segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Bolsonarismo rachado: Marçal ameaça ‘quebrar pau’ se críticas de Bolsonaro continuarem

O ex-coach Pablo Marçal (PRTB) criticou o ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL) em um vídeo divulgado nesta sexta-feira (1). Na publicação, Marçal, que já manifestou a intenção de concorrer à Presidência em 2026, pediu a Bolsonaro para "tocar a vida" e alertou que, se as críticas continuarem, o "pau vai quebrar".

"Bolsonaro, toca a sua vida aí, irmão, seja candidato. Deixa eu em paz aí. Estou falando sério, eu gosto de você, fica tranquilo. Toca a sua vida, eu já vi que tem todos os bolsonaristas querendo se levantar contra mim. Eu estou de boa, eu vou fazer o que eu tenho que fazer aqui e em 2026 nois vê", disse o ex-coach.

Marçal também mencionou a inelegibilidade de Bolsonaro, decidida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que impede o ex-mandatário de concorrer até 2030. O PL busca aprovar um projeto de anistia para reverter essa decisão.

"Você tem meu respeito, curto você, fica de boa. Seu problema não é comigo não, é com o STF. Você tem que ser elegível para disputar a eleição. Luta por isso e eu vou estar torcendo por você, você sabe disso”, disse. “Mas não fica vindo pra cima de mim porque nós não somos do mesmo partido, eu não devo satisfação para você. Cuida da sua vida, cara. Não tenta ser o malvadão para cima de mim não, porque eu sou uma pessoa boa."

A rivalidade entre Marçal e Bolsonaro vem desde a campanha para as eleições municipais deste ano, quando o ex-coach ficou em terceiro lugar na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

Na última quarta-feira (30), Bolsonaro afirmou ter se arrependido de ter dado uma medalha a Marçal em junho deste ano.

"Como começou a onda Marçal? Há três meses ele queria falar comigo, eu conversei com ele. Só ele e mais ninguém. Até dei uma medalha para ele, que foi onde eu errei", afirmou.

 

•        O coach é o pastor do neoliberalismo. Por Marcia Tiburi

Max Weber disse que o capitalismo gera os corpos de que precisa para se manter. Assim, em seu processo histórico surgem profissões e profissionais adequados ao sistema a todo momento.

Uma das novas profissões do capitalismo em seu estágio neoliberal é a profissão de “coach”. Recentemente, um deles migrou da esfera do empreendedorismo e se tornou famoso como candidato a prefeito de São Paulo. Pode parecer apenas um reposicionamento profissional do campo da economia ‘empreendendorista’ para o campo da política, ou da impostura à demagogia se olharmos com lentes morais e políticas. De fato, o candidato em questão representou a caricatura da passagem do homem de negócios ao poder político – típica da política brasileira - que deveria ser tão proibida como a passagem que o setor religioso tem feito ao campo dos cargos eletivos. De fato, o candidato misturava em seu discurso a promessa de enriquecimento com a crença em Deus, no típico jogo da teologia da prosperidade.

Com a destruição da política reduzida à publicidade, surgirão nos próximos pleitos mais e mais tipos como esse que misturam economia e religião num discurso de empoderamento baseado na autoconfiança e na confiança em Deus. O que não fica claro para todos é que esses tipos agem contra a democracia se aproveitando de suas fragilidades, dentre as quais podemos contar a pobreza e a ameaça à laicidade.

