quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Polícia alemã prende jovens que planejavam golpe nazista

Organização terrorista fazia treinamentos militares para tomar o poder por meio da violência e fazer uma "limpeza étnica". Entre os suspeitos presos, há um membro da ala jovem da AfD, partido de extrema direita alemão.

A polícia alemã prendeu nesta terça-feira (05/11) oito suspeitos de integrar um grupo terrorista de extrema direita que fazia treinamentos militares com o intuito de tomar o poder de regiões no Leste da Alemanha por meio de um golpe e promover uma "limpeza étnica". Os detidos são alemães e têm entre 21 e 25 anos.

A organização, autointitulada Separatistas Saxônicos, se articulava desde 2020, de acordo com o Ministério Público alemão. "É um grupo militante de 15 a 20 indivíduos cuja ideologia é caracterizada por ideias racistas, antissemitas e parcialmente apocalípticas", informou o Ministério Público.

Segundo os investigadores, o grupo se guiava pela crença de que a Alemanha está à beira do colapso e treinava para usar a força para estabelecer um novo sistema no Leste do país, inspirado no nazismo. "Se necessário, grupos indesejados de pessoas deveriam ser removidos da área por meio de limpeza étnica", descreveram as autoridades os planos do grupo.

Os presos incluem quatro supostos membros fundadores, identificados como Joerg S., Joern S., Karl K. e Norman T. Sete dos suspeitos foram detidos nas cidades de Leipzig, Dresden e Meissen, situadas no Leste alemão. Outro suspeito foi detido na cidade polonesa de Zgorzelec, na fronteira com a Alemanha.

Cerca de 20 propriedades também estão sendo revistadas, e há buscas sendo feitas também na Áustria.

De acordo com a revista alemã Der Spiegel, um dos suspeitos, Kurt H., é membro da ala jovem do partido de ultradireitaAlternativa para a Alemanha (AfD). Durante a prisão, ele tentou reagir com um riffle, e foi ferido na mandíbula por um tiro. Ainda não se sabe se o disparo veio de sua arma ou da polícia. Segundo a imprensa alemã, outros dois detidos eram integrantes da ala jovem da AfD.

A AfD, que tem entre suas pautas ideias anti-imigração, é especialmente popular no Leste da Alemanha, sobretudo entre os eleitores mais jovens, e teve expressiva votação neste ano em estados como Saxônia, Turíngia e Brandemburgo. 

<><> Treinamento militar

A organização terrorista teria sido formada em novembro de 2020 por jovem da pequena cidade de Brandis, outros três detidos se juntaram a ele nessa época. Em 2022 e 2023, outros jovens se juntaram ao grupo, que era ativo no espaço virtual.

De acordo com as autoridades, os integrantes do grupo realizavam treinamentos paramilitares, que incluía guerra urbana e manuseio de armas de fogo.

O grupo tinha uniformes de camuflagem, capacetes de combate, máscaras de gás e coletes à prova de balas.

Eles se preparavam para um chamado "Dia X", baseado em ideias propagadas pelo extremista de direita James Nolan Mason, na década de 1980, quando ocorreria um susposto colapso do governo e seria o momento de tomar o poder à força.

Mais de 450 agentes de segurança participaram da operação, em cooperação com o serviço de inteligência nacional.

A Alemanha desmantelou várias células de extrema direita nos últimos anos, incluindo representações do movimento extremista alemão Reichsbürger (Cidadãos do Reich), que rejeita a legitimidade da moderna república alemã.

De acordo com o último relatório dos serviços de inteligência da Alemanha, o número de extremistas de direita do país considerados potencialmente violentos aumentou para 14,5 mil no ano passado.

¨      Oposição conservadora lança candidato ao governo alemão

O presidente da União Democrata Cristã (CDU), Friedrich Merz, será o candidato conjunto de seu partido e da União Social Cristã (CSU) nas eleições gerais alemãs do próximo ano, onde deve enfrentar o chanceler federal alemão e social-democrata Olaf Scholz. O anúncio foi feito por Merz e pelo presidente da CSU e primeiro-ministro da Baviera, Markus Söder, que também era pré-candidato.

"A questão da candidatura foi decidida. Friedrich Merz será o candidato, e eu o apoio", disse Söder em uma apresentação conjunta na representação do governo da Baviera em Berlim.

