quinta-feira, 27 de março de 2025

Fabio Zucolotto: A roleta-russa no cassino do Titanic. Ninguém comprará a rifa para levar o bolsonarismo

Sim: na apreciação da farta denúncia do golpe pelo STF nessa histórica terça-feira, 25/03/2025, o advogado do ex-presidente genocida reclamou do excesso de documentos na denúncia. Document dumping, como eles dizem lá. Tática utilizada pela república de Curitiba, na Lava Jato e aprendida “lá”. De pronto, em sua fala, o ministro Flávio Dino citou magistrados que se atentam mais ao universo jurídico dos EU do que ao brasileiro.

Apareceu, ainda, entre os defensores do indefensável, o termo fishing expedition. Prática de lançar investigações sem saber o que se procura, dando margem ao direcionamento das ações investigatórias da PF e do MPF. Mais um expediente aprendido e exemplificado pelos ex-salvadores do Brasil, Dallagnol, Moro, etc.

O estadunismo que atropela a cultura há décadas, atropela o universo jurídico brasileiro porque, de início, sempre foi uma tentativa de atropelo geopolítico. A isso chamam “soft power”. Cada vez menos “soft”, diga-se.

A sanha do bolsonarismo (outrora indignados do “padrão Fifa” de 2013, do morismo, do MBL, etc.) sempre foi a de tentar replicar a sinergia popular do período da redemocratização brasileira e aplicá-la no vetor das massas, mas no sentido contrário ao propósito original. Uma réplica negativa, em especial, do petismo – fruto histórico da composição entre bases sindicais, acadêmicos, anistiados (numa anistia possível, que não puniu os criminosos da ditadura) e setores progressistas da Igreja católica – em sua estética e linguagem.

Essa apropriação retórica e “antissistema” libertou o inconsciente reprimido de milhões, forjando uma esperança que nunca foi a de uma abertura a frente, mas de um fechamento de regime para trás. Por isso, operam nas chaves bélicas do medo, do ódio e do caos.

Ainda que sem lastro histórico e popular, uma alma neofascista foi fabricada “de uma hora para a outra” no falso vácuo de uma “crise de representatividade” a partir de 2013, como muitos acadêmicos insistiam em chamar, erroneamente, as primeiras fendas estruturais abertas pela crise do capital, iniciada em 2007-2008.

Tudo isso, claro, como muitos apontávamos, com a articulação das Big Tech, agora explícita.

Os replicantes do petismo o são somente na tentativa rudimentar de elaborar um discurso e uma estética com penetração popular, já que não têm nada a dizer, nem projeto político, a não ser o de defesa do capital especulativo, de interdição, intervenção e implosão do potencial concreto do Brasil na nova ordem global que começa a ser desenhada.

Infiltraram, assim, uma boiada que obedece a um código – um algoritmo psíquico – moldada em um universo virtual e implementada em uma impressora 3-D da geopolítica; porém, que não passa de um exército instantâneo a serviço do deep state, independentemente se democratas ou republicanos ocupam a cadeira. Robôs neofascistas do ultraliberalismo, que, nesse momento, passam a ser rifados pela nova orientação da sua matriz.

Note: Trump elogiou o sistema eleitoral brasileiro no mesmo dia em que o STF iniciou o julgamento do acolhimento da denúncia contra a cúpula do neofascismo brasileiro.

Evidentemente, no escopo do seu projeto autoritário – ao assinar um decreto para exigir comprovação de “cidadania norte-americana” para que eleitores participem das eleições dos EU – o bufão enviou um recado.

A obviedade da eficiência e da segurança do sistema eleitoral brasileiro, há tempos celebrado no restante do mundo, vendido pelo apresentador-imperador caído, cria mais um curto-circuito no chip do bolsonarista médio. Porque sinaliza que o projeto da internacional fascista ao Brasil, agora, é outro; e que o “imbroxável”, não só é um broxa desprezível, mas comível.

