Beber muito álcool causa arritmia mesmo
horas após consumo, diz estudo
Os efeitos do álcool
no coração já são bem conhecidos. Diversos trabalhos já mostraram que o consumo
excessivo da bebida pode levar, ao longo do tempo, à insuficiência cardíaca e
aumentar o risco de infartos. Agora, um estudo recente mostra que beber muito
álcool pode desencadear arritmias cardíacas, mesmo após ter encerrado o
consumo.
O trabalho, publicado
em outubro na revista European Heart Journal, aponta que mais de 5% dos
participantes apresentaram alterações preocupantes no ritmo cardíaco,
principalmente durante a fase de recuperação, ou seja, quando os efeitos do
álcool continuam sendo processados pelo corpo.
Para realizar o
estudo, a equipe de pesquisadores levou monitores de eletrocardiograma (ECG)
portáteis a festas frequentadas por jovens que consumiam grandes quantidades de
álcool. Eles acompanharam o ritmo cardíaco dos participantes por 48 horas,
dividindo o período de monitoramento em diferentes fases: início, consumo,
recuperação e períodos de controle.
Os pesquisadores
observaram que, durante o consumo, o coração apresentava batimentos acelerados,
muitas vezes ultrapassando 100 batimentos por minuto. Já na fase de
recuperação, as arritmias tornaram-se mais frequentes, mostrando que o efeito
do álcool no coração persiste mesmo após o término da ingestão.
Na visão de Flávio
Cure, cardiologista clínico e Coordenador do Centro de Estudos do CopaStar, o
estudo mostra que o impacto do álcool no coração pode ser duradouro e
relevante, exigindo mais atenção de quem costuma exagerar na bebida.
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“Esses resultados
levantam preocupações sobre o efeito a longo prazo do álcool na saúde cardíaca,
embora o estudo tenha se concentrado nos efeitos imediatos. As arritmias
recorrentes podem, com o tempo, levar a problemas cardíacos mais graves. Por
isso, o consumo moderado de álcool é recomendado para evitar complicações que
podem não ser visíveis de imediato, mas que podem deixar marcas duradouras no
coração”, explica o médico, que não esteve envolvido no estudo, à CNN.
• O que são arritmias cardíacas?
Arritmias cardíacas se
caracterizam por irregularidade no ritmo e na frequência dos batimentos
cardíacos, podendo resultar em batimentos cardíacos muito rápidos
(taquicardia), muito lentos (bradicardia) ou irregulares, segundo Cure.
“Geralmente, [as
arritmias] são causadas por problemas de saúde físicos, como cardiopatias,
hábitos de vida, origem genética ou pelo desequilíbrio do próprio órgão”,
explica o cardiologista.
Em matéria sobre
arritmia publicada anteriormente na CNN, Dr. Roberto Kalil, médico
cardiologista e apresentador do CNN Sinais Vitais, esclareceu, ainda, que a
arritmia pode ocorrer em qualquer idade, mas existem diferentes tipos e causas.
“Nós temos as
arritmias benignas, que não levam a risco de vida, e as arritmias malignas, de
uma maneira bem didática, que podem levar a risco de vida, risco de uma parada
cardíaca, da chamada morte súbita”, explicou o especialista.
Geralmente, a morte
súbita é causada por doenças estruturais do coração, segundo Kalil. Isso inclui
infartos, alterações nas válvulas cardíacas ou problemas no músculo cardíaco.
• Arritmia cardíaca e álcool: qual a
relação?
Segundo Cure, o
consumo de álcool pode irritar diretamente o músculo cardíaco ou desequilibrar
os sais do sangue, provocando irregularidades na contração do coração.
“Quando há o consumo
de álcool em excesso, no período inicial, que corresponde ao período agudo do
consumo de álcool, acontece uma liberação adrenérgica sobre o coração. Desse
modo, surgem mais extrassístoles ventriculares, que são batidas cardíacas extras
que ocorrem nos ventrículos do coração”, explica o especialista.
