Clamídia,
gonorreia e outras ISTs podem causar infertilidade; entenda relação
As
ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) são quadros perigosos para a saúde,
e que podem prejudicar inclusive a fertilidade de homens e mulheres. No caso
delas, é comum que estas infecções causadas por vírus, bactérias ou outros
microrganismos afetem a tuba uterina, que faz árte do trajeto do espermatozoide
até o óvulo. Já nos homens, regiões como a uretra, próstata ou epidídimo podem
ser prejudicados, o que compromete a qualidade e passagem do sêmen.
“Um
dos maiores problemas das ISTs é que são frequentemente doenças
silenciosas. Ao não apresentarem
sintomas,
as pessoas não procuram tratamento médico, o que agrava o quadro, podendo
causar a infertilidade”, explica o ginecologista Roberto de Azevedo Antunes,
especialista em reprodução assistida e diretor da clínica Fertipraxis.
A
OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que esses quadros sejam responsáveis
25% dos casos de infertilidade. Entenda melhor como cada um deles afeta a
capacidade reprodutiva de quem os contrai.
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Clamídia e gonorreia
Essas
ISTs costumam estar relacionadas ao surgimento de um quadro chamado de doença
inflamatória pélvica nas mulheres. “Essa infecção pode gerar, em muitas
ocasiões, lesões irreversíveis em trompas. Sua maior dificuldade se dá no
diagnóstico em tempo hábil para evitar essas lesões”, explica o ginecologosta e
obstetra Roberto de Azevedo Antunes, diretor da clínica Fertipraxis.
“Em
homens, muitas vezes elas podem levar a quadros de uretrite e prostatite, que
pode diminuir a qualidade seminal”, explica o especialista. Isso faz com que a
concepção seja mais difícil, já que um sêmen com menos qualidade possui gametas
menos capazes de chegar aos ovários para fecundar os óvulos.
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HPV
O HPV é a IST de
maior incidência no mundo e alguns subtipos desse vírus podem causar verrugas
genitais ou lesões pré-malignas. Essas lesões não costumam causar diretamente a
infertilidade, mas a forma como são cuidadas pode. “Dependendo do tipo de tratamento
implicado na ressecção de lesões pré-malignas do colo uterino, podem ocorrer
estenoses cervicais que dificultem a gravidez, ou, eventualmente, incompetência
do colo uterino após uma gravidez, que evolua para quadros de abortamentos
tardios e partos prematuros”, considera o especialista.
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Tricomoníase e sífilis
Esses
dois quadros não costumam causar problemas de fertilidade diretamente, mas são
indicaditovs de que é preciso ter cuidado. “A tricomoníase predispõe a paciente
a outras ISTs, como a clamídia, que causa infertilidade. A infecção pode causar
também a doença inflamatória pélvica (DIP), que caso não tratada adequadamente
pode gerar infertilidade”, explica Antunes.
Já sífilis é uma doença em
“franca ascensão”, como reforça o ginecologista. “Ela usualmente serve como um
marcador importante de exposição a outras bactérias transmissíveis sexualmente
que podem gerar lesões tubárias em mulheres e quadros de prostatite nos homens”,
conclui o especialista.
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E o HIV, atrapalha a fertilidade?
Por
fim, é importante reforçar que o vírus HIV não impede a
fertilidade, mas tê-lo pede cuidados e monitoramento durante a gravidez: de
acordo com o Protocolo Clínico e
Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis
e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, “em gestações planejadas, com
intervenções realizadas adequadamente durante o pré-natal, o parto e a
amamentação, o risco de transmissão vertical do HIV é reduzido a menos de 2%.
No entanto, sem o adequado planejamento e seguimento, está bem estabelecido que
esse risco é de 15% a 45%”.
O
documento enfatiza que o tratamento à risca de pessoas vivendo com HIV com
antiretroviral, de modo que estejam com a carga viral indetectável há pelo
menos seis meses, inviabiliza a transmissão do vírus por via sexual, mas que o
parceiro que não tenha o vírus pode fazer uso de PrEP como forma de prevenção,
caso deseje.
De
modo geral, caso o membro soropositivo do casal esteja usando o medicamento
antiretroviral e esteja com carga viral indetectável há seis meses, a relação
sexual sem preservativo é considerada a primeira opção para concepção, de
acordo com o protocolo. Antunes reforça, ainda, que a reprodução assistida pode
ajudar a reduzir mais ainda os riscos de transmissão do HIV.
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Prevenção é fundamental!
Por
fim, é importante lembrar como prevenir-se das ISTs é fundamental para a
manutenção da saúde não apenas reprodutiva, mas como um todo. O uso de
camisinha é capaz de evitar a contaminação por todas essas infecções, mas
geralmente é lembrado apenas como método contraceptivo.
No
entanto, caso você ou sua parceria tenham sido acometidos por uma dessas
doenças, é importante investigar como está sua saúde reprodutiva. Nesses casos
é preicso entender se os quadros já foram ou precisam ser tratados. Caso as
infecções estejam contidas ou controladas, tércnicas de reprodução assistida
pode ser uma alternativa para driblar problemas na qualidade seminal ou lesões
nas trompas.
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Fumar prejudica a fertilidade tanto de homens como de
mulheres
Que
o cigarro provoca uma enorme lista de malefícios ao organismo não é novidade
para ninguém. O que muita gente não imagina é que as mais de 4 mil substâncias
tóxicas podem prejudicar também os planos de ter um filho biológico. Alguns
estudos mostram que os danos para a fertilidade podem atingir tanto homens como
mulheres.