A cúpula anterior já foi rifada, como tantos terroristas fabricados pelos EU mundo afora, em prol dos seus interesses, e a massa bolsonarista, que achava que estava com o zap, ficou com a brocha na mão.

Desnuda-se, assim, a ida de Eduardo para a matriz, não só pra fugir, diante daquilo que provavelmente virá à tona, mas para especular sobre um acolhimento aos possíveis fugitivo. Para fazer birra diante do verdadeiro pai político do “patriota”: o deep state.

Enquanto isso, Tarcísio de Freitas apresenta o seu currículo, antecipando o projeto kassabiano-parlamentarista, já que o “Tchetchereretchetchê” foi avisado por algum amigo verdadeiro sobre a seriedade da armadilha na qual entraria.

O pânico do genocida de pagar pelos seus crimes é fato, como ocorre, uma hora, a todo canalha. Porém, o receio de ser assassinado, possivelmente, é real e ele não se deve a qualquer receio de um crime perpetrado por agentes do Estado, como aqueles que ele sempre admirou e defendeu. Eventualmente, se considerarmos “forças ocultas” de um outro Estado a quem ele presta contas, que não o brasileiro, talvez esse temor faça sentido.

Por fim, a tentativa forçada – de setores da mídia e, agora, do advogado de Bolsonaro – de tentar equiparar a perseguição ao petismo – para golpear Dilma, aprisionar Lula sem provas e desmantelar um projeto de nação -, ao presente julgamento do neofascismo brasileiro, de fato, é tanto o espasmo do próprio lavajatismo, em sua face interna e visível, quanto o expurgo do Titanic da geopolítica, em sua face externa e cada vez menos oculta.

Uma grande representação da reordenação das prioridades de um império naufragando, que insiste em ecoar nas almas de vira-latas órfãos que uivam nos salões de Brasília e nos editorais do jornalismo econômico da imprensa oligárquica. Uma grande obra, de longo prazo, sendo construída na nova sede subterrânea da embaixada estadunidense na capital federal.

O advogado do ex-presidente expulso das FFAA só está tentando fazer o seu trabalho legal. Porém, sabemos que ele sabe – porque outrora assinou um manifesto de repúdio ao genocida, afirmando que ele estimulava um golpe de Estado – que não há fishing expedition, nem document dumping na denúncia apresentada.

A sua missão impossível, na verdade, é lidar com o excesso de provas contra o seu cliente. Filmadas, gravadas, impressas, escritas, assinadas, ditas e ouvidas.

On demand, como os serviços prestados pela Netflix, pela Amazon e para o Departamento de Estado dos EU.

A propósito, cadê o Adélio? O Roberto Cabrini ou o Fantástico ainda não conseguiram uma entrevista exclusiva?

A propósito 2: cadê “o pessoal do agro”, citado por Mauro Cid?

A propósito 3: por onde anda o “hacker de Araraquara”?

Lelê Teles: O inferno em festa, Bolsonaro é hell

as criaturas numinosas, vivendo na luz ou na escuridão das trevas, têm o dom das premonições.

veja o que eu vi e ouvi na minha última visita, em sonhos, aos quintos dos infernos.

“bolsonaro é réu”, gritou, às portas da casa de satanás, o mudo-falante, pelado como veio ao mundo, montado no lombo de um lamborguínico centaurominion: patas de nióbio e crinas de grafeno.

ali, do lado de fora do palácio incandescente, sátiros saltitavam salientes e libações de vinho eram servidas em retorcidos chifres de bode.

as belas bacantes, sensuais e seminuas, banqueteavam-se num bacanal.

no largo do mundo abismal, no centro da praça tridente, uma cabeleireira descabelada passava batom na estátua da justiça.

em volta, maníacos malucos marchavam, uma velhinha circulava com uma bíblia na mão e bilu, o etê, entretinha um rebanho de garrotes…

o pneu perfilava de pé, como um soldado ou um padre de festa junina.

o inferno, infestado, estava em festa, como em festa esteve no dia da chegada de olavo de carvalho.