O coach vende facilitações. Originalmente, “coaching” significa acompanhamento. Quando um trabalhador de uma empresa, seja líder ou subalterno, considera necessária uma orientação pessoal e profissional para assuntos pessoais, ele chama um coach que o escuta e lhe dá conselhos. O coach parece um psicólogo, mas pode ser também uma espécie de padre ouvindo confissões e fazendo sugestões e recomendações para alguém sobre como seguir na sua vida profissional. O coach não está preocupado com o todo da personalidade de alguém, como deve estar um psicólogo, pois o indivíduo como um todo e suas complexidades não importam na era do homo oeconomicus; nem determina penitências como o padre, pois a religião do capitalismo não precisa de penitências. O capitalismo já é a própria penitência. Ele é o inferno na terra e, para suportá-lo, é preciso confiar no próprio taco, ou seja, auto-iludir-se diariamente de que será possível sobreviver apesar dos pesares, que não são poucos. O poderoso engravatado que opera no mercado financeiro não precisa de Deus nesse processo, pois ele tem a tradição, a família, a propriedade, séculos de capital acumulado na forma de branquitude, educação, cultura e oportunidades infinitas. Mas o pobre que dirige uma motocicleta nas rodovias sob risco de vida e sem direitos precisa acreditar em Deus. Como Deus nem sempre ajuda, tudo fica ainda mais difícil. Parte-se então para algo mais direto que se oferece à sua frente pleno de crenças no poder pessoal. O velho individualismo burguês foi atualizado no “precariado” sobrecarregado da pseudo energia positiva do pensamento mágico. O coach vem a ser o que há de mais próximo do psicanalista, do padre, do “guru” ou do messias, o salvador da Pátria ameaçada para o pobre coitado que teve a sua capacidade de pensar sequestrada por um sistema que avança sobre o corpo maltratado e desesperado. O capitalismo neoliberal precisa do medo de cada um e do mascaramento desse medo através da confiança em si, para poder se manter em seu curso.

O capitalismo neoliberal não é apenas uma ideologia que oculta seu funcionamento, como acontece com toda ideologia, mas uma espécie de religião que precisa se instaurar na vida de cada um de modo ritual através da dedicação total ao trabalho – mesmo sem direitos e sem condições dignas - e do consumismo, ele mesmo transformado em projeto de vida. As igrejas do mercado com seus pastores – que vendem Deus e Jesus como se fossem um sofá novo em prestações das Casas Bahia -, nada mais são do que mercado da fé no contexto da fé no mercado. O coach é o pastor do neoliberalismo.

 

•        'Dar golpe é coisa fácil, e no dia seguinte?', questiona Bolsonaro, atacando Alexandre de Moraes acusando interferir na eleição de 2022

Jair Bolsonaro (PL) mencionou três investigações para acusar o Judiciário de persegui-lo. Um inquérito foi o dos atos golpistas, o outro do caso da baleia, em que foi acusado de perturbar uma jubarte. O terceiro foi o episódio do cartão de vacina, no qual é suspeito de falsificar sua vacinação contra a COVID-19. O ex-mandatário criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e acusou o magistrado de interferir na eleição presidencial de 2022, quando o político da extrema-direita teve 49,1% (58,2 milhões), e o então candidato Lula (PT), 50,9% (60,3 milhões) dos votos.

"É só perseguição, sinto isso o tempo todo: baleia, leite condensado, cartão de vacina, golpe usando a Constituição. Dar golpe é a coisa mais fácil, pega uns malucos… mas, e no dia seguinte? Nunca joguei fora das quatro linhas. Não tenho medo de julgamento, minha preocupação é quem vai me julgar", disse Bolsonaro à revista Veja, publicada nesta sexta-feira, 11.

"Nas últimas eleições, nós do PL enfrentamos a máquina estadual, a municipal e o Alexandre de Moraes, com aquelas buscas e apreensões. Ele interveio na minha eleição. Quando inventou o inquérito dos empresários golpistas, inibiu uma gama de gente que estava do meu lado. No caso da derrubada do X, perdi contato com milhões de pessoas. É a rede mais democrática que nós temos. Eles não querem censurar fake news nem barrar desinformação, querem censurar a verdade. A turma que está lá com o Moraes, como o pessoal da PF, são pessoas que trabalham atendendo ao desejo dele", disse.

Bolsonaro ainda disse que um "impeachment" não é o ideal, mas que é preciso "ter equilíbrio entre os poderes". "O Judiciário foi jogado na vala do partidarismo", complementou.

Atualmente, Bolsonaro está inelegível após decisão do Tribunal Superior Eleitoral. O motivo foram as fake news de cunho golpista ditas por ele em 2022, quando fez uma acusação sem provas e afirmou que o sistema eleitoral brasileiro não tem segurança contra fraudes.

