Eleitores americanos comentam o ‘voto pelo
correio’ serviço alvo de questionamentos sobre segurança
Para brasileiros
acostumados com urnas eletrônicas, o voto por correio pode parecer algo
estranho ou sem muita credibilidade, mas é uma realidade nos Estados Unidos, e
uma das opções para votar em um dos pleitos mais acirrados do país.
Preenchendo uma cédula
de votação, é possível depositá-la em uma agência dos correios norte-americano,
de competência federal, ou em uma das caixas de correspondências espalhadas por
cidades como Charlotte, na Carolina do Norte, que tem sido observada de perto
pelo candidato republicano Donald Trump e pela candidata democrata Kamala
Harris no pleito deste ano. Isso porque o Estado é considero pêndulo, ou seja,
ora vota por um partido, ora vota pelo outro, o que faz com que esses Estados
sejam muito disputados por quem quer ganhar o voto dos eleitores. O Terra foi
conferir como funciona o sistema e ouviu a opinião de americanos que consideram
o sistema confiável e, principalmente, conveniente para a correria do dia a dia
das grandes cidades.
O norte-americano
Zack, por exemplo, que é natural de Charlotte, considera que o sistema garante
acesso a qualquer pessoa que queira votar nas eleições, mas, que por alguma
razão, não tem tempo de ir a algum local de votação para valer esse direito.
“[O sistema de voto por correio] permite que nossos votos sejam contabilizados
como um benefício acessível, um serviço público e, além de tudo, gratuito”,
elencou em conversa com a reportagem. Zack até empurrou uma caixa de
correspondência e tentou colocar sua mão dentro do baú para provar que não tem
como acessar o conteúdo depositado. “Eu diria que, definitivamente, é preso ao
chão, eu não consigo mover, não há nada que eu possa realmente fazer para
acessar [o interior da caixa]; minhas mãos são pequenas e mesmo assim não
consigo fazer nada”.
Já Danae Gregor, que
também conversou com o Terra, disse que nunca votou pelo correio, mas já
auxiliou os pais a participarem do pleito dessa forma. “Eles utilizaram o
serviço de correio e não tiveram nenhum problema. Eu literalmente os vi
preenchendo [a cédula de votação], colocando no correio, enviando, e o voto
deles estava lá”, completou. A americana ressaltou ainda que nem é preciso ir
atrás de uma caixa de correspondência pela cidade. “Você pode literalmente
enviar [o voto] de sua casa [através de sua caixa de correio], é só cinco
segundos de distância (...) eu fiz isso para os meus pais, eles me deram a
célula de votação e eu coloquei na caixa de correspondência, eu tive essa
experiência.” O Terra foi até a uma agência de correios dos Estados Unidos para
saber como é o sistema de voto por correio. Mesmo não podendo registrar imagens
dentro do local, já que é uma propriedade federal, conseguimos ver uma cédula
de perto: uma espécie de caderneta, que é lacrada e separada das demais
correspondências para que não se misturem com demais correspondências.
·
‘Não vejo a hora de acabar’
Apesar das facilidades
para votar, os americanos têm sentido uma tensão no ar, um reflexo da
polarização entre democratas e republicanos que tem até dividido famílias no
país. “Eu sinto essa tensão alta nas eleições até dentro de casa. Minha irmã e
minha mãe pensam de formas diferentes; elas apoiam candidatos opostos,
principalmente por causa do direito ao aborto para as mulheres”, explicou Danae
Gregor. “Elas não chegam a brigar porque tem uma ótima relação, cada uma
defende o seu ponto, mas não chegam a discutir feio. Porém, se um estranho
falar com outro estranho e eles tiverem lados diferentes, não sei se posso
dizer a mesma coisa, eles não se conhecem, não são próximos, então podem ir
além de uma discussão saudável”.
Questionado sobre o
clima das eleições, Zack confessou que não vê a hora de chegar o dia 5 de
novembro – dia da votação de fato – para as coisas de acalmarem. “Tem muita
intensidade nessas eleições, as emoções estão altas; eu tenho um sentimento de
que vai ser um bom resultado porque muitas pessoas querem participar da eleição
sabendo que o impacto será maior do que jamais foi”, opina. “Mesmo sendo dois
partidos diferentes, seja qual lado ganhar ou perder, tenho sentimento de que
uma vez que isso passar; seja qual partido vença, nós aqui em Charlotte vamos
nos ajustar a isso,” pontuou.