eram nove e meia da manhã, horário de brasília quando, no salão oval das trevas, um gárgula engravatado fez soar sua trombeta trovejante, anunciando o início do julgamento no ésse teéfe.

capiroto, que estava sentado em seu trono em chamas, chamou um dos seus auxiliares alados, movendo mecanicamente o indicador, que exibia uma longa, rubra e aguda unha de piriguete.

o funcionário da caverna escura, usando o sinal do satélite da starlink, sintonizou a tevê do capeta no canal de edir macedo, que transmitia, no culto, a sessão histórica.

satã, o incréu, não creu no que viu.

sentado numa poltrona de couro, de design modernista, na mesmíssima sala do palacete que outrora fora cagada e depredada por uma furiosa legião de fanáticos delinquentes, estava o chefe da horda bárbara, bolsonaro, sentado na primeira fila, fumando e comendo pipoca, frio como um psicopata, um patife frente ao patíbulo.

gonet, o procurador, procurou dar logo o tom da cerimônia: “bolsonaro liderou organização criminosa para se manter no poder”.

moraes, com um brilho incomum na careca, foi ainda mais longe.

ao ler o relatório, o piroca afirmou que o nosso minguante minotauro – corpo de homem e cabeça de gado – fez parte do “núcleo crucial” da trama golpista.

senhor das trevas, alegre como só um demônio sabe ser, deu uma cambalhota e foi à churrasqueira, mandou pra dentro um bife flambado ao maçarico e deu uma golada no drink vermelho e flamejante.

“com mil diabos”, disse o diabo, “é de cair o cu da bunda”, falou isso e jogou o toco do charuto no chão.

a cobra fumou.

mefistófeles, alto funcionário infernal, sinistro ministro das relações exteriores do mundo obscuro, cochichou no ouvido do chefe que já havia mandado cobrar a alma do futuro condenado: “nosso fausto infausto cairá em desgraça, é o preço a se pagar; ele pediu riqueza e poder, teve; agora o teremos”.

sete-peles meneou a cabeça anuindo, e pediu silêncio para ouvir os advogados de defesa do minotauro.

os pobres-diabos ricos estavam numa flagrante enrascada: esgarçavam gravatas, tartamudeavam, resfolegavam tensos, soavam bicas, passavam a mão na testa… ofegantes, gaguejavam como se o réu fosse eles.

“nunca se viu uma defesa tão fraca, desde o 7×1 no mineirão”, gracejou o tinhoso, macabramente.

aproveitando a metáfora futebolística, o espírito zombeteiro de kevin lomax, usando a alma de keanu reeves como cavalo, cantou para o chefe um trecho de uma balada do bigodudo belchior: “estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol…”

advogado do diabo explicou: “fixa-te nesta imagem, repugnante besta-fera, o goleiro vê roberto carlos, com suas grossíssimas coxas, botar a bola na marca do penalty e se afastar lentamente até a entrada da área. naquele momento, o goleiro e todo o estádio sabem que dali virá um canhão da space x, ou seja, o guarda-metas tentará defender o indefensável”.

diabo riu tanto que abriu uma fenda no solo do palácio mostrando, ao fundo, as lavas incandescentes de um vulcão vivo e vúlvico.

o pai da mentira, veja que satanagem, jogou uma moeda pro alto, na boca do abismo.

o advogado, numa gana gananciosa, atirou-se no ar, agarrando o cobiçado níquel e mergulhando, com moeda e tudo, dentro do fogo infernal.

“e se ele fugir da condenação, horrenda criatura chifruda?”, pergunta uma de suas assistentes.

“um homem não pode fugir de si mesmo”, respondeu com voz metálica o pai de todo o mal, “esse sujeito estará preso eternamente dentro desse personagem: um cagão covarde, fujão e derrotado”.

palavra da salvação.

