segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Eleitores americanos comentam o ‘voto pelo correio’ serviço alvo de questionamentos sobre segurança

Para brasileiros acostumados com urnas eletrônicas, o voto por correio pode parecer algo estranho ou sem muita credibilidade, mas é uma realidade nos Estados Unidos, e uma das opções para votar em um dos pleitos mais acirrados do país.

Preenchendo uma cédula de votação, é possível depositá-la em uma agência dos correios norte-americano, de competência federal, ou em uma das caixas de correspondências espalhadas por cidades como Charlotte, na Carolina do Norte, que tem sido observada de perto pelo candidato republicano Donald Trump e pela candidata democrata Kamala Harris no pleito deste ano. Isso porque o Estado é considero pêndulo, ou seja, ora vota por um partido, ora vota pelo outro, o que faz com que esses Estados sejam muito disputados por quem quer ganhar o voto dos eleitores. O Terra foi conferir como funciona o sistema e ouviu a opinião de americanos que consideram o sistema confiável e, principalmente, conveniente para a correria do dia a dia das grandes cidades.

O norte-americano Zack, por exemplo, que é natural de Charlotte, considera que o sistema garante acesso a qualquer pessoa que queira votar nas eleições, mas, que por alguma razão, não tem tempo de ir a algum local de votação para valer esse direito. “[O sistema de voto por correio] permite que nossos votos sejam contabilizados como um benefício acessível, um serviço público e, além de tudo, gratuito”, elencou em conversa com a reportagem. Zack até empurrou uma caixa de correspondência e tentou colocar sua mão dentro do baú para provar que não tem como acessar o conteúdo depositado. “Eu diria que, definitivamente, é preso ao chão, eu não consigo mover, não há nada que eu possa realmente fazer para acessar [o interior da caixa]; minhas mãos são pequenas e mesmo assim não consigo fazer nada”.

Já Danae Gregor, que também conversou com o Terra, disse que nunca votou pelo correio, mas já auxiliou os pais a participarem do pleito dessa forma. “Eles utilizaram o serviço de correio e não tiveram nenhum problema. Eu literalmente os vi preenchendo [a cédula de votação], colocando no correio, enviando, e o voto deles estava lá”, completou. A americana ressaltou ainda que nem é preciso ir atrás de uma caixa de correspondência pela cidade. “Você pode literalmente enviar [o voto] de sua casa [através de sua caixa de correio], é só cinco segundos de distância (...) eu fiz isso para os meus pais, eles me deram a célula de votação e eu coloquei na caixa de correspondência, eu tive essa experiência.” O Terra foi até a uma agência de correios dos Estados Unidos para saber como é o sistema de voto por correio. Mesmo não podendo registrar imagens dentro do local, já que é uma propriedade federal, conseguimos ver uma cédula de perto: uma espécie de caderneta, que é lacrada e separada das demais correspondências para que não se misturem com demais correspondências.

·        ‘Não vejo a hora de acabar’

Apesar das facilidades para votar, os americanos têm sentido uma tensão no ar, um reflexo da polarização entre democratas e republicanos que tem até dividido famílias no país. “Eu sinto essa tensão alta nas eleições até dentro de casa. Minha irmã e minha mãe pensam de formas diferentes; elas apoiam candidatos opostos, principalmente por causa do direito ao aborto para as mulheres”, explicou Danae Gregor. “Elas não chegam a brigar porque tem uma ótima relação, cada uma defende o seu ponto, mas não chegam a discutir feio. Porém, se um estranho falar com outro estranho e eles tiverem lados diferentes, não sei se posso dizer a mesma coisa, eles não se conhecem, não são próximos, então podem ir além de uma discussão saudável”.

Questionado sobre o clima das eleições, Zack confessou que não vê a hora de chegar o dia 5 de novembro – dia da votação de fato – para as coisas de acalmarem. “Tem muita intensidade nessas eleições, as emoções estão altas; eu tenho um sentimento de que vai ser um bom resultado porque muitas pessoas querem participar da eleição sabendo que o impacto será maior do que jamais foi”, opina. “Mesmo sendo dois partidos diferentes, seja qual lado ganhar ou perder, tenho sentimento de que uma vez que isso passar; seja qual partido vença, nós aqui em Charlotte vamos nos ajustar a isso,” pontuou.