¨ Funcionários de empresas de máquinas de votação dos EUA se
preparam para desinformação e protegem dados pessoais
Funcionários de
empresas de máquinas de votação dos Estados Unidos removeram informações
públicas sobre si mesmos da internet e fizeram planos de contingência com as
autoridades policiais locais antes da eleição de 2024, depois de sofrerem
assédio em 2020, de acordo com representantes do setor. Após a eleição de 2020,
que o candidato republicano Donald Trump alegou falsamente ter vencido, alguns
funcionários de fornecedores de tecnologia eleitoral relataram que foram
vítimas de "doxxing" -- quando informações privadas sobre suas casas,
como fotos de suas portas de entrada, foram compartilhadas online, de acordo
com Sara Cutter, diretora executiva do Conselho Americano de Tecnologia
Eleitoral.
Os funcionários das
empresas que fornecem equipamentos e serviços para máquinas de votação não
estão se arriscando desta vez, disse Cutter. Ela disse que eles estavam
conversando com a polícia sobre como se preparar, inclusive no caso de serem
vítimas de "swatting" -- quando um falso crime é relatado para
induzir uma resposta policial pesada e armada na casa de alguém. O "nível
de ameaça aumentou exponencialmente e não arrefeceu desde 2020", disse
Cutter. Sua organização foi criada em 2022 e inclui empresas como a Election
Systems & Software e a Smartmatic.
Ela se recusou a
comentar sobre quaisquer preparativos legais específicos que estejam sendo
feitos pelas empresas, mas disse que algumas tomaram medidas significativas
para se planejar para quaisquer ameaças físicas. A Smartmatic, a Dominion
Voting Systems e outras empresas também estão tentando combater desinformação
sobre si mesmas e seus proprietários, desmascarando em seus sites uma variedade
de alegações falsas que foram compartilhadas online, incluindo afirmações de
que o investidor bilionário George Soros tem uma participação acionária ou que
elas têm vínculos com o Partido Comunista Chinês. A Smartmatic, uma fornecedora
de tecnologia de votação, enviou uma carta às organizações de imprensa esta
semana na qual solicitava "cooperação vital para evitar a disseminação de
desinformação sobre a tecnologia e os serviços que forneceremos".
Cutter disse que as
empresas de tecnologia de votação também têm oferecido visitas às suas
instalações e entrado em contato com administradores eleitorais e com a mídia
para ajudar a conscientizar sobre como elas operam. Em setembro, o meio de
comunicação conservador Newsmax Media chegou a um acordo confidencial com a
Smartmatic sobre falsas alegações que publicou de que suas máquinas haviam sido
manipuladas para ajudar a roubar a eleição de 2020 de Trump, e a Fox resolveu
um processo de difamação da Dominion por 787,5 milhões de dólares no ano
passado.
Nos últimos dias, Elon
Musk e a deputada Marjorie Taylor Greene, proeminentes apoiadores de Trump,
reavivaram alegações já desmentidas de que os resultados das máquinas de
votação da Dominion não são confiáveis.
A Dominion -- cujo
equipamento está em uso em distritos que somam mais de 52 milhões de eleitores
registrados em 27 Estados -- postou na plataforma de redes sociais X, de Musk,
que está "monitorando de perto as alegações sobre a eleição de novembro de
2024" e "continua totalmente preparada para defender nossa empresa e
nossos clientes contra mentiras e aqueles que as espalham".
Um porta-voz da
campanha de Trump não respondeu a um pedido de comentário nesta quinta-feira.
¨ EUA usam Colégio Eleitoral em vez do voto popular na eleição
para presidente; saiba o porquê
O presidente dos Estados
Unidos não é eleito diretamente pelo voto da
população. Quem o elege é, na verdade, um Colégio Eleitoral, formado por 538
delegados. A explicação para o país adotar esse sistema tem raízes históricas
ainda no século 18, quando, no contexto da época, era praticamente impossível a
realização de uma votação popular nacional para escolher um presidente.
👉 O tamanho do país e as dificuldades de
comunicação fizeram com que, então, os legisladores que elaboraram a
Constituição dos EUA em 1787 decidissem por esse sistema.
O objetivo
era preservar o papel constitucional dos estados nas eleições
presidenciais e equilibrar o processo, garantindo que diferentes
perspectivas e necessidades regionais fossem consideradas. Os estados menores,
por exemplo, ganharam poder de voz e certa igualdade frente aos maiores. Nesse
modelo, porém, o voto popular — que vem dos eleitores comuns — ainda é
decisivo e dá os rumos para a escolha do próximo governante. O Colégio
Eleitoral, na prática, apenas valida a escolha dos milhões de eleitores.
