Sara
Goes: 25 de março, liberdade, Dragão do Mar e Bolsonaro
Poucas
palavras sofreram tanto quanto "liberdade" nos últimos anos.
Arrancada das mãos de quem a construiu com luta, ela foi apropriada por quem
sempre a combateu. Foi gritada em atos golpistas, impressa em camisetas que
pediam ditadura, usada como pretexto para sabotar vacinas, zombar dos mortos,
atacar a democracia.
E é por
isso que o 25 de março de 2025 carrega um simbolismo que precisa ser
explicado aqui:Neste dia, o Ceará celebra sua Data Magna, quando, em 1884,
se tornou o primeiro estado brasileiro a abolir oficialmente a escravidão —
quatro anos antes da Lei Áurea. E será também neste dia que Jair
Bolsonaro, o homem que sequestrou a palavra liberdade para justificar o
autoritarismo, será julgado pelo Supremo Tribunal Federal por tentativa de
golpe de Estado.
É a
História cobrando coerência.
A Data
Magna não é um feriado protocolar. Ela carrega o gesto de um povo. De um
movimento abolicionista popular e urbano. E de um trabalhador que o Brasil
inteiro deveria conhecer: Chico da Matilde, o Dragão do Mar.
Jangadeiro
de profissão, livre por nascimento, tornou-se símbolo de coragem ao recusar-se
a transportar pessoas escravizadas do porto de Fortaleza até os navios
negreiros. Seu gesto interrompeu o tráfico humano e acelerou o processo
abolicionista no Ceará. Ele não esperou leis, não implorou favores da Corte.
Ele desobedeceu — por consciência.
Enquanto
o Dragão do Mar travava o comércio de escravizados com um remo nas mãos,
Bolsonaro tentou travar a democracia com uma minuta na gaveta e um golpe no
horizonte. Enquanto um atuava em nome da vida, o outro agia contra ela.
A
coincidência da data não é apenas histórica. É política. O julgamento de
Bolsonaro no dia da liberdade cearense é também a oportunidade de devolver a
palavra “liberdade” ao seu verdadeiro campo: o da luta coletiva, da dignidade,
da recusa à tirania.
A
liberdade de Bolsonaro era a liberdade para os seus — os mesmos que se dizem
"cidadãos de bem" enquanto pedem tanques nas ruas. A liberdade de
Chico da Matilde era para todos — especialmente para os que nunca a tiveram.
Que o
Brasil reconheça essa diferença. E que o 25 de março marque, mais uma vez, a escolha
pelo lado certo da História.
A
liberdade não é silêncio. É coragem. Não é concessão. É conquista. E jamais
será sinônimo de impunidade.
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"Defesas não negaram a tentativa de golpe",
destaca Pedro Serrano
O
jurista Pedro Serrano usou as redes sociais para afirmar que as defesas de Jair
Bolsonaro (PL) e dos demais acusados por tramar um golpe de Estado atuaram de
forma "muito competentes tecnicamente" ao negarem a participação de
seus clientes nos crimes dos quais são acusados pela Procuradoria-Geral da
República, mas ressaltou que nenhum dos advogados negou o fato de que existiu
uma tentativa de golpe para manter Bolsonaro no poder após ele ser derrotado
por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022.
"As
defesas, diligentes e muito competentes tecnicamente, levantam questões formais
de validade do processo, negam autoria de seus clientes e outros oportunos
argumentos. Nenhuma negou o fato de uma tentativa de golpe no Brasil, a
materialidade do delito é de impossível refutação. Parabéns à Polícia Federal
por sua investigação histórica!", postou o jurista.
A
postagem foi feita pouco após o intervalo da sessão desta terça-feira (25), que
analisa a denúncia que poderá tornar o ex-mandatário réu no processo
relacionado à intentona golpista. Além de Bolsonaro, são denunciados no caso a
ser julgado pelo STF, entre outros, o general da reserva Augusto Heleno, que
comandou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e o general da reserva
Walter Braga Netto, que além de ministro da Casa Civil e da Defesa de Bolsonaro
foi seu vice na chapa na eleição de 2022.
Apresentada
em fevereiro, a denúncia contra Jair Bolsonaro e os demais integrantes do
núcleo central da tentativa de golpe de Estado, que culminou nos atos golpistas
de 8/1/2023, está sendo analisada pela Primeira Turma do STF, composta pelos
ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia, Flávio Dino, Alexandre de Moraes — relator do
caso — e Cristiano Zanin, que preside o colegiado.
