou, por parte de Brasil e Venezuela, "combinar" como seriam as divergências públicas, o que deixou o clima "muito mais tenso".

<><> Estratégia 'equivocada'

Hussein Kalout, conselheiro consultivo internacional do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), afirma que o Brasil adotou uma estratégia "equivocada" nas relações diplomáticas com a Venezuela desde que o presidente Lula tomou posse para o terceiro mandato.

Ele afirma que o governo brasileiro "antecipou legitimidade em demasia" a Maduro, "elevou de forma muito rápida e sem a ponderação necessária" o prestigio do presidente venezuelano e buscou reintegrar o regime "achando que o Brasil teria influência, o que não se materializou".

"O que existe hoje é uma política de insultos e de hostilidades por parte do governo Maduro, o que é ultrajante, com um governo, digamos, complacente com muitos erros [...] O governo brasileiro foi complacente e a razão disso foi buscar não condenar e não criticar abertamente, numa tentativa de influenciar positivamente e se chegar a uma solução no contexto interno", afirmou.

"Acho que o governo brasileiro precisa definir o que quer com a Venezuela. A complacência obedecia a uma estratégia: tentar ajudar a encontrar consenso no país para acomodar governo e oposição. A estratégia subestimou as intenções do Maduro. [...] Foi uma estratégia equivocada, achando que o Brasil teria influência, o que não se materializou", completou.

Para o conselheiro do Cebri, a situação do Brasil está "difícil" porque, avalia, o regime de Maduro não vai parar até que o Brasil retire o veto à entrada da Venezuela no Brics.

"Tem que ver até onde vai o limite da paciência do Brasil. Qual o risco? O Brasil ter a embaixadora expulsa de Carcas", declarou.

<><> Oportunidade 'de ouro'

Para Pio Pena Filho, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), o governo brasileiro tem uma oportunidade "de ouro" para se distanciar do governo de Nicolás Maduro.

Ressalta, porém, que a tradição diplomática brasileira é não desafiar nenhum governo e não "encarar" chefes de Estado.

"Não interessa a ruptura, mas, por outro lado, a densidade das relações é muito baixa. A gente só tem prejuízo nessa relação. [...] A postura da Venezuela tem sido atirar contra todo mundo, é um país que desafia, segue a lógica de que, quanto mais tensão internacional houver, mais o governo usará isso para se firmar internamente", disse.

<><> Analistas não esperam ruptura

Dados levantados pelo jornal "Valor Econômico" mostram que o fluxo comercial entre os dois países, isto é, a soma das exportações e das importações, chegou a US$ 752 milhões entre janeiro e junho deste ano, resultado que se manteve estável na comparação com o mesmo período de 2023.

Ainda conforme o "Valor", os principais itens negociados entre os dois países são açúcares e melaços; gorduras e óleos vegetais; e adubos ou fertilizantes químicos.

Nesse contexto, Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, afirma ser "pouco provável" que Brasil e Venezuela rompam as relações diplomáticas. Ele avalia que deve prevalecer o interesse dos dois países, principalmente na cooperação na área econômica.

Na mesma linha, Carlos Braga Monteiro, do Grupo Studio, defendeu a busca pelo diálogo afirmando que não espera uma "ruptura completa", mas a "tendência" é que a tensão atual acabe refletindo no comércio entre os dois países. Diante disso, afirma, Brasil e Venezuela precisam "estabelecer um diálogo mais pragmático".

Alex Andrade, da Swiss Capital Invest, por sua vez, diz ser "notável" que o governo brasileiro busca postura "cautelosa", o que, para ele, sugere "esforço para manter as linhas de diálogo abertas".

"Apesar das evidentes tensões, é improvável que haja uma ruptura total nas relações, considerando a importância da estabilidade regional para ambos os países", declarou.

 

¨      Brasil vê com surpresa ataques em 'tom ofensivo' da Venezuela contra Lula e diplomatas

O Itamaraty divulgou uma nota em que considera uma "surpresa" os ataques da Venezuela ao presidente Lula (PT) e a diplomatas brasileiros após o país ter atuado nos bastidores para bloquear a sua entrada no Brics, bloco dos países emergentes. 

No documento, o Brasil define como "tom ofensivo" o teor das declarações dadas pelo presidete Nicolás Maduro contra o presidente da República, Lula, diplomatas brasileiros e assessores do Palácio do Planalto.

"A opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo", se posicionou o governo brasileiro, que ressaltou respeitar "plenamente a soberania de cada país".

Mais cedo nesta sexta-feira (1), o Itamaraty definiu a divulgação da nota para deixar claro que não gostou dos ataques de Maduro direcionados ao Brasil.

Na avaliação de uma fonte do ministério, não dava mais para a diplomacia brasileira se calar diante de tantos ataques. "Foram várias ofensas dirigidas ao Brasil", diz essa fonte.

<><> Eleição e recusa nos Brics

Nesta semana, a Venezuela agravou a crise diplomática ao convocar o embaixador do país no Brasil e afirmou que o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, atua como "um mensageiro do imperialismo norte-americano".

A crise entre os países teve início quando o Brasil não reconheceu a autoproclamada vitória de Nicolás Maduro na eleição do país, em julho. A vitória foi confirmada por órgão eleitorais venezuelanos que são alinhados a Maduro.

Mais recentemente, o Brasil e posicionou contra a entrada da Venezuela no Brics, o bloco dos países emergentes. Maduro cobrou que Lula se pronunciasse sobre a posição contrária.

Ainda nesta semana, a polícia da Venezuela publicou uma foto com bandeira do Brasil e os dizeres "Quem se mete com a Venezuela se dá mal". Na imagem também aparece silhueta de um homem que aparenta ser o presidente Lula.

<><> Íntegra da nota do Itamaraty

"O governo brasileiro constata com surpresa o tom ofensivo adotado por manifestações de autoridades venezuelanas em relação ao Brasil e aos seus símbolos nacionais.

A opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo.

O Brasil sempre teve muito apreço ao princípio da não-intervenção e respeita plenamente a soberania de cada país e em especial a de seus vizinhos.

O interesse do governo brasileiro sobre o processo eleitoral venezuelano decorre, entre outros fatores, da condição de testemunha dos Acordos de Barbados, para o qual foi convidado, assim como para o acompanhamento do pleito de 28 de julho.

O governo brasileiro segue convicto de que parcerias devem ser baseadas no diálogo franco, no respeito às diferenças e no entendimento mútuo."

 

Fonte: g1

 

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