•        Ministros de Lula acreditam em candidatura 'natimorta' de Bolsonaro em 2026

Ministros do governo Lula (PT) têm dúvidas sobre o caminho político que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tomará nas eleições presidenciais de 2026. De acordo com a análise de integrantes do Palácio do Planalto, a tendência é que o governador opte por buscar a reeleição, em vez de se arriscar numa disputa presidencial, relata Bela Megale, do jornal O Globo.

A percepção dos governistas é de que Tarcísio está reticente em enfrentar uma corrida ao Planalto diante da figura dominante de Jair Bolsonaro (PL), que continua a lançar sinais de que deseja encabeçar a chapa da direita em 2026, mesmo inelegível.

Na avaliação dos aliados de Lula, Bolsonaro demonstra disposição em manter a corrida aberta até o último minuto, estratégia semelhante à adotada em 2018, quando o PT oficializou a candidatura de Fernando Haddad apenas às vésperas do primeiro turno, em substituição a Lula. A perspectiva de uma possível candidatura de Bolsonaro parece colocar Tarcísio em uma posição delicada, já que ele hesitaria em aceitar o papel de "vice de última hora" e arriscar seu próprio capital político. Além disso, interlocutores governistas consideram que o governador paulista só agiria em direção à Presidência com o apoio incondicional de Bolsonaro, temendo que uma ação independente pudesse rotulá-lo como "traidor" entre apoiadores do ex-mandatário.

Em entrevista recente à Veja, Bolsonaro reafirmou sua pretensão de liderar a direita, mesmo diante dos desafios jurídicos que enfrentará até lá. “Falam em vários nomes, Tarcísio, Caiado, Zema… O Tarcísio é um baita gestor. Mas eu só falo depois de enterrado. Estou vivo. Com todo o respeito, chance só tenho eu, o resto não tem nome nacional. O candidato sou eu,” declarou. A fala de Bolsonaro evidencia a visão centralizadora que ele possui sobre a sucessão e demonstra sua disposição em manter-se como o principal nome da oposição, relegando outras lideranças da direita a papéis secundários.

 

•        Valdemar quer dar conselho a Lula sobre bets e diz não temer novos ataques de bolsonaristas

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse não se importar mais com ataques que recebe de bolsonaristas por defender alianças políticas com o centro. Na sua avaliação, o resultado das eleições municipais, com o crescimento da centro-direita, mostrou que ele estava certo. Agora, porém, Valdemar vai defender outra tese polêmica em seu próprio partido e queria conversar sobre isso com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O assunto sobre o qual o presidente do PL gostaria de aconselhar Lula diz respeito à arrecadação do governo. "O pessoal da direita ia meter o pau em mim um mês na internet, mas, se Lula me chamasse, eu iria ao Palácio da Alvorada para falar com ele sobre o negócio das bets", disse Valdemar ao Estadão. "Sem problema nenhum".

As apostas online são, no seu diagnóstico, uma oportunidade de ouro desperdiçada pelo governo. "Eu diria para ele: 'Lula, não fique pegando empresário que já paga imposto. O PT só quer arrecadar em cima de quem já recolhe. Mete o ferro nessa turma das bets! Tire o couro deles!'", exclamou.

Integrante da bancada evangélica, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) disse que o presidente de seu partido está errado. "Valdemar gosta de um joguinho, né? Mas quanto mais o governo mexer nisso, mais problema trará ao País. A legalização dos jogos é uma desgraça", criticou.

A sugestão que Valdemar faria a Lula prevê o aumento de impostos para as plataformas de apostas online.

"O governo tinha que cobrar 40% do movimento dessas empresas, mas o Lula está dizendo que o cara fica viciado (em jogos). Eu tocava chumbo nesse pessoal. O cara só fica viciado uma vez porque depois perde até as calças", afirmou ele. "Tem de tirar dinheiro de onde pode tirar, ué. Vai tirar de onde?"

<><> Polícia Federal identifica quem filiou Lula ao PL

Nesta quarta-feira, 30, a Polícia Federal identificou um adolescente que inseriu dados falsos no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e filiou Lula ao PL, partido de Valdemar e do ex-presidente Jair Bolsonaro, em julho de 2023. Um funcionário do PL em Mato Grosso do Sul também é investigado.

