Elon Musk diz que vitória de Trump é apenas
o começo de suas ambições políticas
Elon Musk foi um dos
maiores e mais conhecidos apoiadores de Donald Trump durante sua campanha bem-sucedida
para voltar à Casa Branca.
O bilionário, que
declarou seu voto para o republicano em julho, formou o America PAC e financiou
o grupo político pró-Trump com pelo menos US$ 118 milhões do próprio dinheiro,
já teve um retorno de mais de US$ 20 bilhões em apenas um dia após a oficialização
da vitória do republicano.
Mas o que ele espera
em troca? Na terça-feira (5), dia da eleição americana, ao fazer uma
transmissão ao vivo direto de seu jatinho, a caminho da Flórida para participar
da festa de apuração dada por Trump, Musk disse aos seguidores que a campanha
presidencial de 2024 é apenas o começo de suas ambições políticas.
"O America PAC
vai continuar depois desta eleição e se preparar para as eleições de meio de
mandato e quaisquer eleições intermediárias. Vai influenciar fortemente",
afirmou.
Doadores ricos há
muito tempo usam os bolsos gordos para moldar o cenário político, mas
estrategistas republicanos ressaltam que Musk tem poder e apelo únicos.
Além de sua imensa
riqueza - a Bloomberg estima seu patrimônio líquido em mais de US$ 260 bilhões
-, ele tem um enorme e engajado grupo de seguidores on-line e o controle de uma
grande plataforma de mídia social.
“Você tem o homem mais
rico do mundo, que também é o dono do maior ou mais visível quadro de mensagens
políticas on-line, que também é um dos mais proeminentes representantes do
Partido Republicano. Nós vemos essas partes independentemente, mas é único vê-las
se unirem em uma função”, destaca Tyler Brown, ex-diretor digital do Comitê
Nacional Republicano, ao "The Washington Post".
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"Secretário de corte de custos"
Publicamente, Trump e
Musk já haviam anunciado que, em caso de vitória nas urnas, o bilionário deve
trabalhar em uma comissão do governo. Recentemente, em entrevista à rede de TV
Fox News, o ex-presidente contou que o papel do aliado no governo seria o de
"secretário de corte de custos".
No comício realizado
pelo republicano no Madison Square Garden, em Nova York, dois dias antes da
eleição, o empresário, inclusive, falou abertamente sobre os planos para fazer
cortes no Orçamento do governo federal.
"Vamos tirar o
governo das suas costas e do seu bolso. Seu dinheiro está sendo desperdiçado e
o Departamento de Eficiência Governamental vai consertar isso”, gabou-se,
afirmando que os cortes chegariam aos US$ 2 trilhões - quantia muito maior do
que os orçamentos dos Departamentos de Defesa, Educação e Segurança Interna
juntos.
O Departamento de
Eficiência Governamental, já chamado de DOGE pelos apoiadores de Trump, seria
um escritório governamental que Musk supervisionaria de fora do governo. A
ideia é que ele use o mesmo bisturi que utilizou para fazer cortes no Twitter
depois que comprou a empresa e a renomeou como X.
Musk, inclusive, já
começou a trabalhar com um copresidente da equipe de transição de Trump, Howard
Lutnick, presidente-executivo da empresa de Wall Street Cantor Fitzgerald e um
amigo de longa data de Trump.
Lutnick, que
apresentou Musk no comício de domingo, é amplamente visto como um potencial
secretário do Tesouro de Trump e ponte do republicano com a comunidade
empresarial. No X, ele postou foto com o bilionário e já falou sobre a parceria
deles na comissão.
“Você terá dois
empreendedores muito agressivos trabalhando juntos nas respostas. Nada que Musk
faz leva tempo. Howard é muito parecido, e eles já estão reunindo ideias”,
acredita Newt Gingrich, um aliado de Trump que serviu como presidente da Câmara
na década de 1990.
Apesar das declarações
públicas, não está claro como tal agência funcionaria e como seria financiada.
Um ex-funcionário do
governo federal, que trabalhou com Trump durante seu primeiro mandato, afirma
ao "The Washington Post" que não acredita que o republicano vá levar
à frente esses planos de cortes tão grandes.
Segundo ele, o
Escritório de Administração e Orçamento da Casa Branca lutou para fazer Trump
aprovar cortes de gastos em agências federais durante seu mandato presidencial.
No entanto, ele frequentemente concordava, mas mudava de ideia após ser
influenciado por um aliado político, um programa de TV ou um líder do
Congresso.
“A noção de que
qualquer indivíduo - Elon Musk ou outro - terá autoridade para remodelar
sozinho o governo federal é ingênua, na melhor das hipóteses. Ele está dizendo
US$ 2 trilhões em cortes. Sob qual autoridade? Como? É impossível. Não vai
acontecer”, diz Holtz-Eakin, presidente do American Action Forum.
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Conflito de interesses
Outra questão
complicada em relação à presença de Musk no governo Trump, apontam
especialistas, é um enorme conflito de interesses, já que empresas dele - a
SpaceX e a Tesla - são contratadas federais.
A grande influência
dele sob o novo presidente, não só o fará ganhar milhões de dólares a mais,
como pode permitir que ele sugira ações que afetam as agências que regulam suas
empresas nas indústrias espacial e automobilística.
Ainda de acordo com o
"The New York Times", mesmo antes de Trump ser reeleito, o bilionário
o procurou com um pedido para sua transição presidencial: que alguns
funcionários da SpaceX fossem contratados como altos funcionários do governo,
inclusive no Departamento de Defesa, um de seus maiores clientes.