¨      Funcionários de empresas de máquinas de votação dos EUA se preparam para desinformação e protegem dados pessoais

Funcionários de empresas de máquinas de votação dos Estados Unidos removeram informações públicas sobre si mesmos da internet e fizeram planos de contingência com as autoridades policiais locais antes da eleição de 2024, depois de sofrerem assédio em 2020, de acordo com representantes do setor. Após a eleição de 2020, que o candidato republicano Donald Trump alegou falsamente ter vencido, alguns funcionários de fornecedores de tecnologia eleitoral relataram que foram vítimas de "doxxing" -- quando informações privadas sobre suas casas, como fotos de suas portas de entrada, foram compartilhadas online, de acordo com Sara Cutter, diretora executiva do Conselho Americano de Tecnologia Eleitoral.

Os funcionários das empresas que fornecem equipamentos e serviços para máquinas de votação não estão se arriscando desta vez, disse Cutter. Ela disse que eles estavam conversando com a polícia sobre como se preparar, inclusive no caso de serem vítimas de "swatting" -- quando um falso crime é relatado para induzir uma resposta policial pesada e armada na casa de alguém. O "nível de ameaça aumentou exponencialmente e não arrefeceu desde 2020", disse Cutter. Sua organização foi criada em 2022 e inclui empresas como a Election Systems & Software e a Smartmatic.

Ela se recusou a comentar sobre quaisquer preparativos legais específicos que estejam sendo feitos pelas empresas, mas disse que algumas tomaram medidas significativas para se planejar para quaisquer ameaças físicas. A Smartmatic, a Dominion Voting Systems e outras empresas também estão tentando combater desinformação sobre si mesmas e seus proprietários, desmascarando em seus sites uma variedade de alegações falsas que foram compartilhadas online, incluindo afirmações de que o investidor bilionário George Soros tem uma participação acionária ou que elas têm vínculos com o Partido Comunista Chinês. A Smartmatic, uma fornecedora de tecnologia de votação, enviou uma carta às organizações de imprensa esta semana na qual solicitava "cooperação vital para evitar a disseminação de desinformação sobre a tecnologia e os serviços que forneceremos".

Cutter disse que as empresas de tecnologia de votação também têm oferecido visitas às suas instalações e entrado em contato com administradores eleitorais e com a mídia para ajudar a conscientizar sobre como elas operam. Em setembro, o meio de comunicação conservador Newsmax Media chegou a um acordo confidencial com a Smartmatic sobre falsas alegações que publicou de que suas máquinas haviam sido manipuladas para ajudar a roubar a eleição de 2020 de Trump, e a Fox resolveu um processo de difamação da Dominion por 787,5 milhões de dólares no ano passado.

Nos últimos dias, Elon Musk e a deputada Marjorie Taylor Greene, proeminentes apoiadores de Trump, reavivaram alegações já desmentidas de que os resultados das máquinas de votação da Dominion não são confiáveis.

A Dominion -- cujo equipamento está em uso em distritos que somam mais de 52 milhões de eleitores registrados em 27 Estados -- postou na plataforma de redes sociais X, de Musk, que está "monitorando de perto as alegações sobre a eleição de novembro de 2024" e "continua totalmente preparada para defender nossa empresa e nossos clientes contra mentiras e aqueles que as espalham".

Um porta-voz da campanha de Trump não respondeu a um pedido de comentário nesta quinta-feira.

¨      EUA usam Colégio Eleitoral em vez do voto popular na eleição para presidente; saiba o porquê

O presidente dos Estados Unidos não é eleito diretamente pelo voto da população. Quem o elege é, na verdade, um Colégio Eleitoral, formado por 538 delegados. A explicação para o país adotar esse sistema tem raízes históricas ainda no século 18, quando, no contexto da época, era praticamente impossível a realização de uma votação popular nacional para escolher um presidente.

👉 O tamanho do país e as dificuldades de comunicação fizeram com que, então, os legisladores que elaboraram a Constituição dos EUA em 1787 decidissem por esse sistema.

O objetivo era preservar o papel constitucional dos estados nas eleições presidenciais e equilibrar o processo, garantindo que diferentes perspectivas e necessidades regionais fossem consideradas. Os estados menores, por exemplo, ganharam poder de voz e certa igualdade frente aos maiores. Nesse modelo, porém, o voto popular — que vem dos eleitores comuns — ainda é decisivo e dá os rumos para a escolha do próximo governante. O Colégio Eleitoral, na prática, apenas valida a escolha dos milhões de eleitores.