Merz, por sua vez, lembrou que sempre foi dito que uma decisão conjunta seria anunciada até o final do verão europeu de 2024 pelos líderes dos dois partidos. "Agora temos a decisão conjunta", disse ele.

A balança começou a pender para o lado de Merz depois que o governador da Renânia do Norte-Vestfália, Hendrick Wüst, que era visto como o terceiro candidato, anunciou que não concorreria à indicação e se manifestou a favor do líder de seu partido.

Wüst reiterou seu apoio a Merz nesta terça em uma aparição conjunta com o governador de Schleswig-Holstein, Daniel Günther, pouco antes de os dois líderes partidários fazerem o anúncio oficial. Ele era visto por alguns membros da CDU como uma alternativa mais carismática a Merz, um advogado sem experiência em cargos de governo.

Merz atuou em conselhos corporativos, incluindo a filial alemã da trilionária BlackRock, maior gestora de ativos do mundo. Ele ingressou na CDU aos 17 anos e por muito tempo foi visto como uma figura polarizadora no partido.

Agora, Merz disse que quer levar os conservadores de volta ao poder "com políticas que coloquem a Alemanha novamente na liderança, com políticas que façam este país voltar a funcionar e com políticas que talvez também possam nos deixar orgulhosos de nosso país novamente".

<><> Conservadores são favoritos na eleição de 2025

A CDU e a CSU são partidos separados, mas formam um grupo parlamentar conjunto e sempre apresentam um candidato comum nas eleições gerais. A CSU apresenta listas apenas na Bavária, onde a CDU não se candidata.

Por duas vezes o candidato comum veio da CSU: em 1980 com Franz Josef Strauss e em 2002 com Edmund Stoiber.

Wüst e Günther, que reuniram o apoio de lideranças regionais do partido à candidatura de Merz, têm coalizões com os verdes em seus respectivos estados, um modelo que Söder rejeitou publicamente.

Faltando um ano para as eleições gerais, a CDU/CSU é a clara favorita, embora pareça ser uma constelação difícil quando se trata de formar um governo.

Merz disse descartar no momento uma coalizão com os verdes. "Se houverem mudanças nos próximos 12 meses, poderemos repensar." Tradicionalmente, o parceiro natural de coalizão da CDU/CSU tem sido o Partido Liberal (FDP), que agora faz parte da coalizão tripartite de Scholz com o Partido Social-Democrata (SPD) e o Partido Verde.

O FDP, de acordo com a maioria das pesquisas, poderia cair para menos de 5% e, assim, ficar sem representação parlamentar, de modo que a CDU teria que buscar uma aliança com o SPD ou com os verdes, ou mesmo com ambos.

Uma coalizão com a ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), que as pesquisas colocam em segundo lugar, foi descartada por uma resolução do congresso da CDU.

O SPD de Scholz está em terceiro lugar nas pesquisas, com metade das intenções de voto da CDU/CSU, mas alguns analistas lembram que ainda falta um ano para a eleição e que, em 2021, os social-democratas conseguiram passar do terceiro para o primeiro lugar na reta final da campanha.

"Acho que é bom que o Sr. Merz seja o candidato da União. Quanto ao resto, eu já estava contando com ele para ser o candidato", disse Scholz.

Dentro da CDU, um dos motivos da derrota de 2021 é visto como a longa batalha pela candidatura entre Söder e o então líder democrata-cristão Armin Laschet.

"A diferença em relação a 2021 é a confiança entre os dois. Uma coletiva de imprensa como essa não teria sido possível em 2021", disse Söder.

 

¨      Crise entre partidos coloca governo alemão à beira do abismo

Desistir ou tentar salvar o que ainda dá para salvar? Essa é a questão enfrentada pelo governo da Alemanha, formado por uma coalizão entre o Partido Social Democrata (SPD), o Partido Verde e o Partido Liberal Democrático ( FDP), que está no poder há quase três anos.

Conflitos entre os três partidos existem desde o início do governo, pois muitas de suas posições são opostas: o SPD e os verdes, de centro-esquerda, defendem por exemplo uma forte atuação do Estado, se necessário com a emissão de dívidas para financiar políticas públicas. O FDP, de direita, tem a visão oposta.