1. Como
surgiu o Colégio Eleitoral?
O sistema do Colégio
Eleitoral surgiu ainda no século 18, quando a Constituição dos Estados Unidos
estava sendo elaborada. Naquela época, o país ainda estava sendo povoado em
algumas áreas, enquanto outras localidades eram mais desenvolvidas.
Diante de um
território tão grande e dos desafios da comunicação da época, fazer uma eleição
nacional com voto popular seria praticamente impossível. Escolher um presidente
apenas com base na opinião de autoridades que estavam na capital também estava
fora do baralho. Com isso, surgiu o Colégio Eleitoral. Delegados foram nomeados
em cada estado para formar uma eleição representativa, que atendesse aos
interesses de cada região do país.
2. Como
funciona o Colégio Eleitoral?
Atualmente, o Colégio
Eleitoral dos Estados Unidos é composto por 538 delegados. Cada estado possui
um número de representantes diferente, que varia de acordo com o tamanho da
população e do número de parlamentares na Câmara e no Senado.
Resumidamente, estados
mais populosos tendem a ter mais delegados. Já os menores não têm um peso tão
grande, mas ainda podem ser decisivos.
No dia 5 de novembro,
os eleitores vão às urnas para votar em quem deve ser o próximo presidente. Em
linhas gerais, essa votação serve para que a população indique aos delegados
daquele estado quem eles querem que seja o próximo governante. Com exceção do
Maine e do Nebraska, que possuem divisões internas, o candidato mais votado de
cada estado pelos eleitores leva todos os delegados daquela área — mesmo que a
vitória seja apenas por um voto de diferença. Para vencer a eleição,
o candidato à Presidência precisa ganhar, pelo menos, 270 dos 538
delegados que compõem o Colégio Eleitoral. A reunião do colégio acontece
semanas após as eleições, e o novo presidente é oficialmente nomeado.
3. Quantos
delegados tem cada estado?
Nebraska e Maine
possuem um sistema diferente de delegados:
- No caso de Nebraska, são três distritos — cada um com
1 delegado. Além disso, o estado tem dois delegados adicionais que
representam a escolha do voto da população em toda a área. Sendo assim, o
estado tem um total de 5 delegados.
- Já no Maine existem dois distritos, com um
delegado cada. Outros dois delegados são escolhidos com base na votação da
população do estado todo. Desta forma, o Maine tem um total de 4
delegados.
4. Por que
nem sempre quem 'ganha' leva?
No sistema do Colégio
Eleitoral, o candidato que for o mais votado de um estado leva todos os
delegados da área. Isso vale mesmo que ele vença por apenas um voto de
diferença. Desta forma, pode acontecer que um candidato tenha a maioria dos
votos populares a partir do ponto de vista nacional, mas, na soma do Colégio
Eleitoral, seja derrotado. Em 2016, por exemplo, a candidata democrata Hillary
Clinton teve quase 3 milhões de votos a mais do que o republicano Donald
Trump na soma nacional. No entanto, ela
conquistou apenas 232 delegados, enquanto Trump teve 306. Isso aconteceu porque
Hillary venceu com ampla vantagem em estados populosos, como a Califórnia e
Nova York. Já Trump ganhou em estados-chave por uma margem de votos pequena e,
na soma de todos os delegados da região, se saiu melhor.
5. Os
delegados são obrigados a votar?
Em muitos estados, os
delegados que representam aquela região são obrigados a votar no Colégio
Eleitoral de acordo com o resultado da votação popular. Enquanto
isso, outras regiões não possuem uma obrigatoriedade expressa. No passado,
alguns delegados se recusaram a seguir o voto popular e escolheram um candidato
diferente do que havia vencido no estado. Esses delegados são chamados de
"infiéis". Ainda assim, um movimento do tipo é muito raro e
dificilmente alteraria o resultado final da eleição.
6. O que
acontece se não houver maioria?
Existe a possibilidade
de que nenhum candidato conquiste a maioria dos 538 delegados. Atualmente, esse
cenário é praticamente improvável, mas não impossível. Existe uma pequena
chance de que Kamala
Harris e Donald Trump terminem as eleições
com 269 delegados cada. Nesse caso, seria acionada a 12ª Emenda da
Constituição, e a eleição seria decidida pela Câmara dos Deputados. Neste
cenário, cada estado teria direito a um voto, independentemente do tamanho.
Ao fim, o candidato
que tivesse a maioria dos votos na Câmara seria eleito. Enquanto isso, o Senado
seria responsável por eleger o vice-presidente.
❗ Como os Estados Unidos possuem 50 estados, ainda haveria
hipótese de um novo empate. Neste cenário, as negociações e votações
continuariam até o fim do impasse. Um presidente interino poderia ser nomeado
caso a situação não fosse resolvida até o dia marcado para a posse. Essa
situação aconteceu apenas em 1824, quando nenhum dos quatro candidatos que
disputou as eleições conquistou a maioria absoluta dos delegados.
¨ Eleições nos EUA: quem são os delegados e por que eles importam
tanto?
Mais de 240 milhões de
americanos estão aptos a votar na eleição presidencial dos EUA, que ocorre em 5
de novembro. No entanto, o número total de votos que Donald Trump ou Kamala
Harris receberão não define o futuro presidente. Isso acontece porque, no país,
ele não é escolhido de maneira direta, mas eleito por delegados que representam
os Estados no Colégio Eleitoral. Mas, afinal, quem são esses delegados? Essa
foi uma das perguntas mais feitas pelos brasileiros Google em 2024, de acordo
com um levantamento feito pela plataforma para a BBC News Brasil.
Nos Estado Unidos, os
eleitores escolhem o Colégio Eleitoral — o órgão conta com 538 delegados
distribuídos entre todos os Estados e Washington D.C., segundo a população e o
número de parlamentares de cada Estado (incluindo a Câmara dos Deputados e o
Senado). Na prática, isso significa que cada Estado tem um peso específico na
eleição, como a Califórnia, que possui 55 delegados, enquanto um Estado menor
como Washington tem apenas três.
Os delegados são
representantes dos partidos, que enviam uma lista dos selecionados antes da
eleição. Eles "carregam" os votos de seu Estado no Colégio Eleitoral.
Quando o eleitor vota, ele escolhe um candidato, mas, na verdade, está
decidindo se o Colégio Eleitoral de seu Estado será composto por delegados
republicanos ou democratas. Por exemplo, se Trump vence o voto popular em um
Estado, os delegados escolhidos pelo Partido Republicano serão os
representantes daquele Estado, e o mesmo vale para os democratas, se Harris
vence. Após a contagem de votos em cada Estado, o candidato que somar 270
delegados entre os 538 possíveis vence a eleição.
Em 48 Estados e em
Washington D.C., funciona o sistema de "the winner takes all"
("o vencedor leva tudo"), no qual o candidato mais votado ganha todos
os delegados daquele Estado, independentemente da margem de vitória. Ou seja,
se um candidato vence, apenas os delegados de seu partido representarão o
Estado no Colégio Eleitoral. Esse sistema foi criado para equilibrar os
interesses entre os Estados menos populosos do Sul e os mais populosos do
Norte, unindo a escolha democrática do voto popular com a representação
igualitária de cada Estado na escolha presidencial.
O sistema de Colégio
Eleitoral foi criado como uma solução para acomodar tanto aqueles que queriam a
saída da escolha via voto popular, quanto os interesses dos Estados do Sul —
que, menos populosos, temiam sempre perder a Presidência para o Norte.
<><> Os
delegados podem mudar de voto?
A votação do Colégio
Eleitoral ocorre na capital de cada Estado entre meados de novembro e dezembro.
No entanto, geralmente, o novo presidente é anunciado no mesmo dia das
eleições, durante a noite, após a apuração dos votos populares. Isso porque, na
prática, os delegados seguem a decisão da maioria em seus Estados, e após a
contagem de votos, já é possível saber o resultado.
Segundo a Constituição
dos Estados Unidos, os delegados não são obrigados a votar de acordo com a
vontade dos cidadãos. Em alguns Estados, eles são livres para apoiar o
candidato que quiserem, enquanto em outros são obrigados a votar no candidato
que prometeram apoiar. Mas, por tradição, os delegados tendem a respeitar a
decisão do voto popular e do seu partido. Segundo o Serviço de Investigação do
Congresso dos Estados Unidos, até agora os delegados que mudam de lado não
conseguiram alterar o resultado de nenhuma eleição presidencial.