“No período de
recuperação, quando o indivíduo não está mais bebendo, existe uma liberação
parassimpática. Então nesse período surgem mais arritmias supraventriculares”,
completa.
Segundo o
cardiologista, tanto o período agudo, quanto o de recuperação, podem ser
complicados para o coração. “Se surge mais arritmia supraventricular no período
de recuperação, a fibrilação atrial, por exemplo — que é uma arritmia temida —
surge imediatamente após a fase aguda do consumo de álcool”, afirma.
A longo prazo,
arritmias persistentes podem comprometer a capacidade do coração de se contrair
adequadamente, levando à dilatação e disfunção cardiovascular significativa.
Isso aumenta o risco de acidente vascular cerebral (AVC) e de morte súbita, de
acordo com Cure. “Por isso, é importante o tratamento urgente, pois a situação
pode ser reversível caso a pessoa seja atendida rapidamente”, ressalta.
• Como o álcool afeta a saúde do coração
O álcool é uma
substância psicoativa que pode causar vários efeitos no organismo, incluindo o
coração. O consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode levar a uma série de
problemas cardíacos, incluindo cardiomiopatia alcoólica, arritmias cardíacas,
infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial, diabetes e
hipertrigliceridemia.
<><> Como o álcool prejudica o
coração?
O álcool pode
prejudicar o coração de várias maneiras. Ele pode danificar as células
cardíacas, causando enfraquecimento do músculo cardíaco. Isso pode levar a uma
doença chamada cardiomiopatia alcoólica, que é uma condição grave que pode
causar insuficiência cardíaca.
O álcool também pode
causar arritmias cardíacas, que são alterações no ritmo dos batimentos
cardíacos. As arritmias cardíacas podem ser graves e, em alguns casos, podem
levar à morte súbita.
Além disso, o álcool
pode aumentar o risco de infarto agudo do miocárdio, uma condição que ocorre
quando o fluxo sanguíneo para o coração é bloqueado. O infarto agudo do
miocárdio pode causar dor no peito, falta de ar e até mesmo morte.
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Existe uma quantidade segura de álcool para o coração?
A Organização Mundial
da Saúde (OMS) recomenda que os homens não consumam mais de 40 gramas de álcool
puro por dia e as mulheres mais de 20 gramas. Essas quantidades equivalem a
cerca de 2 doses de cerveja, 1 dose de vinho ou 1 dose de destilado.
No entanto, mesmo o
consumo moderado de álcool pode aumentar o risco de problemas cardíacos,
especialmente em pessoas com outros fatores de risco, como hipertensão
arterial, diabetes ou obesidade.
<><> Quais
são os sintomas de problemas cardíacos causados pelo álcool?
Os sintomas podem
variar, entretanto, os mais recorrentes são:
• Falta de ar aos esforços;
• Fraqueza;
• Cansaço;
• Inchaço nas pernas e nos pés;
• Palpitações cardíacas;
• Tonturas;
• Desmaios;
• Dor no peito.
<><> Quem
está mais propenso a desenvolver problemas cardíacos causados pelo álcool?
• Jovens e adolescentes que começam a
beber cedo;
• Mulheres que bebem tanto quanto os
homens;
• Pessoas com outros fatores de risco de
doenças cardíacas, como hipertensão arterial, diabetes ou obesidade.
<><> O que
fazer se você apresentar sintomas de problemas cardíacos causados pelo álcool?
Se você apresentar
qualquer um dos sintomas mencionados acima, é importante procurar um médico
imediatamente. O médico poderá realizar exames para diagnosticar a causa dos
sintomas e iniciar o tratamento adequado.
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Prevenção
A melhor maneira de
prevenir problemas cardíacos causados pelo álcool é evitar o consumo excessivo.
Se você já consome álcool, é importante limitar a ingestão a quantidades
recomendadas pela OMS.
Além disso, é
importante manter um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta equilibrada,
atividade física regular e controle dos fatores de risco de doenças cardíacas.
Fonte: CNN Brasil/Blog
do HB Cor
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