Se havia também posições comuns, essas logo se esgotaram, e as concessões que cada um dos partidos se vê forçado a fazer para manter o governo unido estão se tornando cada vez mais difíceis.

A situação se exacerbou há cerca de um ano, quando uma decisão do Tribunal Federal Constitucional expôs as divergências entre os parceiros de coalizão, sobretudo na política econômica e orçamentária.

O governo pretendia realocar verbas originalmente destinadas a atenuar as consequências da pandemia de covid-19. Como o dinheiro do fundo emergencial havia sobrado, a ideia era usá-lo para executar a política climática. Mas a suprema corte alemã barrou os planos do governo, que, sem esses recursos, acabou com um rombo de 60 bilhões de euros no orçamento.

Desde então, o clima entre os três parceiros da coalizão só piora, e cada um busca melhorar sua imagem junto ao eleitorado às custas dos outros, por exemplo divulgando propostas que nem sequer foram discutidas com os parceiros.

Agora, a estagnação da economia da Alemanha e a queda na arrecadação de impostos deverão elevar ainda mais o rombo nos cofres do Estado, piorando ainda mais o clima dentro da coalizão.

Dias atrás, o chanceler federal Olaf Scholz (SPD) organizou uma reunião de cúpula com alguns dos principais nomes do setor produtivo e também dos sindicatos da indústria, mas não convidou nem o vice-chanceler e ministro da Economia, Robert Habeck (Partido Verde) e nem o ministro das Finanças e presidente do FDP, Christian Lindner.

Lindner, então, organizou sua própria reunião de cúpula com outros representantes empresariais, e Habeck reagiu propondo um fundo estatal de bilhões de euros, financiado por dívidas, para apoiar os investimentos feitos pelas empresas.

FDP quer mudanças na política econômica

Para o FDP, a proposta de Habeck é inviável, pois ela colocaria em xeque o chamado freio do endividamento – as rígidas regras aprovadas em 2009 contra uma dívida pública então crescente que limitaram o endividamento público a 0,35% do PIB ao ano e que foram incluídas na Lei Fundamental, a Constituição alemã.

Porém, ser contra a proposta do vice-chanceler e ministro da Economia parece não ter sido suficiente para Lindner. Num documento de 18 páginas, obtido pela imprensa, ele defendeu uma mudança de direção na política econômica. O documento mais parece um programa eleitoral do FDP, que tem tido um desempenho muito abaixo do esperado nas pesquisas de opinião e em recentes eleições estaduais.

Em linhas gerais, Lindner pede uma ampla redução de impostos para empresas e pessoas de alta renda. Ele quer ainda reduzir metas que considera muito ambiciosas de proteção climática.

Essas posições são inaceitáveis para SPD e verdes, que afirmam que elas contradizem o acordo que deu origem à coalizão. É por isso que os parceiros do FDP no governo estão chamando o documento de Lindner de provocação e se perguntando se a intenção dele é ser expulso da coalizão na esperança de, assim, melhorar a imagem do partido com os eleitores conservadores e liberais.

Os índices de popularidade do governo chegaram ao fundo do poço, o que se reflete nas pesquisas eleitorais. A perspectiva é sombria para os três partidos, mas para o FDP é uma questão de sobrevivência. O partido liberal oscila entre 3% e 5% nas sondagens, o que significa que corre o risco de ficar de fora do Parlamento, já que 5% dos votos é o mínimo necessário para obter representação parlamentar na Alemanha.

<><> Esforço para manter coalizão

Sem o FDP no governo, o chanceler federal Olaf Scholz não teria mais maioria no Bundestag (Parlamento). Isso não implica automaticamente uma eleição antecipada. SPD e verdes poderiam continuar como um governo minoritário e tentar obter uma maioria de votos toda vez que quiserem aprovar algo no Bundestag. A força de oposição mais forte, o bloco de centro-direita formado pelos partidos conservadores União Democrática Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU), também não consegue formar uma maioria contra o governo no Bundestag por falta de parceiros.