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Quem alcançará o copo d’água para o chefe do golpe? Por
Moisés Mendes
O chefe
do golpe apareceu e está sentado na primeira fila no STF. Ninguém, nem o mais
perspicaz dos adivinhadores, previu essa cena. A partir de agora, o próximo
gesto também é imprevisível.
Pelo
roteiro das últimas atuações, os ministros devem estar preparados para choro,
desmaio ou algum outro chilique para o vídeo que irá circular nas redes.
Quem
irá alcançar o copo d'água para o chefe do golpe? Um miliciano, um grileiro, um
garimpeiro da Faria Lima? Algum emissário de Musk e das big techs? Um militar
que, por descuido, ficou de fora do golpe?
Um
mané, desses abandonados por eles no 8 de janeiro? Um tio do zap que planeja o
próximo golpe com um grande financiador ainda impune das milícias
digitais?
Sergio
Moro, Deltan Dallagnol? Moro daria o copo, pediria o copo de volta e beberia o
resto? Braga Netto, se estivesse solto, alcançaria um copo d’água benta, com
muita fé, para o chefe do golpe?
Quem
irá abanar um lenço sujo na cara do chefe do golpe e gritar: façam alguma
coisa. Valdemar Costa Neto, que conseguiu escapar e não sabe direito o que
fazer para não ser lembrado de novo?
Valdemar
ainda abanaria o lenço do centrão na cara do chefe do golpe? Tarcísio de
Freitas alcançaria meio copo d’água com açúcar? A alma de Olavo de Carvalho?
Malafaia?
Alguém
enviado pela Globo, que alcançaria o copo d’água e pediria para falar? Um
colunista do Estadão? A Folha mandaria o copo d’água e um furgão manchado de
sangue para ajudar no socorro?
Carla
Zambelli está fora, porque já não sabe mais nem onde achar a água. Arthur Lira
e Davi Alcolumbre estão bebendo saquê no Japão. Neymar e Augusto Heleno estão
com desconforto muscular.
Mas
vamos nos preparar porque algo vai acontecer e alguém terá de socorrer o chefe
do golpe. Uma afronta e depois um desmaio? Quem alcançará o copo d'água?
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Bolsonaro tenta reverter "fragilidade" e "intimidar"
ministros ao comparecer a julgamento
Ministros
do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliaram que a presença de Jair Bolsonaro
(PL) no julgamento da denúncia contra ele, nesta terça-feira (25), teve como
objetivo principal enviar sinais políticos aos seus apoiadores e também à
própria Corte.
De
acordo com os magistrados ouvidos sob reserva pelo colunista Igor
Gadelha,
do Metrópoles, a decisão de Bolsonaro de acompanhar presencialmente a sessão da
Primeira Turma foi uma tentativa de demonstrar que “não é covarde” e que, mesmo
diante da possibilidade de condenação, “não pretende fugir”.
Para os
ministros, a atitude do ex-mandatário busca reverter a imagem de “fragilidade”
que ele teria transmitido anteriormente ao se posicionar de maneira hesitante
diante do inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado. A presença
no Supremo seria uma estratégia de reconstrução dessa narrativa, mirando
principalmente o eleitorado bolsonarista.
Além
disso, integrantes da Corte interpretaram o gesto como uma tentativa deliberada
de Bolsonaro de criar um “ambiente de intimidação” contra os ministros. No
entanto, na avaliação dos magistrados, a ação não surtiu efeito. “Ele tentou
pressionar, mas não conseguiu”, disse um dos ministros à coluna, em condição de
anonimato.
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Janones: Bolsonaro pode tomar atitude drástica e 'clima é
tenso' entre bolsonaristas
Começou
nesta terça-feira (25) o julgamento da Primeira Turma do Supremo Tribunal
Federal (STF) que pode tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
e mais 33 indiciados réus por tentativa de golpe de Estado, organização
violenta e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Nesta
terça, a Primeira Turma do STF deu início ao julgamento do Núcleo 1, que
envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais7 pessoas:
* Jair Bolsonaro,
ex-presidente;
* Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência
(Abin);
* Almir Garnier Santos; ex-comandante da Marinha do Brasil;
* Anderson Torres; ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública
do Distrito Federal;
* General Augusto Heleno; ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência;
* Mauro Cid; ex-chefe da Ajudância de Ordens da Presidência;
* Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e
* Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.