¨      Prováveis motivações por trás da fuga aos Estados Unidos. Por Jair de Souza

Desde que foi anunciada há pouco mais de uma semana, um dos principais assuntos nas pautas de conversas da maioria dos brasileiros tem sido tentar descobrir as verdadeiras razões que levaram um dos mais ardentes expoentes da extrema direita política de nosso país a fugir descaradamente para os Estados Unidos.

Muito tem se falado sobre a covardia que seria uma qualidade inerente a todos os adeptos do nazifascismo.

Porém, há outros que creem que as motivações do dito cujo não devem estar limitadas às propensões de covardia típicas daqueles que se apresentam como valentões e machões e atuam como cães raivosos quando estão lidando com vítimas indefesas, mas que costumam colocar o rabo entre as pernas e dar no pé diante de situações em que são enfrentados com mais vigor.

O certo é que, para vários analistas, o cidadão ao qual estamos nos referindo está lançando mão da tradicional prática que vem caracterizando a todo seu grupo familiar desde tempos imemoriais (imemoriais para nossa conjuntura política, esclareço): o hábito de se aproveitar da política para acumular fortuna de caráter pessoal.

Para aqueles que sustentam este ponto de vista, uma prova evidente de que é assim que todo o clã atua está dada pelo fato de que, embora nenhum deles tenha jamais exercido algum tipo de trabalho fora da política, todos eles enriqueceram como poucos em apenas umas poucas décadas.

Assim, nos cochichos que tem sido ouvidos pelos corredores dos espaços políticos pelo Brasil afora, o que se argumenta é que o personagem que protagoniza nosso texto decidiu aproveitar a fuga para os Estados Unidos para levar adiante mais um projeto com o qual sua capacidade empreendedora poderia trazer para si e para seus patrocinadores mais alguns significativos rendimentos.

Dizem as más línguas que o propósito em questão é juntar o queijo com a goiabada. Assim, já que é para fugir, por que não encontrar no local de guarida alguma forma de ganhar mais uns bons cobres?

E o que se comenta é que a ideia principal é recorrer aos ensinamentos de um congênere salvadorenho de nosso clã tupiniquim, ou seja, ninguém mais, ninguém menos que Nayib Bukele, o presidente de El Salvador, cujos vínculos de dependência com os interesses estadunidenses são mais do que conhecidos.

Os rumores que andam à solta por todos os lados fazem menção à intenção de seguir o exemplo do prócer da extrema direita salvadorenha, que inovou a economia de seu país num esforço para diversificar o já batido modelo de dependência baseado na exportação de bens primários e nas remessas enviadas dos Estados Unidos pelos emigrantes salvadorenhos que tiveram de ir embora pela absoluta falta de condições de sobrevivência em seu próprio país.

Agora, de maneira muito inovadora, o presidente salvadorenho está invertendo o fluxo de pessoas entre os Estados Unidos e El Salvador.

Em lugar de haver tão somente gente querendo ir embora para tentar a vida nos Estados Unidos, El Salvador passou a receber um grande contingente de pessoas provenientes do gigante norte-americano.

O fato de que as citadas pessoas cheguem ali contrariamente a sua vontade e como prisioneiros condenados sem nenhum julgamento é apenas um detalhe menor que, para os defensores desta nova maneira de expandir a economia, não merece nenhum tipo de reprovação.

É bem provável que o atual presidente salvadorenho aspire a passar a história como o grande inovador, aquele que transformou um país da América Latina na primeira colônia presidiária a serviço dos Estados Unidos.

Os comentários nos meios políticos dão a entender que os expoentes da extrema direita brasileira gostariam imensamente de ser, pelo menos, os segundos mais ardorosos defensores deste tipo de projeto em nosso continente.

Portanto, em conformidade com as fontes pesquisadas a respeito desta questão, as reais motivações que impulsionaram a fuga de nosso personagem para os Estados Unidos podem ter também muito a ver com seu desejo de aprender ali junto aos mentores de Nayib Bukele as técnicas a empregar para obter resultados similares por aqui.

 

Fonte: Jornal GGN/Viomundo

 

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