1. Como surgiu o Colégio Eleitoral?

O sistema do Colégio Eleitoral surgiu ainda no século 18, quando a Constituição dos Estados Unidos estava sendo elaborada. Naquela época, o país ainda estava sendo povoado em algumas áreas, enquanto outras localidades eram mais desenvolvidas.

Diante de um território tão grande e dos desafios da comunicação da época, fazer uma eleição nacional com voto popular seria praticamente impossível. Escolher um presidente apenas com base na opinião de autoridades que estavam na capital também estava fora do baralho. Com isso, surgiu o Colégio Eleitoral. Delegados foram nomeados em cada estado para formar uma eleição representativa, que atendesse aos interesses de cada região do país.

2. Como funciona o Colégio Eleitoral?

Atualmente, o Colégio Eleitoral dos Estados Unidos é composto por 538 delegados. Cada estado possui um número de representantes diferente, que varia de acordo com o tamanho da população e do número de parlamentares na Câmara e no Senado.

Resumidamente, estados mais populosos tendem a ter mais delegados. Já os menores não têm um peso tão grande, mas ainda podem ser decisivos.

No dia 5 de novembro, os eleitores vão às urnas para votar em quem deve ser o próximo presidente. Em linhas gerais, essa votação serve para que a população indique aos delegados daquele estado quem eles querem que seja o próximo governante. Com exceção do Maine e do Nebraska, que possuem divisões internas, o candidato mais votado de cada estado pelos eleitores leva todos os delegados daquela área — mesmo que a vitória seja apenas por um voto de diferença. Para vencer a eleição, o candidato à Presidência precisa ganhar, pelo menos, 270 dos 538 delegados que compõem o Colégio Eleitoral. A reunião do colégio acontece semanas após as eleições, e o novo presidente é oficialmente nomeado.

3. Quantos delegados tem cada estado?

Nebraska e Maine possuem um sistema diferente de delegados:

  • No caso de Nebraska, são três distritos — cada um com 1 delegado. Além disso, o estado tem dois delegados adicionais que representam a escolha do voto da população em toda a área. Sendo assim, o estado tem um total de 5 delegados.
  • Já no Maine existem dois distritos, com um delegado cada. Outros dois delegados são escolhidos com base na votação da população do estado todo. Desta forma, o Maine tem um total de 4 delegados.

4. Por que nem sempre quem 'ganha' leva?

No sistema do Colégio Eleitoral, o candidato que for o mais votado de um estado leva todos os delegados da área. Isso vale mesmo que ele vença por apenas um voto de diferença. Desta forma, pode acontecer que um candidato tenha a maioria dos votos populares a partir do ponto de vista nacional, mas, na soma do Colégio Eleitoral, seja derrotado. Em 2016, por exemplo, a candidata democrata Hillary Clinton teve quase 3 milhões de votos a mais do que o republicano Donald Trump na soma nacional. No entanto, ela conquistou apenas 232 delegados, enquanto Trump teve 306. Isso aconteceu porque Hillary venceu com ampla vantagem em estados populosos, como a Califórnia e Nova York. Já Trump ganhou em estados-chave por uma margem de votos pequena e, na soma de todos os delegados da região, se saiu melhor.

5. Os delegados são obrigados a votar?

Em muitos estados, os delegados que representam aquela região são obrigados a votar no Colégio Eleitoral de acordo com o resultado da votação popular. Enquanto isso, outras regiões não possuem uma obrigatoriedade expressa. No passado, alguns delegados se recusaram a seguir o voto popular e escolheram um candidato diferente do que havia vencido no estado. Esses delegados são chamados de "infiéis". Ainda assim, um movimento do tipo é muito raro e dificilmente alteraria o resultado final da eleição.

6. O que acontece se não houver maioria?

Existe a possibilidade de que nenhum candidato conquiste a maioria dos 538 delegados. Atualmente, esse cenário é praticamente improvável, mas não impossível. Existe uma pequena chance de que Kamala Harris e Donald Trump terminem as eleições com 269 delegados cada. Nesse caso, seria acionada a 12ª Emenda da Constituição, e a eleição seria decidida pela Câmara dos Deputados. Neste cenário, cada estado teria direito a um voto, independentemente do tamanho.