Em 2016, sete
delegados — cinco democratas e dois republicanos — quebraram sua promessa de
votar no candidato indicado pelo partido, o maior número já registrado na
história. Eles votaram em candidatos que não estavam na cédula, mas isso não
alterou o resultado. Alguns Estados possuem leis que exigem que os delegados
votem no candidato escolhido pela população nas urnas. Há desde substituições
dos representantes a punições para quem não seguir o voto popular. A questão
sobre se os delegados poderiam mudar suas posições chegou até a Suprema Corte
americana, que decidiu por unanimidade em julho de 2020 que os Estados podem
exigir que os delegados cumpram a promessa de apoiar um candidato específico.
\,.,. É possível
acontecer um empate?
Em uma disputa por 244
milhões de eleitores, é quase impossível que Harris e Trump empatem no voto
popular. Mas como nos Estados Unidos a Presidência é definida pelo Colégio
Eleitoral, os dois podem, sim, terminar empatados. Cada um dos 50 Estados tem
um número fixo de delegados no Colégio Eleitoral, e, na maioria dos Estados, o
candidato que vencer no voto popular leva todos os delegados. No entanto, Maine
e Nebraska utilizam um sistema que permite a divisão dos delegados entre os
candidatos, aumentando as possibilidades de um empate. Por exemplo, se Kamala
Harris vencer nos Estados tipicamente democratas e ganhar Estados decisivos
como Wisconsin, Michigan, Arizona e Nevada, além de um delegado em Nebraska,
mas perder na Geórgia e Pensilvânia, ambos os candidatos poderiam terminar com
269 delegados.
Este ano, há outras
duas combinações possíveis que também resultariam em um empate.
Se Trump levar a
Pensilvânia, a Geórgia e a Carolina do Norte, mas perder um distrito do Maine
(a outra exceção que divide seus delegados), o resultado também é empate. Um
terceiro caminho é se Trump ganhar o chamado "Cinturão da Ferrugem" e
Nevada. No entanto, essas combinações são improváveis porque Joe Biden venceu o
segundo distrito de Nebraska por uma margem grande (6,5 p.p.), assim como Trump
ganhou o segundo distrito do Maine por mais de 7 p.p.
Há precedentes de
empates nas eleições americanas: em 1800, Thomas Jefferson e Aaron Burr
empataram. A Câmara dos Deputados teve de intervir e elegeu Jefferson como
presidente. Em caso de empate hoje, a recém-empossada Câmara dos Deputados
decide o presidente, enquanto o Senado escolhe o vice-presidente, ambos votando
com base na maioria partidária de cada Casa. Também é possível que um candidato
presidencial ganhe o voto popular, mas perca no Colégio Eleitoral. Isso
aconteceu com o próprio Trump em 2016, que perdeu no voto popular para Hillary
Clinton, mas conquistou o Colégio Eleitoral — e, portanto, a Presidência. Embora
seja raro, é possível: aconteceu cinco vezes nos Estados Unidos.
Tanto democratas
quanto republicanos já foram beneficiados por esse método em diferentes anos
eleitorais. Nos últimos pleitos, porém, a vantagem tem sido do Partido
Republicano. Em 2000, o republicano George W. Bush também foi eleito, apesar de
ter perdido o voto popular para o democrata Al Gore.
<><> Como
é a votação nos EUA
Semanas antes da
eleição oficial, milhões de americanos já haviam votado, graças a uma
característica do sistema eleitoral dos Estados Unidos: o voto antecipado. Em
quase todo o país, exceto em três Estados, os eleitores podem votar antes da
data oficial, o que representa 97% do eleitorado. Essa antecipação é possível
porque, nos EUA, a maioria dos Estados oferece várias formas de votação. Em
oito Estados, por exemplo, os eleitores podem enviar seus votos pelo correio,
sem precisar comparecer a uma seção eleitoral. Para quem for presencialmente, o
sistema mais comum ainda é marcar a cédula manualmente, com caneta ou
perfurador. Menos de 2% do eleitorado votará em urna eletrônica sem voto
impresso, como é no Brasil. Curiosamente, há uma década, cerca de 25% dos
eleitores americanos usavam máquinas de votação. Essa variedade de métodos
existe porque, diferentemente do Brasil, não há um órgão federal centralizado
responsável por organizar as eleições nem regras unificadas. Nos EUA, o voto
não é obrigatório, e cada Estado define as regras para votar e para contar os
votos. A contagem dos votos, inclusive, pode começar antes do dia da eleição,
mas a divulgação dos resultados só ocorre após o fechamento das urnas em cada
Estado. Em alguns Estados, é crime vazar informações de contagem antes do fim
da eleição.
Fonte: Redação
Terra/Reuters/g1
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