O vínculo da SpaceX
com o governo atualmente é tão grande que autoridades do Pentágono estão
preocupadas de estar dependendo demais da empresa para lançamentos de foguetes,
de acordo com o jornal.
Na Nasa, que também
tem grandes contratos com a empresa, Musk pode pressionar para que a agência
adote sua obsessão de longa data com viagens a Marte, no lugar de suas ambições
atuais de retornar à Lua.
"Ter um bom amigo
na Casa Branca pode ser algo muito bom para a Tesla e a SpaceX. Você tem que se
preocupar com decisões que não são as melhores para os contribuintes quando
você tem esse tipo de relacionamento", disse Scott Amey, conselheiro geral
do Project on Government Oversight, um grupo que monitora contratos federais,
particularmente no Pentágono, ao "Times".
Procurados, tanto pelo
"The Washington Post" como pelo "The New York Times", o
bilionário e executivos da SpaceX e da Tesla não responderam a pedidos de
comentários. Um porta-voz da equipe de transição de Trump também não.
¨ Trump e a distopia patrocinada por Elon Musk. Por Paulo Henrique
Arantes
Todos os cientistas e
analistas políticos, economistas e palpiteiros já escreveram sobre a segunda
eleição de Donald Trump. Todas as projeções sobre os prováveis efeitos da
catástrofe eleitoral para o mundo - especialmente para o meio ambiente - e os
impactos sobre a economia brasileira já foram feitas, sendo boa parte delas
pertinente, algumas bastante ingênuas, outras tantas mal-intencionadas. Quanto
ao seu potencial de reverter perante o Judiciário brasileiro a inelegibilidade
de Jair Bolsonaro, as análises patéticas predominaram.
A Folha de S. Paulo
chegou ao cúmulo de uma entrevista com o capitão débil e golpista, na qual ele
externou mais uma vez sua crença na “vira-latice” do Brasil e chegou a apontar
o nome do seu candidato a vice-presidente em 2026, o escorregadio Michel Temer
(o vampirão, logo em seguida, descartou a hipótese), a quem também incumbiu de
providenciar junto ao STF alguma maneira de recuperar seu passaporte para que
compareça ao regabofe de Trump.
Tudo que envolve a
eleição de um negacionista climático, mentiroso, supervaidoso, misógino,
racista, xenófobo e criminoso à Presidência dos Estados Unidos reveste-se de
relevância global. Porém, nada é mais grave do que sua proximidade com Elon
Musk.
Musk encarna a figura
do empresário megalômano que quer dominar o mundo, subjugando os povos à sua
corporação, como nas histórias de James Bond, pretensamente patrocinando até a
vida humana extraterrestre. Essa figura poderosa e delirante está perfeitamente
retratada no filme “Não Olhe para Cima”, de 2021, dirigido por Adam McKay, do
qual muito se falou na época do lançamento. É fácil enxergar o dono da
SpaceX no CEO da startup que convence a presidente americana de que a
destruição parcial da Terra, a ser abalroada por um cometa, pode ser lucrativa.
Como a destruição, na hora H, mostra-se total, leva-a junto com um pequeno
grupo para saborear as delícias da fortuna em outro planeta.
Vale rememorar o que
dissemos de “Não Olhe para Cima” tempos atrás. O filme é um deboche sobre os
negacionismos que infestam o mundo, como o de Donald Trump e Jair Bolsonaro.
Deve muito do seu sucesso ao carisma dos atores e das atrizes escolhidos - Leonardo
DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Cate Blanchett, Jonah Hill.
Tão oportuno quanto a
crítica ao negacionismo, à política exclusivamente eleiçoeira e ao domínio
sobre a vida na Terra exercido pelas gigantes de tecnologia é o ataque de McKay
à mídia, que se revela um antro de debilóides, incapazes de mensurar a gravidade
da situação: o iminente fim do mundo.
O cinema engajado
merece aplausos, especialmente quando retrata distopias possíveis. Ocorre que,
com a eleição de Donald Trump e sua ligação umbilical com Elon Musk, o mundo
está diante de uma tragédia mais que possível - uma tragédia provável.
¨ Lula exige respeito de Elon Musk e que pare de desinformar o
povo
Questionado sobre a
atuação do bilionário de extrema-direita Elon Musk, o presidente Lula renovou
suas críticas ao empresário dono da rede social X.
A plataforma chegou a
ser suspensa no Brasil após se recusar a cooperar com autoridades que
investigam a tentativa de golpe bolsonarista. Nesse sentido, Lula pediu
"respeito" e defendeu que o X adote medidas para proibir a
desinformação.
“O que queremos é que
os empresários tratem os países com respeito e não usem notícias falsas para
informar o povo, seja o povo americano, seja o povo do Brasil”, disse o petista
à jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional, em
entrevista que foi ao ar nesta sexta-feira (8).
Lula disse ainda que
"é importante que a gente tenha em conta que nós precisamos retomar à
civilidade e ao humanismo entre seres humanos”.
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Aliados de Lula aconselham formação de nova frente ampla após vitória de Trump
Diante da vitória do
republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, aliados
do presidente Lula temem o crescimento da extrema-direiita no Brasil e traçam
estratégias para frear um possível avanço eleitoral dos bolsonaristas.
Nesse sentido, eles
aconselharam o presidente Lula a manter a estratégia de governar com uma frente
ampla de partidos para as eleições de 2026, informou o jornalista Igor Gadelha,
do portal Metrópoles.
A questão, segundo
lideranças petistas, passou de uma mera tática eleitoral para uma necessidade.
Partidos como PSD, MDB, União Brasil e PP são vistos como essenciais.
Fonte: g1/Brasil 247
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