Mas Valdemar não quer falar sobre isso com Lula. E, segundo ele, nem sobre eleições. "Eu gostaria de falar de bets. Sobre eleições, todo o centro se saiu bem. Fizemos o maior número de votos", destacou o presidente do PL.

Foi por insistência de Valdemar, aliás, que Bolsonaro indicou o vice na chapa do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). "Eu sempre disse que a direita não ganharia a eleição em São Paulo se não se aproximasse do centro", argumentou ele.

Questionado sobre o fato de o PSD de Gilberto Kassab ter feito o maior número de prefeitos no País (891), Valdemar respondeu que foi o PL quem conquistou a maior quantidade de eleitores para seus candidatos: foram 19,9 milhões de votos nos dois turnos.

"Kassab fez muita prefeitura de cidade pequena só para impressionar Lula e Tarcísio", alfinetou Valdemar, numa referência ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). "Só que os dois querem saber é quem fez mais votos."

Não é de hoje que Valdemar tem dado estocadas na direção de Kassab, secretário de Governo na gestão de Tarcísio. Alega que "ele não dividiu os espaços em São Paulo" com o PL. "Eu já disse para o Kassab: 'Vice do Tarcísio em 2026 você não vai ser, velho. Pode tirar o cavalinho da chuva'", contou.

 

•        Presidente da Mancha Alviverde, procurado pela polícia, era funcionário de vereador do PL

Jorge Luiz Sampaio Santos, conhecido por sua ligação com a torcida Mancha Alviverde do Palmeiras, viu seu nome envolvido em um episódio de extrema violência ocorrido na Rodovia Fernão Dias. Este incidente resultou na morte de um torcedor do Cruzeiro e feriu outros 17 membros da torcida Máfia Azul. As autoridades agora investigam o papel de Jorge e outros membros da torcida organizada do Palmeiras.

O ataque, registrado em 27 de novembro de 2024, gerou uma onda de indignação e discussão sobre a segurança nos eventos esportivos e o papel das torcidas organizadas, que muitas vezes ultrapassam os limites da paixão pelo futebol. Este evento reacendeu as memórias de confrontos passados entre as duas torcidas.

Jorge Santos, além de presidente da Mancha Alviverde, era até recentemente assessor parlamentar do vereador Isac Félix (PL), posição da qual foi exonerado pouco antes de ser expedido o mandado de sua prisão. As autoridades suspeitam que ele não apenas tenha participado, mas possivelmente idealizado o ataque aos torcedores cruzeirenses. Até o momento, ele e outros associados da torcida são procurados pela justiça.

<><> Antecedentes e reações ao episódio da Mancha Alviverde

O ataque ocorreu após um histórico de desavenças entre as torcidas organizadas de Palmeiras e Cruzeiro. Um destes episódios, ocorrido em 2022, já havia culminado em violência semelhante. As autoridades agora se debruçam sobre o caso, buscando entender as motivações e identificar todos os participantes.

A operação policial que seguiu ao ataque resultou na apreensão de diversos itens relevantes na sede da Mancha Alviverde, incluindo camisas com manchas de sangue e equipamentos eletrônicos. Esses objetos são cruciais para a investigação em curso.

Em resposta ao ataque, a polícia, em conjunto com o Ministério Público, intensificou os esforços para contornar a violência associada às torcidas organizadas. Foram executados mandados de busca e apreensão em vários locais, culminando na coleta de provas que fortalecerão o caso contra os envolvidos.

Tanto a direção do Palmeiras quanto a do Cruzeiro se manifestaram condenando o ataque. A Federação Paulista de Futebol tomou medidas para banir temporariamente a entrada da Mancha Alviverde nos jogos a fim de evitar futuros episódios de violência. A sociedade civil e analistas de futebol pedem que se adotem estratégias de longo prazo para desmantelar as bases de ações violentas nas torcidas.

 

Fonte: Brasil 247/Agencia Estado/Terra

 

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