Um
dos mais recentes foi publicado em agosto no periódico Journal of
Clinical Medicine. Conduzido por pesquisadores da Itália, o trabalho
mostrou que metais pesados, como o cádmio e o chumbo, encontrados no cigarro
convencional, se acumulam nos testículos e prejudicam o funcionamento dessas
glândulas, podendo levar à infertilidade.
Já
uma revisão divulgada em setembro no jornal científico Journal of Applied Toxicology demonstrou que a nicotina
pode comprometer as funções ovarianas, prejudicando a capacidade reprodutiva
feminina.
Mas
os efeitos danosos do fumo vão muito além desses. “Pesquisas já revelaram que
ao menos 100 substâncias presentes no cigarro possuem ação direta e conhecida
sobre a saúde reprodutiva e podem comprometer a fertilidade masculina e
feminina”, relata o ginecologista e especialista em reprodução assistida João
Antonio Dias Junior, do Grupo de Pesquisa em Saúde da Mulher do Hospital
Israelita Albert Einstein.
Segundo
o médico, os efeitos vão desde a diminuição da quantidade e qualidade dos
gametas até interferências hormonais que regulam todos os processos
reprodutivos. Em homens e mulheres fumantes, o risco de não conseguir
engravidar é duas vezes maior do que entre aqueles que não fumam,
conforme aponta a Sociedade
Americana de Medicina Reprodutiva.
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Substâncias que prejudicam a fertilidade
Alguns
elementos presentes no cigarro são especialmente nocivos. A nicotina, por
exemplo, tem efeito vasoconstritor, diminuindo o fluxo sanguíneo para os órgãos
reprodutivos. “Nas mulheres isso pode dificultar a ovulação e causar a perda
precoce dos óvulos, diminuindo a reserva ovariana, o que leva à antecipação da
menopausa. Também pode atrapalhar a receptividade do endométrio, reduzindo as
chances da implantação do embrião”, afirma Dias Junior.
A
nicotina contribui ainda para piorar o funcionamento das tubas uterinas, o que
compromete o encontro entre óvulos e espermatozoides, além de prejudicar
a migração do embrião para dentro do útero. Isso ainda eleva o risco de uma
gravidez ectópica, que é quando o embrião se implanta fora do útero.
Nos
homens, a substância afeta a produção e a mobilidade dos espermatozoides,
reduzindo a quantidade de gametas saudáveis. Ela ainda está associada ao
aumento do estresse oxidativo nos testículos, o que pode resultar em danos ao
DNA dos gametas masculinos.
Já
o alcatrão, que é um resíduo do fumo do cigarro e que tem várias substâncias
químicas, pode danificar o DNA dos óvulos e dos espermatozoides, comprometendo
a qualidade dos embriões formados, o que diminui as chances de gravidez e
aumenta o risco de aborto espontâneo.
Além
disso, a exposição prolongada tende a elevar a produção de radicais livres,
levando a um ambiente inflamatório — nos homens, pode piorar a morfologia dos
espermatozoides e, nas mulheres, o ambiente do endométrio, o que dificulta o
processo de implantação do embrião.
O
monóxido de carbono, por sua vez, reduz a capacidade de o sangue transportar
oxigênio. Isso pode prejudicar a oxigenação dos tecidos ovarianos e
endometriais, além de diminuir a reserva ovariana e impactar na receptividade
do endométrio à implantação do embrião. Nos homens, a substância pode afetar a
produção de espermatozoides.
O
formaldeído, conhecido também como formol, pode contribuir para um ambiente
inflamatório nos órgãos reprodutivos, o que potencialmente afeta a função do
endométrio e pode ainda causar danos ao DNA, incluindo os óvulos e os
espermatozoides.
“Por
todas essas razões, fica claro porque quem fuma tem tanto risco de ficar
infértil”, observa o ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana
Rodrigo Rosa, membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e
da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH). “Estudos já apontaram que
as mulheres que fumam 10 cigarros por dia têm a fertilidade reduzida em 25% e,
no caso daquelas que fumam uma quantidade ainda maior, esse índice aumenta para
43%.”
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Fumar atrapalha até FIV
Os
efeitos do tabagismo impactam
negativamente, inclusive, quem se submete a uma fertilização in
vitro (FIV).
“Em mulheres, observamos um menor número de óvulos e pior qualidade dos
gametas, além da diminuição do embrião transferido para o interior do útero
para acontecer a implantação”, conta Dias Júnior. Além disso, o hábito de fumar
pode exigir doses mais altas de medicamentos para estimulação ovariana. Todos
esses fatores comprometem o sucesso do tratamento e aumentam seus custos.
“Trabalhos
científicos já demonstraram que mulheres fumantes necessitam de duas vezes mais
tentativas de fertilização in vitro do que as não fumantes”, conta Rosa. As
tabagistas têm taxas de gravidez 30% menores em comparação com as mulheres que
passam pelo mesmo procedimento e não têm esse hábito, de acordo com a Sociedade
Americana de Medicina Reprodutiva.
A
única forma de evitar que o cigarro prejudique a fertilidade é parar totalmente
de fumar, o mais rápido possível. Os especialistas ouvidos pela Agência
Einstein afirmam que, em cerca de três meses, os danos começam a ser
revertidos. “Por isso, o ideal é que o indivíduo do casal que fuma abandone o
cigarro pelo menos 90 dias antes de iniciar as tentativas”, orienta Rosa.
Alguns
danos, porém, podem levar mais tempo para retroceder ou mesmo durar para
sempre. “Os prejuízos à qualidade dos gametas podem demorar seis meses e os
efeitos sobre a reserva ovariana são irreversíveis”, afirma o médico do
Einstein.
Fonte: CNN Brasil
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