De
acordo com o deputado federal André Janones (Avante-MG), o “clima é tenso”
entre os bolsonaristas, e há a possibilidade de Bolsonaro partir pro tudo ou
nada e ir pra cima do ministro Alexandre de Moraes.
No
entanto, Jair Bolsonaro foi alertado pelo seu advogado que, caso opte por
agredir Alexandre de Moraes, pode ser preso de imediato.
"Acabei
de sair do plenário aqui da Câmara, e o clima é muito tenso. Segundo os
deputados da oposição, informação que Bolsonaro irá desacatar Alexandre de
Moraes pessoalmente durante a leitura do seu relatório final. Segundo alguns
deputados do PL, há até mesmo a expectativa de que ele parta pra cima do
ministro ao final do julgamento", iniciou Janones.
Em
seguida, Janones explica a estratégia de Bolsonaro: "O objetivo seria
gerar conteúdos que, segundo a análise desses deputados, vão ‘rodar o mundo’
pela internet e reforçar a narrativa de perseguido político que eles tentam
emplacar."
Janones
conclui: "Bolsonaro foi alertado por seu advogado que, caso leve o plano
adiante, poderá ser preso preventivamente, ali mesmo, e aguardar o julgamento
já na cadeia. Será que ele manterá o plano de pé? É aguardar pra ver!"
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"Não é possível que o Brasil repita uma anistia
equivocada e perversa", diz Hildegard Angel
O
primeiro dia do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal
(STF), nesta terça-feira (25), foi marcado pela presença simbólica de
personagens que carregam, na pele e na memória, as cicatrizes do autoritarismo.
Filhos de Vladimir Herzog e Zuzu Angel, dois dos mais emblemáticos nomes entre
as vítimas da ditadura militar brasileira, ocuparão a plateia do plenário, ao
lado de ex-presos políticos, juristas e militantes dos direitos humanos,
informa Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo. Para eles, trata-se
de um momento inédito e histórico: pela primeira vez, agentes do Estado são
julgados por atentar contra a democracia.
Ivo
Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, viajou de São Paulo a Brasília
acompanhado de seu filho Lucas, de 27 anos, neto do jornalista assassinado em
1975 nas dependências do DOI-Codi. “Decidi ir ao julgamento porque é um momento
histórico. Pela primeira vez no Brasil, agentes do Estado serão processados por
atentarem contra a democracia”, afirmou Ivo. Ele também destacou a carga
simbólica da data: 2025 marca os 50 anos do assassinato de Vlado.
A
jornalista Hildegard Angel, filha da estilista Zuzu Angel, também estará
presente. Sua participação vai além do gesto pessoal — é um ato de resistência
e memória coletiva. “Tenho uma obrigação histórica, humana e pessoal de estar
no julgamento. Pelos mortos, desaparecidos e os que têm vida a viver. Não é
possível que o Brasil repita uma anistia equivocada e perversa”, declarou a
jornalista do Brasil 247. A fala faz referência à Lei da Anistia, de 1979,
que impediu a responsabilização de torturadores e assassinos da ditadura.
Outro
nome que reforça a dimensão política do momento é o de Paulo Vannuchi,
ex-ministro dos Direitos Humanos no governo Lula e ex-preso político. Ele teve
um primo assassinado sob tortura. “É importante que lá estejam pessoas
preocupadas com a democracia”, afirmou. “Na votação do impeachment de Dilma,
Bolsonaro homenageou sonoramente o maior chefe da tortura, Brilhante Ustra”,
relembrou, referindo-se à infame declaração feita pelo então deputado federal
em 2016.
A
presença desses familiares e sobreviventes é vista como um gesto poderoso de
afirmação democrática. “Será de um simbolismo extraordinário”, avaliou
Vannuchi. Também é aguardada a presença de juristas que não atuam diretamente
no processo, como o advogado Belisário dos Santos Jr., reconhecido por sua
trajetória em defesa dos direitos humanos. Para ele, assim como para os demais
presentes, o julgamento de Bolsonaro representa um divisor de águas na história
recente do país.
O STF
inicia nesta terça o julgamento de Jair Bolsonaro e outros acusados por suposta
tentativa de golpe de Estado, no contexto dos atos antidemocráticos de 8 de
janeiro de 2023 e das declarações golpistas feitas nos meses seguintes à sua
derrota nas eleições de 2022. O processo é apontado por setores da sociedade
civil como essencial para a consolidação da democracia brasileira e para o
rompimento definitivo com a lógica da impunidade dos poderosos.
Fonte:
Brasil 247/Fórum
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