Entretanto, a Alemanha não tem tradição com governos minoritários, e Scholz quer evitar a todo custo o rompimento da coalizão. Desde o fim de semana, ele vem mantendo conversações sobre a crise na Chancelaria Federal, em Berlim. Primeiro com os líderes do seu próprio partido, depois com Lindner, na noite de domingo (03/11). Nesta segunda-feira, o porta-voz do governo anunciou que várias reuniões entre Scholz, Habeck e Lindner estão marcadas para os próximos dias.

Essas reuniões a portas fechadas culminarão num encontro entre representantes dos partidos da coalizão nesta quarta-feira, em Berlim. Então, pela primeira vez em semanas, os líderes dos três partidos estarão sentados à mesma mesa para esclarecer os pontos sobre os quais ainda concordam.

Há uma pressão considerável de tempo, pois o orçamento de 2025 deve ser aprovado no Bundestag até o fim de novembro. A chamada reunião de ajuste do comitê orçamentário, na qual o pacote é finalizado, está marcada para 14 de novembro, e o atual projeto ainda tem uma lacuna de vários bilhões de euros.

Em seu documento econômico, Lindner propôs cortes na assistência social a desempregados. Ele também sugeriu usar os 10 bilhões de euros originalmente destinados a um subsídio para uma nova fábrica de chips da Intel no estado da Saxônia-Anhalt, cuja construção foi suspensa.

Habeck enviou um sinal de que está disposto a negociar: ele concordou com a ideia de Lindner de usar o dinheiro destinado à Intel para preencher lacunas no orçamento, em vez de insistir que ele permaneça num fundo para promover projetos climáticos e o desenvolvimento de novas tecnologias.

O SPD se mostrou disposto a negociar para manter a coalizão de governo. "Não temos absolutamente nenhuma inclinação para deixar a coalizão fracassar, precisamos de um governo responsável", disse a copresidente do SPD Saskia Esken.

Também os verdes alertaram contra um rompimento. "A Volkswagen está indo por água abaixo, há uma eleição nos EUA, a Espanha está sofrendo com inundações, e a Rússia está rompendo uma frente após a outra na Ucrânia", disse o copresidente da legenda Omid Nouripour. "Isso requer um nível diferente de seriedade, e também estamos exigindo isso dentro dessa coalizão."

 

¨      Resultado presidencial da Moldávia é vitória para a Europa

O decisivo segundo turno presidencial da República da Moldávia, neste domingo (03/11), foi um pleito sem igual na história mais recente da Europa. Por um lado, marcado por participação recorde, sobretudo a partir do eleitorado residente no exterior. Por outro, manchado por tentativas maciças de distúrbios e fraude; por ameaças de bombas contra algumas seções, forçando-as a ser temporariamente fechadas; e por transportes aéreos, aparentemente organizados em massa, de eleitores moldavos da Rússia para Belarus, Azerbaijão e Turquia.

Apesar de tudo, após uma hora e meia de apuração – acompanhada pelo suspense de um romance policial –, pouco antes da meia-noite o resultado inoficial estava definido: a atual presidente, Maia Sandu, de orientação pró-União Europeia e paladina de reformas abrangentes do direito estatal, venceu com cerca de 55% das urnas. Seu adversário, o ex-procurador geral Alexandr Stoianoglo, deposto por acusações de corrupção e apoiados por partidos pró-russos, obteve 45%.

Desse modo fracassaram as tentativas de interferência e fraude eleitoral das últimas semanas, organizados a partir da Rússia, estando por ora preservada a perspectiva de um ingresso do país no bloco europeu.

Contudo, sem esses ataques híbridos, o resultado deveria ter sido ainda muito mais favorável a Sandu. Duas semanas antes, o referendo relativo à UE teve resultado extremamente apertado, com apenas 10 mil votos de vantagem para os pró-europeus. Autoridades moldavas partem do princípio de que houve compras de votos em grande escala.

<><> "Vocês salvaram o nosso país"

A participação nas urnas presidenciais foi de 52%, um recorde para a ex-república soviética, já que grande parte do eleitorado enfrentou grandes dificuldades para poder votar. Uma parte da população de cerca de 2,8 milhões vive na região separatista pró-russa da Transnítria, enquanto outras centenas de milhares se encontram em outros países europeus.

