quinta-feira, 27 de março de 2025

Mascar chiclete pode prejudicar a saúde; entenda

Chicletes podem ser adicionados à lista de produtos que liberam microplásticos no organismo, segundo um estudo apresentado ontem na reunião de primavera da Sociedade Norte-Americana de Química (ACS). Os pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla) descobriram que a goma de mascar pode liberar de centenas a milhares de fragmentos micrométricos na saliva, que podem ser ingeridos e parar no organismo.

"Nosso objetivo não é alarmar ninguém", ponderou, em nota, Sanjay Mohanty, o principal pesquisador do projeto e professor de engenharia na Ucla. "Os cientistas não sabem se os microplásticos são perigosos para nós ou não. Não há testes em humanos. Mas sabemos que somos expostos a plásticos na vida cotidiana, e é isso que queríamos examinar aqui."

As gomas de mascar são compostas por uma base de borracha, adoçante, aromatizantes e outros ingredientes. Alguns usam um polímero à base de plantas, enquanto outros são fabricados com material sintético, à base de petróleo. Segundo Monhanty, embora já se saiba que humanos consomem dezenas de milhares de microplástico por meio de alimentos e bebidas, o chiclete, como fonte potencial de liberação das partículas, não havia sido bem estudado.

•        Sintéticas

"Nossa hipótese inicial era que as gomas sintéticas teriam muito mais microplásticos porque a base é um tipo de plástico", diz Lowel. No laboratório, um voluntário mascou o pedaço de goma por quatro minutos, produzindo amostras de saliva a cada 30 segundos. Em outro experimento, amostras bucais foram coletadas periodicamente ao longo de 20 minutos para observar a taxa de liberação de microplásticos de cada pedaço do chiclete.

Por fim, os pesquisadores mediram o número de microplásticos presentes em cada amostra de saliva. Em média, foram detectados 100 fragmentos por grama de goma, embora alguns pedaços tenham liberado até 600 unidades. Um chiclete típico pesa entre 2g e 6g. Isso significa que se uma pessoa mascar 180 unidades por ano, poderia ingerir 30 mil pedaços de polímeros sintéticos.

Segundo o biólogo e divulgador científico Paulo Jubilut, embora os cientistas ainda estejam desvendando os efeitos dos microplásticos no organismo, acredita-se que são potencialmente perigosos. "Já foram encontrados no sangue, pulmões, placenta e até no coração. Pesquisas indicam que esses fragmentos podem causar reações alérgicas, morte celular e interferir no desenvolvimento de células-tronco pulmonares. Embora os estudos sejam preliminares, há preocupações de que possam provocar inflamações e até câncer", alerta.

Sanjay Mohanty destaca que, para natureza, já é bem conhecido o prejuízo causado por esse tipo de poluente. "A goma de mascar é mais uma fonte de poluição plástica para o meio ambiente."

•        Mastigar mais devagar os alimentos é um trunfo contra obesidade

Um estudo realizado pelo Departamento de Nutrição Clínica da Fujita Health University, no Japão, analisou fatores que influenciam a duração das refeições e o comportamento alimentar. O artigo, publicado no periódico Nutrients, explora fatores como diferenças sexuais, padrões de mastigação e estímulos rítmicos externos e a relação com a forma como as pessoas consomem as refeições.

"Embora a ciência nutricional esteja frequentemente preocupada com o metabolismo e a absorção dos alimentos e o conteúdo alimentar, há evidências limitadas no Japão sobre o comportamento alimentar que conecta os dois. Isso me intrigou a estudar o comportamento alimentar, que envolve diferenças de gênero", explicou o professor Katsumi Iizuka.

A análise parte de pesquisas já realizadas anteriormente que sugerem que os comportamentos alimentares — incluindo duração da refeição, velocidade de mastigação e número de mordidas — podem ter um grande impacto na quantidade de comida consumida.

Os estudos indicam que quem mastiga mais devagar tende a consumir menos comida no geral. No entanto, faltavam evidências sobre como desacelerar a alimentação, principalmente no Japão, onde os hábitos alimentares são diferentes das normas ocidentais.

Foi por este motivo que Iizuka conduziu o novo estudo. Na pesquisa, o professor analisou 33 participantes saudáveis entre 20 e 65 anos. Eles foram convidados a comer fatias de pizza sob diferentes condições.

Durante a refeição, foram medidos os números de mastigações, quantidade de mordidas e o ritmo da mastigação, observando como as variações mudaram quando os participantes usaram fones de ouvido para medir diferentes ritmos de metrônomo (aparelho que indica um andamento musical por meio de pulsos de duração regular).

Segundo os resultados, existem diferenças entre homens e mulheres em relação aos comportamentos alimentares. As participantes do sexo feminino geralmente demoravam mais para comer (com média de 87 segundos), enquanto os homens demoravam menos (aproximadamente 63 segundos).

As mulheres também mastigam mais (107 vezes contra 80 dos homens) e davam mais mordidas (4,5, contra 2,1). No entanto, o ritmo de mastigação era semelhante entre ambos os sexos. O estudo observou que a duração da refeição foi positivamente associada ao número de mastigações e mordidas dadas, mas não ao índice de massa corporal ou ao ritmo médio de alimentação.

Ainda conforme o artigo, quando os participantes foram expostos a um ritmo lento de metrônomo, de cerca de 40 batidas por minuto, a duração da refeição aumentou consideravelmente em comparação à alimentação sem estimulação rítmica.

Com os resultados, a pesquisa dá diversas estratégias para aumentar o tempo da refeição, que incluem: aumentar o número de mastigação por mordida, dar mordidas menores e criar um ambiente de alimentação mais lento, com uso de músicas calmantes.

"Essas são medidas fáceis e econômicas que podem ser iniciadas imediatamente para ajudar a prevenir a obesidade", explica o professor Katsumi Iizuka. "Incorporar o comportamento alimentar proposto em almoços escolares e outros programas pode levar à prevenção de futuras doenças relacionadas à obesidade", conclui.

 

Fonte: Correio Braziliense

 

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