Ao fim, o candidato que tivesse a maioria dos votos na Câmara seria eleito. Enquanto isso, o Senado seria responsável por eleger o vice-presidente.

Como os Estados Unidos possuem 50 estados, ainda haveria hipótese de um novo empate. Neste cenário, as negociações e votações continuariam até o fim do impasse. Um presidente interino poderia ser nomeado caso a situação não fosse resolvida até o dia marcado para a posse. Essa situação aconteceu apenas em 1824, quando nenhum dos quatro candidatos que disputou as eleições conquistou a maioria absoluta dos delegados.

¨      Eleições nos EUA: quem são os delegados e por que eles importam tanto?

Mais de 240 milhões de americanos estão aptos a votar na eleição presidencial dos EUA, que ocorre em 5 de novembro. No entanto, o número total de votos que Donald Trump ou Kamala Harris receberão não define o futuro presidente. Isso acontece porque, no país, ele não é escolhido de maneira direta, mas eleito por delegados que representam os Estados no Colégio Eleitoral. Mas, afinal, quem são esses delegados? Essa foi uma das perguntas mais feitas pelos brasileiros Google em 2024, de acordo com um levantamento feito pela plataforma para a BBC News Brasil.

Nos Estado Unidos, os eleitores escolhem o Colégio Eleitoral — o órgão conta com 538 delegados distribuídos entre todos os Estados e Washington D.C., segundo a população e o número de parlamentares de cada Estado (incluindo a Câmara dos Deputados e o Senado). Na prática, isso significa que cada Estado tem um peso específico na eleição, como a Califórnia, que possui 55 delegados, enquanto um Estado menor como Washington tem apenas três.

Os delegados são representantes dos partidos, que enviam uma lista dos selecionados antes da eleição. Eles "carregam" os votos de seu Estado no Colégio Eleitoral. Quando o eleitor vota, ele escolhe um candidato, mas, na verdade, está decidindo se o Colégio Eleitoral de seu Estado será composto por delegados republicanos ou democratas. Por exemplo, se Trump vence o voto popular em um Estado, os delegados escolhidos pelo Partido Republicano serão os representantes daquele Estado, e o mesmo vale para os democratas, se Harris vence. Após a contagem de votos em cada Estado, o candidato que somar 270 delegados entre os 538 possíveis vence a eleição.

Em 48 Estados e em Washington D.C., funciona o sistema de "the winner takes all" ("o vencedor leva tudo"), no qual o candidato mais votado ganha todos os delegados daquele Estado, independentemente da margem de vitória. Ou seja, se um candidato vence, apenas os delegados de seu partido representarão o Estado no Colégio Eleitoral. Esse sistema foi criado para equilibrar os interesses entre os Estados menos populosos do Sul e os mais populosos do Norte, unindo a escolha democrática do voto popular com a representação igualitária de cada Estado na escolha presidencial.

O sistema de Colégio Eleitoral foi criado como uma solução para acomodar tanto aqueles que queriam a saída da escolha via voto popular, quanto os interesses dos Estados do Sul — que, menos populosos, temiam sempre perder a Presidência para o Norte.

<><> Os delegados podem mudar de voto?

A votação do Colégio Eleitoral ocorre na capital de cada Estado entre meados de novembro e dezembro. No entanto, geralmente, o novo presidente é anunciado no mesmo dia das eleições, durante a noite, após a apuração dos votos populares. Isso porque, na prática, os delegados seguem a decisão da maioria em seus Estados, e após a contagem de votos, já é possível saber o resultado.

Segundo a Constituição dos Estados Unidos, os delegados não são obrigados a votar de acordo com a vontade dos cidadãos. Em alguns Estados, eles são livres para apoiar o candidato que quiserem, enquanto em outros são obrigados a votar no candidato que prometeram apoiar. Mas, por tradição, os delegados tendem a respeitar a decisão do voto popular e do seu partido. Segundo o Serviço de Investigação do Congresso dos Estados Unidos, até agora os delegados que mudam de lado não conseguiram alterar o resultado de nenhuma eleição presidencial.

Em 2016, sete delegados — cinco democratas e dois republicanos — quebraram sua promessa de votar no candidato indicado pelo partido, o maior número já registrado na história. Eles votaram em candidatos que não estavam na cédula, mas isso não alterou o resultado. Alguns Estados possuem leis que exigem que os delegados votem no candidato escolhido pela população nas urnas. Há desde substituições dos representantes a punições para quem não seguir o voto popular. A questão sobre se os delegados poderiam mudar suas posições chegou até a Suprema Corte americana, que decidiu por unanimidade em julho de 2020 que os Estados podem exigir que os delegados cumpram a promessa de apoiar um candidato específico.

\,.,. É possível acontecer um empate?

Em uma disputa por 244 milhões de eleitores, é quase impossível que Harris e Trump empatem no voto popular. Mas como nos Estados Unidos a Presidência é definida pelo Colégio Eleitoral, os dois podem, sim, terminar empatados. Cada um dos 50 Estados tem um número fixo de delegados no Colégio Eleitoral, e, na maioria dos Estados, o candidato que vencer no voto popular leva todos os delegados. No entanto, Maine e Nebraska utilizam um sistema que permite a divisão dos delegados entre os candidatos, aumentando as possibilidades de um empate. Por exemplo, se Kamala Harris vencer nos Estados tipicamente democratas e ganhar Estados decisivos como Wisconsin, Michigan, Arizona e Nevada, além de um delegado em Nebraska, mas perder na Geórgia e Pensilvânia, ambos os candidatos poderiam terminar com 269 delegados.

Este ano, há outras duas combinações possíveis que também resultariam em um empate.

Se Trump levar a Pensilvânia, a Geórgia e a Carolina do Norte, mas perder um distrito do Maine (a outra exceção que divide seus delegados), o resultado também é empate. Um terceiro caminho é se Trump ganhar o chamado "Cinturão da Ferrugem" e Nevada. No entanto, essas combinações são improváveis porque Joe Biden venceu o segundo distrito de Nebraska por uma margem grande (6,5 p.p.), assim como Trump ganhou o segundo distrito do Maine por mais de 7 p.p.

Há precedentes de empates nas eleições americanas: em 1800, Thomas Jefferson e Aaron Burr empataram. A Câmara dos Deputados teve de intervir e elegeu Jefferson como presidente. Em caso de empate hoje, a recém-empossada Câmara dos Deputados decide o presidente, enquanto o Senado escolhe o vice-presidente, ambos votando com base na maioria partidária de cada Casa. Também é possível que um candidato presidencial ganhe o voto popular, mas perca no Colégio Eleitoral. Isso aconteceu com o próprio Trump em 2016, que perdeu no voto popular para Hillary Clinton, mas conquistou o Colégio Eleitoral — e, portanto, a Presidência. Embora seja raro, é possível: aconteceu cinco vezes nos Estados Unidos.

Tanto democratas quanto republicanos já foram beneficiados por esse método em diferentes anos eleitorais. Nos últimos pleitos, porém, a vantagem tem sido do Partido Republicano. Em 2000, o republicano George W. Bush também foi eleito, apesar de ter perdido o voto popular para o democrata Al Gore.

<><> Como é a votação nos EUA

Semanas antes da eleição oficial, milhões de americanos já haviam votado, graças a uma característica do sistema eleitoral dos Estados Unidos: o voto antecipado. Em quase todo o país, exceto em três Estados, os eleitores podem votar antes da data oficial, o que representa 97% do eleitorado. Essa antecipação é possível porque, nos EUA, a maioria dos Estados oferece várias formas de votação. Em oito Estados, por exemplo, os eleitores podem enviar seus votos pelo correio, sem precisar comparecer a uma seção eleitoral. Para quem for presencialmente, o sistema mais comum ainda é marcar a cédula manualmente, com caneta ou perfurador. Menos de 2% do eleitorado votará em urna eletrônica sem voto impresso, como é no Brasil. Curiosamente, há uma década, cerca de 25% dos eleitores americanos usavam máquinas de votação. Essa variedade de métodos existe porque, diferentemente do Brasil, não há um órgão federal centralizado responsável por organizar as eleições nem regras unificadas. Nos EUA, o voto não é obrigatório, e cada Estado define as regras para votar e para contar os votos. A contagem dos votos, inclusive, pode começar antes do dia da eleição, mas a divulgação dos resultados só ocorre após o fechamento das urnas em cada Estado. Em alguns Estados, é crime vazar informações de contagem antes do fim da eleição.

 

Fonte: Redação Terra/Reuters/g1

 

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