Já antes da meia-noite, Sandu foi aclamada como vencedora por seus adeptos na capital Chisinau, na central do Partido Ação e Solidariedade (PAS), fundado por ela. Pouco depois, completamente rouca, numa coletiva de imprensa, ela dirigiu ao país um discurso de agradecimento altamente emocional, afirmando que as eleitoras e eleitores haviam "escrito uma lição de democracia para os livros escolares" e "salvado nosso país", "vencendo, unidos, aqueles que queriam nos forçar a cair de joelhos". Ela dirigiu-se em especial à diáspora: "Vocês são incríveis, mostraram que o seu coração está no nosso país."

Por diversas vezes nesse discurso, a chefe de Estado de 52 anos assegurou estar também escutando as vozes críticas e "daqueles que votaram diferentes". Em certo momento, passou brevemente do idioma oficial, romeno, para o russo, afirmando que todos os cidadãos moldavos desejam "viver em paz, prosperidade e numa democracia e numa sociedade unida", independente de etnia e idioma.

Reforçando as graves acusações que fizera durante o primeiro turno e a campanha eleitoral das últimas semanas, Sandu disse ter havido "um ataque sem precedentes" contra o país", como a tentativa de "comprar votos com dinheiro sujo", uma "ingerência por forças externas e grupos criminosos".

Num gesto de autocrítica, ela observou que até agora o avanço das reformas estatais tem deixado a desejar: "Precisamos implementar as reformas com maior velocidade e consolidar a nossa democracia", reforçou.

<><> Mudança de governo à vista

Maia Sandu e seu governo se encontram sob grande pressão e grandes expectativas no país. Embora há anos ela mantenha a reputação de ser absolutamente íntegra e incorruptível, além de reformista determinada, seus poderes como presidente são limitados.

Em 2025 haverá eleições legislativas na Moldávia. Se até lá o primeiro-ministro Dorin Recean, político de confiança de Sandu, não apresentar uma política social mais efetiva, assim como reformas judiciárias e anticorrupção, o curso pró-UE do país estará em perigo. Em breve haverá formação de governo, com a troca de diversos ministros.

Comentaristas da emissora de TV de direito público moldava classificaram unanimemente o atual pleito como "geopolítico", em que a população teve que escolher entre a Rússia e a perspectiva de ser parte de uma Europa democrática. A maioria também concordou que houve "ações criminosas sem precedentes" contra a república.

"A Rússia e o grupo criminoso de [oligarca pró-russo] Ilan Shor investiram uma quantia equivalente a 1% de nosso PIB para influenciar esta eleição; houve pressão violenta e um enorme volume de desinformação e manipulação", observa, por exemplo, Valeriu Pasa, presidente da organização civil Watchdog.

Porém também há "muitas lições para o nosso governo e o nosso país aprenderem, no sistema judiciário, na luta contra a corrupção, mas também na forma de lidar com a sociedade e, acima de tudo, com os aposentados, muitos dos quais são suscetíveis a desinformação". Pasa exigiu que "não se trate trapaceiros como Shor com luvas de pelica", sendo necessário ação mais drástica.

<><> Moldávia como campo de testes para Moscou

O empresário israelo-moldavo Ilan Shor é um dos principais responsáveis pelo roubo de aproximadamente 1 bilhão de euros de três bancos do país, entre 2012 e 2014. Ele escapou da pena de 15 anos de prisão fugindo para Israel, e atualmente vive na Rússia. Agora suspeita-se que tenha organizado juntamente com os serviços secretos russos as tentativas de fraude eleitoral e a compra de até 300 mil votos.

Segundo o jornalista Nicolae Negru, Moscou teria transformado a Moldávia num campo de testes para esse tipo de experiências de manipulação. Mas é preciso também se perguntar por que as autoridades não impediram uma fraude de tais proporções, embora já se soubesse dela há muito tempo.

Por sua vez, o politólogo Iulian Groza, do Instituto de Política e Reformas Europeias (IPRE) da Moldávia, enfatiza que não se deve subestimar a dimensão da manipulação e "os sofisticados instrumentos" empregados por Moscou: "A Rússia não vai parar aqui, e tampouco em outras partes da Europa. As atuais práticas e experiências no nosso país devem dar o que pensar a todos os nossos parceiros europeus."

 

Fonte: DW Brasil

 

Nenhum comentário: